ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

127 ANOS DO NASCIMENTO DE HUBERTO ROHDEN

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Hoje, 30 de dezembro, faz 127 anos do nascimento do professor Huberto Rohden. Em homenagem a esse servidor da humanidade, transcrevemos um texto de um de seus amigos, na obra Por Um ideal. Nele encontramos o que gostaríamos de dizer nessa data tão significativa para todos nós. A Rohden nossa eterna gratidão e felicitações, esteja ele onde estiver.

Parabéns professor Rohden, e obrigado por tudo!


Texto da imagem:

“Huberto Rohden foi um gênio. Viveu entre nós e nós não o ‘descobrimos’. Na verdade, o mundo ainda não descobriu o pensador e educador Huberto Rohden. Talvez nos falte perspectiva histórica – estamos muito próximos de sua vida e obra. Não vimos a montanha como montanha quando ela está muito próxima de nós. Talvez daqui 50 ou 100 anos o mundo irá descobrir a obra genial desse homem univérsico, dessa força crística que, por quase 90 anos do século XX, passou, silenciosamente, por este planeta Terra”. (Martin Claret)

sábado, 24 de outubro de 2020

O tempo chegou

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quinta-feira, 3 de setembro de 2020

SUICÍDIO

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No ano de 1994, um jovem americano chamado Mike Emme, com 17 anos, suicidou-se dirigindo o seu carro amarelo. Seus familiares e amigos distribuíram no funeral cartões com fitas amarelas oferecendo mensagens de consolo e solidariedade às pessoas que estivessem enfrentando o mesmo sofrimento do jovem e, de imediato, a mensagem se ampliou pelo mundo. O mês de setembro, dedicado à prevenção do suicídio, foi denominado amarelo(*).

A prevenção ao suicídio é um dever que não pode ser adiado, considerando-se esta terrível pandemia, que vem destruindo existências preciosas em toda parte do planeta.

Tem-se procurado entender por que o século da ciência e da tecnologia nos seus mais altos níveis apresenta, simultaneamente, os conflitos do vazio existencial, da indiferença pela vida e a fuga terrível pelo autocídio.

As estatísticas são assustadoras, exigindo providências urgentes, especialmente nos lares, cuja estrutura moral vem-se deteriorando com velocidade.

A destruição da família, o desrespeito às tradições, a desconsideração à velhice, a sexolatria, o exagerado culto ao corpo e a violência têm substituído todos os valores que constituem pilotis de segurança emocional, deixando sem sentido a existência.

O ser humano encontra-se numa terrível encruzilhada, sem haver conseguido encontrar um rumo digno para sair da situação em que se debate, tombando no desânimo e na frustração, que o levam à depressão, ao suicídio.

Torna-se urgente a volta ao lar, à escola e aos ideais que dão sentido emocional e espiritual à existência física.

Ao lado deles, a fé religiosa, que vem desaparecendo com a volúpia do materialismo, também responde pelo tremendo caos que nos assusta.

A irresponsabilidade de alguns indivíduos frustrados e perturbados mentalmente faz a exaltação ao suicídio como ato de coragem e de desprezo pela vida.

A cada 40 segundos ocorre um suicídio, alcançando o índice de 800 mil por ano, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

São muitas as causas do suicídio, especialmente as de natureza mental, começando pelo transtorno de humor. Além dos psiquiátricos, existem os de natureza obsessiva, provocados por Espíritos do mal.

Busquemos todos enfrentar o problema abordando-o com clareza, explicando os efeitos infinitamente perturbadores para aqueles que fogem da luta e sofrem no Além, bem como estimulando ao respeito pelos valores da educação e da vida.

O suicídio não resolve os dramas existenciais, porque a vida prossegue e cada qual é feliz ou desgraçado na Espiritualidade, conforme haja vivido e desencarnado.

Se nos permitirmos o desenvolvimento do amor, lograremos realizar a existência feliz.

(*) Tirado do Facebook.

 Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 2 de setembro de 2020.


sexta-feira, 17 de julho de 2020

Ele Veio

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Que teria sido da Humanidade se o Celeste Amigo, enquanto no convívio das estrelas, entendesse que não lhe caberia vir ao chão do mundo para auxiliar-nos com a Sua vivência superior?

Que seria do gênero humano, caso o Bom Pastor tivesse renunciado a vinda ao planeta, por temer o poder discricionário do Império de Roma, capaz de soterrar sob os pés todo e qualquer opositor do seu regime político?

Como estaria a Terra, se o Mestre Nazareno houvesse desdenhado descer aos fluidos planetários por entender o quão difícil e perigoso seria o confronto com os vícios interpretativos e as mãos de ferro do sacerdócio de Israel?

O que teria ocorrido conosco, se o Rabi da Galiléia se houvesse esquivado de vir ao solo do mundo, por identificar a precária condição moral e intelectual dos seus habitantes, por saber das limitações gerais que caracterizavam o povo em cujo seio deveria nascer?

Entretanto, o Seu posicionamento alinhou a obediência aos desígnios celestes com a Sua piedade dirigida a todos nós. Vim para cumprir a vontade do meu Pai, dizia Ele, dedicado. Vim para que tenhais vida abundante, afirmou, pleno de amor.

Sem albergar em Si quaisquer temores, rompeu as densas brumas do psiquismo inferior do pequeno planeta e emboscou-Se num corpo carnal, para que mais de perto e bem percebido conseguisse mostrar-Se aos nossos olhos e fazer-Se sentir por nossas almas. Entregou-Se plenamente ao Seu ministério, e nos conclamou para que O seguíssemos, para que pudéssemos chegar ao Pai do Céu.

