ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

.


Carregando...

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

CONSTELAÇÃO FAMILIAR

Comentário(s)

A família é a base fundamental sobre a qual se ergue o imenso edifício da sociedade.

No pequeno grupo doméstico inicia-se a experiência da fraternidade universal, ensaiando-se os passos para os nobres cometimentos em favor da construção da sociedade equilibrada. Em razão disso, toda vez que a família se entibia ou se enfraquece a sociedade experimenta conflitos, abalada nas suas estruturas.

Vive-se, na Terra, destes dias, injustificável agressão à constelação familiar, defluente dos transtornos e insatisfações que tomam as mentes e os corações juvenis.

Aturdidos, ante os tormentos que vêm assaltando os adultos, alguns, irresponsáveis, outros, imaturos em relação aos compromissos graves do lar, que se deixam arrastar pelas utopias do prazer, em detrimento das bênçãos do dever em relação à família, desgarram-se, e, sem rumo, atiram-se nos resvaladouros da alucinação, desesperados, investindo contra o instituto doméstico.

A aparente falência das uniões consagradas pelo matrimônio, assim como a de todas aquelas que frutesceram em descendentes, não é da família, mas da desestruturação da ética e da moral, vitimadas pelas mudanças impostas pelos denominados novos tempos, nos quais, escravizando-se às paixões dissolventes, os indivíduos optam pela ansiosa conquista das coisas e dos fetiches da tecnologia que os distraem e entorpecem.

A decadência dos dogmas arbitrários e dos estatutos punitivos estabelecidos por algumas doutrinas religiosas do passado, que vêm sucumbindo ante os camartelos da evolução cientifica e experimental, tem facultado maior espaço para a ampliação do materialismo existencialista, centrando no corpo toda a realidade da vida, e através do seu uso a única oportunidade de desfrutar os gozos, que logo se consomem ante a presença da morte.

Em assim sendo a realidade humana, a pressa pela fruição de todas as sensações possíveis apresenta-se na condição de meta que deve ser alcançada a qualquer preço, para não se perder a oportunidade de viver bem, quando o ideal seria bem-viver.

O irrefragável passar do tempo, cada dia com maior celeridade, em face das complexas engrenagens existenciais e da busca para a manutenção da vida, oferece uma visão incorreta em torno da sua dimensão. Aqueles que se debatem na ambição e se esfalfam pelo ter, pelo poder, pelo desfrutar, vêem-no rápido demais para atender a todas as suas necessidades. Aqueloutros, que se encontram em conflitos, irrealizados, enfermos, acreditam que ele não transcorre como deveria, e sim morosa, dolorosamente...

Como efeito, os jovens atiram-se nos emaranhados processos de busca do deleite sem qualquer freio, enquanto os adultos apresentam os primeiros sinais de cansaço, tentando renovar programas em favor de novas satisfações, ao tempo em que os velhos, ante tantas facilidades que não fruíram antes, em razão dos preconceitos e dos limites impostos na época, deprimem-se, lamentando o que consideram haver perdido...

Nesse báratro, a família torna-se um campo de lutas ásperas entre os princípios de equilíbrio que a devem constituir e as facilidades que proporcionam correspondência em relação aos desvarios propostos por pensadores de ocasião e pelas aberrações divulgadas através da mídia extravagante.

A denominada luta de gerações, na qual os reais valores da dignificação humana são ultrajados pelas proposições modernistas do hoje, do aqui e do agora, favorece a debandada do lar pelos jovens, incapazes ainda de orientar a existência, de enfrentar os desafios, de viver em equilíbrio.

lnexperientes e deseducados, animados mais à astúcia do que à inteligência e à razão, tornam-se vítimas fáceis das armadilhas que encontram pela frente, sem as perceber... 

Faltando o lar seguro, buscam organizar tribos e reagem a tudo que os vincule à estrutura familiar, dando lugar a novos hábitos e a costumes próprios, matando as imagens ancestrais e construindo a própria identidade, agressiva e arrogante, estranha e especial, em nome da liberdade de pensamento e de ação, que o tempo demonstra frágil e sem sustentação a longo prazo. 

