Por Divaldo Franco
Havendo nascido no dia 26 de setembro de 1181 (ou 1182) em Assis, na Itália, Giovanni di Pietro di Bernardone é o maior gênio da História da Humanidade, depois de Jesus Cristo, e desencarnou no dia 4 (ou 3) de outubro de 1226.
A imensa noite medieval permanecia dominadora, e a ignorância predominava no mundo belicoso, sempre dividido pelas paixões do poder, em olvido quase total pela existência espiritual, embora a predominância no Ocidente da religião católica, distante do espírito de amor e de caridade conforme preconizado e vivido pelo Mestre de Nazaré.
Partindo de uma juventude risonha e faustosa, ele transformou-se num mendicante romântico e poeta para atender ao chamado de Deus.
No auge do prazer, estranha melancolia passou a visitá-lo, até o dia em que orando, numa igreja em desmoronamento, ouviu uma voz que lhe disse:
– Francisco, levanta minha Igreja, que está caindo.
Impressionado, começou a restaurar o santuário, carregando pedras e fazendo-se construtor até concluí-la.
Quando da sua inauguração, estando orando, ouviu a mesma voz dizer-lhe:
– Não é esta igreja, Francisco, é a moral.
A partir daquele momento, o apóstolo de Assis passou a viver exclusivamente para o Evangelho e trouxe de volta a mensagem cristã totalmente renovada.
Luxo e poder, grandezas materiais e dominação arbitrária, que dominavam a sociedade, passaram a ceder diante da humildade, do amor e da pureza de coração na beleza da caridade.
O mundo se curvou diante da figura delicada daquele Cantor de Deus.
A mensagem de amor passou a readquirir a sua pulcritude, abrindo espaço para os gloriosos dias da Renascença.
Logo depois, veio a inevitável ruptura da fé cega com a razão e a lógica, surgindo a Ciência, com os seus métodos de investigação, demonstrando a realidade do mundo e diversas vertentes do pensamento filosófico, tais o racionalismo e outras doutrinas, convidando o ser humano a pensar antes de crer.
As religiões, então, em voga, passaram a ter os seus postulados averiguados pelo bisturi da investigação, dando margem ao surgimento da tecnologia e outros instrumentos notáveis de informação e promoção da existência humana.
Em todo esse báratro a respeito da crença na imortalidade da alma, embora muitas teses antigas rejeitadas, a figura do Pobrezinho de Assis continuou a fascinar a cultura terrestre, demonstrando a força sublime do amor.
Ante os conflitos e dores acumulados na atualidade, nos quais estorcega a sociedade contemporânea, sentimos falta desse peregrino da vida, que elegeu todos os animais como nossos irmãos, incluindo a Natureza e suas manifestações, e pedimos-lhe que volte, pronunciando a sua saudação: Pax et bene!
O mundo moderno, rico de tecnologia e pobre de amor, necessita-o.
Artigo publicado no jornal A Tarde (Bahia), coluna Opinião, em 7 de outubro de 2021.