Não conseguimos fazer a mínima idéia do desfecho, diante dos questionamentos apresentados, uma vez que é de todo impossível conceber a vida no orbe terreno sem a presença fulgurante de Jesus Cristo.

É dever de todo o cristão, portanto, seja qual for a formalização de sua crença na Boa Nova, refletir sobre o papel do Cristo no seio da Humanidade, nos objetivos sublimados que O trouxeram à crosta terrestre, de modo a analisar melhor a própria conduta, verificando se se encontra ou não operando nos campos do Senhor, ou se sua rotulagem de fé está apenas servindo à identificação social do regime mitológico ao qual se aferra.

Nessa altura do tempo, quando mais do que em outras épocas, há sede de compreensão, de amor e de paz no mundo, o Celeste Benfeitor espera contar com a fidelidade operosa de todos os que se apóiam em Seu nome e em Seus ensinamentos, a fim de fundar no planeta os alicerces de um novo mundo, onde, em realidade, cada qual seja irmão do outro, para que sejam identificados como membros do rebanho do Bom Pastor.

É tempo de refletir sobre tais questões e não temer nada nem ninguém, conscientes de que, quando se estabelece contato de intimidade com Jesus, o coração pulsa no cérebro, repletando o saber de sentimento, enquanto que o cérebro baliza o coração, impedindo que sejam disparatados ou fanáticos os sentimentos humanos, e que se convertam razão e sentimento em instrumentos da renovação da alma terrena, propulsionando cada alma para o convívio mais próximo com o bem e para o estabelecimento da paz.

Somente quando a alma que se afirma cristã for capaz de vivenciar os necessários testemunhos, seja onde for ─ na rua, no trabalho, no lar ou no íntimo de si mesma ─ em prol do bem próprio e do bem comum, é que poderemos crer que ter-se-á implantado no planeta Terra as bases sólidas do Reino dos Céus, com o Espírito do Senhor habitando o cerne de cada criatura, forjando aí, então, as claridades de um novo e vigoroso Natal.

Por: Camilo, Mensagem psicografada pelo médium J. Raul Teixeira.

Paz e bem ! 

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A Lei da Vida

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A grande lei da vida é o Amor. Em toda manifestação jamais devemos seguir o caminho do egoísmo que divide, mas o do amor que unifica. Só este último nos conduz a Deus e à alegria. Não devemos resistir a Deus, à Sua potência onipresente; não devemos rebelar-nos com o orgulho, mas tornar nossa a Sua vontade. Não é possível fugir de Deus. Ele é a atmosfera que todo o universo respira e de que tudo se nutre e vive. De Deus não se foge e Deus não se pode destruir. Estar com Deus significa participar da Sua potência. Estar contra Deus significa estar perdido em um deserto de trevas.

 

Pietro Ubaldi

Livro Acensões Humanas

sábado, 30 de maio de 2020

A Lei nossa de cada dia

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"A Lei é sempre a mesma. Luta pelo domínio. Todos os grupos humanos, todas as formas de governo, em qualquer tempo, todas as classes sociais, todos os homens em qualquer nível, se assemelham. Não se pode culpar ninguém em particular. O homem é que é feito assim, vista ele qualquer libré ou manto real ou presidencial. Todos conhecem esses defeitos, mas só se veem e denunciam no grupo oposto, contra o qual se luta, porque o próprio grupo é sempre dos homens perfeitos, e o outro é sempre defeituoso e corrompido. A verdadeira realidade que está em tantos discursos, exaltações e condenações, é a luta: luta em que todos se igualam, e bons e maus situam-se em todos os terrenos e se misturam em todos os grupos, sem que se possa dizer a priori que nenhum grupo seja melhor ou pior. (...)

Ao povo agrada o belo sonho utilitário de ser servido gratuitamente pelos dirigentes. Mas, em sua ingenuidade, não sabe que a vida nada oferece de graça. Ignora que seu mundo é o da força e que o povo não será servido enquanto não tiver aprendido a ser uma força e representar um valor. (...) Os governantes levarão em conta o povo, quando este souber fazer-se valer pela inteligência, consciência de si mesmo e vontade, quando representar algo no destino coletivo, quando souber até ser temível e impor-se aos chefes, se necessário. Mas, nos férreos equilíbrios que balanceiam os valores da vida, que pode pretender hoje uma massa amorfa, instintiva, inconsciente, se não for guiada e explorada por quem é mais forte biologicamente, mais astuto, mais dinâmico? Que pode pretender um rebanho de ovelhas, se não a erva dos campos e ser tosquiado? E que sabe fazer esse rebanho, quando se revolta, senão passar das mãos de um patrão para as de outro? Como pode acreditar-se que o consigam aguentar-se as posições da vida, se, atrás delas, não existem valores reais?"

Do livro PROBLEMAS ATUAIS, de Pietro Ubaldi

sábado, 2 de maio de 2020

Meu Encontro com Alu

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– Bom dia, sr. gigante...

Partia esta vozinha sutil do fundo duma pequena poça d’água, num dos ângulos do meu jardim. Corri os olhos em derredor, e não consegui descobrir o autor da inesperada saudação.

– Bom dia, sr. gigante de ontem – repetiu a mesma vozinha misteriosa.
– Quem é que fala? – perguntei, cada vez mais curioso.
– Sou eu.
– Quem é esse eu?
– Eu, Alu.
– Alu? Alu?... quem é Alu?...
– Sou um protozoário, um ser unicelular, uma ameba como dizem vossos livros.
– Uma ameba?... Mas, por favor, onde está você?
– Aqui, no limo deste mar, entre dois rochedos verdes.

