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Palestras Huberto Rohden (Série Nova Humanidade)
TRANSCRIÇÃO DA AULA 01 - O Mistério do Gênesis
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto
Rohden
Aula 1: O
mistério do Gênesis
(29/03/1977)
Teilhard de
Chardin, este grande cientista francês disse que a humanidade traça o seu
itinerário, através de quatro estágios: hilosfera, biosfera, noosfera,
logosfera.Ele gosta de falar grego, mas, nós vamos falar português:
Hilosfera – esfera da matéria
Biosfera - esfera da vida
Noosfera – esfera da inteligência
Logosfera - esfera da razão (a razão espiritual)
Então a
antiga humanidade é da hilosfera, biosfera e noosfera. Cá estamos nós
agora.Nós não ultrapassamos ainda o 3o estágio da noosfera.
A esfera do noos, da inteligência. Chegamos até aqui. Temos que subir ao
estágio que Teilhard de Chardin chama a logosfera.
O Cristo
estava na logosfera e alguns grandes iniciados chegaram perto da logosfera.
Se chegarem para dentro, não sabemos. Mas, nós estamos muito abaixo da logosfera.
Então, em vez de falarmos da nova humanidade (logosfera) vamos falar
primeiro da velha humanidade que somos nós.
A velha
humanidade é do presente e do passado.Vamos esperar que a nova humanidade não
muito cedo, mas algum dia, chegue até a logosfera.Tanto assim que o
maior dos iniciados disse: “Vós fareis as mesmas obras que eu fiz, fareis
obras, até maiores do que eu”. Isto seria uma logosfera.
Nós não
sabemos se já existiu uma humanidade anterior à nossa. Isto é hipótese, mas que
não podemos provar. É possível que tenha existido uma outra humanidade talvez
mais avançada.Mas a nossa é essa que conhecemos. Deve ter alguns milhões de
anos, não sabemos.É bastante antiga. Não pensem que seja nova. Mas é ainda a
velha humanidade da hilosfera, da biosfera e da noosfera.
Isto eu chamo a velha humanidade.
Agora nos perguntam: como é que nós sabemos algo da
humanidade do passado? Não temos documento.Quem é que escreveu a história da
humanidade de milhões de anos atrás. Ninguém escreveu, e se alguém escreveu,
nós não temos livros daquele tempo. Os livros mais antigos que temos remontam
há mais de 7000 anos, mais ou menos. O que aconteceu há 7000 anos atrás temos
alguma notícia, mas, o que aconteceu milhões de anos atrás, não sabemos. E
agora como é que vamos saber do princípio da humanidade.
Vamos
mencionar dois livros antiqüíssimos que falam da origem e evolução da
humanidade primitiva. Um de mais ou menos 7000 anos. Outro de 3500 anos (metade
do primeiro). O primeiro livro que trata da evolução da humanidade, mas não
propriamente da sua origem, nasceu na Ásia- na Índia, no oriente longínquo, e
chama-se “A Sublime Canção”. Em
sânscrito “Bhagavad Gita”.Muitos conhecem este livro de 5000 anos AC.
Tempo dos Vedas. Contando de lá para cá são 7000.
A Bhagavad
Gita fala de dois tipos de homem; do homem ego e do homem eu como diríamos
em linguagem moderna. Abri os primeiros capítulos da Bhagavad Gita e
encontrareis o homem ego que se chama Arjuna e o homem Eu
–que se chama Krishna.São dois heróis que vão através dos 18 capítulos. Arjuna
se encontra com Krishna no campo de batalha de Kurukshetra.
Arjuna
representa o homem muito atrasado, muito primitivo. O homem ego como nós
diríamos.O homem da hilosfera, biosfera e noosfera.Todos devem ter o Bhagavad
Gita porque é um livro muito importante. Krishna representa a logosfera,
o homem plenamente realizado.Até parecido com Cristo.É o homem plenamente
realizado. O verdadeiro Eu, o redentor, plenamente remido e realizado,
libertado de todas as misérias.
Arjuna
representa o homem muito primitivo, redimível, mas ainda não redimido.
Realizável, mas ainda não realizado. A Bhagavad Gita como dizíamos
remonta a 7000 anos, não em forma de livro, mas em forma de tradição oral que
ia de geração em geração, lá na Índia antiga. Porque a cultura oriental tem
mais ou menos 7000 anos de existência. A cultura ocidental não passa de 2 500
anos.A cultura européia tem mais ou menos 2 500 anos. Começa com a filosofia
grega que é de 500 ac. E da fundação do império romano que também é de 500 aC.
Isto dá a contar daqui 2500 anos, que é
a cultura ocidental européia. Agora, para cá do Atlântico, nós recebemos parte
da cultura européia. Nós temos 500 anos. Que são 500 anos de cultura? É a
infância. Nós estamos mais ou menos na infância da cultura ocidental. A Europa
está mais ou menos na adolescência e a Ásia, na maturidade porque com 7000 anos
é uma cultura muito antiga.
Os grandes
países da Ásia, sobretudo a Índia, China e Japão têm uma cultura muito mais
antiga do que nós temos aqui no ocidente. E a Bhagavad Gita nasceu na
Ásia, no oriente longínquo, na Índia - não tem autor. Krishna não é
autor da Bhagavad Gita. Ele é um dos atores principais. Um dos heróis.
Quem é o autor da Bhagavad Gita. Ninguém sabe. A Bhagavad Gita
é o único livro que não tem autor. Nasceu da consciência espiritual da
Ásia.A consciência espiritual da Ásia se cristalizou nas páginas da Bhagavad
Gita. Quase 2/3 da humanidade se dirigem pela Bhagavad Gita.
Atualmente (1977) tem mais ou menos três bilhões de habitantes aqui na terra.
Mais ou menos dois bilhões se dirigem pela Bhagavad Gita.
Toda a Ásia, a parte mais povoada do globo (1/3 é
do Ocidente e 2/3 do Oriente). Mais ou menos 1/3 se dirige pelos livros da
Bíblia, pelo Antigo Testamento e pelo Novo Testamento. 2/3 da humanidade não
são cristãos, apenas 1/3 é cristão. Nominalmente, pelo menos. Não vamos dizer
praticamente, mais nominalmente eles dizem que são cristãos. O oriente é o que
nós chamamos pagãos. Mas pagão não quer dizer ateu, por favor. Muitos pagãos
são profundamente religiosos e místicos. Alguns mais do que os próprios
cristãos. Quer dizer que a Bhagavad Gita já trata da evolução do
homem ego para o homem Eu, que é um tema muito atual. Hoje em dia todo mundo
fala em autoconhecimento e auto-realização que parece ser uma coisa nova. Aqui
no ocidente é coisa nova, mas, no oriente é coisa antiqüíssima.
A Bhagavad
Gita não trata de outra coisa. O homem deve conhecer-se a si mesmo para se
poder realizar plenamente. Sem autoconhecimento não há auto-realização. Se eu
não sei o que eu sou, não posso viver como eu devo viver como homem integral,
como homem perfeito. Isto é da Bhagavad Gita. Quer dizer, o primeiro
livro que trata da evolução do humanidade nasceu na Índia, 7000 anos antes da
nossa era.
Agora vamos
passar ao 2o livro que é mais conhecido nosso: O Gênesis. O
Gênesis pareça ser do Ocidente porque é o primeiro livro da Bíblia, mas não nos
esqueçamos que toda a bíblia é oriental. Nós a usamos com se fosse ocidental,
mas a Bíblia nasceu na Ásia. O Gênesis foi escrito na Arábia. A Arábia é
oriente médio, mas faz parte da Ásia. Quem escreveu este livro que trata da
origem do mundo e da origem da humanidade? E depois também trata da evolução da
humanidade (o Gênesis –mais ou menos 3500 anos antes, 1500 AC.) é um homem
misterioso de que nada sabemos.
Não sabemos
quem era seu pai, não sabemos quem era sua mãe. Não sabemos nada deste homem
misterioso que escreveu o Gênesis, chamado Moisés. Todo mundo usa este nome,
mas não sabe. Pela Bíblia sabemos que ele nasceu no Egito sob o domínio dos
faraós. Não se sabe quem era o pai dele e nem se sabe quem foi a mãe de Moisés.
Tudo é duvidoso. A Bíblia diz que uma princesa egípcia da corte do faraó
encontrou este menino nas águas do Nilo, mas que era filho de hebreus. E ela o
recolheu e o adotou como se fosse filho dela. Isto consta pelos textos da
Bíblia e ela o educou durante 40 longos anos na corte do faraó...e o instruiu
em toda a sabedoria dos egípcios.
Vocês
sabem que a sabedoria do Egito é muito grande. Era um povo avançadíssimo em
certas coisas. Até mais avançados do que hoje em dia nós somos. Conheciam
coisas que hoje não conhecemos. Em magia mental os Egípcios eram acima de tudo.
Eles sabiam de segredos da natureza que nós até hoje não descobrimos. Como se
construíram as pirâmides até hoje é um grande problema. Nossos aparelhos mais
modernos, nossos guindastes mais poderosos não são capazes levantar aqueles
enormes blocos de pedras que formam as pirâmides. E por que as construíram?
Para que serviam as pirâmides? Dizem que eram túmulos dos faraós, mas, isto já
está em dúvida há muito tempo. Eram antes templos de iniciação, templos
misteriosos de iniciação, porque os Egípcios conheciam muito de iniciação
misteriosa. Quer dizer, eles já eram um povo avançadíssimo em muitas coisas.
Até conheciam eletricidade e em grande parte energia atômica.
Consta
em muitos textos da bíblia que eles já tinham conhecimento disso. E muitos
pensam que eles são descendentes dos Atlantis, daquele continente misterioso
dos Atlantis que não existe mais, que foi a pique. Não se sabe porque. E que
restam algumas vidas no Oceano Atlântico. Pensam que alguns deles se salvaram e
formaram a povoação do Egito mais tarde e trouxeram conhecimentos de uma outra
humanidade que não existe mais.
Moisés na
corte do faraó foi educado e instruído em toda a sabedoria dos egípcios durante
40 longos anos. Aos 40 anos ele teve que fugir. Ele cometeu um homicídio: um
egípcio que maltratava um hebreu. Defendeu os hebreus contra os egípcios que
maltratavam e matou. A polícia egípcia o perseguiu, e Moisés teve que fugir.
Fugiu da África porque o Egito é da África. É engraçado. Moisés africano.
Quando nós
dizemos africano, nós entendemos sempre gente de cor, mas, havia muitos
africanos que não eram negros, não eram camitas mas eram de outras raças. Os
fenícios não eram negros. Os egípcios não eram negros embora muito morenos.
Moisés pela geografia era africano mas não na raça camita que é outro tipo de
africano. Então, ele nasceu no Egito mas emigrou para a Ásia quando ele fugiu
da polícia do faraó- ele foi para a Arábia, oriente médio. Ele tinha 40 anos,
diz o texto. Lá ele chegou como um pobre peregrino à casa de um sheik.Os caciques
árabes se chamavam sheiks, e ele se tornou pastor de rebanhos. Na casa de seu
futuro sogro Ietro - mais tarde ele se casou com a filha mais velha do sheik,
Zéfora.
Viveu mais de
40 anos na Arábia - 40 anos no Egito e 40 anos com o sogro, guardando rebanhos.
