ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

BRANDOS E PACÍFICOS

Comentário(s)

 “Os brandos e pacíficos herdarão a Terra, e serão chamados filhos de Deus.”

Essa frase monumental – reunimos dois textos em apenas um – encontra se no Sermão da Montanha, enunciado por Jesus, conforme o Evangelho de São Mateus, 5: 5 e 9.

Nunca foi tão necessária de ser repetida como na atualidade, em que a prepotência e a crueldade constituem fatores de primazia na cultura sociológica da humanidade.

 O ser humano, que alcançou as estrelas que reluzem ao longe e as estuda com afinco e determinação, assim como as micropartículas, em busca da energia no seu estado mais primitivo, que investe fortunas incalculáveis para a solução de pandemias e moléstias dilaceradoras, que se comove ante um gesto de ternura infantil, genericamente ainda não conseguiu disciplinar os instintos e as paixões asselvajadas que lhe permanecem no imo, devorando-lhe as sublimes aspirações ao bom, ao belo e ao nobre.

Com facilidade, entrega-se à alucinação do poder terreno, olvidado da sua fragilidade assim como da fugacidade com que transita no mundo.

O sentido ético do viver, as abençoadas escolas de pensamento filosófico edificante, as conquistas da Ciência, apresentando as glórias da vida, flutuam com rapidez nas suas reflexões, e deixa-se deslumbrar infeliz e ambicioso pela crueldade e a beligerância.

Os séculos e milênios, que varreram as civilizações, desde as mais recuadas até este momento grandioso, não conseguiram depositar nos sentimentos humanos a brandura e a pacificação. Como consequência, vivemos numa sociedade caracterizada por distúrbios de muitos gêneros, apresentando-nos inconstantes, ciumentos, invejosos, derrapando sempre na animosidade e na malquerença.

A antipatia e a amizade protocolar, própria para redes sociais em que as fantasias se apresentam como realidade, sob o estímulo de outros indivíduos atormentados que se lhes tornam modelos a serem seguidos, substituem a brandura e a paz que fazem falta em demasia.

As terríveis buscas do sentido da vida no prazer sensorial atiram as criaturas na viagem ao mundo exterior, olvidando-se da sua realidade de seres espirituais.

Por mais, no entanto, que o ser humano fuja da investigação e vivência dos seus valores morais, do retorno à reflexão íntima em torno da sua origem, de quem é e como liberar-se dos males íntimos que o afligem, mais cedo ou tarde será conduzido pelas circunstâncias a enfrentar-se.

As modernas doutrinas psicológicas têm procurado despertar as mentes e os corações para a conquista do sentido brando e pacífico da existência, mas há relutância forte entre o ego e o Self, mantendo-se os velhos hábitos que geram desequilíbrio.

 Por essa razão, Jesus afirmou que os brandos e pacíficos herdarão a Terra.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 16 de dezembro de 2021.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Deus

Comentário(s)


(Prece cotidiana da minha vida terrestre)

Deus, Luz infinita, Vida eterna, Amor universal.

Deus, invisível essência e íntima realidade de todas as coisas, visíveis e invisíveis.

Deus, Consciência Cósmica, que tudo permeia e na qual todos os seres se movem, vivem e têm o seu ser.

Deus, no qual tudo existe, do qual tudo vem, para o qual tudo volta.

Deus, eu te agradeço com transportes de júbilo, porque me fizeste conhecer esta grande verdade.

Deus, eu te rogo que me dês a força para que eu viva à luz deste conhecimento e faça da minha vida terrestre um luminoso reflexo da tua Luz, vida da tua Vida, amor do teu Amor.

Deus, uma vez que sou imagem e semelhança tua, participante da tua natureza divina, faze com que eu seja também assim como tu és: intensamente verdadeiro, bom e feliz.

Deus, faze de mim um arauto perfeito do teu espírito, aqui na terra e por toda a parte, para que outros homens conheçam por meu intermédio quem tu és, como tu és, e tenham o vivo desejo de serem também luz da tua luz, vida da tua vida, amor do teu amor.

Deus, sei que há muitas moradas em tua casa, como disse o teu grande Cristo que visitou a nossa morada terrestre para nos falar do teu reino universal.

Deus, sei que estou aqui nesta morada terrestre para conhecer-te, para amar-te, para servir-te com radiante entusiasmo, e fazer com que outros também te conheçam, te amem, te sirvam do mesmo modo.

