ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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domingo, 30 de março de 2014

AS COISAS MAIS IMPORTANTES DA VIDA

Comentário(s)

Um menino pediu ao Irmão X que lhe mandasse um bilhete em que lhe apontassem quais são as coisas mais importantes da vida. Ei-las:

O maior e melhor amigo: "Deus."
Os melhores companheiros: "Os pais".
A melhor casa: "O lar."
A maior felicidade: "A boa consciência."
O mais belo dia: "Hoje."
O melhor tempo: "Agora."
A melhor regra para vencer: "A disciplina."
0 melhor negócio: "O trabalho."
O melhor divertimento: "O estudo."
A coleção mais rica: "A das boas ações."
A estrada mais fácil para ser feliz: "O caminho reto."
A maior alegria: "Dever cumprido."
A maior força: "O bem."
A melhor atitude: "A cortesia."
0 maior heroísmo: "A coragem de ser bom."
A maior falta: "A mentira."
A pior pobreza: "A preguiça."
0 pior fracasso: "O desânimo."
O maior inimigo: "O mal."
O melhor dos esportes: "A prática do
bem."

Leia esta lista de informações, sempre que você puder, e veja por si como vai indo a sua orientação.

E se quer mais um aviso de amigo velho, cada noite acrescente esta pergunta a você mesmo, depois de sua oração para o repouso:

- Que fiz hoje de bom que somente um amigo de Jesus conseguiria fazer?

IRMÃO X

Os desafios dos relacionamentos - Parte 1

Comentário(s)

Por Aloísio Wagner

Qual a finalidade das relações em nossas vidas, seja familiar, social ou conjugal?

Autoconhecimento..

Autoconhecimento não é somente vermos as mazelas e imperfeições que carregamos na periferia do nosso ser, de nossa personalidade, mas também a conscientização de uma natureza mais profunda dentro de nós, onde há luz, sabedoria e amor! Onde nosso Eu é uno com a Fonte Maior e com tudo o que existe.

Como superar esta barreira ilusória que nos leva a identificação com a nossa personalidade? Com conscientização. Seja pela meditação profunda, como, e principalmente por meio de todas as relações que surgem em nossas vidas.

Podemos buscar várias coisas nas relações. Carências, desejos, prazeres, confortos, segurança, etc., mas a Lei divina busca o nosso autoconhecimento, que redunda na nossa transformação, que tem por fim a nossa felicidade. Felicidade não é algo que conquistamos fora de nós. Não é a profissão destacada; o dinheiro e bens acumulados; não é conforto; não é o bom marido ou esposa, com filhos; não é ter bons amigos e familiares, não é a boa casa e nem a admiração e respeito que podemos ter pelas pessoas; e não é a ausência de problemas, mas a capacidade de lidar com as infinitas adversidades, tendo no coração, compreensão, paz e amor pelos outros.

Felicidade é produto da realização das virtudes que temos em estado potencial. Despertá-la, é "acordar" a luz que está dentro de nós! Esta luz é a essência de Deus, da verdade, da justiça e do amor inerente em nossos espíritos, porque efeito da causa original que é Deus. Felicidade é exclusivamente uma conquista interna, no campo da alma, do espírito. É conhecer de fato nossa realidade espiritual. É ajustarmos às Leis Superiores que nos governam, sob os princípios do amor, da união e da fraternidade.

Finalmente, sejamos gratos por cada pessoa que passa pela nossa vida. Sejam aquelas que nos ensinam por expressar sabedoria e bondade, ou aquelas que expressam ignorância, arrogância e orgulho, e que precisamos também apreender o que nos trazem de bom.  São estes últimos que revelam os piores "monstros" e "demônios" que existem dentro de nós,  exigindo um trabalho hercúleo e concentrado. Se despertou em nós o desequilíbrio, a impaciência, a raiva e o ódio, não foi exatamente esta classe de seres que fez surgir em nós estas mazelas, estes foram apenas ferramentas da Lei divina para nos mostrar as "doenças" ocultas que estão dentro e nos conduzindo para a "morte".  

Não percamos tempo de culpar os outros por aquilo que estamos vivendo ou sentindo. Ao contrário, sejamos sempre gratos à Vida e a Deus por colocar cada pessoa em nosso caminho, porque cada um traz um elemento específico, um alimento particular, ou um medicamento peculiar para a cura de nossas almas.

Quem dirige o destino do mundo, do universo e de nossas vidas? Uma Lei Cósmica, perfeita, expressão Daquele que é a Perfeição, o Pai.  Nada acontece por acaso em nossas vidas. Num universo regido pela Ordem, tudo caminha para ser também ordenado e justificado. Não tenhamos medo da crucificação, porque após a crucificação ocorre a ressurreição, a ressurreição das virtudes que estavam dormentes em nossas almas, e ao acordar e despertar, nos faz tomar conhecimento e dá a sensação da presença do Pai, que nos ilumina com Seu Amor!

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quinta-feira, 27 de março de 2014

O PRÍNCIPE DA PAZ

Comentário(s)

Pintura feita por Akiane Kramariki de 8 anos de idade. Chama-se "O Príncipe da Paz".


"O Príncipe da Paz"

domingo, 16 de março de 2014

Liberte-se do passado

Comentário(s)

Na vida que em geral levamos há muito pouca solidão. Mesmo quando estamos sós, nossa vida está tão repleta de influências, de conhecimentos, de memórias e experiências, de ansiedade, aflição e conflito, que nossa mente se torna cada vez mais embotada e insensível, funcionando numa monótona rotina. Estamos sós, alguma vez? Ou estamos transportando conosco todas as cargas de ontem?

Conta-se uma história interessante de dois monges que, caminhando de uma aldeia para outra, encontraram uma jovem sentada à margem de um rio, a chorar. Um dos monges dirigiu-se a ela, dizendo: "Irmã, por que choras?" E ela respondeu: "Estás vendo aquela casa do outro lado do rio? Eu vim para este lado hoje de manhã cedo e não tive dificuldade em vadear o rio; mas, agora ele engrossou e não posso voltar; não há nenhum barco". "Oh!" diz o monge, "isto não é problema" - e levantou nos braços a jovem e atravessou o rio, deixando-a na outra margem. E os dois monges prosseguem juntos a jornada. Passadas algumas horas, diz o outro monge: "Irmão, nós fizemos o voto de nunca tocar numa mulher. O que fizeste é um horrível pecado. Não sentiste prazer, uma sensação extraordinária, ao tocar uma mulher?" - E o outro monge responde: "Eu a deixei para trás há duas horas. Tu ainda a estás carregando, não é verdade?"