Eu estou certo que nessa época ele escreveu o Gênesis. Estou citando isto
porque quando ele fugiu do Egito ele não tinha escrito o Gênesis. Ele escreveu
o Gênesis nos 40 anos que ele foi pastor na Arábia. Era um tempo muito propício
para ter inspirações e revelações de outro mundo. Os pastores, geralmente são
muito videntes, muitos são clarividentes. O pastor dorme de dia e vigia de
noite, porque de noite é um perigo para o rebanho. Os chacais,as hienas e
os lobos invadem o rebanho de noite. São
animais noturnos. Então o pastor tem que vigiar de noite e dormir de dia. De
dia não há muito perigo.
Moisés
certamente vigiava noites inteiras, sentado numa pedra nas estepes da Arábia,
no meio do rebanho, vigiando. Agora imaginem um pastor que passa noites inteiras
sentado numa pedra sob a luz das estrelas! Tem tempo para muita meditação.
Quando os rebanhos estão tranqüilos, não há perigo de invasão das feras. Ele
pode abismar-se em meditação do infinito e certamente Moisés se tornou um
grande clarividente e até um cosmo-vidente durante os 40 anos em que ele foi pastor na Arábia.
E neste tempo
ele escreveu o Gênesis. Trata do princípio do mundo e do princípio da
humanidade. Os primeiros capítulos pelo menos. Vamos tratar só dos primeiros
capítulos. O princípio do Universo e o princípio da humanidade. Pergunta-se
como é que Moisés podia saber do princípio do Universo e do princípio da
humanidade? Ele assistiu a isso. E vocês vão dizer. Não assistiu o princípio do
Universo porque o Universo não começou há
3500 anos. Começou há bilhões e bilhões de anos antes de nossa era, como
é que ele assistiu o princípio do Universo? A creação dos mundos e mesmo a
creação da humanidade?
Eu afirmo que
ele assistiu a tudo isto. Vocês ficam espantados por eu dizer tal coisa mas eu
afirmo que Moisés assistiu ao princípio do cosmo e do homem. Como assim? Nós
vamos entrar nesta coisa misteriosa.
Tempo e
espaço é pura ilusão. Não existe nem passado e nem existe futuro. Tudo é
presente. Eu disse isto diversas vezes nas minhas aulas de tv. E D. Xênia fica
espantada quando eu digo que passado e futuro não existem. Ela diz: “Então,
nada é passado, nada é futuro, tudo é presente?” Tudo é presente.
Sucessividade é uma ilusão. Simultaneidade é a verdade. Tudo é aqui e agora.
Nada foi e nada será. E como é que falamos no passado. E como é que nós
queremos falar no futuro. Quer dizer que os profetas e videntes conhecem o
futuro.
Não é
verdade, eles vivem no presente e por isso é que eles são profetas, são
videntes. Quando nós dependemos dos nossos 5 sentidos, nós acreditamos em
passado e futuro, porque os sentidos nos
dão a ilusão que uma coisa passou e que outra coisa ainda não chegou. Pelos
nossos sentidos nós falamos em passado e futuro. Se nós pudéssemos conhecer
alguma coisa independentemente de nossos sentidos, pelo puro espírito que não
tem sentidos, que é o nosso eu .Se não dependesse dos sentidos, do nosso
querido ego. Imagine! É difícil pensar nisso.Nós dependemos inteiramente dos
nossos sentidos.
Como é que eu
posso conhecer alguma coisa sem ver, sem ouvir, sem tanger, que são coisas dos
sentidos. Os nossos sentidos são do ego físico. O nosso Eu é puro espírito.
Está num invólucro de matéria e este invólucro material obriga o nosso espírito
a acreditar nos sentidos, porque geralmente o nosso espírito não pode conhecer diretamente as coisas a não
ser através dos sentidos. Nós dependemos inteiramente dos nossos sentidos.
Mas, há
certos homens que em momentos extremos se emancipam da escravidão dos sentidos.
Há homens assim. São poucos, mas de vez em quando aparece. Há pessoas que
conhecem diretamente sem os olhos, sem os ouvidos e sem o tato. Conhecem a
realidade independentemente dos sentidos. Nós chamamos estes, os clarividentes.
Os cosmo-videntes ou que outro nome tenham. Sempre existiam e ainda existem
hoje, alguns.
Moisés deve ter sido um grande clarividente. Quando
ele estava sentado 40 longos anos no meio dos seus rebanhos, das estepes da
Arábia sob a luz das estrelas da meia noite, ele deve ter intensificado a sua
visão cósmica a tal ponto que ele se emancipou dos sentidos. Ele não precisava
ver, ele não precisava ouvir, ele não precisava tanger. Ele não precisava nem
pensar. Ele entrou na intuição espiritual, porque o pensamento depende dos
nossos sentidos.
“Nada há
no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos” - diz o velho adágio
filosófico. Isto é verdade. Nós não temos nada na inteligência que não seja
derivado dos sentidos. O clarividente não precisa dos sentidos. E não precisa
da inteligência. Ele entra numa nova zona que chamamos intuição espiritual. Na
intuição nós recebemos diretamente do cosmos, diretamente da alma do universo.
A Alma do
Universo nos invade quando nós estamos em estado de intuição espiritual. Isto é
o estado mais avançado da humanidade, para além dos sentidos, e para além da
inteligência, o homem pode ter
conhecimento direto. Isto se chama intuição, revelação e também inspiração.
Quando alguém
está nesse estado estranho de intuição, ele nada sabe do passado. Nada passou.
Tudo é presente. Também ele não sabe nada do futuro. O futuro é presente para
ele e o passado é presente. Aniquilaram-se as ilusões do passado e
aniquilaram-se as ilusões do futuro e entrou na grande verdade do presente.O
presente é a eternidade.
2a
parte
Presente é a eternidade, eternidade não é tempo. Eu
sei que muitos pensam que a soma total do tempo é a eternidade. Pura bobagem!
Eu tive que aprender até no catecismo. A minha professora de catecismo fazia
comparações muito engenhosas para mostrar que a soma total do tempo é a
eternidade e como criança a gente tem que acreditar nisso. Mas quando a gente
começa a pensar independentemente descobre que a eternidade nada tem que ver
com o tempo. A eternidade é aquilo onde não existe tempo. Tempo é passado e
futuro. Presente não é tempo. Presente é eternidade.
Então Moisés
deve ter vivido na eternidade do presente. E na eternidade ele não viu a
creação do mundo como um fato passado. Ele estava vendo no momento a creação do
Universo. Ele escreve: “No princípio crearam os Elohim o céu e a terra”
(ele nunca fala em Deus).Os Elohin (plural) - as potências cósmicas.
No princípio
crearam as potências cósmicas, o céu e a terra. Crearam é passado. Ele escreveu
para os seus leitores comuns. Se tivesse escrito para si mesmo, ele não teria
escrito que é passado; teria dito: neste momento os Elohim estão creando...
Mas como ele tinha que escrever para os outros que não estavam na clarividência
então ele escreveu: “No princípio crearam as potências cósmicas, o céu e a
terra”. Quer dizer, ele assistiu a creação do universo porque ele não
estava no passado nem no futuro, mas ele estava no presente.
No presente tudo é simultâneo.Nada é sucessivo.
É muito difícil a gente compreender quando está acordado com nós. Se nós
estivéssemos em samadi, em êxtase que é o estado de clarividência pura, estado
de interiorização pura que os hindus chamam samadi e que os gregos e romanos
chamavam êxtase. Os zen-budistas chamam satori...bem tudo isto é a mesma coisa.
Isto é a visão da realidade independentemente de futuro e passado. Para nós é
difícil.
Eu me lembro
sempre quando Kenedy foi assassinado, em Dallas, 2 semanas antes, uma
clarividente norte-americana,que morava na Califórnia chamada Dean Dickison
sabia que Kennedy ia ser assassinado. Ela foi a Washington e pediu que
cancelasse sua viagem para o sul dos Estados Unidos. Foi à Casa Branca para
falar com a secretária de Kennedy que lhe permitisse falar com o presidente e a
secretária disse:
-Mas, a senhora o que quer dizer ao
presidente?Eu preciso dizer porque a Senhora
quer falar com ele, porque não é fácil falar com o presidente.
-Eu preciso falar para que ele não vá a
Dallas porque voltará cadáver.
-Mas, eu não posso falar ao presidente
para que ele cancele uma viagem planejada, porque a senhora tem estas visões.
Eu sou uma pessoa sensata. Eu não posso desmoralizar-me perante o presidente
acreditando nas coisas que a senhora está falando. E não apresentou a Dean
Dikson ao presidente. Ela foi para casa triste porque sabia que ele ia ser
assassinado. Foi assassinado em Dallas.
E quando
chegou a notícia pelo rádio que o presidente tinha sido baleado e estava
gravemente, perto da morte, ela leu a notícia nos jornais e disse. Ela não só
foi baleado, ele morreu. Porque para a notícia naturalmente levou algum tempo
até ser publicado, mas naquele momento, ele já estava morto. Ela disse: “Ele
não está gravemente ferido, ele está morto”, e ainda nenhum jornal tinha
dado a notícia.
Como é que
ela viu o futuro? Ela não viu o futuro, ela viu o presente. Porque para os
clarividentes não há tal coisa como futuro que é pura ilusão dos nossos
sentidos. Não há passado e nem há futuro. Ela viu o presente porque no presente
tudo é simultâneo. Para os nossos sentidos tudo é sucessivo.
Moisés deve
ter vivido terrivelmente no eterno presente quando ele escreveu o Gênesis. Uma
vez numa aula eu quis concretizar esta idéia de que não há passado e futuro e
usei o meu pequeno canivete que tem 8cm de comprimento.Suponhamos o seguinte:
neste pequeno canivete de mais ou menos 8 cm de comprimento tem aqui, um
micróbio ultramicroscópico de manhã cedo (numa ponta), e vai fazer esta viagem. Começa aqui de manhã e vai
chegar aqui (na outra ponta), de noite. O micróbio está aqui.Eu não posso ver
porque ele é muito pequeno.
Ao meio dia
ele está aqui no meio. Aí ele descansa
um pouco e diz: isto é passado (atrás). Isto é futuro para ele (frente).
Porque ele tem uma visão muito míope. Naturalmente ele tem que dizer que aquilo
que eu já percorri é passado, e aquilo que ainda vou percorrer é futuro. Isto é
a visão de um micróbio.
Eu tomo
este canivete diante dos olhos, não movo os olhos e vejo todo o canivete de uma
vez só. Eu não preciso correr da esquerda para a direita. Não, eu vejo
perfeitamente desde aqui até aqui. Para mim todo o canivete é presente. Para o
micróbio, uma parte do canivete é passado e outra parte, é futuro. É o modo
como alguém conhece que ele chama passado.Nada mais.Passado é o modo de
conhecer sensorial.
Independente
do conhecimento sensorial não existe nenhum passado e não existe nenhum futuro.
Digo isto para que vocês possam mais ou menos ter uma idéia do que Moisés
escreveu: “No princípio os Elohim crearam o céu e a terra”.O que ele
chama “no princípio”? Antes do tempo, não existe princípio. Onde não há tempo
não existe princípio. Na eternidade não existe princípio nem fim. No tempo há
princípio e há fim. Quer dizer, princípio e fim são ilusões dos nossos
sentidos.