Deus, enche-me de tamanha abundância de tua luz, vida e amor que nenhuma ingratidão me faça ingrato, que nenhuma injustiça me faça injusto, que nenhuma amargura me faça amargo, que nenhuma maldade me faça mau, que eu queira antes sofrer mil injúrias do que cometer uma só.

Deus, faze-me tão forte com a tua força que eu suporte serenamente todas as fraquezas humanas sem fraquejar, sem me queixar, nem me revoltar; que eu seja humilde sem servilismo, forte sem aspereza, sábio sem presunção, delicado sem sentimentalismo, que encontre o meu céu na terra em servir aos outros sem nenhum desejo de ser servido.

Deus, eu te agradeço porque me deste a luz de compreender esta verdade redentora – e peço-te que me dês a força de viver, à luz desta verdade, uma vida de amor universal e radiante felicidade.

HUBERTO ROHDEN,
Imperativos da Vida.

domingo, 5 de dezembro de 2021

Os relegados

Comentário(s)

REFLEXÃO:

Estão próximos os tempos, repito-o, em que nesse planeta reinará a grande fraternidade, em que os homens obedecerão à lei do Cristo, lei que será freio e esperança e conduzirá as almas às moradas ditosas. Amai-vos, pois, como filhos do mesmo Pai; não estabeleçais diferenças entre os outros infelizes, porquanto quer Deus que todos sejam iguais; a ninguém desprezeis. Permite Deus que entre vós se achem grandes criminosos, para que vos sirvam de ensinamento. Em breve, quando os homens se encontrarem submetidos às verdadeiras leis de Deus, já não haverá necessidade desses ensinos: todos os Espíritos impuros e revoltados serão relegados para mundos inferiores, de acordo com as suas inclinações.

(Cap. Caridade para com os criminosos, Allan Kardec - ESE.)

sábado, 4 de dezembro de 2021

Incubação e eclosão artísticas

Comentário(s)

Era uma vez duas galinhas; ambas estavam encubando uma ninhada de ovos. Uma era empírica-analítica, a outra intuitivametafísica.

 No fim do terceiro dia, a galinha analítica – que vamos chamar simplesmente Análise – deu um profundo suspiro e disse à sua colega intuitiva – a que daremos o nome de Intuição:

 – Você acha que há vida nesses ovos?
– Acho que sim – respondeu a outra.
– Você é muito crédula – volveu a primeira.
– Há três dias e três noites que estou escutando e não percebo nenhum ruído, nenhum movimento no interior dessas cascas brancas.
– Hum! – fez Intuição, dando ligeiro muxoxo com o bico.
– Pelos modos, você pensa que vida é ruído e movimento...
– Penso muito; você tem razão; e você parece pensar pouco.
– Que é que você pensa? - Se vida não é ruído e movimento, então não é nada mesmo. Acho que estamos perdendo o nosso tempo e as nossas forças, chocando cascas mortas, cheias de nada e de vácuo. Penso muito, muito, muito...
– Cheios de nada e de vácuo? Que palavras estapafúrdias são essas?...
– São termos da minha filosofia empírica intelectual...

Houve momento de silêncio entre as duas galináceas. Quase que não se ouvia, no meio desse silêncio, a força do pensamento de Análise e a grande paciência de Intuição. Finalmente, dando outro suspiro prolongado e meio pessimista, disse Análise:

– Estou emagrecendo...Também não é pra menos... Há três dias e três noites que estou com 39 graus de febre... que coisa estúpida é essa incubação...
– Essa febre é necessária.
– observou Intuição.
– Necessária para quê?
– Para despertar a vida dormente nos ovos.
– Vida dormente? Vida dormente?...
– e a incrédula deu uma gargalhada de escárnio.
– Como se houvesse tal coisa. Vida que dorme não é vida... Não, não aguento mais. Eu sou uma galinha intelectual, científica, galinha que pensa. Não nenhuma galinha-morta que creia em vida dormente, vida sem vida. Sou uma pensadora empírica...Penso muito, muito, muito...Metafísica não é comigo...

Isto dizendo, a galinha analítica quebrou um dos seus ovos com a ponta do bico e derramou o conteúdo pelas palhas do ninho.

– Está vendo? Está vendo?
– exclamou triunfante.
– Nem vestígio de vida. Tudo é clara e gema morta, sem movimento... Minha amiga, você é vítima de uma crença absurda. Acabe com essa mistificação! Acabe com essa febre maluca! Vá ciscar minhoca gostosa!...

