"Um dia, o eremita A. disse ao eremita B., seu vizinho:
— Sabes, irmão, que lá fora há guerra?
— Guerra? - replicou o outro. - Que é isto?
— Bem....- retrucou o primeiro – guerra...guerra...é uma coisa muito feia, que não se deve fazer.
— Mas, afinal de contas, que é guerra?
— Não sei explicar...Mas vamos brincar de guerra, para compreenderes o que é. Olha aqui, eu tenho um livro; tu não tens livro algum. Eu digo: Este livro é meu! Tu respondes: Não! Este livro é meu! Eu grito: Este livro é meu! Assim começa a guerra. Vamos brincar de guerra: Este livro é meu!...
— ?
— Responde!
— Responde, o quê?
— Grita: Este livro é meu!
— Como? Se esse livro é teu, então não é meu...
— Ora, ora...Tu não tens vocação para a guerra...Já acabaste com a guerra antes de começar...Os homens lá fora não fazem assim. Brigam sem fim, por causa de coisas que não são nem de um nem de outro.
— É verdade, nós não temos jeito para guerra...
— Também não temos nada por que brigar...
— Paciência...Não podemos sequer brincar de guerra..."