Quando os Elohin
(as potências cósmicas), começaram a creação, então começou o princípio e algum
dia vai ter fim. Então ele diz que “No princípio os Elohim crearam o céu e a
terra”. Que são os Elohim? O Gênesis nunca fala em Deus. Nós é que
traduzimos Deus. O texto grego traduz Deus e o texto latino traduz Deus. Mas,
no texto em que Moisés escreveu não há uma palavra de Deus. Sempre os Elohim.
É plural. Elohim são poderes ou potências cósmicas como prefiro dizer.
Então Moisés diz que o Universo foi creado pelas potências .Que potências ?
Naturalmente não potências humanas, potências cósmicas.
O que
Moisés entendeu por Elohim. Sempre no plural. Os Elohim crearam o
universo. Os Elohim crearam o homem.Não é plural de pluralidade. É plural de
majestade. Nós não dizemos: Vossa Majestade (uma pessoa só) Vossa Santidade,
Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa
Mercê. Falamos de uma pessoa só, não de muitas pessoas.
No mundo
inteiro se fala assim. Quando se quer exprimir senso de superioridade,
majestade, então a gente usa o plural. E Moisés também usa sempre o plural
quando fala do creador. E sempre os creadores, as potências creadoras.Em
hebraico os Elohim. Então Moisés não entendeu por Deus uma pessoa, um
indivíduo como as nossas pobres teologias inventaram depois. Que Deus é uma
pessoa, até três pessoas. Ou pelo menos um indivíduo, uma entidade
individual.Moisés não sabia nada disso.
Ele fala
das potências que crearam o Universo, das potências, is\to é, o que Spinoza, o
grande monista do século XVII chamaria, “A Alma do Universo”. Spinoza,
aquele grande pensador luso-holandês.Os pais eram portugueses. Aliás, ele não
se chamava Spinoza. Lá em Portugal era De Espinhosa. Mas como os pais emigraram
para a Holanda, onde não se falava português, os holandeses latinizaram o nome.
Em vez De Espinhosa, Spinoza. Ele nasceu em Amsterdã, na Holanda e se tornou o
grande pensador do século XVII. Monista, não panteísta.
Spinoza
diz: “Deus é a alma do Universo e o Universo é o corpo de Deus”. Grande
verdade.A Alma do Universo, a parte invisível do Universo que Moisés
chama os Elohim, isto é que Spinoza que também era judeu chama Alma do
Universo. “A Alma do Universo creou o Universo”. Spinoza diz que
Universo é a manifestação material do espírito universal. Exatamente a idéia de
Moisés.Os Elohim crearam os céus e a terra. Céus no plural. Entende como
a parte invisível deste universo material. O que é que chamamos isto/ a luz
cósmica.
Isto foi
dito por Moisés 3 500 anos antes do nosso tempo. Que no princípio os Helohim
crearam a luz cósmica. E quando a luz se condensou, então apareceu a matéria,
porque a matéria não é outra coisa senão luz condensada ou energia congelada
como diz Einstein.
Einstein
que é do século XX- faleceu em 55 (eu estive com ele mais de 1 ano em
Princeton). Ele diz que a base de todos os 92 elementos da química é a luz
cósmica. Isto foi dito no século XX, mas 3500 anos antes, isto foi dito por
Moisés. Einstein repetiu em forma científica o que Moisés tinha dito em forma intuitiva.
Moisés diz
que os Elohim crearam o universo em 6 períodos.Cuidado com as traduções.
Nós dizemos em 6 dias.Mas lá não tem nada de dias, no Gênesis. Lá está Yom,
quer dizer período. O período da creação pode ter levado milhões de anos de
anos, cada um. No primeiro Yom, os Elohim crearam a luz, porque os Elohim
disseram: ”Haja luz” e apareceu a luz. Que luz? Não a luz do sol, porque
segundo Moisés o sol e as estrelas apareceram no 4o
período.Nos 3 primeiros períodos não havia nem sol nem estrelas, nem lua, nem
nada disto.
Que luz era
esta nos 3 primeiros períodos que podem ter tido milhões e bilhões de anos cada
período?
No primeiro
período os Elohim disseram “Haja luz” e houve luz. Quer dizer:
Moisés supõe que toda a matéria veio da luz. Que a base de toda de todas as
coisas materiais é a luz cósmica. Não a luz solar, porque a luz do sol apareceu
no 4o período. É estranho que o homem que viveu 3500 anos
antes de nós sabia das muitas coisas que Einstein formulou em nossos dias
cientificamente. Que a base de todas as coisas materiais é luz. Não luz solar.
Luz solar é
luz focalizada. A luz universal, a luz que não tem foco, a luz difundida por
todo o Universo. Para nós a luz cósmica é completamente invisível. Ninguém pode
ver a luz. Nós só podemos ver a luz quando ela está focalizada, quando está
condensada, ou no sol ou nas estrelas, ou na lua., ou em nossa luz elétrica.
Mas quando a luz não está condensada, nós não podemos ver a luz
Então, no
primeiro yom diz Moisés, os Elohim crearam os céus que é a luz.
Os céus no plural, a luz cósmica, e da luz cósmica veio a terra. Imagine que
intuição. Ele não tinha estudado como nós. Intelectualmente, analiticamente,
mas o homem de intuição cósmica recebe mensagens, perfeitamente exatas.Ele não
explica nada. O que se analisa, explica; mas o que se intui não se explica. A
gente recebe mensagem e pronto.Não pode explicar a ninguém como ele recebeu a
mensagem. E assim podemos dizer que Moisés assistiu a creação do Universo. Não
no passado, mas no presente. Porque ele estava no presente, na intuição. E
depois ele assistiu a origem do Homem, também no presente. Não no passado. Para
nós que dependemos dos sentidos, isto é passado. Mas, quem se emancipou da
escravidão dos sentidos, não existe tal coisa como passado. Nem existe futuro.
Só existe o eterno presente. O presente é a realidade, o passado e o futuro são
ilusões dos nossos sentidos.
Estou
dizendo isto previamente para que depois possamos compreender um pouco o que
ele escreve sobre a origem da humanidade. Ele assistiu no eterno presente. A
isto ele conta como sendo no passado. Ele escreve para outros que não são intuitivos. Ele escreve para os
leitores analíticos, que dependem dos sentidos. Ele não escreveu para si, que
não dependia dos sentidos.
Depois vem
a história da origem do homem, um perfeito paralelo a Bhagavad Gita. O
homem aparece num campo de batalha. Vejam na Bhagavad Gita. Arjuna
estava no campo de Kurukshetra, na Índia e encontrou-se com os seus
inimigos, os Kurus. Ele era dos Devas. Os Devas são os
bons espíritos. Os Kurus são os maus espíritos. Kurus com K, e
não Gurus com G.
Kurus são
os espíritos inferiores. Os Devas (a nossa palavra Divino tem o
mesmo radical de Devas). São os espíritos superiores. Então Arjuna
encontrou-se com o exército inimigo dos kurus.Ficou desanimado. “Eu vou
derrotar este poderoso exército dos Kurus? Não posso. Eles são muito poderosos”.
E Arjuna deixou cair o arco e a flecha, e disse: “eu não vou
combater, eles roubaram meu trono e o meu reino, paciência, eu fico sem trono,
sem reino, mas eu não vou derrotar os meus inimigos. Que eles tomem conta de
tudo. Que me escravizem como quiserem. Eu não vou lutar”.Está na Bhagavad
Gita. Ele estava tão desanimado no campo de batalha.
Aparece
então Krishna, o homem plenamente realizado, o Eu superior e diz: “Que
é isso Arjuna? Desanimado assim por causa da prepotência dos seus inimigos?
Apanhe o arco e a flecha. Derrote os seus inimigos!” E Arjuna diz: “Mas
eles são todos meus parentes, são os meus antepassados, são meus pais, são meus irmãos, são meus amigos e meus mestres (está
lá). Eu vou derrotar todos eles que são meus mestres e meus parentes?”.
E diz Krishna: “Derrota-os, é preciso recuperar o seu trono e reino. Você
foi espoliado. Você tem obrigação de recuperar o seu reino”.
Mahatma
Gandhi e Rabindranat Tagore são os dois grandes intérpretes da Bhagavad Gita.
Tagore, o grande poeta místico da Índia e Mahatma Gandhi, o grande iniciado de
nosso século dizem: “Isto é simbólico. Krishna não manda matar fisicamente
os inimigos. Aqueles inimigos são as coisas do ego e Arjuna tem medo de
derrotar as coisas do ego, por isto Krishna diz:’ os Devas estão contigo. O Eu
divino está contigo e te ajuda na luta. Derrota o teu ego, dá triunfo ao teu
eu, porque o ego usurpou o trono e o reino do teu eu divino. Tu tens obrigação
de conquistar o reino, o trono do seu eu divino, seja quem for o usurpador”.
Isto diz Tagore. Isto diz Gandhi. É um símbolo. Não se trata de uma matança
física.
Não temos a
mesma coisa no Gênesis? A mesma coisa, Moisés põe o homem no campo de batalha:
a tentação. Lá há 2 poderes. Exatamente como a Bhagavad Gita. O poder
superior divino e o poder inferior humano. O poder superior no Gênesis se chama
o sopro de Deus. E o poder inferior se chama o sibilo da serpente. A serpente
representa o ego. E o sopro de Deus representa o eu. Agora Adão, o primeiro
homem foi colocado no campo de batalha de entre o ego inferior e o eu superior.
Exatamente com Arjuna no campo de batalha de Kurukshetra, na Índia.
Seja Bhagavad
Gita, seja o Gênesis, o homem começa no campo de batalha, na luta entre 2
poderes.E o homem tem que decidir o que ele vai fazer. Ou ele se deixa derrotar
por seus inimigos, ou ele derrota os seus inimigos. Isto diz Krishna na Bhagavad
Gita, isto diz Moisés no Gênesis.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 02 - Itinerário da Evolução
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 2: Itinerário da Evolução
05/04/1977
05/04/1977
Estamos falando da nova
humanidade, mas, antes temos que tratar seriamente da velha humanidade.
A velha humanidade está escrita principalmente em
dois livros monumentais: na Bhagavad Gita e na Bíblia. A Bhagavad Gita, que
todos deviam conhecer, nasceu na Índia, no tempo dos vedas, 5000aC, (a contar
do nosso tempo, há 7000 anos). Fala logo
no princípio, através de 18 capítulos, da evolução do homem. Não propriamente da
origem, mas da evolução da velha humanidade, rumo à nova humanidade. É o
assunto da Bhagavad Gita, em forma de diálogo entre um representante da velha
humanidade, Arjuna e o representante máximo da nova humanidade, Krishna.
A
Bhagavad Gita, dirige a consciência espiritual de 2/3 da humanidade. Também
trata profundamente da evolução da velha humanidade rumo à nova humanidade, com
os 2 representantes: Arjuna e Krishna.
Não
vamos tratar neste curso da Bhagavad Gita, apenas mencionar.Vamos tratar
principalmente do nosso fundamento para essas aulas. De um livro que apareceu
também no oriente mas não no oriente longínquo. A Índia é oriente longínquo. A
nossa Bíblia também é oriental. Tudo que está na Bíblia, desde o Gênesis até o
Apocalipse, é oriental, mas é oriente médio. A Arábia e Palestina são oriente
médio, são Ásia. O Gênesis do qual vamos falar muito, nasceu na Arábia, que é
Ásia, portanto. É um livro oriental escrito por um africano, egípcio, hebreu:
Moisés. Não africano camita, mas da África. Na África existem muitas outras
raças fora dos camitas.
