"A Lei é sempre a
mesma. Luta pelo domínio. Todos os grupos humanos, todas as formas de governo,
em qualquer tempo, todas as classes sociais, todos os homens em qualquer nível,
se assemelham. Não se pode culpar ninguém em particular. O homem é que é feito
assim, vista ele qualquer libré ou manto real ou presidencial. Todos conhecem
esses defeitos, mas só se veem e denunciam no grupo oposto, contra o qual se
luta, porque o próprio grupo é sempre dos homens perfeitos, e o outro é sempre
defeituoso e corrompido. A verdadeira realidade que está em tantos discursos,
exaltações e condenações, é a luta: luta em que todos se igualam, e bons e maus
situam-se em todos os terrenos e se misturam em todos os grupos, sem que se
possa dizer a priori que nenhum grupo seja melhor ou pior. (...)
Ao povo agrada o belo
sonho utilitário de ser servido gratuitamente pelos dirigentes. Mas, em sua
ingenuidade, não sabe que a vida nada oferece de graça. Ignora que seu mundo é
o da força e que o povo não será servido enquanto não tiver aprendido a ser uma
força e representar um valor. (...) Os governantes levarão em conta o povo,
quando este souber fazer-se valer pela inteligência, consciência de si mesmo e
vontade, quando representar algo no destino coletivo, quando souber até ser
temível e impor-se aos chefes, se necessário. Mas, nos férreos equilíbrios que
balanceiam os valores da vida, que pode pretender hoje uma massa amorfa, instintiva,
inconsciente, se não for guiada e explorada por quem é mais forte
biologicamente, mais astuto, mais dinâmico? Que pode pretender um rebanho de
ovelhas, se não a erva dos campos e ser tosquiado? E que sabe fazer esse
rebanho, quando se revolta, senão passar das mãos de um patrão para as de
outro? Como pode acreditar-se que o consigam aguentar-se as posições da vida,
se, atrás delas, não existem valores reais?"
Do livro PROBLEMAS ATUAIS, de Pietro Ubaldi