Tirei um pouco do limo esverdeado da poça e coloquei-o sobre uma pedra.

– Por favor, sr. gigante, não me deixe secar ao sol! senão morro! – gritou o serzinho invisível.
– Diga-me, por obséquio, Alu, onde está você – insisti.
– Que faz você com esse par de olhos enormes? – perguntou, algo irritada, a ameba. – Eu não tenho olhos e vejo você, e você com esses olhos colossais, não me enxerga?

Depois de muito esquadrinhar, descobri, no meio do limo, uma gotinha gelatinosa, menor que a cabecinha dum alfinete de cor esbranquiçada, cinzenta.

– Bom dia, Alu! – exclamei, desembaraçando o minúsculo unicelular do meio dumas folhas podres e examinando-o mais atentamente com o auxílio duma lente que fui buscar. – Desde quando vive você aqui no meu jardim?

– Há uns 700.000.000 de anos – respondeu com fleuma a gotinha de
protoplasma.
– Como? há uns 700.000.000 de anos?
– Mais ou menos. Naquele tempo era mais difícil calcular os anos, porque o sol não aparecia ainda tão visível como hoje. A atmosfera era toda ela um mar de nuvens que mal deixava coar uns raios solares.
– Mas afinal de contas, que é que você chama “ano”?
– O mesmo que vocês, homens, o tempo de uma a outra primavera.
– E você quer fazer-me crer que já vive um 700.000.000 de anos?
– Talvez mais. Possivelmente 1.000.000.000 de anos, como vocês dizem.
– E você não falou agora mesmo em morrer? tem medo de um pouco de sol, e afirma que já existe há milhões de anos?
– Compreenda-me, sr. gigante de ontem. Nós, os protozoários, só morremos quando nos matam, mas não morremos por nós mesmos. Somos imortais por natureza.
– Você está doido, Alu! um ser primitivo como você seria imortal, quando até o homem, rei da Natureza, está sujeito à morte?...
– Nós somos imortais, sr. gigante. Você, rei da Natureza, devia saber isto. Ameba não morre de morte natural. Eu, quando quero um filho, parto-me ao meio e somos dois – e cada um completa o seu corpo comendo e continua a viver e a criar filhos. Nada se perde. Nada morre. Assim é que nós somos imortais, meu gigante de ontem.

Por que me chama “gigante de ontem”, Alu?

– Porque o homem surgiu à face da terra apenas ontem, quando nós já estávamos aqui havia centenas de milhões de anos. Tínhamos preparado tudo, quando a terra começou a ser habitada por gigantes diversos, e, como último de todos, apareceu a raça dos homens. Você, naturalmente, ignora tudo isto...

De repente, o corpo de Alu, que a princípio era esférico, mudou de forma. Alongou-se, projetando numa direção de como filamento gelatinoso, e todo o resto do corpo unicelular foi seguindo.

– Que há? que está fazendo? – perguntei.
– Psiu! um infusório! – respondeu Alu – um infusório gorduchinho! que rico petisco!

Eu não via nada do tal infusório. Via apenas que a ameba se recurvava em torno de alguma presa, assumindo forma de ferradura. E logo depois voltou ao estado primitivo.

– Apanhou? – indaguei.
– Apanhei, sim. Eu sempre apanho tudo que quero. Engoli-o todinho.
– Engoliu? mas você tem boca?
– Boca? para quê? Nós costumamos comer e engolir tudo sem boca.
– Mas, como?
– Envolvemos a presa com todo o corpo, incorporando-a ao nosso ser. E está comida e digerida.
– Digerida? e você tem estômago?
– Qual, estômago! não precisamos desse luxo. Digerimos com todo o corpo.
– E como foi que você viu o infusório? se não tem olhos?...
– Vi-o com todo o corpo. Vocês, homens, são uns seres tão atrasados que precisam de milhões de células para tudo que fazem – quantas células tem você em seu corpo gigantesco?
– A ciência fala em uns 15.000.000.000.
– Pois eu faço com uma única célula o que você faz com 15.000.000.000. Vocês, milionários celulares, não são mais felizes do que nós, pobres unicelulares. Resolvemos perfeitamente os problemas da vida com esta única célula – e não sucumbimos à morte como vocês, gigantes de ontem.
– Os problemas da vida, Alu? É que vocês não têm problemas a resolver, nessa
sua estupenda simplicidade...
– Que é que vocês têm a mais?
– Inteligência, vontade, ciência, amor, arte, religião, cultura – para resolver esse mundo de problemas precisamos dum organismo mais complicado, e até duma coisa que não é célula...

O protozoário fez um gesto de pouco caso, mas, em vez de responder, como eu esperava, quedou-se, imóvel, por uns momentos. Inchou, alongou-se ligeiramente, contraiu-se de novo e, com espanto meu – partiu-se ao meio...
– Que é isto, Alu? – exclamei – Está doente? vai morrer?
– Não – respondeu calmamente a ameba – Criei um filho. Ei-lo aqui.

Diante dos meus olhos nadavam duas amebas perfeitas, de tamanho normal, cada uma com seu competente núcleo central rodeado de albume e envolto em delicadíssima película.

– É assim que vocês se reproduzem?
– Assim mesmo.
– Mas... desculpe a indiscrição... você é macho ou fêmea? pai ou mãe desse filhinho?

Sorrindo com sobranceira e desdém a gotinha viva disse:

– Nós, os protozoários unicelulares, senhores do universo há centenas de milhões de anos, não precisamos dessas complicações sexuais que vocês inventaram para sua desgraça, como ouvi dizer. Quando queremos um filho, comemos um bom petisco para criar forças, e dividimos em duas a nossa única célula, metade para cada um – e somos dois. Cada um torna a dividir-se – e somos quatro, e assim por diante.