Moisés
viveu 40 anos no palácio egípcio 500 AC, mais ou menos, não sabemos qual era o
faraó. Uns dizem que era Ramsés I , outros Ramsés II. Viveu e foi educado na
corte real dos faraós. Aos 40 anos Moisés teve que fugir porque matou um
egípcio que oprimia um hebreu e a polícia o perseguiu, então foi para a Arábia.
Na Arábia ficou outros 40 anos. Do 40 até os 80 ele viveu na Arábia. Diz a
Bíblia que ele estava em plena juventude aos 80 anos. A Bíblia insiste que ele
não envelheceu.
Há
pouco, no ano passado, quando eu voltava de Portugal, a vapor de um grande
navio, encontrei-me com um rabino judeu. Eu conversava com esse rabino sobre
Moisés. Ele insistia que Moisés não era um homem adâmico, mas um Ish. .Ele
chama Ish, o que nós chamamos Eu e chama adam o que nós chamamos
ego. Dizia o rabino: não considero o nosso grande Moisés um adam, como homem ego, ele
era um homem Eu, um Ish O
Talmude, que é a teologia dos judeus, o antigo testamento, nunca considera Moisés
como adam, mas sempre como Ish. Eles consideram Moisés, mais ou
menos como nós consideramos o Cristo, que também não era adâmico, mas era uma
entidade cósmica. Isto falava o rabino.
Então,
Moisés fugiu do Egito aos 40 anos, foi para a Arábia onde viveu mais 40 anos
como pastor de rebanhos. Casou-se com Zéfora, filha mais velha de Jetro. Ficou
40 anos na Arábia. Depois voltou para o Egito para libertar o povo que estava
escravizado pelos faraós, e o levou os hebreus para a terra de Canaã, por mais
40 anos. Diz o texto que ele chegou a 120 anos, em plena juventude. A Bíblia
insiste que aos 80 anos ele estava em plena juventude e que aos 120 anos ele
estava em plena juventude, e que nunca morreu. Desmaterializou-se no alto do
monte Nebo.Viu a terra da Promissão, mas não entrou. Morreu, mas não de morte
como nós morremos, nem de doença, nem de acidente e nem de velhice.
Diz o texto que Moisés não morreu, quando ele
estava com 120 anos, em plena juventude porque ele era Ish já estava no
plano da nova humanidade, então, ele se desmaterializou. Transformou seu corpo
material em imaterial, talvez num corpo astral, talvez num corpo bioplásmico
como diz a ciência de hoje, ele se tornou invisível quando tinha 120 anos.Isto
foi mais ou menos 1500aC.
Quando
Jesus se transfigurou no Tabor como está no Evangelho, Moisés reaparece ao lado
dele, e mais outro profeta do AT, Elias, de quem se diz que também não morreu.
De 3 pessoas do Antigo Testamento, se diz que não morreram: Enoc, Elias e
Moisés. Isto seria o auge da gloriosa terceira humanidade, se a gente pudesse
transformar o seu corpo material num corpo astral, sem morrer.
Deste
Moisés, nós temos o que se chama Gênesis.
Na
Arábia quando ele estava entre 40 e 80 anos, pastor de rebanhos daquele sheik
árabe Jetro, ele passava noites inteiras guardando os rebanhos de seu sogro. E
os pastores são geralmente muito clarividentes.Eles passam noites inteiras sob
a luz das estrelas vigiando os rebanhos, porque de noite há perigo para os
rebanhos. As feras atacam à noite, lobos, chacais, hienas e muitas feras são
grandes perigos. Eles dormem de dia e vigiam de noite. Agora, um pastor de
rebanhos sentado numa pedra nas estepes da Arábia, sob a luz das estrelas,
pouco a pouco se torna muito intuitivo; ele tem muito tempo para introspecção,
para meditação transcendental e capta coisas que nós não podemos captar pelos
sentidos nem pela inteligência. Eles captam mensagens do além,sabem de coisas
de que nós nada sabemos. Eles vão além dos sentidos e da inteligência nesta
tremenda solidão. E continuando isto por 40 longos anos, como diz o texto, ele
se tornou terrivelmente clarividente, cosmovidente, mais do que clarividente, e
resolveu escrever o que ele tinha visto. Não pelos olhos físicos, nem pela
mente, mas pelo espírito, pela razão espiritual. E escreveu o que nós chamamos
o Gênesis, que trata principalmente da origem do mundo e da origem humanidade.
A origem do universo físico e a origem do universo humano.
A
nós nos interessa principalmente a segunda parte, a origem da humanidade.
Quando
se está em clarividência, não há mais passado nem futuro, tudo é presente. Não
existe nenhum passado, tudo é pura ilusão nos nossos sentidos. Não existe
sucessividade, só existe simultaneidade. Simultaneidade é o presente,
sucessividade é o passado e o futuro. Mas o clarividente aboliu a sucessividade
do passado e do futuro e entrou na simultaneidade do presente. Ele vê tudo como
aqui e agora. Aqui e agora está acontecendo aquilo que ele vê. Então Moisés viu
como sendo presente a creação do mundo e a creação do homem. Escreveu sobre
isto o livro do Gênesis, que é o primeiro livro da nossa Bíblia, na Arábia. Ele
usa formas de passado e de futuro, porque ele não escreve para si, escreve para
os outros que não eram clarividentes. Escreveu para nós o Gênesis. Então, ele
diz: “No princípio os Elohim crearam
o céu e a terra”. Crearam é passado. Se escrevesse para si ele não teria
dito crearam mas estão creando,
neste momento. “Os Elohim estão creando os céus e a terra.” Moisés nunca falou em Deus, sempre fala nos Elohim,
em vez de Deus. Usa a palavra plural. Elohim, quer dizer os Poderes.
El=poder. Ou as Potências. Podíamos traduzir: “No principio as Potências
crearam os céus e a terra.”
O
que ele entende por Potências no plural, parece que ele é politeísta, mas é
rigorosamente monoteísta; é mais que monoteísta, ele é monista.
Vocês
podem ver nos meus livros, a diferença entre monoteísmo e monismo. Monismo é
muito mais avançado que monoteísmo. Geralmente nós consideramos Moisés como
monoteísta, mas de fato ele era monista. Então a palavra “As Potências”, é uma
palavra rigorosamente monista.
Spinoza,
o grande pai do monismo contemporâneo diria: “A Alma do universo creou o
universo”. Esta Alma do universo, que Spinoza chama Deus, e que Moisés
chama “os Elohim”! Por que é que ele usa o plural? “Os Elohim
crearam o céu e a terra”, nunca diz Deus. As Potências. Para ele este plural
não significa pluralidade. Significa majestade, grandeza. Vejam, quando
queremos dizer uma coisa grande, sempre usamos o plural. Dizemos: “Vossa
Majestade, Vossa Alteza, Vossa Senhoria, Vossa Santidade”, para uma pessoa só.
Até “Vossa Mercê” que virou você, sempre para uma pessoa só. Em todas as
línguas o plural não só significa pluralidade, mas grandeza. Os antigos quando
queriam o superlativo usavam três vezes. Em vez de dizer Deus é santíssimo, os
hebreus dizem, Deus é santo, santo, santo; como está na liturgia até
hoje. Os gregos usavam 3 vezes magno, em vez de máximo, que é o superlativo de
magno. Aquele grande iniciado da Ásia, do Egito que se chamava Thot, na língua
deles, que viveu mais ou menos 4000 aC, os gregos o chamavam Hermes Trismegistos, Hermes 3 vezes magno.Nós
diríamos, Hermes, o máximo, o imensamente grande.
No mesmo
sentido Moisés usa “Elohim” no plural, não para dizer que há muitos
deuses, mas para dizer, a infinita majestade dos Elohim. No princípio
os Elohim crearam os céu e a terra. O que é que ele entende por céu? O
mundo é invisível! O mundo da luz cósmica, isto ele chama céu. Visível é a
terra. Crearam o mundo invisível das energias puras e crearam as energias
congeladas em matéria, na linguagem de Einstein; isto foi creado no princípio.
Depois
Moisés continua: “No primeiro período os Elohim disseram: Haja luz”. E
houve luz. No primeiro período em hebraico, yom quer dizer período. As
nossas traduções, dizem dia. Mas é claro que não se tratava de um dia como o
nosso, um dia de 24 horas. Tanto assim que Moisés diz, que o sol foi creado no
quarto yom, no quarto período. Nos outros três períodos antes do sol, onde estava o dia? Podia haver dia se
não havia sol? Os dias e as noites são marcadas pelo sol. Então temos que
traduzir período de creação e não dia. Porque quando dizemos dia, entendemos 24
horas. Mas é claro que o período da creação não era de 24 horas. Pode ter
período de milhões e milhões de anos. Cada um desses 6 períodos de que fala o
Gênesis, provavelmente eram de milhares e milhões de anos.
No
primeiro período os Elohim disseram (nunca Deus), as Potências
cósmicas disseram “Haja luz”, e houve luz. Isto diz Moisés,
1500 aC, a partir do nosso tempo, 3500
anos antes do nosso tempo.
No
século XX, Eisntein em companhia de outros corifeus atômicos provaram que a luz
é a base de todas as coisas materiais.Temos 92 elementos na química, começa
pelo hidrogênio e acaba no urano. Esses 92 elementos da química são a base de
toda a matéria. Einstein e outros afirmam todos os 92 elementos da química que
nós conhecemos são derivados da luz cósmica.
No
princípio era luz, não luz solar
mas luz invisível, que nós chamamos luz
cósmica. Quando a luz não está concentrada num foco não é visível, quando está
difundida por todo espaço é luz cósmica. Quando ela se concentra então se torna
sol, estrela etc. Então, o que Einstein disse, no século XX, em nosso tempo, que
todas as coisas materiais foram derivadas da luz cósmica, isto Moisés falou
3500 anos antes.
Na
Arábia ele não tinha estudado, nem física, nem química, nem atômica e
eletrônica, como ele podia saber que a luz é a matéria prima de todas as
coisas? Tudo veio da luz. Ferro, prata, ouro, água vieram da luz cósmica.
Moisés e Einstein dizem a mesma coisa. Moisés por intuição e Einstein por
análise científica. A intuição precede toda análise. Moisés não tratou de
analise. Ele não analisou os átomos para ver se eram prótons ou elétrons ou
mésons, mas, a nossa análise científica no século XX chegou à mesma conclusão.
Os
Elohim, durante 6 períodos de milhões e milhões de anos crearam a luz e daí vieram todas as outras coisas:
água, ar, matéria.
No
sexto período da creação disseram os Elohim: “vamos crear o homem à nossa
imagem e semelhança”. Isto não está nas outras creações, à nossa imagem e
semelhança. O mundo mineral não é a imagem semelhança., o mundo vegetal não é a
imagem semelhança dos Elohim, o mundo animal não é semelhança dos Elohim.
Somente no sexto período, disseram os Elohim: “Agora vamos encerrar
nossa obra creadora, mas vamos crear uma creatura diferente das outras”.