Com essas palavras D. Análise saltou do ninho e se afastou às pressas, deixando a colega sozinha na penumbra do galinheiro, prosseguindo na enfadonha incubação.

Passaram-se mais dezoito dias, depois desse colóquio. Exatamente no 21º dia, a contar do início da incubação, deparou Análise com um bando de pintinhos, que pareciam outras tantas bolas macias de veludo e creme. E, no meio dos pequeninos, Intuição, a ciscar valentemente chamando com um alviçareiro glu-glu-glu toda vez que encontrava um suculento petisco para a dileta prole. Os pintinhos acudiam pressurosos, mas só engoliam o biscato depois que a mãe tomava no bico e jogava no chão, gesto que, em linguagem galinácea, quer dizer: “É comestível! Não é veneno!”...

– Onde foi você arranjar esse bando de pintinhos?
– perguntou Análise cheia de surpresa. - São meus filhos
– respondeu a outra, continuando a ciscar.
– Saíram dos meus ovos; doze, não gorou um só...
– Uééé!
– fez a outra, entre pensativa e incrédula.
– Então, havia mesmo vida naquelas cascas brancas? Penso muito...
– Vida potencial, que se fez vida atual pela incubação
– replicou a outra, enquanto descobria mais uma minhoca gorda na terra úmida.
– Você não teve fé no invisível; destruiu com sua profanidade a sacralidade da vida dormente...

E houve um grande silêncio em derredor...

(Fonte: ROHDEN, Huberto. Filosofia da Arte. São Paulo: Martin Claret, 2008.)


quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

A FAMÍLIA

Comentário(s)



Por Divaldo Franco A palavra família vem do latim famulus, que era o grupamento dos amos com os seus servos e todos quantos lhes eram chegados sob o mesmo teto.

Ainda podemos assim considerá-la, afirmando de maneira emocional que todos os membros de um grupo podem ser chamados de família.

A palavra tem uma abrangência muito grande, no entanto, desejamos referir-nos à tradição cristã de que a família é constituída pelos membros que têm vinculação parental. Nesse sentido, dispomos de duas famílias: a biológica ou consanguínea e a espiritual, que é toda a sociedade unida pelos laços da fraternidade.

O conceito se deriva de uma herança do Cristianismo primitivo de referência ao pai, à mãe e ao filho no grupo social.

Esta, a família tradicional, sustentou-se na ética do comportamento sociológico, que estabelecia dogmas encarregados praticamente de serem as leis que deveriam ser cumpridas, mesmo quando arbitrárias. Eram estabelecidas por teólogos e tradutores do Evangelho, que o faziam ao sabor das suas paixões políticas, morais e religiosas, buscando sempre impedir o progresso da sociedade.

O progresso, no entanto, é Lei Divina, e nada pode permanecer estacionado na ignorância; facultando melhor entendimento dos mecanismos da vida, foi desmistificando os mistérios que envolviam a procriação humana, os relacionamentos sociais, vencendo as trevas até quando o sexo, que era considerado pecado ou coisa imunda, passou a merecer respeito e consideração, em face da sua finalidade de perpetuar a vida orgânica.
Nos tempos modernos e contemporâneos, tornando-se órgão de alta significação, e especialmente após os estudos de Freud e inúmeros cientistas, vêm sendo banidas as teses perturbadoras em torno das suas funções, especialmente nos fenômenos psicológicos e psiquiátricos, além da organização somática, merecendo justa compreensão para a sua existência.

A família biológica, portanto, resultado da união sexual através do matrimônio ou do consórcio afetivo, é a base da sociedade, com altas finalidades em favor da evolução.

A família é a primeira escola na qual se exercitam os hábitos saudáveis da educação, da construção da humanidade feliz ou desventurada. Devem basear-se os seus fundamentos na perfeita identificação de sentimentos elevados, gerando grupos harmônicos que se unirão na família universal.

Nos dias atuais, no entanto, em face dos incontáveis conflitos que tomam da sociedade, a família vem sendo desconstruída, e os seus membros, separando-se para assumir os objetivos da existência sem maturidade para o comportamento digno.

É urgente a reflexão em torno do lar, dos filhos, dos pais, dos demais parentes, reconstruindo-se a família feliz para o bem da humanidade.

Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 2 de dezembro de 2021.


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