É isso o que fazemos. Carregamos nossos fardos a todas as horas; nunca morremos para eles, nunca os deixamos para trás. É só quando dispensamos a um problema toda a nossa atenção e o resolvemos imediatamente, sem o transportarmos para o dia seguinte, o minuto seguinte - é só então que há solidão. Então, ainda que estejamos numa casa cheia de gente, ou viajando num ônibus, temos solidão. E essa solidão denota uma mente nova, uma mente inocente.

Ter silêncio e espaço interiores é muito importante, porque implica liberdade para existir, mover-se, atuar, voar. Afinal de contas, a bondade só pode florescer onde há espaço, assim como a virtude só pode medrar quando há liberdade. Podemos ter liberdade política, mas, interiormente, não somos livres e, por conseguinte, não há espaço. Nenhuma virtude, nenhuma qualidade valiosa, pode funcionar ou medrar sem esse vasto espaço interior. E o espaço e o silêncio são necessários, pois apenas a mente que está só, livre de influências, de disciplinas, do controle de uma infinita variedade de experiências, é capaz de encontrar-se com algo totalmente novo.

Cada um de nós pode verificar diretamente que só há possibilidade de clareza quando a mente se encontra em silêncio. No Oriente, a finalidade da meditação é produzir um estado mental capaz de controlar o pensamento, o que é a mesma coisa que recitar constantemente uma oração para quietar a mente, esperando-se que, nesse estado, se compreenderão os problemas do indivíduo. Mas, a menos que sejam lançadas as bases, ou seja que se esteja livre do medo, livre do sofrimento, da ansiedade e de todas as armadilhas que armamos para nós mesmos, não vejo possibilidade de a mente ficar realmente quieta. Esta é uma das coisas mais difíceis de transmitir. A comunicação entre nós requer, não só que compreendais as palavras que estou empregando, mas também que ambas as partes, vós e eu, estejam tensas ao mesmo tempo, nem um momento mais cedo ou mais tarde, e sejam capazes de encontrar-se no mesmo nível. Essa comunicação não é possível quando estais interpretando o que estais lendo de acordo com vossos próprios conhecimentos, vosso prazer ou vossas opiniões, ou quando estais fazendo um tremendo esforço para compreender.

Um dos piores tropeços na vida - parece-me - é essa luta constante para alcançar, conseguir, adquirir. Desde a infância somos educados para adquirir e realizar; as próprias células cerebrais criam e exigem esse padrão de realização, a fim de terem segurança física, mas a segurança psicológica não se encontra no campo da realização. Exigimos segurança em todas as nossas relações, atitudes e atividades, mas, como já vimos, não existe realmente essa coisa chamada segurança. Se descobris, por vós mesmo, que não há nenhuma forma de segurança em qualquer espécie de relação - se percebeis que, psicologicamente, nada existe de permanente, esse percebimento vos proporciona uma maneira totalmente diferente de considerar a vida. É essencial, naturalmente, a segurança exterior - teto, roupa, comida - mas essa segurança exterior é destruída pela exigência de segurança psicológica.

O espaço e o silêncio são necessários para ultrapassarmos as limitações da consciência, mas, como pode ficar quieta uma mente que está perenemente ativa em seu próprio interesse? Podemos discipliná-la, controlá-la, moldá-la, mas essa tortura não torna a mente quieta; só a torna embotada. Evidentemente, o mero cultivo do ideal de ter uma mente quieta é sem valor, porque, quanto mais a forçamos, mais estreita e estagnada ela se torna. Qualquer forma de controle, tal como a repressão, só produz mais conflito. Assim, o controle e a disciplina exterior não constituem o caminho certo, e tampouco tem algum valor uma vida não disciplinada.

A vida de quase todos nós é exteriormente disciplinada pelas exigências da sociedade, pela família, por nosso próprio sofrimento, nossa própria experiência, pelo ajustamento a certos padrões ideológicos ou factuais, e essa forma de disciplina é a coisa mais maléfica que existe. A disciplina deve ser sem controle, sem repressão, sem nenhuma forma de medo. Como pode nascer essa disciplina? Não é - primeiro disciplina, depois liberdade; a liberdade está bem no começo, e não no fim. Compreender essa liberdade, que significa estar livre do ajustamento que a disciplina impõe, é disciplina. O próprio ato de aprender é disciplina (aliás, a própria raiz da palavra disciplina significa aprender), o próprio aprendizado transforma-se em clareza. A compreensão de toda a natureza e estrutura do controle, da repressão e da complacência, requer atenção. Não é necessário impor disciplina para estudar, pois já o ato de estudar cria sua própria disciplina, sem repressão de espécie alguma.

Para rejeitarmos a autoridade (referimo-nos à autoridade psicológica e não à autoridade da lei), rejeitarmos a autoridade de todas as organizações religiosas, de todas as tradições e da experiência, temos de ver por que, normalmente, obedecemos; temos, com efeito, de estudar isso. Esse estado exige que nos achemos livres da condenação, da justificação, da opinião, da aceitação. Ora, não podemos aceitar a autoridade, e estudá-la; isso é impossível. Para se estudar toda a estrutura psicológica da autoridade, cumpre exista liberdade dentro de nós mesmos. E quando a estamos estudando, estamos rejeitando toda a sua estrutura, e quando rejeitamos, essa própria rejeição é a luz da mente livre da autoridade. A negação de tudo o que tem sido considerado valioso - como a disciplina externa, a liderança, o idealismo - é estudá-lo; então, esse próprio ato de estudar não só é disciplina, mas a negação dela, e a própria negação é um ato positivo. Assim, estamos negando todas as coisas consideradas importantes para promover a quietação da mente.

Como vemos, não é o controle que leva à quietação. Tampouco está quieta a mente ao ter um objeto que de tal maneira a absorve que ela se perde nesse objeto. Isso é como dar a uma criança um brinquedo interessante; a criança se torna quieta, mas, tire-se-lhe o brinquedo e ela volta a fazer travessuras. Todos nós temos os nossos brinquedos que nos absorvem, e, por isso, pensamos que estamos muito quietos; mas, se um homem se dedica a uma certa forma de atividade, científica, literária ou qualquer outra, o brinquedo apenas o absorve e ele não está, em absoluto, totalmente quieto.

O único silêncio que conhecemos é o silêncio que vem quando cessa o barulho, o silêncio que vem quando o pensamento cessa; mas isso não é silêncio. O silêncio é coisa toda diferente, como a beleza, como o amor. Esse silêncio não é o, produto de uma mente quieta, não é o produto de células cerebrais que, tendo compreendido toda a estrutura, dizem: "Pelo amor de Deus, fica quieto!"; são, então, as próprias células cerebrais que produzem o silêncio, e isso não é silêncio. Tampouco é o silêncio produto da atenção em que o observador é o objeto observado; não há então atrito, mas isso não é silêncio.