Vamos ver qual é a diferença. Todas as outras
creaturas já creadas, minerais, vegetais e animais, não eram feitas à imagem e
semelhança dos Elohim. Todas as outras creaturas que já existiam creadas
pelos Elohim eram creaturas padronizadas, cristalizadas, prontas que não
se podiam modificar essencialmente. O mineral era mineral, o vegetal era
vegetal, e animal era animal. Essas creaturas creadas; não havia nenhuma
creadora antes de nós. Uma creatura creada não possui creatividade que se chama
livre arbítrio. Onde não há livre arbítrio não há creatividade. Pode haver
produtividade, mas não creatividade. Não confundir produtividade com
creatividade. O nosso ego pode produzir, mas não pode crear. O nosso Eu porém,
além de poder produzir, também pode crear; essa a nossa grande diferença.Os Elohim
resolveram crear uma creatura creativa que se pudesse crear melhor a si
mesmo do que os Elohim a crearam. Isso está no Gênesis.
Há
pouco, no século XX, um grande pensador europeu disse: “Deus creou o homem o
menos possível, para que o homem se pudesse crear o mais possível.” Ele era
um pobre ferreiro, não era um erudito, mas era um sábio. Às vezes há sábios analfabetos, até. Para ser
sábio não precisa ser erudito e para ser erudito não é preciso ser sábio. A
gente pode ser erudita e sábia ao mesmo tempo. Mas esse homem, lá na França,
disse uma palavra de grande sabedoria, apesar de não ter muita instrução ele
era um homem intuitivo. Ele disse: “Deus creou o homem o menos possível para
que o homem se possa crear o mais possível.”
Isto está baseado no
Gênesis. Os Elohim puseram aqui no planeta terra uma creatura
potencialmente creadora que se pudesse tornar melhor do que foi feita pelos Elohim,
e também pudesse se tornar pior do que foi feita. Porque se alguém puder
tornar-se melhor do que foi feito, é claro que também se pode tornar pior do
que foi feito.Porque o livre arbítrio supõe dois caminhos.
Parte 2
Supõe um caminho para cima, melhor, e um caminho
para baixo, pior.
Quer
dizer, nós somos aqui no planeta terra a única creatura creadora. As outras são
apenas creaturas creadas. Nós temos a elasticidade de nos tornarmos melhores ou
piores do que somos. As outras creaturas não têm nenhuma elasticidade. Elas são
rígidas, cristalizadas e padronizadas na sua natureza. Uma creatura mineral não
se pode tornar moralmente melhor ou moralmente pior do que ela é. Uma creatura
vegetal não se pode tornar moralmente melhor ou moralmente pior. Uma creatura
animal não se pode tornar moralmente ou espiritualmente melhor e não se pode
tornar moralmente ou espiritualmente pior do que ela é. São creaturas padronizadas.
São creaturas de natureza rígida. Podem passar por uma evolução física, e que
todos passaram por uma evolução física, mas não podem ultrapassar a evolução
física e entrar na evolução metafísica.
Nós
somos a única creatura aqui no planeta terra , que somos potencialmente
melhores do que Deus nos fez e somos potencialmente piores do que os Elohim
nos fizeram. Somos a única creatura em elasticidade, uma creatura plástica que
se pode melhorar para cima ou piorar para baixo. Isto se chama creatividade.
Creatividade positiva ou negativa, também se chama livre arbítrio. Pelo livre
arbítrio nós podemos crear valores ou desvalores. Eu posso me tornar mais
valioso ou menos valioso do que fui feito pelos Elohim.
Por
isso Moisés conta o seguinte: Quando os Elohim tinham terminado um
período de creação, o primeiro, o segundo, o terceiro, quarto e quinto período
em milhões e milhões de anos; no fim de cada período os Elohim diziam “está
bom”. Viram que era bom o que tinham feito, sempre bom. 6 vezes falam em
bom. Quando os Elohim crearam o homem, a única creatura creadora aqui na
terra, os Elohim disseram “é muito bom”. A creação do homem
merece um atestado. Ele é muito bom. Por que essa diferença entre
creação do homem e outras creaturas? Porque há uma diferença muito grande entre
nós e as outras creaturas.
Queiram
ou não queiram certos materialistas, nós não podemos negar, com base no Gênesis
e com base em experiências em milhares de anos, que o homem é a única creatura
muito boa aqui na terra. Por que? Porque ser muito bom, é ser creatura
creadora. Bom, é apenas ser uma creatura creada. Se uma creatura é padronizada
na sua creaturidade, é boa. Mas não é muito boa. Mas, quando uma creatura não
está padronizada, estilizada, fossilizada na sua natureza, esta creatura é
muito boa, porque supõe um poder muito maior do que todo o resto. Na creação do
homem os Elohim fizeram alguma coisa inédita, crearam uma creatura que
participava da creatividade do próprio Creador. O Creador é infinitamente
creativo, mas, se o Creador dá uma parte da sua creatividade a uma creatura,
como deu a nós, então nós somos imagem e semelhança do Creador.
Toda
a imagem e semelhança do Creador consistem no fato de nós sermos creaturas
creadoras e não apenas creaturas creadas. A nossa natureza é essencialmente
diferente, das creaturas inferiores que são boas, porque foram creadas pelos Elohim,
mas não são muito boas, porque não têm creatividade. Ter creatividade é
ser muito bom, ter apenas creaturidade é ser bom. Vocês
têm que se acostumar aos meus neologismos, meus livros estão cheios disto.
Temos que formar uma linguagem própria. Não temos em português uma linguagem
filosófica. Em inglês e alemão existem linguagens filosóficas maravilhosas. Não
herdamos de Portugal grandes filosofias e ainda não elaboramos uma grande
filosofia no Brasil e não temos terminologia.
Por
exemplo: as palavras “creatura creada” e “creatura creadora” para
muitos é novidade.E as palavras “creaturidade e creatividade”, também
para muitos é novidade. Mas nós precisamos disto, porque nosso pensamento exige
uma terminologia correspondente ao nosso pensamento. Uma creatura que tem simples creaturidade, que é uma
simples creatura como mineral, vegetal e animal pode ser chamada creaturidade,
mas uma creatura que além de ser creatura também é creadora, pelo seu livre
arbítrio, tanto para o bem como para o mal, nós chamamos creatividade, ou uma
creatura creativa, ou creadora. Por isso o Gênesis diz: “Quando os Elohim
crearam o homem, disseram, agora isto é coisa muito boa.” Eles louvaram a
sua própria obra porque era a melhor de todas as obras que tinham feito.
Aqui
começa a nossa história. Quando o homem apareceu na terra e recebeu o sopro
divino ele se tornou uma creatura creadora. Vocês vão dizer: mas porque
creatura creadora para o bem e para o mal? Não seria bom creatura só para o
bem? Gostaríamos que os Elohim nos tivesse dado só a potencialidade de
nos tornarmos melhores do que eles nos fizeram e que não nos pudéssemos tornar
piores do que eles nos fizeram. Mas isto é impossível, onde existe livre
arbítrio existem dois caminhos abertos. Onde não há dois caminhos abertos, não
há livre arbítrio.
Se
eu só me posso tornar melhor do que fui feito, então não tenho nenhum livre
arbítrio, eu sou um autômato, obrigado a me fazer melhor, então onde está o meu
livre arbítrio. Quem só se pode tornar melhor do que ele foi feito, não tem
liberdade. O livre arbítrio supõe necessariamente duas alternativas, uma para
cima, para melhor e outra para baixo, para pior.
Então
como os Elohim queriam uma creatura livre, não infinitamente livre, mas
parcialmente livre. Totalmente livre, só o Creador, mas parcialmente livre pode
ser uma creatura. A natureza é totalmente escrava, o Creador é inteiramente
livre, mas entre a natureza infra-humana e o Creador, estamos nós,
eqüidistantes do Creador e das creaturas creadas.Não somos livres e nem somos
escravos, somos liberáveis. Nós podemos nos libertar, temos a potencialidade
libertadora, também temos a potencialidade escravizadora. Podemos escravizarmo-nos,
mas também podemos nos libertar, cada vez mais. Quer dizer, somos
potencialmente livres, que eu chamo liberáveis, mas não somos atualmente
livres. Podemos tornarmos atualmente livres, porque já somos potencialmente
livres. Somos liberáveis, podemos nos libertar da escravidão das outras
creaturas. As outras creaturas não se podem libertar da escravidão. Nem o
mineral nem o vegetal ou o animal podem libertar-se. Nós podemos nos libertar
da escravidão em que estamos. Somos parcialmente escravos e parcialmente
livres.. Estamos numa fase intermediária entre o Creador infinitamente livre,
os Elohim, e a natureza completamente escravizada. A natureza nada sabe
de liberdade. Ela é governada por leis mecânicas ou leis orgânicas, instintos
que atuam automaticamente. Por isso, na natureza não há vício e não há virtude.
Vício e virtude supõem possibilidade de libertação.
Quando
eu me escravizo mais, então eu sou vicioso, e quando eu me liberto mais , então
eu sou virtuoso. Mas, a natureza não pode ser viciosa nem virtuosa. Onde não há
liberdade não há vício e não há virtude, no sentido que nós tomamos as
palavras. Nós somos a única creatura aqui na terra que podemos ser viciosos ou
virtuosos. Que podemos nos tornar piores ou melhores do que somos. Nós temos pelo
menos uma semelhança com Deus, podemos nos tornar melhores do que Deus nos fez.
Parece
estranho dizer: “eu me posso tornar melhor do que Deus me fez,” mas é
pura verdade. Porque eu sou uma creatura creadora para o bem, e quando eu
atualizo minha potencialidade para o bem, eu me torno melhor do que os Elohim
me fizeram. Naturalmente eu também me posso tornar pior, porque onde há
melhor, também há pior. Onde há somente o melhor, não há liberdade. Vão dizer,
então Deus não é livre? Isto nós vamos falar ainda outra ocasião.Alguns pensam
que a liberdade potencial inclui também a liberdade atual, o que vamos falar em
outra ocasião, para não dispersar muito a matéria.
Vou
repetir o seguinte: nós temos livros de grande intuição, que viram a origem do
homem, e viram que o homem era essencialmente uma coisa inédita. Ele não foi
apenas um animal aperfeiçoado, como inventaram no século passado os
darwinistas. Que nós somos apenas um animal muito aperfeiçoado, por isso somos
homens. Isto é matematicamente impossível, que o menor faça o maior. O maior
pode fazer o menor, mas o menor não pode fazer o maior. Um animal não pode
fazer o homem, o 10 não pode fazer o 50 e o 50 não pode fazer o 100. De baixo
para cima não há possibilidade; de cima para baixo, há.
Nós
não somos simplesmente um animal mais desenvolvido que através dos séculos e
milênios tenha creado a sua hominalidade; isto é matematicamente inaceitável,
logicamente. Nós recebemos da parte dos Elohim, da parte das Potências
creadoras a possibilidade, não a atualidade, mas, a possibilidade de nos
tornarmos maiores ou menores do que somos. Por isso nós somos algo inédito no
campo da creação. Algum novo princípio, e não uma simples continuação. Se nós
fôssemos apenas um animal aperfeiçoado seríamos uma continuação.
