ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

VISÃO DE PRAIAS LONGÍQUAS

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Terminou, enfim, a grande batalha...
Cessou a ofensiva de longos decênios...
Expirou o dia trabalhoso da vida terrestre. Juncam a terra dormente cadáveres de folhas outonais...
Morreu no poente a derradeira retaguarda da luz — derrotada pela vanguarda da noite...
Para além se alonga, a perder de vista, a amplitude do mar...
Alva barquinha de velas pandas sulca a taciturna planície...
Rumo aos litorais do além envoltos em sombras pressagas...
Qual cisne veloz desliza a nave gentil — ao sopro das auras de Deus...
E eis que a meu lado assoma a figura do Mestre — meu grande amigo...
Visível, o invisível confidente das noites da vida...
Das longas agonias...das grandes solidões...
Das mágoas sem nome...dos mistérios anônimos...
Calmo, sereno, como a argêntea placidez do luar, é seu vulto heril...
Senta-se a meu lado o Mestre querido, empunhando o leme da nau...
E uma onda de luz e de vida envolve minha alma gelada...

— Aonde vamos, Mestre? — perguntei.

— Vamos para casa, meu filho — disse ele, com ligeiro suspiro. — Terminou o teu dia...

Tangem sinos ao longe... Preludiam as festas das almas...

Escutei... escutei... Era tão grande o silêncio...

Tão profunda a quietude da noite estrelada que adivinhei o tanger de sinos celestes...

Ao longe... muito ao longe — nos litorais do Infinito...

— Mestre — perguntei — vamos para casa mesmo?...

— Sim, para casa, meu filho... terminaste a carreira... Combateste o bom combate... Guardaste a fé... Vamos para casa...

— E até agora, onde estava eu?...

— No exílio, muitos anos. Vês esse pequenino planeta no espaço? Lá estavas tu...

Olhei e divisei um ponto de luz. E, fitando os olhos do Mestre, eu disse:

— Amigo divino! Infinitas graças te dou pelo que deste e pelo que és...

Perdão pelo mal que te fiz na pessoa dos homens!...
Afoga a minha miséria no mar da tua misericórdia... Absorve este arroio de águas turvas na imensa limpidez do teu oceano... Consome nos incêndios do teu amor a poeira da minha vaidade...
Ressuscita com as potências do teu espírito o lázaro de minh’alma...
Lava com as torrentes purpúreas do teu Gólgota as nódoas da minha Sodoma...
E disse o Mestre: “Vem, bendito de meu Pai... possui o reino”...
Calei-me... em êxtase...
E tangiam sinos...
Em praias longínquas...



Huberto Rohden , do livro: “De Alma para Alma”


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