Estais esperando que eu vos descreva o que é esse silêncio, a fim de poderdes compará-lo, interpretá-lo, levá-lo e enterrá-lo. Ele é indescritível. O que pode ser descrito é o conhecido, e o estado livre do conhecido só pode tornar-se existente quando há um morrer todos os dias para o conhecido, para os insultos, as lisonjas, para todas as imagens que tendes formado, para todas as vossas experiências: morrer todos os dias, para que as células cerebrais se tornem novas, juvenis, inocentes. Mas, essa inocência, esse frescor, essa "qualidade" de ternura e delicadeza não produz o amor; não é a "qualidade" da beleza ou do silêncio.

Aquele silêncio, que não é o silêncio do fim do barulho, é só um modesto começo. É como passar por um túnel estreito para se chegar a um oceano imenso, vasto, extenso - a um estado imensurável, atemporal. Mas isso não se pode compreender verbalmente, a menos que se tenha compreendido toda a estrutura da consciência e o significado do prazer, do sofrimento e do desespero, e as próprias células cerebrais se tenham tornado quietas. Então, talvez alcanceis aquele mistério que ninguém pode revelar-vos e nada pode destruir. Uma mente viva é uma mente quieta, uma mente viva é uma mente que não tem centro algum e, por conseguinte, não tem espaço nem tempo. Essa mente é ilimitada, e esta é a única verdade, a única realidade.

Por J
iddu Krishnamurti

sábado, 15 de março de 2014

DAQUI CEM ANOS

Comentário(s)


"Quem serás tu, leitor, que daqui a cem anos hás de ler os meus versos? Não posso mandar-te uma única flor desta coroa de primavera, nem um único raio de ouro desta nuvem longínqua. Abre a tua porta e olha ao longe! No teu jardim em flor, colhe a lembrança perfumada das flores murchas há cem anos. Possas tu sentir, na alegria do teu coração, a alegria viva que, certa manhã de primavera, cantou, atirando a sua voz alegre a uma distância de cem anos!" 

(Rabindranath Tagore)

sexta-feira, 14 de março de 2014

AS DUAS FACES DA NUVEM

Comentário(s)

Não creias, amigo ignoto, em nuvens totalmente escuras.
Por mais sinistras que pareçam, cá de baixo, não deixam de ser luminosas, vistas lá de cima. 

É questão de perspectiva...
Quando um dia subires à estratosfera, verás que até o mais espesso negror se dilui em luminosa alvura.

Não creias em vida perdida.
Não fales em derrota completa.
A vida é tão vasta, sublime e profunda que nenhuma desgraça a pode inutilizar por completo.
Se a ignorância ou a perversidade dos homens te fecharem uma porta, abre outra.

Se a perfídia dos inimigos ou a traição dos “amigos” demolirem os palácios da tua opulência, levanta modesta choupana à beira da estrada.
Ninguém te pode fazer infeliz – a não ser tu mesmo.
Tu é que tens nas mãos as chaves do céu e do inferno.

“O reino de Deus está dentro de ti”...

A felicidade não está na periferia da tua vida – está no centro do teu ser.
Não é nos nervos, na carne, no sangue, no acaso ou no destino que reside a verdadeira beatitude – mas, sim, no íntimo recesso da tua consciência.


Melhor uma choupana arraiada de sorrisos do que um palácio afogado em lágrimas...

Deus te creou para a felicidade – e quem pode frustar os planos do Onipotente?
Se a tua vida não é um dia cheio de sol – por que não poderia ser uma noite iluminada de estrelas? 


Por que não poderia a tua felicidade ganhar em profundidade o que talvez tenha perdido em extensão?

Por que não poderia a luz suave de miríades de astros infundir-te na alma uma felicidade que nunca te deram os fulgores solares?

Se não percebes o chilrear dos passarinhos e o chiar das cigarras da zona diurna da vida – por que não te habituas a escutar as vozes discretas com que o silêncio noturno enche a tua solidão?

Há tanto misticismo nas fosforescências da Via-Láctea...
Há tanta sabedoria na reticência da luz sideral...
Há tanta eloquência no mutismo das nebulosas longínquas...
Há tantas preces no sussurro das brisas noturnas...
Há tanta alma na argêntea placidez do luar...
Há tanta filosofia na vastidão pressaga do cosmos...
Há tanta beatitude na acerbidade da dor, quando iluminada por um grande ideal...
Há tão profunda paz em pleno campo de batalha, quando o homem compreendeu o porquê da luta e o sentido do sofrimento... 


Por mais negra que seja a face humana das nuvens da tua vida – crê, meu amigo, que é luminosa a face voltada para as alturas da Divindade.

Huberto Rohden

O ATUAL MOMENTO HISTÓRICO

Comentário(s)

Olhemos em derredor de nós. No atual momento histórico existem dois estados: um aparente, superficial, transitório, que todos vêem e que constitui a base de julgamento da maioria; outro real, profundo, dado pelo eterno desenvolvimento das coisas.

Hoje é exatamente a hora do mal, cuja característica é a negação e a subversão. Assim os melhores se tornaram perseguidos, quase que obrigados a esconder-se, enquanto os piores conquistaram tudo. Mas é natural que os revolvimentos necessários para passar de um estado de equilíbrio a outro, evolutivamente superior, sejam também convulsivos.

Mas é uma posição falsa, porque não lhe corresponde um valor intrínseco e, por conseguinte, ela não pode durar. Toda a verdade, pela lei do dualismo universal, não está completa se não foi vista em seus dois temas antitéticos e contraditórios, dos quais ela se compõe na totalidade. No extremo do fenômeno histórico atual, como aparece na superfície, temos um estado oposto, de preparação subterrânea, de espera e maturação. Assim como se diz que sob a neve está o pão, também é sob a tempestade que estão amadurecendo os germes de uma nova civilização. Para compreender isto, seria necessário conhecer não só as leis históricas, mas também as leis biológicas, das quais a história humana não é mais do que uma parte.

Eis que no fundo das coisas há algo de bem diferente; estão aí o pensamento e a vontade diretora de Deus, que não são apenas transcendentes nos céus, mas também imanentes em nós e em nossas coisas, presentes com a sua incessante obra criadora. Na direção da história há, portanto, uma obra outra do que a pobre e ignorante sapiência humana. Há a sabedoria de Deus. Que isto seja de grande conforto aos melhores, mais evoluídos, hoje expulsos e esmagados.

Quem está habituado a olhar com humildade e amor, pedindo e entregando-se a esse pensamento divino que tudo rege, constata experimentalmente a existência de uma lei de ordem e de amor que está no centro das coisas, que as alimenta e as mantém em vida, ainda que deixando que na periferia, na forma e na matéria, dominem a desordem e o mal. Assim como nas grandes tempestades oceânicas, a poucos metros abaixo da superfície das águas se observa a calma, assim também na história. Sob o grande rumor das revoluções, a queda das classes sociais e dos tronos, o desmoronamento de enormes construções políticas, se verifica a calma das grandes Leis da vida que, lentas mas seguras, vão preparando o futuro. Futuro garantido, como garantida é a primavera que deve trazer consigo a germinação das novas massas.