– Quantos filhos tem você, Alu?
– Não sei. Ninguém o sabe. Muitos milhões. De um a outro sol, eu faço dezenas de filhos. Depende do ambiente e também dos infusórios ou outros bocados que apanho para criar forças.

Pus-me a contemplar com crescente interesse aquele gruminho de protoplasma, no meio do qual nadava um pontinho cinzento, o núcleo, como dizem os livros. Esse centro é para a célula o que uma próspera capital é para um país. Procurei recordar o que ouvira nas aulas de história natural e lera nos livros: protoplasma é proteína. Mas proteína, que é, afinal de contas? Um mistério. Um complexo de enigmas... E, coisa estranha, não há vida orgânica onde não existe proteína. Será que a vida reside na proteína? Decorei esta fórmula química: proteína é composta de MgN 4 C 32 H 30 O CO 2 CH 3 CO 2 C 20 H 39 – quer dizer que esta misteriosa substância é sumamente complexa, composta de tantas partes de magnésio (Mg), de azoto (N), de carbono (C), de oxigênio (O) e de hidrogênio (H). Outra fórmula diz: C 72 H 112 N 18 SO 22 ; entra nesta fórmula, como se vê, um novo elemento, o enxofre (S), e é eliminado o magnésio. O que parece essencial e indispensável é a presença de carbono, azoto, hidrogênio e oxigênio. Sem estes elementos básicos não há vida orgânica. São eles, parece, que constituem o palácio em que reside essa princesa encantada, sempre misteriosa, sempre invisível, mas sempre realmente presente. Não faltou quem identificasse a princesa Vida com esse seu palácio albuminoso. A ciência humana, tão orgulhosa das suas conquistas, tem de arriar bandeira ante essa gotinha de clara de ovo, que desafia toda a nossa sapiência. Não sabemos o que seja a Vida – sabê-lo-emos um dia?

– Os homens – disse Alu, interrompendo as minhas divagações científicas – são muito inteligentes...
– É verdade – confirmei, ufano.
– Mas, de nós não sabem quase nada. E o pouco que sabem está mal expresso.

Dizem que o nosso corpo unicelular consta de proteína, mas nunca ninguém disse o que é proteína. Usam umas palavras bonitas, mas não sabem o que elas significam. Dos nossos sentimentos então não sabem mesmo nada, nada... 

Neste teor continuou Alu a falar largo tempo. Senti-me quase humilhado com o que a ameba dizia, porque via que ela tinha razão. Por fim, perguntei à minúscula bolinha vítrea por que é que eles, os unicelulares, não haviam acompanhado a evolução do mundo orgânico, nesses milhões de anos; pois ostentavam ainda hoje a mesma simplicidade primitiva que tinham no princípio. Perguntei por que não tinham solucionado, como os outros seres vivos, o problema da vida pela divisão do trabalho, criando órgãos próprios para cada função: olhos para ver, ouvidos para ouvir, boca para comer, mãos para apreender, pernas, asas, barbatanas para se locomover, estômago para digerir, órgãos para a reprodução, etc. A ameba escutou pacientemente a minha erudita dissertação e, quando terminei, respondeu-me com ares de mistério:

– Nós não evolvemos, porque obedecemos à vontade da grande Inteligência...
– Que Inteligência?
– A grande Inteligência que dirige os destinos da nossa vida. Milhares de irmãos nossos, a princípio unicelulares, evolvem e são hoje multicelulares, cidades de células – organismos, como dizem os homens – insetos, peixes, répteis, aves, mamíferos. As nossas células, quando se dividem, separam-se e formam seres independentes e autônomos. As células deles, porém, dividem-se e ficam juntas, formando uma sociedade celular, um Estado, uma República de células, onde a cada cidadão é designada determinada função em benefício do todo. Assim, pode cada célula, ou complexo de células, especializar-se na sua função peculiar, e nisto está o segredo da evolução e do aperfeiçoamento dos organismos superiores.

– E por que vocês, unicelulares, não acompanharam esse processo de especialização dos órgãos e das funções?
– Para que nossos irmãos pudessem viver e progredir. Trabalhamos para o todo. É ordem da grande Inteligência...
– Não compreendo, Alu,
– Pois não sabe você, homem sapiente, que não haveria evolução se não houvesse unicelulares como nós? Nós somos a base, o pedestal de todo o progresso no mundo orgânico.
– Explique-se, Alu.
– Nenhum organismo vegetal ou animal pode viver nem evolver sem o nosso concurso. Os unicelulares ajudam a preparar os alimentos para seus irmãos mais perfeitos. Mais tarde lhe explicarei isto, meu gigante de ontem, o papel que os seres mínimos desempenham no plano do universo. Você verá que nós, os protozoários unicelulares, somos os seres mais necessários ao mundo. Ai da flora, ai da fauna, se nós não existíssemos, com esta nossa feliz simplicidade! o mundo seria um deserto...

