Por Divaldo Franco
A palavra família vem do latim famulus, que era o grupamento dos amos com os seus servos e todos quantos lhes eram chegados sob o mesmo teto.
Ainda podemos assim considerá-la, afirmando de maneira emocional que todos os membros de um grupo podem ser chamados de família.
A palavra tem uma abrangência muito grande, no entanto, desejamos referir-nos à tradição cristã de que a família é constituída pelos membros que têm vinculação parental. Nesse sentido, dispomos de duas famílias: a biológica ou consanguínea e a espiritual, que é toda a sociedade unida pelos laços da fraternidade.
O conceito se deriva de uma herança do Cristianismo primitivo de referência ao pai, à mãe e ao filho no grupo social.
Esta, a família tradicional, sustentou-se na ética do comportamento sociológico, que estabelecia dogmas encarregados praticamente de serem as leis que deveriam ser cumpridas, mesmo quando arbitrárias. Eram estabelecidas por teólogos e tradutores do Evangelho, que o faziam ao sabor das suas paixões políticas, morais e religiosas, buscando sempre impedir o progresso da sociedade.
O progresso, no entanto, é Lei Divina, e nada pode permanecer estacionado na ignorância; facultando melhor entendimento dos mecanismos da vida, foi desmistificando os mistérios que envolviam a procriação humana, os relacionamentos sociais, vencendo as trevas até quando o sexo, que era considerado pecado ou coisa imunda, passou a merecer respeito e consideração, em face da sua finalidade de perpetuar a vida orgânica.
Nos tempos modernos e contemporâneos, tornando-se órgão de alta significação, e especialmente após os estudos de Freud e inúmeros cientistas, vêm sendo banidas as teses perturbadoras em torno das suas funções, especialmente nos fenômenos psicológicos e psiquiátricos, além da organização somática, merecendo justa compreensão para a sua existência.
A família biológica, portanto, resultado da união sexual através do matrimônio ou do consórcio afetivo, é a base da sociedade, com altas finalidades em favor da evolução.
A família é a primeira escola na qual se exercitam os hábitos saudáveis da educação, da construção da humanidade feliz ou desventurada. Devem basear-se os seus fundamentos na perfeita identificação de sentimentos elevados, gerando grupos harmônicos que se unirão na família universal.
Nos dias atuais, no entanto, em face dos incontáveis conflitos que tomam da sociedade, a família vem sendo desconstruída, e os seus membros, separando-se para assumir os objetivos da existência sem maturidade para o comportamento digno.
É urgente a reflexão em torno do lar, dos filhos, dos pais, dos demais parentes, reconstruindo-se a família feliz para o bem da humanidade.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 2 de dezembro de 2021.