Não podemos, de fato, presumir que a continuação da vida seja confiada aos homens e aos seus expedientes. E, se ela triunfa, e sempre triunfou, como o demonstra o fato de que durou até aqui, isto é porque ela é protegida justamente por essa sabedoria divina que a guia, a nutre e a mantém.

(Pietro Ubaldi - Livro: Ascensões Humanas)

quarta-feira, 12 de março de 2014

DO ÁTOMO AO ARCANJO. CONGRESSO DEBATE OS CAMINHOS DA EVOLUÇÃO HUMANA

Comentário(s)


Com o tema “Do átomo ao arcanjo, os caminhos da evolução humana”, o XIX Congresso Nacional Pietro Ubaldi será realizado em Fortaleza, entre os dias 22 e 23 de agosto de 2014, no Hotel Blue Tree - Praia de Iracema. Essa será a primeira edição realizada no Nordeste.

Segundo Sheila Franco, uma das organizadoras do Congresso, o evento é voltado para estudiosos, cientistas, religiosos em geral, escritores e simpatizantes da obra de Ubaldi. “Atingimos assim um público nacional e internacional, universalista, imparcial, sem qualquer bandeira religiosa”, resume Sheila.

O autor Pietro Ubaldi, explica Sheila, escreveu uma obra espiritualista, com 24 volumes, na qual procurou demonstrar a existência de uma Lei Universal que tudo dirige. “Ele une filosofia, religião e ciência. Metade dessa obra foi escrita na Itália e a outra metade no Brasil”, relata. Já o livro “A Grande Síntese”, escrito entre 1932 e 1935, é tido como uma de suas principais obras, versando sobre uma proposta de compreensão unificada entre todas as formas de conhecimento humano.

Inscrições
As inscrições serão através do site do Instituto Pietro Ubaldi. O site, porém, ainda não incluiu o programa de inscrições. Conforme a organização do evento, após manutenção técnica, o espaço será liberado. Acesse: www.ubaldi.org

Saiba mais
Anualmente, realizam-se Congressos Brasileiros Pietro Ubaldi sempre no meio do mês de agosto, na data mais próxima do aniversário de nascimento do missionário (ele nasceu no dia 18 de agosto de 1886). Em 2014, a edição do evento acontecerá em Fortaleza.

Pietro Ubaldi foi um filósofo espiritualista e reencarnacionista. Nasceu na Itália em 1886 e faleceu no Brasil em 1972, a sua segunda pátria, onde viveu por 20 anos. Sob a inspiração do que chamou a "Sua Voz", escreveu 24 livros de natureza espiritual, sendo “A Grande Síntese” o primeiro. Esse livro, com cem capítulos, foi traduzido para vários idiomas. Somente no Brasil já alcançou vinte edições.


FONTE:
http://www.boanoticia.org.br/noticias_detalhes.php?cod_noticia=5843&cod_secao=1

terça-feira, 11 de março de 2014

O CREDO DA CIÊNCIA

Comentário(s)

Meu caro amigo. Recebi tuas felicitações - muito obrigado.

Atingi o "vértice da pirâmide" – dizes.
Enchi de mil conhecimentos o espírito - é verdade.
Cinge-me a fronte o laurel de doutor - sou acadêmico.
Entretanto - não me iludo...

Quase todo o humano saber - é crer...
Nossa ciência - é fé.
Creio nos testemunhos dos historiadores - porque não presenciei o que referem.
Creio na palavra dos químicos e físicos - porque admito que não se tenham enganado nem me queiram enganar.

Creio na autoridade dos matemáticos e astrônomos - porque não sei medir uma só das distâncias e trajetórias siderais.
Tenho de crer em quase todas as teses e hipóteses da ciência - porque ultrapassam os horizontes da minha capacidade de compreensão.
Creio até nas coisas mais cotidianas - na matéria e na força que me circundam...
Creio em moléculas e átomos, em elétrons e prótons - que nunca vi...

Creio nas emanações do rádium e nas partículas do hélium - enigmas ultramicroscópicos.
Creio no magnetismo e na eletricidade - esses mistérios de cada dia.
Creio na gravitação dos corpos sidéreos - cuja natureza ignoro.
Creio no princípio vital da planta e do animal - que ninguém sabe definir.
Creio na própria alma - esse mistério dentro do Eu.

Não te admires, meu amigo, de que eu, formado em ciências naturais, creia piamente em tudo isto...

Admira-te antes de que haja quem afirme só admitir o que compreende - depois de tantos atos de fé quotidiana.

O que me espanta é que homens que vivem de atos de crença descreiam de Deus - "por motivos científicos".

Homem! tu, que não compreendes o artefato - pretendes compreender o Artífice?

Que Deus seria esse que em tua inteligência coubesse?

Um mar que coubesse numa concha de molusco - ainda seria mar?

Um universo encerrado num dedal - que nome mereceria?

O Infinito circunscrito pelo finito - seria Infinito?

Convence-te, ó homem, desta verdade: só há duas categorias de seres que estão dispensados de crer: - os da meia-noite - e os do meio-dia...

As trevas noturnas do irracional - e a luz meridiana da Divindade...

O insciente - e o onisciente...

Aquele por incapacidade absoluta - este por absoluta perfeição...

O que oscila entre a treva total do insciente e a luz integral do onisciente - deve crer...

Deve crer, porque a fé se move nesse mundo crepuscular, equidistante do vácuo e da plenitude, da meia-noite e do meio-dia...


Huberto Rohden, do Livro: De Alma Para Alma

domingo, 9 de março de 2014

A DOR NA LÓGICA DO DESTINO

Comentário(s)

Todos os organismos, seja no plano físico ou no espiritual, isto é, tanto o nosso corpo como a nossa alma, têm um ponto de menor resistência ( locus minoris resistentiae ). Ora, parece que a natureza escolhe justamente este ponto de maior fraqueza, de maior vulnerabilidade, para convergir sobre ele os seus mais veementes golpes. Este ponto, de preferência, ela fere nas doenças físicas como nas imperfeições morais.