Vi que Alu estava cansado e por isso o deixei a sós por esse dia, prometendo voltar em outra ocasião, para ouvir a sua interessante filosofia.¹


Por Huberto Rohden

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¹ Livro: Por Mundos Ignotos (Uma Viagem Fantasticamente Real Pelos Mistérios da Natureza). Cap. Meu Encontro com Alu

Existência e Potência

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quinta-feira, 30 de abril de 2020

LEALDADE

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Por Divaldo Franco

Caracterizam os relacionamentos humanos a amizade e a confiança como sendo os elementos que unem uma à outra criatura.
Nessa fase inicial da convivência a alegria desarma os sentimentos e o bem-estar se instala contribuindo para o seu prolongamento.
Nesse ínterim as conversações cordiais facultam o desvelamento da conduta de cada qual, que relata a sua forma de ser, libera as emoções e narra com bondade o seu lado desconhecido. Com o tempo, as revelações fazem-se mais profundas e significativas, de forma que se passa a identificar melhor o mundo interior do outro até mesmo ocorrências que dormem no seu íntimo. Planos cuidadosos são discutidos, projetos são participados e revelações que dizem respeito ao sentir e ao ser tornam se parte das conversações que estruturam as afeições.
Nada obstante, o tempo diminui ou aumenta o entusiasmo pela convivência e mais ou menos se desnudam as paisagens pessoais, relativas a si mesmos e a outras pessoas.
Tudo respira confiança e representa inteireza de caráter.
Os grupos sociais são formados pelas afinidades ideológicas ou de outra natureza, e as comunidades crescem dentro dos padrões dos seus interesses.
Parece haver uma bem trabalhada solidificação nos laços do afeto.
De repente, porém, surge um mal-entendimento, uma discrepância opinativa ou de conduta, uma mudança idealística e, não raro, o relacionamento que parecia firme desestrutura-se, abre-se campo à censura, a acusações descabidas, e lamentavelmente à deslealdade.
Narram-se informações verdadeiras e falsificadas sobre um como sobre o outro, ampliam-se os comentários maledicentes e surgem inimizades que levam a combates perversos, inconcebíveis.
A deslealdade é doença moral que afeta a sociedade e a corrompe.
A mudança de opinião de um amigo sobre outro, que se lhe torna até adversário, não deve transformar-se em liça para desmoralização, em mínima homenagem às horas felizes que foram vividas.
No matrimônio, por exemplo, as afeições explodem em júbilos e paixões, apegos e ciúmes até o momento em que algo não corresponde aos egos imaturos nos casais e as brigas, as infâmias, os crimes, os feminicídios covardes destroem vidas. Famílias se desagregam, filhos ficam órfãos de pais vivos e a humanidade cambaleia por falta de amor e de dignidade.
Na política, é mais que lamentável, a ponto de ser um capítulo chocante da indignidade humana.
Quase ninguém escapa dessa falha moral: a deslealdade!
O ser humano evolui do bruto ao sensível, do animalesco ao angélico, e será sempre de bom alvitre incluir-se a lealdade como fator essencial na educação das criaturas.
Foi um amigo que traiu Jesus e outro que O negou, quando poderia ser bem diferente para o mundo melhor.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, 30 de abril de 2020.

domingo, 12 de abril de 2020

MENSAGEM DA RESSURREIÇÃO

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De além do tempo e do espaço chega minha voz. É uma voz universal que fala ao mundo inteiro e verdadeira permanece através dos tempos. A verdade não pode sofrer mudanças se olhada por esta ou aquela nação, se observada por uma raça ou outra, porque a alma humana é sempre a mesma em toda parte, se examinada em sua profundeza.

Venho a vós, na Páscoa, acima de tudo para iluminar e confortar, pois vos achais imersos numa vaga de dores. Crise a denominais e a imaginais crise econômica. Eu, porém, vos digo que se trata de uma crise universal, crise de todos os vossos valores morais, de todas as vossas grandezas. É o desmoronar-se de todo um mundo milenário. Digo-vos que a crise se encontra sobretudo em vossas almas: crise de fé, de orientação, de esperanças. É o vertiginoso momento de grandes mutações.

Trago-vos esperança, orientação, paz. A cada um falo hoje a palavra da verdade e do amor, palavra que não mais conheceis. Quero reconduzir-vos às origens milenárias da fé com o intelecto novo, nascido de vossa ciência. No dia da Ressurreição, repito-vos a palavra da ressurreição, a fim de que possais compreender a dor e ultrapasseis as estreitas fronteiras de vossa vida. Comovido, falo a cada um no sagrado silêncio de sua consciência.

Ó tu que lês, afasta-te, por um momento, dos inúteis ruídos do mundo e escuta! Minha voz não te atingirá através dos sentidos, mas, através desta leitura, senti-la-ás aflorar dentro de ti na linguagem de tua personalidade. Minha voz não chega, como todas as coisas, do exterior, contudo, surgirá em ti, por caminhos desconhecidos, como coisa tua, da divina profundeza que em ti existe e na qual também estou.

O universo é infinito e de longe venho, atraído pela tua dor. Nada me atrai tanto como a dor, porque somente nela o homem é grande, e se purifica e redime, dirigindo-se para destinos mais elevados. É triste serdes assim golpeados, mas, somente sofrendo, podeis compreender a realidade da vida. Exulta, porque este é o esforço da tua ressurreição!

A quem sofre eu digo: “Coragem! És um decaído que na sombra reconquista a grandeza perdida”.

É a justa reação da Lei que livremente transgredistes e que exige o retorno ao equilíbrio; instrumento de ascensão, a dor vos aponta o caminho de que fugistes; impõe-vos reabrirdes vossa alma, fechada pelas alegrias fáceis que infelizmente vos cegam, para que alcanceis júbilos mais altos e verdadeiros. A dor é uma força que vos constrange a refletir e a buscar em vós mesmos a verdade esquecida. É imposição de um novo progresso.

Abraça com alegria esse grande trabalho que te chama a realizações mais amplas. Se não fosse a dor, quem te forçaria a evolver para formas de vida e de felicidade mais completas?

Não te rebeles; pelo contrário, ama a dor. Ela não é uma vingança de Deus e sim o esforço que vos é imposto para mais uma conquista vossa.