Os pioneiros e militantes dos movimentos rebeldes dos anos sessenta, hoje envelhecidos, arrependidos uns, enfermos outros, dependentes da drogadição ainda outros tantos, sem nos referirmos aos que foram devorados pelos vícios, pelas enfermidades, que transformaram o sonho em sofrimento, revêem os programas fantasiosos e alucinantes daquela época tomados pela amargura e pelo cansaço... 

lncontáveis deles, incapazes de construir família, mudaram de parceiros conforme os ventos da sensação e da moda, produziram frutos amargos, na condição de filhos mais rebeldes e mais insatisfeitos do que eles próprios, com as exceções compreensíveis, terminando a caminhada terrestre hoje desacompanhados, pessimistas e tristes. 

A família, no entanto, vem sobrevivendo estoicamente aos golpes que lhe têm sido desferidos, os códigos de ética, lentamente vêm sendo revividos, aumentando o número de matrimônios, enquanto diminui o de divórcios, em respeito à monogamia, a mais elevada expressão do afeto, no processo da evolução antropossociopsicológica, à fidelidade e ao respeito pelo outro... 

O ser humano é estruturalmente constituído para viver em família, a fim de desenvolver os sublimes conteúdos psíquicos que lhe jazem adormecidos, aguardando os estímulos da convivência no lar, para liberá-Ios e sublimar-se. 

Quando procria com responsabilidade atinge um dos momentos clímax da existência, especialmente quando se torna consciente do significado da progenitura. 

Em forma de instinto que confere aos animais o cuidado com a prole e o seu amparo, no ser humano essa energia atinge a faixa de sentimento superior, que induz ao zelo e à proteção, chegando mesmo ao sacrifício em favor da sua preservação. Quando ocorre o contrário, trata-se de uma patologia, um transtorno de natureza psicológica ou psiquiátrica. 

Há, em todas as formas de vida, essa energia divina que, no ser humano, apresenta-se em forma de consciência, de discernimento, de razão, de amor, de sabedoria. 

Na família, esse nobre sentimento encontra campo fértil para desenvolver-se, felicitando os seres frágeis que reiniciam a jornada, bem como aqueles que lhes constituem a segurança. 

Por essas e muitas outras razões, a constelação familiar jamais desaparecerá da sociedade terrestre, dando lugar ao enfermiço egoísmo, pelo contrário, superando-o com beleza espiritual. 

Acompanhando o processo de evolução que se opera no planeta abençoado, que nos serve de colo de mãe para o crescimento na direção do Genitor Divino, reflexionamos por largo período em torno da família e reunimos, no presente livro, trinta temas que dizem respeito à afetividade, ao mecanismo de desenvolvimento espiritual e moral do ser humano, como singela contribuição em favor da constelação doméstica. 

Reconhecemos a singeleza das abordagens, a falta de informações que ainda não tenham sido apresentadas por outros estudiosos das questões abordadas, porém, considerando a valiosa contribuição do Espiritismo para o desenvolvimento ético-moral do espírito, oferecemos nossa modesta cooperação como um pouco do fermento, que pode fazer crescer a massa que se transformará em pão mantenedor da vida. 

Agradecendo ao Senhor Jesus pela oportunidade que nos concede de servir na sua seara, somos sua servidora humílima. 

Salvador, noite de Natal de 2007. Joanna de Ângelis

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

POBREZA

Comentário(s)