Então
Teilhard de Chardin, disse: “O homem é uma descontinuidade da vida, na
continuidade da vida.” É difícil de compreender Teilhard de Chardin. O que
ele quer dizer? A vida já existia, já existiam muitas vidas antes do homem.
Isto é a continuidade da vida, mas o homem é uma descontinuidade. Quer dizer,
ele não é simplesmente uma continuidade da vida que já existia. Vida animal,
por exemplo, ele é uma descontinuidade dentro da própria continuidade.
Ele é um novo estágio de vida, não
simplesmente uma continuação aperfeiçoada da vida animal já existente, mas ele
é um novo início, um novo tipo de vida, porque o animal não tem o que nós
temos, creatividade. O animal não se pode tornar moralmente melhor, ou
moralmente pior do que ele foi feito. Nós podemos nos tornar moralmente
melhores e também piores do que fomos feitos.
Esta é a nossa
descontinuidade na continuidade. A continuidade é que o homem foi enxertado
numa vida já existente. Ele não foi enxertado no barro, como muitos pensam, ele
foi enxertado numa vida já existente. Nós não começamos num pedaço de barro,
porque muitos interpretam o Gênesis, que Deus fez um boneco de barro, (eles
pensam que é barro inerte da terra) não é verdade, o Gênesis não diz isto. Que
Deus fez um boneco de barro e quando estava pronto, soprou nele o espírito da
vida e estava pronto. Moisés não era tão ignorante para fazer tais coisas.
O Gênesis não
diz que o homem foi feito de barro. Diz tanto no texto hebraico como no texto
grego, também no texto latino da Vulgata; que o homem foi feito de uma
substância orgânica da terra. O barro não é uma substância orgânica, ele é uma
substância inorgânica. O corpo do homem foi feito de uma substância já
organizada. O barro não é substância organizada. Qual era essa substância organizada, nós não sabemos. Devia ser algum
ser vivo, mas que ainda não tinha o sopro divino. O sopro divino foi soprado
dentro de um ser vivo já existente, mas que ainda não era um ser humano.
Isto é que
está nos textos. Os Elohim sopraram na face de Adão o espírito da vida
superior. Não da vida animal que já existia, mas da vida espiritual. Teilhard
de Chardin diz que nós viemos da Hilosfera, pela Biosfera,
através da Noosfera e vamos até a Logosfera. Quatro palavras
gregas que ninguém compreende.
Hilosfera-
esfera da matéria
Biosfera-
esfera da vida
Noosfera-
(Noos, palavra grega para inteligência)
Logosfera-
(Logos, quer dizer razão) esfera da razão.
Ele traça um
itinerário, desde o mundo material, através do mundo vital, através do mundo
intelectual e até ao mundo espiritual. Teilhard de Chardin diz: Nós já passamos
pela Hilosfera, pela Biosfera fomos enxertados num ser vivo e não
num ser morto; e estamos agora na Noosfera, inteligência. Mas ainda não
atingimos a quarta esfera, da razão espiritual, a Logosfera.
Logos-
grego, quer dizer razão, mas não inteligência. Cuidado com essa confusão, que é
feita em toda parte. Até nas universidades a gente faz confusão, e até nos
livros eruditos, há confusão entre a inteligência e razão. Inteligência não é
razão, razão não é inteligência. A razão é do nosso Eu superior, a inteligência
é do nosso ego. O nosso ego pode ser inteligente, mas o ego nunca é racional.
Somente nosso Eu é racional. Racional é aquilo que o povo chama
espiritual; na filosofia não usamos a palavra espiritual, usamos a palavra
racional.
Nós não
chegamos ainda à racionalidade, estamos na intelectualidade, atualmente. Somos
tão inteligentes que já fomos até a lua. Dominamos as forças da natureza, pela
inteligência, mas não estamos na racionalidade. Se nós estivéssemos na
racionalidade, haveria uma fraternidade universal entre os homens. Não havia
guerras, não havia crimes, e todos esses horrores de que estamos rodeados todos
os dias. Isto é falta de racionalidade. É muita intelectualidade porque a
inteligência é capaz de todos os crimes. Os maiores criminosos foram homens
inteligentes, não foram analfabetos. Os grandes criminosos do mundo foram
homens eruditos. Não nos últimos tempos que armaram estas guerras de
extermínio, não. Em todos os tempos, os grandes crimes foram cometidos pelos
homens muito inteligentes, mas não foram cometidos por nenhum homem racional.
Quando um
homem entra na racionalidade, na razão, adeus maldade, adeus ódio, adeus
mentira, adeus crime. Isto é incompatível com a racionalidade e compatível com
a intelectualidade. Porque a intelectualidade é do nosso ego, e o nosso ego é
muito egoísta. Mas, se ultrapassássemos o nosso ego e entrássemos no nosso Eu
cósmico, nosso Eu espiritual, nós entraríamos
na racionalidade, que em grego se chama Logos. Alguns estão na logosfera;
eu creio que Mahatma Gandhi estava plenamente na Logosfera.
Por isso ele
diz: “Eu vou conseguir a libertação da Índia depois de 150 anos de
escravidão, mas eu não vou matar ninguém”. Imaginem! Libertar um país de
500 milhões de habitantes, sem derramar uma gota de sangue, sem odiar os
ingleses que ocupavam a Índia. Isto é muita racionalidade. Então ele decretou:
“Ninguém deve matar um inglês, todos devemos amar os ingleses, devemos amar
tanto, que eles saiam da Índia, expulsá-los à força de amor.” Foi declarada
em Nova Déli, capital da Índia, a independência nacional da Índia, pelo último
governador britânico da Inglaterra. Lord Mountbatten declarou a independência
da Índia.
Ninguém soube
explicar porque eles saíram da Índia, porque um único homem esquelético, magro,
sem nada, sem uma arma, nem sequer um canivete, sem dinheiro, sem prestígio
político, mandou que os ingleses saíssem da Índia, e eles saíram. À força de
amor eles foram expulsos da Índia. Isto é uma tremenda racionalidade. Razão e
amor são a mesma coisa. Inteligência geralmente, não é muito amor; inteligência
é compatível com ódio. Razão é somente compatível com amor. E se alguém chegasse a 100% de racionalidade, chegaria a
100% de amor e é capaz de tudo.
Uma vez Mahatma
Gandhi disse: “Quando um único homem chega à plenitude do amor, ele
neutraliza o ódio de muitos milhões.” Quer dizer, racionalidade e amor. Diz
até Albert Schweitzer, que é outro herói do nosso século: “O amor é a mais
alta racionalidade.” Razão não é inteligência porque com inteligência nós
matamos nossos inimigos, e com a razão nós amamos nossos inimigos, e somos
capazes até de expulsá-los pela força do amor.
Então Teilhard
de Chardin, disse: o homem veio da Hilosfera da matéria, passou pela Biosfera
da vida e está agora na Noosfera da inteligência, mas ainda não
chegou até a Logosfera da razão. Quer dizer, este é o itinerário
evolutivo da humanidade.
Lá de baixo,
com os pés na matéria, atravessamos uma camada superior chamada vida. Aí
passamos para dentro duma camada ainda mais alta, que se chama inteligência,
que estamos agora, triunfantemente! Mas falta o quarto estágio da evolução.
Ainda não chegamos à razão, ainda não somos seres racionais, somos seres apenas
intelectuais.
* * *
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 03 - Potencialidade creadora
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 3: Potencialidade creadora
12/04/1977
12/04/1977
Quando
estavam construindo aqueles arranha-céus lá no Vale do Anhangabaú, 20, 30
andares, durante meses inteiros não se via nenhum andar. Tudo debaixo da terra.
Primeiro construíram tudo para baixo, para poder construir para cima. Na
arquitetura é assim mesmo. Antes de poder construir para fora da terra, eles
constroem alicerces, fundações, estacas e outras ; batendo, martelando o ano
inteiro. Depois sai o primeiro andar.
A mesma coisa
nós temos que fazer. Eu não posso construir a nova humanidade no ar, sem
alicerce. Então, não tenham pressa. O nosso curso nunca tem fim. Só tem
princípio. Aqui há muitas pessoas que estão
dez anos na Alvorada, ouvindo as minhas aulas. Outros com 15 anos aqui.
ou lá embaixo. Alguns estão com 20 anos de cursos da alvorada. Alguns desde
o ano de 56 quando começamos
regularmente esses cursos. Todos se
consideram principiantes. Quer dizer que nós não temos cursos durante sete
meses, depois fazem exames, tiram diploma e são formados para todos os efeitos.
Saem do forno rentes como contentes. Não, isto não podemos fazer aqui. Nós não
temos filosofia para profissão propriamente. Temos filosofia para cultura geral
do homem. Então, não tenham pressa com a nova humanidade.
Eu vou falar ainda um pouco
sobre o princípio das coisas. Moisés quando começa o Gênesis não fala do homem.
Primeiro ele fala do universo. As 3 palavras com que começa a Bíblia, o
Gênesis, são estas : Bereshit Bara’ Elohim, palavras hebraicas. Foi
escrito 3500 anos atrás.
Bereshit = no princípio
Bara’ =crearam Elohim = As Potências
Assim começa o Gênesis
no texto hebraico, no original escrito por Moisés, nas estepes da Arábia, entre
40 e 80 anos de vida dele. “No princípio crearam os Elohim”,depois
vem, “o céu e a terra”. Assim ele
começa a descrição do universo.
Quem são os Elohim? Já
disse que Moisés nunca fala em Deus, fala nas Potências Creadoras. Ele não
entende Deus uma pessoa ou indivíduo. Ele entende a Potência creadora. Usa o
plural mas não é politeísmo. É o plural de Majestade. Quando queremos usar
palavras majestosas usamos sempre o plural: Vossa Majestade, Vossa Senhoria,
etc. Não entendemos que seja plural, entendemos que seja coisa grandiosa. E
assim Moisés usa a palavra Elohim, que é plural como coisa grandiosa , a
Alma do Universo. O que nós vemos no universo é o corpo do universo. E
nossos 5 sentidos só percebem os efeitos. Só percebem a existência. Não
percebem nada da causa que é, não percebem nada da essência invisível. Os
nossos 5 sentidos percebem os fatos,as existências, mas nada sabem da causa,
nada sabem da essência pelos 5 sentidos. Nós temos uma palavra maravilhosa em
todas as línguas latinas que se chama Universo:
Uni=causa verso=efeitos
Uni= essência verso=existência
Podemos
dizer também em vez de Uni, o absoluto e em vez de verso, as coisas relativas.
Em vez do Uni
podemos dizer o Infinito e para verso, os finitos.
Em vez de Uno
podemos dizer o Creador; e em vez de verso, podemos dizer as creaturas.
E assim por
diante. Vamos usar muito neste curso a palavra- Universo.
Entendendo sempre Uni - o Eterno, o Infinito, a Causa, a Essência a
Divindade, Brahman, e assim por diante. E por verso, as creaturas, os
efeitos, maia como dizem lá no oriente, a natureza.
Palavra maravilhosa que temos só em língua latina.
Em nenhuma outra língua existe uma
palavra igual a Universo. Unidade na diversidade. O Infinito que se manifesta
sempre em finitos. A causa que se revela sempre em efeitos. A Divindade que se
revela em muitas creaturas: isto é, Uni-verso. As palavras juntas dão a
totalidade: causa e efeito, infinito e finito, essência e existência. O Creador
e as creaturas. É a totalidade das coisas.