Não a amaldiçoes, mas apressa-te a pagar o débito contraído pelo abuso da liberdade que Deus te deu para que fosses consciente. Abençoa essa força salutar que, superando as barreiras humanas, sem distinção transpõe todas as portas, penetra o que é secreto, e fere, e comanda, e dispõe, e por todos se faz compreender. Abraça a dor, ama-a, e ela perderá sua força. Aceita a indispensável escola das ascensões. Se te revoltares, tua força nada conseguirá contra um inimigo invisível e a violência, em retorno, mais impetuosamente cairá sobre ti.

Coragem! Ama, perdoa e ressuscita! Não procures nos outros a origem de tua dor, mas, sim, em ti mesmo, e arrepende-te. Lembra-te de que a dor não é eterna, porém uma prova que dura até que se esgote a causa que a gerou. Tua dor é avaliada e não irá jamais além de tuas forças. O mundo foi criado para a alegria e a alegria lhe voltará. Da outra margem da vida, outras forças velam por ti e te estendem os braços, mais do que tu ansiosas pela tua felicidade.

Falei com o coração ao homem de coração. Falarei agora à inteligência.

Tendes, ó homens, a liberdade de vossas ações, nunca a de suas conseqüências. Sois senhores de semear alegria ou dor em vosso caminho, e não o sois de alterar a ordem da vida. Podeis abusar, porém, se abusardes, a dor reprimirá o abuso. De cada um de vossos males, fostes vós mesmos que semeastes as causas.

O maior erro de vossos tempos é a ignorância da realidade moral, íntima orientação da personalidade, que é o fundamento da vida social.

O homem moderno se aproxima de seu semelhante para tomar-lhe alguma coisa, nunca para beneficiá-lo. A vossa civilização, que é econômica, está baseado no princípio “do ut des” , que é a psicologia do egoísmo. É a força econômica sempre a reger o mundo. A psicologia coletiva não é senão a soma orgânica dessas psicologias individuais. A riqueza se acumula onde a força a atrai, e não onde a necessidade ou superiores exigências a reclamam; não constitui instrumento de uma vida de justiça e de bem, mas, sim, máquina de poder, representando, em si mesma, um objetivo. A lei de equilíbrio é constantemente violada e impões reações. Não dominais a riqueza, conduzindo-a a fins mais elevados: é a riqueza que vos domina.

Trabalhai, mas que o escopo do vosso trabalho não se reduza apenas a proveitos isolados e egoístas, e sim a frutificar no organismo social; somente então se formará aquela psicologia coletiva, que é a única base estável da sociedade humana.

Fazei o bem, todavia, lembrai-vos de que o pobre não deseja propriamente o supérfluo de vossas riquezas, mas que desçais até ele, que partilheis de sua dor e, até, que a tomeis para vós, em seu lugar.

Venerai o pobre: ele será o rico de amanhã. Apiedai-vos do rico que amanhã será o pobre. Todas as posições tendem a inverter-se a fim de que o equilíbrio permaneça constante. A riqueza tende para a pobreza e a pobreza para a riqueza. Ai daqueles que gozam! Bem-aventurados os que sofrem! Esta é a Lei.

Não confieis no mundo, que rirá convosco enquanto tiverdes força e bem-estar; confiai, antes, em mim, que venho quando sofreis e vos trago auxílio e conforto. Já vedes, hoje, que a dor realmente existe e que nem o ceticismo nem qualquer poder humano conseguem afastá-la.

Uma radical mudança verificar-se-á na sociedade humana, a fim de que a vida não seja um ato de conquista, onde triunfe o mais forte ou o mais astuto, mas, sim, um ato de bondade e de sabedoria em que seja vitorioso o mais justo. Investigando-as com vossa ciência, achareis no íntimo das coisas essa suprema Lei de equilíbrio que vos governa; aprendereis que a bravura da vida não está em violar essa Lei, semeando para vós mesmos reações de dor, porém, em segui-la, semeando efeitos de bem. Deveis também aprender que o vencedor não é o mais forte – esse é um violador – e sim quem segue conscientemente o curso das leis e sem violência se equilibra no seio das forças da vida. As religiões já o revelaram, entretanto, não acreditastes; a ciência o demonstrará, todavia não desejareis ver. O momento é decisivo. Ai de vós se, nesta vitória de civilização material em que viveis, desejardes ainda perseverar no nível do bruto.

Está maduro o mundo, mas, ao mesmo tempo, cansado de tentativas e experiências, do irresolúvel emaranhado de vossos expedientes; cansado de viver no momento, em face de um amanhã repleto de incógnitas; e quer seriamente prever e resolver os grandes problemas da vida, quer francamente olhar o futuro, ainda que isso reclame uma grande coragem.

O mundo tem necessidade da palavra simples e forte da verdade e não de novas astúcias a rolarem por velhos caminhos. O mundo espera essa palavra com ansiedade, como também a aguarda o momento histórico.

A psicologia coletiva tem o pressentimento, embora confuso, de uma grande mudança de direção; sente que o pensamento humano, não mais infantil, apresta-se para tomar as rédeas da vida planetária e que o homem vai substituir o equilíbrio instintivo e cego das leis biológicas por outro equilíbrio, consciente e desejado. Por isso está buscando a luz, para que seu poder não naufrague no caos.

Não está longe de desaparecer vossa psicologia experimental, que será substituída pela psicologia intuitiva; esta a muito longe conduzirá vossa ciência. Novos homens divulgarão a verdade; não mais serão mártires cobertos de sangue, nem se assemelharão aos anacoretas de outrora, porém homens de inteligência e de fé, que difundirão seus pensamentos utilizando-se de moderníssimos recursos, homens que servirão de exemplo no meio do turbilhão de vossa vida.