Por Divaldo Franco
Normalmente, a referência à palavra pobreza significa ausência de recursos de toda natureza, conduzindo o indivíduo à miséria. Do ponto de vista histórico, sempre houve pessoas pobres, como sociedades muito necessitadas no seu conjunto, arrastando carências de toda ordem, especialmente a falta de valores amoedados e quaisquer outros que possam proporcionar conforto e bem-estar. Além da situação deplorável pela falta do que pode manter a vida digna, sustentável, é também fonte de situações abomináveis. O nada ou quase nada ter é resultado de injustiças sociais e egotismo de reduzida minoria de criaturas que se apoderam de tudo, em detrimento de posses mais ou menos favoráveis ao crescimento espiritual e moral. Essa situação conduz à posição de indignidade espiritual, por facultar a ausência moral de ideais superiores e de ânsias que dignificam o ser humano. Nesses covis da miséria, onde a fome se aloja e o desespero faz morada, os crimes mais perversos são urdidos e praticados. Numa visita que Jesus realizou a um homem fariseu rico, que O convidara a uma refeição em sua casa, foi homenageado por uma desconhecida que lhe umedecia os pés com raro perfume, enquanto os enxugava com os seus cabelos. Precipitado e ambicioso, Judas achou a cena um desperdício e reclamou que aquele perfume poderia ser vendido e o seu fruto distribuído aos pobres. Jesus, que sempre estava em vigília, sem censura, respondeu-lhe: – Os pobres sempre os tereis, mas a mim, não! O anfitrião não teve para com Ele nenhuma das obrigações recomendadas quando da recepção de um convidado: oferecer água e toalha para ablução, dar um ósculo na face. Mas a mulher estranha ofertava-Lhe beijo nos pés, lavados também por suas lágrimas... Aquele fariseu hipócrita, que desejava ser homenageado recebendo no seu lar a figura ímpar do Mestre, fazia parte de uma classe perigosa e infeliz de pobreza, que é a de natureza moral. Ele se houvera reportado a esse gênero humano, quando expôs no Sermão da Montanha que seriam bem-aventurados os pobres de amor, de solidariedade, de compaixão... Espíritos ricos de tesouros morais. A sociedade contemporânea encontra-se rica de técnicas e conquistas exteriores, falando sobre a igualdade dos bens de todos os seres humanos, no entanto, jamais abdica dos recursos que lhe produzem o poder, mediante os mecanismos da corrupção, dos vícios e dos meios lamentáveis de dominação arbitrária. Faz-se indispensável que o pensamento hodierno contemple os legítimos valores que enriquecem, mediante o amor, a fraternidade e a justiça. Nunca houve tanta injustiça no mundo, como hoje. Merece, no entanto, recordar que somente “os justos herdarão o Reino de Deus”.
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, em 21 de outubro de 2021.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

"O amor vale mais que a própria vida." (Clóvis de Barros Filho)

Comentário(s)

Por  Clóvis de Barros Filho

Qual a vida que vale a pena ser vivida de acordo com  Aristóteles, Jesus, Spinoza e Rousseau? Clóvis de Barros Filho responde.  Gente, uma palestra magistral que  vale a conferência de cada segundo.  Um feliz dia dos professores para todos! 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

O POBREZINHO DE ASSIS

Comentário(s)

Por Divaldo Franco

Havendo nascido no dia 26 de setembro de 1181 (ou 1182) em Assis, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardone é o maior gênio da História da Humanidade, depois de Jesus Cristo, e desencarnou no dia 4 (ou 3) de outubro de 1226.

A imensa noite medieval permanecia dominadora, e a ignorância predominava no mundo belicoso, sempre dividido pelas paixões do poder, em olvido quase total pela existência espiritual, embora a predominância no Ocidente da religião católica, distante do espírito de amor e de caridade conforme preconizado e vivido pelo Mestre de Nazaré.

Partindo de uma juventude risonha e faustosa, ele transformou-se num mendicante romântico e poeta para atender ao chamado de Deus.

No auge do prazer, estranha melancolia passou a visitá-lo, até o dia em que orando, numa igreja em desmoronamento, ouviu uma voz que lhe disse: 

– Francisco, levanta minha Igreja, que está caindo.

Impressionado, começou a restaurar o santuário, carregando pedras e fazendo-se construtor até concluí-la. 

Quando da sua inauguração, estando orando, ouviu a mesma voz dizer-lhe:

– Não é esta igreja, Francisco, é a moral.

A partir daquele momento, o apóstolo de Assis passou a viver exclusivamente para o Evangelho e trouxe de volta a mensagem cristã totalmente renovada.

Luxo e poder, grandezas materiais e dominação arbitrária, que dominavam a sociedade, passaram a ceder diante da humildade, do amor e da pureza de coração na beleza da caridade.

O mundo se curvou diante da figura delicada daquele Cantor de Deus.

A mensagem de amor passou a readquirir a sua pulcritude, abrindo espaço para os gloriosos dias da Renascença.

Logo depois, veio a inevitável ruptura da fé cega com a razão e a lógica, surgindo a Ciência, com os seus métodos de investigação, demonstrando a realidade do mundo e diversas vertentes do pensamento filosófico, tais o racionalismo e outras doutrinas, convidando o ser humano a pensar antes de crer.