A natureza não gosta de pontos fracos, lança-se contra eles, seja para provar-lhes a resistência, e, se esta é pouca, abrir-lhes prontamente uma brecha e resolver o caso, matando o indivíduo, seja para estimular as suas reações e com isso impulsioná-lo a se reforçar, a reativar as suas defesas, e ensinar-lhe a salvação, obrigando-o a vencer, a aprender a ser forte, para sempre saber vencer. A resposta depende do indivíduo, e será vida ou morte, libertação ou dor. Assim, cada pena é uma doença e cada doença uma prova. Em cada caso a dor tem um significado, um escopo útil, e nos atinge para o nosso bem. É uma tentativa salutar de correção de algum erro, para restabelecer o equilíbrio, a ordem divina das coisas, na qual só existe felicidade. A natureza, ao infligir-nos as provas, parece desapiedada. Mas com elas se completa a grande escola da vida, na qual se aprende, cada um por si mesmo, a corrigir os impulsos mal dirigidos do próprio destino. De fato, somos nós mesmos que, nascendo com uma dada constituição física e moral, trazemos já em nós, definidos e localizados, os pontos de menor resistência, a nossa força ou a nossa fraqueza, já implicitamente assinalando a nossa vitória ou a nossa condenação. O ambiente prova indistintamente todas as pessoas: a nossa resposta é que é diversa, as causas da dor estão em nós. A natureza é imparcial, é justa. Se fosse piedosa, não seria justa e trairia a maior finalidade da vida, que é o evolver, que nos faz progredir e aperfeiçoar.

Por que nascemos de maneiras tão diversas, com tão diferentes bagagens de forças e de fraquezas, de direitos e deveres? A cada um cabe justificar a sua prova e a sua dor, tão grave e diversa. Esse é um problema que deverá ser resolvido pelos que crêem na criação dos espíritos do nada, todos iguais ao nascimento. Para que a dor seja justa, cumpre sejamos responsáveis pelas causas que a atraem, por havermos provocado. Urge, como precedente, uma causa livre e nossa, para que haja justiça, quando nos fere um efeito doloroso e inexoravelmente nosso. As teorias vagas, que nada esclarece neste terreno, são muito boas para as dores alheias, mas não servem para compreendermos, resolvermos, guiarmos e suportarmos as nossas. Sem aquele precedente livre e nosso, não nos resta mais do que a horrível idéia de um Criador injusto ou inconsciente, ou a idéia atéia do caos. Se para sairmos bem, devemos renunciar de uma vez a compreender, não nos resta mais do que completar o nosso suicídio espiritual.

A natureza, que parece desapiedada, é justa e benigna. No fundo, a negação aparente da dor é uma afirmação; aquelas investidas contra a vida são a favor da vida. Quem observar o próprio destino, verá que as suas forças não golpeiam ao acaso, mas tendem a seguir particulares direções e a conservá-las; preferem alguns pontos, diversos para os vários indivíduos, mas quase sempre bem definidos e constantes para cada um em particular. Como cada destino, a dor, para cada pessoa, tem um caráter dominante, um sentido que persiste do nascimento até a morte, e a cada destino corresponde determinada forma de dor. Quem pode negar, a "priori", que todas essas forças, que tão profundamente atuam em nossa vida, não tenham uma natureza inteligente? Às vezes elas se apresentam tão precisamente dosadas e dirigidas, que fazem pensar num mestre traçando as disciplinas de um curso e as classes de uma escola. Freqüentemente, a quem olhe em profundidade, aparece esta ordem maior, que controla a aparente desordem do particular. A natureza, ou seja, a inteligência das leis da criação, ou pensamento-verdade de Deus, não nos prodigaliza gratuitamente as qualidades e as aptidões, mas nos impõe a sua conquista através do esforço, obrigando-nos a aprender com a experiência, quando não as determina por meio de reações, obrigando a aflorar aquilo que já estava latente em nosso espírito.

(Pietro Ubaldi – Trechos do livro “História de um Homem”)

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Amar faz sofrer?

Comentário(s)

Por Aloísio Wagner

Poderia alguém que ama, sofrer? Amar gera sofrimento?

Esta é uma confusão sutil que ocorre com muitas pessoas. É uma deturpação inconsciente de uma realidade maior onde a mente nos engana.

Para entendermos melhor esta questão, temos que compreender qual o verdadeiro sentido do amor. O que é amor? Segundo os mestres, a definição mais simples e objetiva é: Deus! Deus é Amor! Onde há amor, há integração com a Consciência Cósmica! Onde há amor, há felicidade permanente. Onde há amor, há gozo, alegria, paz, coesão, união, doação, humildade, etc. O amor real é a soma de todas as qualidades e virtudes do espírito, ou melhor, é a essência do próprio espírito, porque essência de Deus. É o desabrochar da substância divina que há em cada um.

Mas, por que então o ser humano acredita que amar faz sofrer?

Porque nestes casos ele acredita que seu amor é puro, o que na verdade não o é; ele está fortemente manchado com a presença do egoísmo e do orgulho, e é esta presença do egoísmo e do orgulho que faz o homem sofrer. Este sofrimento é o reflexo e a consequência necessária para retirar o homem de suas limitações, de sua cegueira, de sua ignorância, e impulsioná-lo para a verdade da perfeição em direção à Lei, ao Único, ao Absoluto, ao Perfeito. 

Sem as desilusões que surgem no caminho de cada um de nós, não há como superar o estado anterior da ilusão. E não superando este estado, continuamos na ignorância de que alguém ou objetos externos podem nos fazer feliz. Como nos libertar desta ilusão? Desiludindo-nos! Enxergando com clareza esta deturpação da mente. Discernindo melhor aquilo que é verdadeiro daquilo que parece verdadeiro.

Este sofrimento é um reflexo e consequência natural de nosso apego àquilo que nós doamos, seja material ou sentimentalmente, e que esperávamos retorno desta doação, onde não tivemos. Sentimo-nos então, fracos, descompensados (porque não compensados), traídos, etc.

Quanto que, amar, é doar-se integralmente e desinteressadamente em benefício do outro. É nos sentirmos felizes com esta doação, porque desejando realmente o benefício do outro, e não o nosso, nesta doação. E Deus, que é o próprio Amor, estará presente nesta doação preenchendo a alma de quem doa, fazendo-o mais forte, e mais feliz!

Amar é estar unido ao Criador, fonte de sabedoria, luz, harmonia, paz, consciência, vida! E onde há estes predicados não pode haver sofrimento.


Amemos, porque amar é crescer em direção à felicidade e não do sofrimento!

sábado, 8 de março de 2014

O HOMEM E A MULHER

Comentário(s)

O homem é a mais elevada das criaturas;
A mulher é o mais sublime dos ideais.
O homem é o cérebro;
A mulher é o coração.
O cérebro fabrica a luz;
O coração, o AMOR.
A luz fecunda, o amor ressuscita.
O homem é forte pela razão;
A mulher é invencível pelas lágrimas.
A razão convence, as lágrimas comovem.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher, de todos os martírios.
O heroísmo enobrece, o martírio sublima.
O homem é um código;
A mulher é um evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é um templo; a mulher é o sacrário.
Ante o templo nos descobrimos;
Ante o sacrário nos ajoelhamos.
O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter , no crânio, uma larva;
Sonhar é ter , na fronte, uma auréola.
O homem é um oceano; a mulher é um lago.
O oceano tem a pérola que adorna;
O lago, a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa;
A mulher é o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço;
Cantar é conquistar a alma.
Enfim, o homem está colocado onde termina a terra;
A mulher, onde começa o céu.