Então Moisés
chama o Uni os Elohim, no plural. No princípio o Uni creou
o verso. Verso é tudo que podemos verificar pelos sentidos e
analisar pela nossa mente intelectual. Isto é então totalidade.
Bara’ -crear. O que nós entendemos por crear?
Alguém inventou que crear é fazer uma coisa do nada, da essência e da
existência. É inaceitável esta definição de creação.
Nós temos que
fazer nítida distinção entre crear, palavra latina e criar, neologismo moderno
ultimamente inventado aqui no Brasil. Crear quer dizer a transição da Essência
para a existência. A transição do infinito para o finito, do Universal para o
individual. A transição do Absoluto para o relativo; do Creador para as
creaturas, a transição do Eterno para o temporário. Isto nós chamamos crear.
Palavra latina, crear com e.
Mas pergunta alguém: A creação é possível? O
infinito pode ter uma transição para os finitos? Não é isto uma diminuição do
infinito? Alguém me escreveu uma vez uma carta lá de Vitória do Espírito Santo,
com o símbolo de um cartório de lá. Devia ser um funcionário de cartório. Ele
me escreveu: “Não pode haver tal coisa como creação, porque se o creador
pluraliza ou se multiplica em forma de creatura, ele perde uma parte de sua
essência. Uma fogueira que lança fora muitas centelhas, faíscas, vai diminuir na razão direta em que ele joga
fora estas centelhas. Mas como as creaturas são centelhas do creador, se o
creador produz muitas creaturas, ele fica diminuído. Ele vai perder aquilo que
ele joga fora de si, como uma fogueira, que joga fora muitas faíscas, muitas
centelhas, ela vai diminuindo pouco a pouco. A não ser que estas faíscas voltem para ele, mas, geralmente elas se
apagam lá fora”.
Esse senhor
não entendeu nada que nós entendemos por creação. O creador não perde nada pelo fato dele crear creaturas. Por que não?
Porque o creador não é uma quantidade grande que joga fora de si quantidades
pequenas. Se o creador fosse uma quantidade dimensional ele perderia aquilo que
joga fora de si.Os poetas dizem que nós somos centelhas da Divindade. É muito
bonito dizer que cada um de nós é uma centelha da Divindade. Isto é permitido
aos poetas. É proibido aos filósofos dizer tal coisa. Isto é poesia, mas isto
não é filosofia. Nós não somos centelhas da Divindade, porque centelha é uma
quantidade pequena e a Divindade seria uma quantidade muito grande. A Divindade
seria uma fogueira imensa que joga fora
de si as centelhas humanas que seríamos nós. Isto não é verdade. Nós não
podemos conceber creação neste sentido. Como se uma quantidade muito grande se
manifestasse em quantidades pequenas. Que uma fogueira joga fora suas
centelhas. Os poetas têm licença de usar isto
porque são figuras poéticas bonitas, mas não são filosoficamente exatas.
O que nós
poderíamos dizer é que as creaturas são pensamentos do creador, do pensador.
Pensamentos produzidos por um pensador. Creaturas produzidas por um creador.
Esta comparação seria mais ou menos certa. Vocês imaginem um pensador que
pensa, ele emite pensamentos. Ele perde os pensamentos que ele produz? Não, ele
não perde nada pensando. Por mais que ele pense, ele não perde seus
pensamentos. Os pensamentos não são partículas. Não são parcelas, que saem do
pensador. Os pensamentos são uma manifestação parcial do pensador. Não,
completas, parciais apenas. Ele não pode manifestar-se completamente em
pensamentos. Os pensamentos sempre são menores do que o próprio pensador. Então
podemos dizer que os pensamentos são manifestações parciais do pensador.
Esta é mais ou menos a relação que existe entre
creatura e Creador. As creaturas são manifestações parciais do Creador, mas não
são parcelas, não são centelhas, não são pedacinhos do creador. Ele fica
diminuído se fizesse isto. O creador não é uma quantidade, mas é pura
qualidade.
Aristóteles,
o grande pensador da Grécia, 4 séculos aC, chamado geralmente “o príncipe da
filosofia”, disse: “Deus é ato puro. Deus é pura atividade. Ele
não é passividade nenhuma. Ele é absoluta, infinita atividade, vibração.”
Isto Aristóteles chama a Divindade. A Divindade não tem passividade. É
infinitamente ativa. A infinita passividade seria o nada. A infinita atividade
é o todo. Podemos dizer que a Divindade é o grande todo. Não um todo
quantitativo, mas um todo qualitativo. E o contrário de todo infinito seria o
nada. Passividade absoluta seria o nada, e atividade absoluta seria o todo.
Assim Aristóteles concebia a Divindade, Infinita atividade.
E nós o que
somos? Somos um pouco atividade e um pouco passividade.Nós somos algo.Nós não
somos nem o todo, nem o nada. Estamos no meio. Somos parcialmente ativos e
parcialmente passivos. E estamos entre o todo infinito e o nada infinito. Temos
uma certa porcentagem de atividade e uma certa porcentagem de passividade.
Atividade não quer dizer uma coisa externa. Atividade quer dizer consciência. A
mais alta atividade interna que existe se chama consciência. Quando eu tenho
consciência de mim, consciência metafísica, não ética,nós não tratamos de
consciência ética. Nós tratamos de consciência metafísica.
Infelizmente
em português não temos palavras próprias. Em inglês, alemão e outras línguas há uma palavra própria para consciência
metafísica e uma palavra diferente para consciência ética. Em inglês consciousness
(consciência metafísica) e concious (consciência ética). Em alemão- Bewusst’sein
(consciência metafísica) e Bewusst (consciência ética). E o fato de eu ter consciência de mim
mesmo, não tem nada a ver com isso, com
o bem ou mal. Não, se eu tenho consciência de minha existência . Quando nós temos pouca consciência de nós, consciência
metafísica, estamos num plano muito baixo de existência, e quando nós temos alto grau de consciência de nós mesmos,
de consciência metafísica – então chamamos isso auto-realização. A
auto-realização não é outra coisa senão a evolução ascensional da nossa
consciência metafísica. Parece que uma pedra, ou não tem nenhuma consciência ou
tem pouquíssima consciência.
Geralmente
pensamos que o mundo mineral não tem nenhuma consciência, mas pode ser que
tenha um pouquinho de consciência. Por que é que no mundo mineral existem
átomos e cujos elétrons giram com tamanha velocidade ao redor do próton? As
partículas negativas girando ao redor das partículas positivas não são uma
espécie de consciência? É uma consciência mineral, mas parece que é uma espécie
de consciência. Não igual a nós, é claro.
E as plantas?
Será que não têm alguma consciência? Parece que têm alguma consciência. Elas sabem onde está o
sol ao seu modo. Não é só o girassol que se volta para o sol. Todas as plantas
voltam suas folhas para o sol. E quando a gente põe uma planta num lugar escuro
ela procura logo de onde vem a luz. Volta para a luz, porque ela não pode viver
sem luz. É uma espécie de consciência vegetal.
E o animal,
será que ele não tem consciência nenhuma? É claro, ele sabe o que é gostoso, o
que não é gostoso. Como é que deve multiplicar, etc. É uma espécie de
consciência animal.
Em nós a
consciência tem um grau muito alto. Nós estamos muito além da consciência
mineral vegetal e animal. Um novo grau de consciência superior Mesmo falando de
consciência metafísica; não falamos de consciência moral ética. Isto é outra
coisa. Então quanto mais consciente de si
é um ser, mais perfeito ele é, e quanto menos consciência ele tem de si,
menos perfeito ele é. A Divindade deve ter infinita consciência. Consciência
sem limite. Nós somos consciência limitada. Uns têm mais e outros têm menos.
Conforme o grau de consciência, nós temos
maior ou menor perfeição, porque nossa perfeição consiste em primeiro
lugar no grau de consciência. No grau de sermos conscientes de nós, ou não
conscientes de nós: consciência metafísica.
Então
entendemos pela Divindade, pelos Elohim a Essência, Consciência do
Universo. Spinoza, o grande filósofo do século XVII, diz: “Deus é a Alma do
Universo e o Universo é apenas o corpo de Deus”. A Alma do Universo ele
entende a consciência infinita do Universo. E o corpo do Universo ele entende a
parte material. A alma do Universo é o Uno e o corpo do Universo é verso.Uni-verso composto de
duas palavras. Uni – consciência. Verso é ou consciência vegetal,ou consciência
animal, ou hominal, ou outras consciências, mas sempre finita.
De maneira
que no princípio crearam os Elohim o céu e a terra. Crearam não do nada
mas do todo. A verdadeira creação é do nada da existência, mas é do todo da
essência. Nós não podemos dizer que a creação é do nada da existência e do nada
da essência. Alguns teólogos dizem que a creação é produzir algo do nada da
existência. Isto está certo. E acrescentam erradamente do nada da essência.
Porque o nada da essência é uma utopia. Se a essência é o todo não existe o
nada. O nada é uma abstenção, não é uma realidade.
Quer dizer,
nós temos que definir creação como uma transição do todo da essência para uma existência parcial. Isto, nós e Moisés
entendemos por creação. Isto não é uma transformação da essência na existência. Não devemos entender que a
essência se possa transformar na existência, que a Divindade se possa
transformar numa creatura, ou que o Uno se possa transformar no verso, e o
infinito se possa transformar no finito. Devemos entender que o Infinito se
possa revelar, manifestar parcialmente em formas finitas. É o único modo como conceber corretamente a creação. O
Infinito, o Absoluto, o Eterno, o Uno, a Essência, a Causa, tudo isso é a mesma
coisa.
Portanto, o
Uno, a Causa, o Infinito, o Eterno, a Divindade, Brahma, etc... podem
manifestar-se não totalmente, isto é impossível; mas o Infinito pode
manifestar-se parcialmente em formas finitas de diversas espécies. O Infinito
pode manifestar-se parcialmente no finito mineral, ou parcialmente no finito
vegetal, parcialmente no finito animal, e parcialmente no finito hominal e
muitos outros finitos. Isto nós entendemos por creação.
A palavra
criação que o modernismo tem ultimamente inventado na nossa ortografia, é coisa
inteiramente diferente. Criação, com i, é uma produção, é uma transmissão de um
finito para outro finito. Quando um finito passa para outro finito, isto se
chama produzir, ou criar. Nós podemos criar, mas não podemos crear. O nosso ego
não é creador é produtor ou criador, se quiserem, mas nunca o nosso ego pode
ser creador. Creador supõe um poder infinito, uma manifestação do todo para a
parte, uma manifestação do Infinito rumo aos finitos. Na escola primária não se
precisa distinguir entre criar e crear. Até causaria dificuldade para os
analfabetos alfabetizandos, fazer uma distinção entre crear e criar. E como
precisamos alfabetizar metade do Brasil é bom facilitar o mais possível para
não criar dificuldade. Por isso, a Academia de letras determinou que se
escrevesse sempre criar. Mas no curso Universitário temos que manter uma
distinção exata.