As religiões, então, em voga, passaram a ter os seus postulados averiguados pelo bisturi da investigação, dando margem ao surgimento da tecnologia e outros instrumentos notáveis de informação e promoção da existência humana.

Em todo esse báratro a respeito da crença na imortalidade da alma, embora muitas teses antigas rejeitadas, a figura do Pobrezinho de Assis continuou a fascinar a cultura terrestre, demonstrando a força sublime do amor.

Ante os conflitos e dores acumulados na atualidade, nos quais estorcega a sociedade contemporânea, sentimos falta desse peregrino da vida, que elegeu todos os animais como nossos irmãos, incluindo a Natureza e suas manifestações, e pedimos-lhe que volte, pronunciando a sua saudação: Pax et bene!

O mundo moderno, rico de tecnologia e pobre de amor, necessita-o. 

Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, em 7 de outubro de 2021.

domingo, 3 de outubro de 2021

O POETA CRISTÃO DE ASSIS

Comentário(s)


Caros, um ótimo dia para todos . 

Hoje é dia de lembranças e reflexão. Em 3 de Outubro de 1226 desencarnou "O poeta cristão de Assis".  

No nosso Con-Versando de logo mais (a partir das 16:00h - Horário de Brasília), refletiremos sobre a aula: A tentação no Deserto, em que Rohden expõe a importância do calar para que Deus fale em nós. Como prelúdio segue abaixo um  texto do professor intitulado: Calar as Grandezas, do livro “De Alma para Alma”, para nossa reflexão.

CALAR AS GRANDEZAS
Por Huberto Rohden

Perguntaste-me, amigo, se eu ia escrever um livro sobre o poeta cristão de Assis…

Chaga dolente me reabriu no espírito essa pergunta…

Ante os meus olhos surgiu toda a potência do meu querer — e toda a insuficiência do meu poder…

Eu, é verdade, já cometi delitos dessa natureza — escrevendo sobre os heróis do espírito…

Mas à última página, foi sempre maior o remorso que a satisfação…

Espetada no museu a minha borboleta — via eu que perdera os mais belos encantos…

Grandezas da alma não se podem dizer — só se podem calar…

Livro sobre as maravilhas divinas no homem — só devem constar de reticências e páginas em branco…

Como se pode tocar em tão delicado cristal — sem o quebrar?…

Como se pode colher uma flor — sem a matar?…

Como se pode apanhar borboleta — sem lhe tirar das asas o finíssimo pó?…

Como se pode recolher das folhas, com grosseira colher de pau, as pérolas do orvalho noturno?…

Como poderia eu assoalhar em praça pública a vida íntima duma alma?…

Como apregoar nas ruas os segredos anônimos dum coração?…

Como escancarar à devassa de olhos impuros o sancta sanctorum do templo de Deus?…

Como poderia eu dizer a homens mortais o que o santo nem soube dizer ao Deus imortal?…

Não, meu amigo, não posso escrever sobre as grandezas do poeta cristão de Assis…

Prefiro admirar em plena liberdade esse sopro de Deus a analisá-lo no laboratório…

Em vez de falar — vou calar as grandezas do herói…

Assim, se não acerto em dizer o que ele é — não digo ao menos o que não é…

Sobre o papel do silêncio, com a tinta das reticências — escreverei a biografia do grande anônimo de Assis…

Ou, se quiseres, lançarei ao mundo uns fragmentos amorfos, com os quais poderás arquitetar o que entenderes…

Amor e alegria, entusiasmo e serenidade, sofrimento risonho e espontânea renúncia — e tudo isto aureolado de espiritual leveza e jubilosa felicidade — eis as pedras para o edifício!…

Não o levantarei, para que o possas construir — segundo o teu plano.

Não se prendem raios solares — em gaiolas de ferro…

Não sei vazar em períodos corretos — a poesia da Natureza…

Não sei definir com silogismos — uma alma ébria de Deus…

Nada disto sei — só sei calar grandezas humanas.

Porque toda grandeza é anônima.

Como anônimo é Deus.

O Inefável…


Copyright © Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi ®
Design by Eronildo Aguiar | Tecnologia do Blogger
    Twitter Facebook VK Google + fotos google YouTube flickr rss