Victor Hugo

SORRISOS DA MORTE

Comentário(s)

Nunca esteve tão cheio de homens o círculo imenso do Coliseu...
Diocleciano sorri, satisfeito, em seu trono excelso de ouro e marfim...
Entra na vasta arena uma jovem patrícia romana — mais menina que moça...
Flutua às carícias das auras matutinas a alvejante leveza da graciosa túnica...
E, lá do alto das galerias, milhares de olhos contemplam a gentil criança...
Ao longe, no escuro subterrâneo do anfiteatro, rugem leões da Núbia e panteras da Mesopotâmia...
Resoluta, dirige-se a graciosa menina ao centro da vasta arena...
Há, no passo firme da jovem romana, algo da energia férrea das legiões dos Césares que conquistaram o mundo...
E ela se dispõe a conquistar mundos ainda mais belos que aqueles...
Arde-lhe nas negras pupilas fulgor estranho — que lembra invisíveis clarões da eternidade...
O Império Romano contempla uma criança...
Por instantes, procuram os olhos da gentil heroína, nas imensas bancadas, as suas companheiras de adolescência...
Com um sorriso se despede de todos, e envia com as mãos carinhosas beijos — de eterno adeus...
De súbito — duas feras irrompem do subsolo da arena imensa...

...................

A jovem, com a alvejante túnica feita um campo de rosas sanguíneas, arranca das veias abertas um punhado de sangue e, erguendo ao céu matutino as mãos ruborizadas, “Ave Christe, moritura te saluto!...” * (“Salve, ó Cristo, morrendo te saúdo”)

E desapareceu, qual pétala de rosa arrebatada por insano vendaval...

E quando nas galerias amainou a grita da plebe sanguinária, cantaram nas alturas vozes divinas:

“Aleluia! potências eternas...
Aleluia! espírito imortal!...
Que valem algemas, ó homens,
Se a alma é sopro de Deus?...
Que valem fogueiras e feras,
Que valem suplício e cruzes,
Que valem martírios e morte.
Se imortal é o Evangelho do Cristo?
Se onipotente é o amor de Jesus...
Se a morte perde os horrores
Em face da ressurreição e da vida?

* * *

Hubero Rohden, do Livro: De Alma Para Alma

sexta-feira, 7 de março de 2014

DESTRUIÇÃO. INSTRUMENTO DE CONSTRUÇÃO

Comentário(s)

Por Pietro Ubaldi

A Lei do ser em nosso universo atual é essa: evolver. Tudo ocorre em função dessa necessidade: o amor, a reprodução, a seleção, a morte, a caducidade de todas as coisas, a natureza relativa de nosso contingente em evolução, a instabilidade de todas as posições humanas, nossa contínua insatisfação etc. É assim que se explica um fato, que pode parecer estranho, isto é, que a vida se nutre de morte, se alimenta de destruição. Isto porque destruição é meio de renovação, e renovação é condição necessária para a evolução, suprema tendência do ser.

Compreendida essa lei geral, situada na lógica do pensamento diretivo de Deus, é fácil compreender a lei particular, segundo a qual ocorre que a História produza, nas revoluções. Com efeito, é por meio das revoluções que a História costuma gerar o que é novo, como se o tirasse da destruição do velho. Na realidade, isto é devido ao fato de que a vida é tão exuberante de germens que, logo que se forma um pouco de espaço vazio, ela está sempre pronta a invadi-lo para enchê-lo. Nesse sentido, a destruição é criativa para a vida, pois lhe permite a expansão. Quem compreendeu a inexaurível fecundidade da vida, que deriva do impulso do Deus imanente, presente em todas as partes, em cada fenômeno ou acontecimento, não pode admirar-se de tudo isso. A História caminha carregada de germes a desenvolver, de uma potência fantástica, e os lança a mancheias, ora aqui, ora ali, com a prodigalidade de que a vida é tão rica, à espera de que a maturação e a compreensão dos homens - único limite de sua fecundidade - permitam a ela, tornando-se instrumentos de realização, o desenvolvimento no terreno deles.

A destruição poderá assustar o indivíduo, mas a vida não pode preocupar-se com isso, porque, no conjunto, a destruição não é estéril. Nenhum ato da vida, jamais, é estéril, nem mesmo a destruição. No âmago da morte está a vida. Por isso, a destruição é um ato de administração normal, é só uma forma, um meio de renovação. A vida é eterna, é princípio divino, portanto nada tem que temer. Bastaria haver compreendido esta grande verdade, para ser obrigado a admitir a indestrutibilidade de nosso ser e a impossibilidade, para a morte, de matar qualquer ser vivente. Cristo mesmo nos disse que quem procurar conservar sua vida a perderá, e quem a der, a ganhará. Não é conservando-nos apegados à forma que podemos viver, mas só mergulhando-nos na grande corrente ascensional do ser, em que está Deus, a inexaurível fonte de tudo. Cristo mesmo, que realizou a maior das revoluções, seguiu essa lei, pela qual a destruição é uma premissa necessária para a reconstrução. Assim, Ele teve que oferece-se em holocausto sobre a cruz. Eis porque o sacrifício tem um poder criador, a renúncia pode construir num plano mais alto, a dor nos amadurece e a morte é lei de vida. Bastaria ter compreendido este princípio universal para compreender a necessidade absoluta da paixão e da morte de Cristo, para a evolução do mundo.

Tudo isso para chegar a esta conclusão: que a tendência atual à destruição, que existe em todos os campos, e o estado de revolução e de guerra em que se acha o mundo, representam justamente o índice mais evidente da reação complementar necessária para a reconstrução de amanhã; ou seja, representam a fase preparatória, após a descida, para a subida da onda histórica, aquela que quer que chegue e se realize a nova civilização do terceiro milênio.

***

NEGATIVOS E POSITIVOS

Comentário(s)


“Que é isto, artista desastrado?...Compensas com escuros todos os meus claros?... Por que invertes a ordem natural?...” Assim falava a chapa fotográfica, no fundo do banho de sais...


O fotógrafo, porém, sorrindo, permaneceu calado... E, agitando o recipiente esmaltado, banhava em silêncio o negativo... E à medida que os claros suplantavam os escuros, e os escuros os claros, crescia a revolta do negativo...