Despedaçai a férrea jaula que o passado para vós construiu, e onde já não vos resta espaço. Ousai abandonar os velhos caminhos mas não ouseis loucamente, onde não há razão para ousadias; ousai na direção do alto e nunca ousareis demasiadamente. Do grande mar de forças latentes, que não percebeis, imensa vaga levantará o mundo.

Até lá, guardai a fé! A vossa crise, se é profunda e dolorosa, fará, no entanto, nascer o homem novo do terceiro milênio. Para resolvê-la, recordai que ela é mal de substância, que não se debela corrigindo a forma, como procurais fazer. Para solucioná-la é necessário considereis o problema em sua substância; e sua substância é o homem, sua psicologia, sua alma, onde se encontra a motivação de suas ações, a fonte original dos acontecimentos humanos. Eis aí a chave do futuro.

Vosso multimilenário ciclo de civilização está a esgotar-se; deveis retomá-lo em nível mais elevado, vivê-lo mais profundamente, não somente crendo, mas, também, “vendo”.

Ai de vós se, depois de haverdes atingido o domínio do planeta, não dominardes a máquina, a riqueza e as vossas paixões, com um espírito puro.

Sois livres e podeis também retroceder. No período que resta deste século se decidirá do terceiro milênio. Ou vencer, ou morrer: e a morte, desta vez, é a morte pior, porque é morte de espírito. A todos eu digo : “Ressuscitai com a minha ressurreição”.

"Sua Voz"

Por Pietro Ubaldi (Páscoa de 1932)

terça-feira, 24 de março de 2020

A sapiência da Vida construindo organismos

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quinta-feira, 19 de março de 2020

A revolução substancial

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..."O futuro não depende apenas dos homens de boa vontade. Preparam-no as leis da vida. A História é escrita por elas e não pelos líderes que aparecem em cena, e que constituem meros instrumentos de quem mais sabe e muitas vezes mais obedecem do que comandam; apenas desobedecem ou se tornam inúteis, a Lei liquida-os, retirando-lhes a função a eles confiada. Os homens tão-somente exprimem forças da vida, que se dirigem a objetivos muitas vezes incompreensíveis para eles. Quando soar a hora da plenitude dos tempos, os amadurecidos ouvirão dentro de si os apelos da vida, se sentirão galvanizados e fortalecidos e hão de ver que o imponderável os impele à ação. Assim, a Lei, apelando para o íntimo de cada um deles, chama um por um os instrumentos da ascensão, os desperta e os põe em função. Chega a vez dos involuídos destruidores, convocados nas horas negras da violência, e chega também a vez dos evoluídos construtores, chamados nas horas luminosas do sacrifício. Estes e aqueles imperceptivelmente se atraem e, quando sopra o vento que os maneja, se confundem, cada qual com seus iguais, para somar esforços. Vimos e continuamos a ver a hora dos primeiros, que deverá contudo esgotar-se. Para refazer o equilíbrio da vida, vai chegar a oportunidade dos evoluídos. Também estes vão atrair-se e juntar-se. Ao primeiro olhar, hão de reconhecer-se como colaboradores do mesmo ideal, se sentirão homens da mesma estirpe e se compreenderão mais. A revolução desta vez não é formal, mas substancial. Não se trata da costumeira luta para, com os mesmos métodos, substituir os velhos ocupantes das posições privilegiadas. A luta do evoluído não se destina ao predomínio deste ou daquele interesse, mas é luta de deveres em favor da evolução.


Pietro Ubaldi

___________________
¹ LIVRO: A Nova Civilização do Terceiro

quarta-feira, 18 de março de 2020

Pensar corretamente

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sábado, 14 de março de 2020

Nasrudin e a peste

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A Peste ia a caminho de Bagdá quando encontrou Nasrudin. Este perguntou-lhe:
- Aonde vais?
A Peste respondeu-lhe:
- Bagdá, matar dez mil pessoas.
Depois de um tempo, a Peste voltou a encontrar-se com Nasrudin.
Muito zangado, o mullah disse-lhe:
- Mentiste-me. Disseste que matarias dez mil pessoas e mataste cem mil.
E a Peste respondeu-lhe:
- Eu não menti, matei dez mil. * O resto morreu de medo.*
* Conto da tradição sufi.*

terça-feira, 3 de março de 2020

A escola do futuro

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A Fantástica História de Malba Tahan, O Homem Que Calculava

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Por Cláudio Soares 

http://www.hiperliteratura.com.br/ 



O professor, autor de mais de 100 livros de contos árabes, que contava histórias para ensinar Matemática, reavivando em seus alunos a atenção e a dirigindo para a compreensão de problemas matemáticos.

Detalhe da capa de uma das quase 100 edições de O homem que calculava.


Talvez sem a mistificação literária, o professor Mello e Souza nunca teria conseguido popularizar o Ensino da Matemática, transformando a disciplina em matéria curiosa e divertida, que teve no livro O homem que calculava seu mais espetacular exemplo.
Julio Cesar de Mello e Souza nasceu no Rio de Janeiro no dia 6 de maio de 1895. Passou sua infância na cidade de Queluz, às margens do Rio Paraíba, junto à divisa com o Estado do Rio de Janeiro, em São Paulo. Teve oito irmãos.
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O carioca Júlio César de Melo e Souza, também conhecido como Malba Tahan (1895-1974)


Cursou o ensino fundamental e médio nos Colégios Militar e Pedro II no Rio de Janeiro. Formou-se professor pela Escola Normal e depois engenheiro pela Escola Nacional de Engenharia. Lecionou em diversos estabelecimentos de ensino como o Colégio Mello e Souza, o Colégio Pedro II, a Escola Normal e a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Casou-se com Nair Marques da Costa com quem teve três filhos.