“Protesto, artista às avessas!... Está tudo errado, erradíssimo!... Não vês que o rosto da jovem, tão alvo, sai preto? Não vês que seus olhos escuros saem brancos como giz?... Retrato, isto?... Horripilante caricatura!”...

E o artista, sempre calado, agitava, sorrindo, a solução reveladora... E tirando, ao clarão de luzes vermelhas, a película, submergiu-a no banho fixador...

“É o cúmulo! - bradou o negativo, no auge do furor e, por um triz, quase se parte ao meio – protesto!”... 

E o artista, sempre sereno e calmo, sorria... Passado algum tempo, tirou do fixador a película de cores invertidas. 

E ela, impotente, chorava de raiva, gotejando lágrimas a flux – até lhe secarem os olhos...

E o artista, sempre calado, colocou por debaixo da chapa uma folha de brometo de prata – e a expôs à luz uns instantes... Eis que na folha sensível aparece lindíssima imagem – o positivo!... Semblante juvenil, risonho, perfeito – retrato fiel de formosa jovem...

Calou-se então o negativo e, confuso, sumiu-se num canto – para sempre...

Não estranhes, minh'alma, essa mescla de sombras e luzes, na vida terrestre!

Não estranhes esse jogo de claros e escuros – esta vida que vives é tempo de processo negativo – de ordem inversa...

Caricatura te parece o que retrato devera ser...

Injustiça, desordem, contra-senso, paradoxo...

Premia-se o mal – e castiga-se o bem...

Sofre o inocente – e exulta o culpado...

Tolera, ó homem, esse mundo absurdo e paradoxal – nesta vida negativa...

Um dia será reinvertido o que está invertido – nesta vida negativa...

As luzes serão luzes – e as sombras serão sombras...

Dia de justiça e de retíssima ordem das coisas...

Cala-te, assim como se cala o divino Artista – ante os protestos da tua ignorância!

Espera a revelação final do teu ser!...

Deixa o divino Artista agir...

Ele, que é poderoso, sapiente e bom...

Há de revelar, à luz do seu reino,

Tudo que na vida presente

Fotografaste na alma...


Huberto Rohden

APROVEITAR A VIDA

Comentário(s)

Por Aloísio Wagner

Há uma expressão popular que diz: "É preciso aproveitar a vida!" Mas, o que seria este "aproveitar a vida"?

Muitas pessoas entendem o aproveitar com o fazer o que se quer, sem medos, sem culpas, sem receios, sem limites, sem "portas fechadas".  Mas, de onde vem este "querer"?  O que são os nossos desejos? Uma liberdade em ação, sem consciência e equilíbrio com as leis da vida, pode nos conduzir à felicidade? Quando seguimos os impulsos de nossos instintos somos livres ou somos escravos dele?

Nossos desejos geralmente têm suas raízes em nossos instintos, que nos conduz cegamente para a realização dos mesmos, atendendo uma necessidade de sobrevivência material, mas que os homens em geral se escravizam no ato do prazer. Mas qual é a finalidade da existência material? Comer, beber, conforto, sexo, viajar, status, distrações, brincadeiras, trabalho, conquistas? Não há como negar estas necessidades, mas enquanto elas exercem um poder sobre nós somos escravos delas, e não senhores de nosso destino. Somos como uma carroça com cavalos sem condutor, entregue aos instintos, dirigido para um abismo qualquer, de dor e de sofrimento.

Instinto é uma realidade profunda, mas que atende a uma necessidade básica da vida: Existência física! Mas somos somente "entes" físicos? Nossas emoções e pensamentos estão também atreladas a esta força telúrica que nos "impõe" certas reações, que nos comanda, que nos limita. Contudo, além dos pensamentos e das emoções há um campo da consciência a ser conhecido e revelado, e que é uma parte do nosso inconsciente, e que alguns mestres chamam de super-consciente. Nele há uma força especial, porque dotado de uma sabedoria mais ampla e completa em relação à existência. Nele há uma luz e sabedoria que nos mostra uma nova percepção e finalidade da vida. Nele há uma doçura e leveza que faz de nossas mais amargas experiências e provações uma aceitação ativa que transpõe os limites do concebível, entregando-se nos braços do Amor.

Amigo(a), não se contente com aquilo que você faz; busque sempre entender e intuir pra onde tudo encaminha. A vida não pode parar ali, onde termina as nossas sensações de prazer, seja ela qual for.  Estas sensações passam, e a vida deixará num fundo do copo o "nada", o "vazio" da não-realização de nossa consciência. Nosso Eu mais profundo, o espírito que somos, essa essência divina, segue outros objetivos e anseios, e quer se revelar, quer ser perceptivo, diferentes dos instintos que se limitam à vida física; é preciso conhecê-lo! É preciso desbravar a floresta escura da mente e dos pensamentos e transpor para outras regiões internas de luz e de paz que jazem no fundo de nós! É preciso diariamente auscultar e investigar nosso interior! É preciso silenciar nossos pensamentos e emoções para "ouvir" a Voz que nos fala, quando nos colocamos aptos para escutá-la!

Seguir esta luz interior nos faz assumir outra postura perante a existência, onde se pode trabalhar e participar de todos os embates da vida, mas com um olhar renovado, com os braços e pernas sabendo "o quê fazer" e "como fazer"; com o coração revigorado e alimentado, pela presença do Pai, que nos faz uno com Ele, e com todas as suas criaturas!

quarta-feira, 5 de março de 2014

Cristo e Cristianismo

Comentário(s)

Por Huberto Rohden

O mundo de hoje nada tem que esperar do cristianismo, tudo tem que esperar do Cristo. O nosso cristianismo é ficção – o Cristo é fato. O nosso cristianismo é um fogo pintado – o Cristo é um fogo real.

Há uma grande afinidade entre os Maharishis da Índia e os Sufis da Arábia, por um lado, e os verdadeiros místicos cristãos, quer católico-romanos, quer evangélicos-protestantes. Todos pertencem à “comunhão dos santos”, à “irmandade branca dos irmãos anônimos”. São João da Cruz, por um triz foi condenado como herege, e o texto dos seus livros espirituais, por muito tempo, apareceu mutilado pela autoridade eclesiástica. Luiz de Granada esteve quatro anos nas cadeias da Inquisição por causa da sua explicação do “Cântico dos Cânticos”. Meister Eckart, o maior dos místicos medievais, sempre foi suspeito de heresia e seus livros foram proibidos após a morte dele.

Aceitar um santo ou místico deste ou daquele grupo espiritual não equivale a aceitar o grupo como tal, porque a santidade, sendo atributo do indivíduo, nada tem que ver com o grupo organizado. Todos os místicos do mundo, dentro e fora do Cristianismo organizado, formam uma espécie de “Super-ecclesia”, porque representam a legítima ekklesia, palavra grega composta de “ek” e “kaléo” (chamar para fora, selecionar) e cujo sentido exato é “elite” ou “seleção”. 

O sentido de “igreja” não é massa, mas elite; é aquele “pusillus grex” ou pequeno rebanho, de que fala Jesus. A igreja é universal, cósmica. Uma igreja sectária é uma pseudo-igreja. A verdadeira catolicidade cósmica abrange judeus, hindus, árabes, taoístas, budistas, cristãos, etc., suposto que eles tenham verdadeira experiência de Deus e manifestam essa sua mística divina na ética humana. O primeiro mandamento, que é a mística, e o segundo, que é a ética, sintetizam toda a religião, como diz o Nazareno.

“O argumento de que uma igreja que produz santos seja santa em si mesma, como igreja organizada, é insustentável à luz da lógica imparcial. Os verdadeiros santos pouco ou nada têm que ver com os arranjos artificiais duma organização, que, em qualquer hipótese, é uma criação da inteligência. Os dirigentes duma organização eclesiástica são, não raro extremamente maus. 

Francisco de Assis e Tomás de Aquino viveram, ambos, no século 13, ambos dentro do mesmo organismo eclesiástico – mas são gênios tão diversos como o dia e a noite, e os dirigentes da igreja desse tempo pertencem aos piores que a história conhece. O teólogo napolitano, de acordo com a mentalidade da época, aprova e defende, em sua “Suma Theologiae” e “Summa contra Gentiles”, a liceidade da pena de morte e do extermínio violento de hereges – ao passo que o “poverello” da Umbria, na sua vasta intuição mística, é amigo de todos os seres vivos do mundo.

Há santos em todas as religiões – o que não prova que essas religiões sejam boas como um todo. Santidade é atributo do indivíduo, e não duma coletividade. 

O que decide sobre o fato de eu ser crístico ou não-crístico é a minha vida, a profunda e permanente atitude do meu interno ser e do meu externo agir em perfeita sintonia com o espírito de Cristo. Esse espírito, porém, nada tem que ver com a forma deste ou daquele credo, mas resume-se nos dois grandes mandamentos do amor de Deus e do próximo, nos quais “consistem toda a lei e os profetas”. O “sim” ou “não”, verbal ou mental, em nada modifica a minha atitude de ser e de agir, e é profundamente deplorável que uma grande parte do cristianismo eclesiástico do Ocidente dê maior importância a essa profissão de fé teológica imposta por seu grupo do que à realidade da sua vida emanada do espírito de Cristo. 

E, para salvar esse credo eclesiástico, os seus adeptos, através dos séculos, têm cometido, e continuam a cometer os maiores atentados ao espírito de Cristo, matando infiéis e hereges, excomungando dissidentes, inculcando a seus filhos o desprezo para com os que não professam o mesmo credo teológico – matam o espírito para salvar uma teologia pseudo-cristã!...

Enquanto eu não puder dizer, com absoluta verdade “Já não sou eu que vivo – o Cristo é que vive em mim”, não aceitei o espírito do Cristo, embora professe a mais ortodoxa das fórmulas sobre a divindade de Cristo. Mahatma Gandhi nunca aceitou nenhum credo eclesiástico, que sempre respondia: “Aceito o Cristo e seu Evangelho, mas não aceito o vosso Cristianismo.” Albert Schweitzer é conhecido como herege pelas igrejas cristãs protocolares – mas dificilmente encontraremos dois homens que vivam com maior pureza e fidelidade o espírito de Cristo, em profundo amor de Deus e vasta caridade pelos homens.

É de urgente necessidade que o mundo cristão se torne crístico, vivendo realmente o espírito de Cristo, em vez de apenas professar teoricamente este ou aquele dogma sobre a divindade de Cristo.


(Huberto Rohden – Doutor em Filosofia e Teologia, poliglota, ex-professor catedrático da American University EUA e autor de 100 livros).

O CRÍTICO MOMENTO ATUAL

Comentário(s)

As espetaculares realizações da ciência mostram-nos que se está preparando algo de excepcional na historia da humanidade. Algo se está movendo nas vísceras do fenômeno evolutivo e por isso inconscientemente o mundo se encontra numa ansiosa agitação, desconhecida no passado. Se falha o salto, não se sabe como e onde se irá cair.

É  necessário mover-se orientados no seio do organismo fenomênico universal, dentro do qual existimos e de cujas reações não podemos prescindir, para saber o que se deve fazer, sabendo as consequências do que se faz. Enquanto a vida avança, o homem não compreende o que está sucedendo e resiste amarrado ao passado com a sua velha forma mental. Adiante há uma estrada cheia de luz, ao longo da qual a vida o impulsiona, mas ele continua olhando para trás, para um mundo cheio de trevas. Este é o tempestuoso contraste entre os impulsos opostos do momento atual.

O homem tem hoje nas mãos poderes jamais possuídos. Que uso fará deles? Servir-se-á para tornar-se sempre mais rico, egoísta e corrompido, permanecendo no plano animal, ou, pelo contrário, servir-se-á para ascender a um plano mais alto, transformando-se cada vez mais num ser de pensamento e consciência? Estes poderes podem ser utilizados nestas duas direções. Eles permitem um salto para a frente, de grandes proporções, mas se mal usados podem levar a um grande retrocesso involutivo. A humanidade deve escolher entre as duas direções a tomar. Mas o caminho é um só: o da evolução.

Não há dúvida, hoje em dia a técnica científica e a organização industrial permitem sempre com menor trabalho alcançar maior produção, com menor esforço, maior bem-estar. Ora, o perigo reside em ter mais abundância de tempo e enriquecimento de meios não usados em sentido evolutivo, isto é, um capital não utilizado para realizar um trabalho mais alto, mas em sentido involutivo, ou seja, capital dissipado em satisfações de tipo inferior; não para facilitar um impulso mental e espiritual, mas para abandonar-se, em descida, embrutecendo-se em materialidade.

Se o momento é perigoso, no entanto, também é maravilhoso, porque oferece possibilidades desconhecidas noutros tempos. O que impele a vida sempre para diante é um irrefreável anseio em direção à felicidade e o Alto sempre chama e a atrai desde longe. Rara é a oportunidade presente e cumpre-nos aproveitar as circunstâncias atuais - não será fácil que venha a sua repetição. O homem encontra-se perante perspectivas ilimitadas, com liberdade e poder, mas também com uma responsabilidade desconhecida nos séculos passados, lançado velozmente em direção a radicais mudanças de vida, com imensa possibilidade de novas realizações e proporcionadas conseqüências de alegria ou dor.


Pietro Ubaldi. Do livro " A Descida dos Ideais- Cap 03


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