Nasce Malba Tahan, mistificação literária

Na verdade, Malba Tahan não foi apenas um pseudônimo de Julio Cesar de Mello e Souza. O escritor e professor carioca tinha o dom da palavra e inventou um personagem que parecesse real, uma pessoa que houvesse existido de fato, uma mistificação literária.
Ele estudou a cultura e a língua árabes, para que a biografia e as obras do Malba Tahan fossem convincentes em estilo, linguagem e ambientação. Em 1924, Julio Cesar teria procurado o jornalista Irineu Marinho, futuro fundador do jornal O Globo, na época ainda diretor do periódico A Noite, para lhe propor uma ideia: surpreender o Brasil com a “mistificação literária” de um escritor árabe, chamado Malba Tahan, para publicar contos orientais e educativos.
Irineu Marinho teria lido dois ou três contos do professor Mello e Souza e, aprovando a ideia, recomendou que fossem publicados na primeira página de seu jornal, precedidos de uma biografia do famoso escritor Malba Tahan, ou melhor, de Ali Yezzid Izz-edin Ibn-Salin Malba Tahan.

Jornal A Noite, 7 de junho de 1924.
O jornal divulgava que os “contos do original escriptor anglo-árabe Hank Malba Tahan” eram especialmente traduzidos e adaptados por “um de nossos collaboradores”.Mello e Souza e Irineu Marinho jamais revelaram a pessoa alguma o segredo da mistificação da qual foram aliados e co-responsáveis.
Assim, em 20 de junho de 1924, iniciaram-se a publicação dos contos árabes no jornal A Noite, sendo o primeiro deles intitulado o “O Juiz”. A publicação do primeiro conto deu início ao personagem Malba Tahan no imaginário brasileiro.

O professor de matemática que contava histórias

Em setembro de 1937, ele foi nomeado, por concurso público, Professor Catedrático da disciplina de Matemática da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal. Mas, a atuação de Malba Tahan foi muito além da sala de aula.
A partir de 1940, ele iniciou uma longa caminhada, proferindo palestras e ministrando cursos para professores, em mais de 200 cidades brasileiras. Nessa mesma década, destacam-se três iniciativas inovadoras de Malba Tahan: a criação da Universidade do Ar, em 1941, junto à Rádio Nacional, projeto pioneiro do ensino a distância no Brasil, o apoio à criação do Monumento à Matemática, na cidade de Itaocara, RJ, e a criação e direção da Revista “Al Karismi”, de recreações matemáticas, publicada de 1946 a 1951.

O homem que calculava

Em 1934, sai seu primeiro título de recreações matemáticas, o livro “Matemática Divertida e Curiosa”. Em 1938, publica-se “O homem que calculava, obra que “ficará salvo das vassouradas do tempo, como a melhor expressão do binômio ciência e imaginação”, como profetizou Monteiro Lobato.


Revista Careta, 24 de setembro de 1938


De fato, Malba Tahan conseguiu reunir o saber matemático e os contos árabes em uma extraordinária aventura, que apresenta a cada capítulo desafios e problemas sempre resolvidos pelo homem que calculava, o persa Beremiz Samir, principal protagonista da obra.
“Best seller” na literatura brasileira, “O homem que calculava” continua vivo em milhares de salas de aula do Brasil, alcançando quase uma centena de edições.


Prêmio concedido pela Academia Brasileira de Letras em 1939.


Dia Nacional da Matemática

Julio Cesar faleceu no dia 18 de junho de 1974. Estava no Recife, a convite da Secretaria de Educação e Cultura, ministrando, para professores, os cursos “A arte de ler e contar histórias” e “Jogos e recreações no ensino da matemática”. No hotel, onde se hospedava com sua esposa Nair, sofreu um enfarte às 5:30 h da manhã, quando se preparava para as aulas. O Jornal do Brasil noticiou: “morreu aos 79 anos, em consequência de um edema pulmonar agudo e da trombose coronária que o surpreenderam às 5:h30, nos aposentos do Hotel Boa Viagem, em que estava hospedado”.
Em 2013, trinta e nove anos depois de sua morte, em resposta ao Projeto de Lei 3482/04, impulsionado pela Sociedade Brasileira de Educação Matemática, foi criado, na data de seu nascimento, 6 de maio, o Dia Nacional da Matemática.
Depois de toda essas histórias, algumas perguntas ainda permanecem sem respostas: Malba Tahan e Júlio Cesar de Mello e Souza foram a mesma pessoa? Seria Malba Tahan o pseudônimo de Julio Cesar? Por que razão se diz que o famoso escritor árabe, Ali Yezid Ibn-Abul Izz-Eddin Ibn-Salin Malba Tahan, descendente de uma tradicional família muçulmana, nascido no dia 6 de maio de 1885, em uma aldeia chamada Muzalit, teria sido uma mistificação literária do escritor e professor Julio Cesar de Mello e Souza, nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 6 de maio de 1895?

Revista Manchete, 29 de agosto de 1970.
Tudo leva a crer, caros leitores, que Malba Tahan tenha realmente existido e, até hoje, muita gente ainda acredita que o escritor árabe existiu de fato.
Por Cláudio Soares 
Escritor, jornalista e editor do portal Hiperliteratura.


Fontes: Malbatahan.com.br, revistas Manchete e Careta, jornais A NoiteJornal do Brasil e Correio da Manhã.

Artigo original:


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