A diferença é
enorme. Nós podemos criar galinhas, mas não podemos crear galinhas.. Podemos
criar gados, mas não podemos crear gado. Agora quando nós entramos numa zona
que está além do nosso ego humano, além
do nosso ego analítico, além do nosso ego físico, mental e de nosso ego
emocional, aí nós podemos nos tornamos
creadores. Creadores nós somos no nosso Eu. Criadores nós somos somente
no nosso ego. Mas, quem não chegou às alturas do seu Eu, não é creador. O nosso Eu central é idêntico à própria Alma
do Universo. O nosso Eu verdadeiro, o
nosso Eu central é a mesma coisa que a própria Alma do Universo. A Alma do
Universo é universal e o nosso Eu é individual, mas no fundo é a mesma coisa. A
Alma do Universo se manifesta em cada um de nós na forma de nosso Eu central,
não do nosso ego periférico.
Nós sempre
representamos o ego em forma de um círculo e o Eu em forma de um ponto no meio
deste círculo. Quando então unimos as circunferências com o centro por meio de
raios, então nós temos a figura central do homem completo. Do Eu central dentro
do ego periférico. Em contato permanente entre o ego periférico e o Eu central.
De maneira que no nosso centro cósmico, no nosso centro divino, nós também
somos creadores.
Einstein diz:
“Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores”.Do
mundo dos fatos, das facticidades, que podemos verificar pelos sentidos e
analisar pela nossa mente. A ciência descobre os fatos e analisa.
Parte
2:
A ciência é do nosso ego- a ciência não é do
nosso Eu. A ciência descobre os fatos da natureza e analisa os fatos da
natureza pela física, pela química, pela biologia, por todas as outras ciências
nós descobrimos os fatos e analisamos os fatos. Tudo isto é atividade do nosso
ego que não é creador, mas é descobridor. O nosso Eu crea valores, o nosso ego
descobre os fatos, fora de nós, na natureza. O nosso Eu é um creador de valores, não fora de nós, mas dentro de
nós mesmos. Veja a diferença nítida que Eisntein estabelece entre o ego
descobridor dos fatos que já existem, e o Eu creador de valores que não
existiam e que nós fazemos existir. É uma distinção matematicamente clara que
Einstein faz entre o nosso ego humano, que descobre os fatos, e o nosso Eu
divino que crea valores.
Então
Einstein diz: “Por que é que todas as religiões prometem o céu aos bons e
não aos inteligentes? As religiões têm razão, porque descobrir fatos é ser
erudito, é ser inteligente, mas isto não nos faz melhores”. Eu não sou
melhor por descobrir fatos. Eu fico no status quo.Quer eu descubra
muitos fatos ou poucos fatos da natureza, isto não me torna melhor, isto não me
valoriza. Isto apenas me faz erudito, inteligente, me dá ciência. “Mas”,
continua Einstein “quando alguém crea
valores dentro de si mesmo, então ele se torna bom. Descobrir fatos nos torna
eruditos. Crear valores dentro de nós nos torna bons e felizes. E como o céu é
para os bons e a terra é para os eruditos, as religiões fazem muito bem em
prometer o céu aos bons e deixar a terra para os eruditos.” É interessante
essa distinção que ele faz.
E que são
valores? Vocês vão perguntar, porque nós pelo Eu, somos creadores de valores, e
pelo ego somos apenas descobridores de fatos. Lá fora não há valores? Bem, nós
inventamos que lá fora há valores. Nós dizemos que o cruzeiro (real era o
cruzeiro) tem tal valor; e o dólar tem tal valor. Isto é pura invenção nossa.
Não existe nenhum objeto que tenha valor. Tudo isto é invenção nossa. Valor
verdadeiro não existe em toda a natureza, porque valor é um produto de livre
arbítrio. Como nós não produzimos as coisas da natureza, nós apenas
descobrimos, então, lá fora não há valores, mas dentro de nós pode haver
valores. Valor é uma creação do nosso livre arbítrio.
Eu sou o
creador de valores dentro de mim mesmo. Eu sou descobridor de fatos fora de
mim. Se eu sou creador de valores, também sou creador de desvalores. O
contrário de valor é desvalor. Quer dizer, pelo livre arbítrio que é uma
potência metafísica dentro de mim, e não uma potência física fora de mim;
porque fora de mim só existe física. Dentro de mim está a metafísica. O livre
arbítrio é uma função metafísica, é uma função creadora dentro de nós. As
coisas fora de nós são apenas objetos para serem descobertos. Dentro de mim
existe o próprio sujeito que pode crear valores. Eu me posso tornar melhor do
que sou, também posso tornar pior do que sou. Quer dizer, eu sou uma espécie de
creador, não no meu ego que é apenas descobridor, mas no meu Eu. No meu Eu sou
imagem e semelhança de Deus.
Isto é o que
Moisés quis dizer no Gênesis quando ele disse que os Elohim crearam no
primeiro período tais e tais coisas, no segundo período (não dias, Yom)
crearam tais e tais coisas, etc. No fim do sexto período, eles resolveram crear o homem. E quando crearam o homem
disseram: ele agora é imagem e semelhança nossa. As outras coisas não
eram, mas o homem era. Por que disseram isto? Porque eles deram ao homem o
poder creador. As outras creaturas são apenas creadas. Não são creaturas
creadoras. Nós somos as únicas creaturas creadoras aqui no Planeta terra. Vamos
supor que haja outros, talvez mais creadores do que nós. Mas aqui na terra nós
não conhecemos nenhuma creatura creadora. Só conhecemos creaturas creadas que
podem descobrir fatos como nosso ego também descobre, mas não são creaturas
creadoras.
Nós somos
imagem e semelhança dos Elohim, da Divindade porque podemos crear e não
apenas produzir. O nosso ego produz, mas o nosso Eu é creador. Então, Einstein
usa estas palavras maravilhosas como ele escreve em alemão, ele diz: O
cientista descobre aquilo “Das was ist”, aquilo que é, que já existe. O
cientista,pelo poder da inteligência descobre “Das was ist.” Mas nós
pelo poder do nosso livre arbítrio creamos “Das was sein soll” – aquilo
que deve ser. Veja a distinção exata que ele faz entre descobrir e crear. Pelo
ego nós só podemos descobrir aquilo que é, os fatos. Mas, pelo nosso eu dotado
de livre arbítreo, nós podemos crear “Das was sein soll” - aquilo que
deve ser, mas ainda não é. Quer dizer, nós fazemos existir coisas pelo poder do
livre arbítrio que antes não existiu e que depois existe.
Isto é ser
bom, poder crear valores positivos é ser bom. Também podemos crear valores
negativos. Isto é ser mau. Ser mau não é descobrir coisas ou não descobrir
coisas. Isto não é ser bom nem mau. Isto é completamente indiferente. Descobrir
muitas coisas na natureza ou poucas coisas na natureza, isto não faz diferença
para o nosso ser bom ou ser mau. Eu não sou melhor porque descobri muitas
coisas da natureza. Eu também não sou pior porque não descobri nada. Quer
dizer,descobrir ou não descobrir nos deixa no status quo. No nosso ser
bom ou ser mau nada tem a ver com descobrimento dos fatos. O ser bom ou ser mau
não tem que descobrir nada, como descobrir ou não descobrir fatos. Tem que ter
exclusivamente, crear valores positivos ou crear valores negativos porque
existem dois tipos de valores.
Vamos ver o
que entendemos por valor. Valores são creações do nosso livre arbítrio:
verdade, justiça, amor, benevolência, amizade, fraternidade, honestidade, são
valores, não são coisas, não são objetos. Vocês nunca viram um objeto chamado
verdade, amor ou justiça. Essas coisas não existem. Essas coisas são creadas
pelo nosso livre arbítrio que é o nosso Eu, ou a nossa consciência. Vocês podem
dizer Eu, consciência, livre arbítrio, no fundo é a mesma coisa. Os valores são
creações do nosso livre arbítrio, tanto os valores positivos: verdade, justiça,
amor, bondade, benevolência, como também os contrários: ódio, vingança,
pessimismo. Tudo isto são valores negativos. Os valores negativos nos tornam
piores e os valores positivos nos tornam
melhores. É a nossa evolução, ou então a nossa involução.Nós somos
senhores tanto da nossa evolução quanto da nossa involução.
Pela creação
de valores positivos nós promovemos uma evolução ascensional- que chamamos
auto-realização propriamente. E pela creação de valores negativos nós criamos
uma involução, nos tornamos piores do que somos. Nós temos dois caminhos
abertos. Evolução para cima e involução para baixo. Isto depende da função do
nosso Eu central. Da função do nosso livre arbítrio, da função da nossa
consciência. Na periferia do nosso ego nós não somos bons nem maus. Nós somos
ou eruditos ou ignorantes, apenas isto. O erudito não é melhor por ter erudição
e o ignorante não é pior por ser ignorante. Das coisas da natureza, é claro.
Das coisas da física da química, da biologia. Podem ser ignorantes ou podem ser
eruditos, mas não se tornam melhores e nem piores por causa da erudição ou por
causa da ignorância.
Quer dizer
que é um setor completamente diferente onde funciona o nosso ego intelectual.
Mas onde funciona o nosso Eu espiritual, aí começa a nossa valorização ou a
nossa desvalorização.
Então diz
Moisés no Gênesis: O homem foi creado à imagem e semelhança de Deus. Ele foi
creado com o poder creador. Naturalmente também com o poder creador negativo;
porque onde existe um poder creador positivo na creatura, não no Creador- aí
também existe um poder creador negativo. Isto é inevitável. E perguntar por que
o mundo é assim, nada tem que ver com Deus, nem com o diabo. Tem que ver
conosco. Tem que ver com a nossa creatividade positiva ou negativa. Nós podemos
tornar um mundo melhor do que ele é, pela nossa creatividade positiva, e muito
pior do que ele é pela nossa creatividade negativa. E por que prevalece sempre
a nossa creatividade negativa, em toda parte? É muito mais fácil ser mau do que
ser bom.
Bem, a nossa evolução sempre começa pelo lado de
fora. Toda evolução vai de fora para dentro. É uma coisa estranha. Podem
verificar em toda natureza fora de nós que a involução começa de fora para
dentro, da periferia para o centro. Sendo que a nossa periferia é o ego, a
nossa evolução começa pelo lado de fora e vai caminhando rumo para o centro,
mas estamos ainda no princípio da evolução. Esta velha humanidade ainda é muito
nova. O que são 10.000 anos? Bem, provavelmente a humanidade tem muito mais do
que isto. Eu creio que o homem já tem milhões de anos, mas a evolução vai com
passos mínimos em espaços máximos. A evolução é vagarosa, do ego para o Eu. Em
milhares de anos apenas 1 mm de evolução. Se o nosso livre arbítrio funcionasse
melhor do que funciona atualmente, nós poderíamos acelerar nossa evolução.
Paramahansa
Yogananda em seu livro “Autobiografia de um yogue” que agora tem também
em português, diz: “Um homem altamente consciente do seu valor espiritual,
um homem auto-realizado portanto, pode fazer em 20 anos o que os outros não
fazem em 20 séculos”. Quer dizer, a nossa liberdade é muito elástica e eu
posso intensificar a minha evolução e também posso retardar a minha evolução e
até posso fazer uma involução rumo aos abismos. Tudo é possível. Podemos fazer
uma evolução lenta para cima como o grosso da humanidade faz e podemos fazer
uma evolução rápida para cima como uns poucos iniciados yogues ou místicos
fazem. Mas isto é sempre ainda uma exceção da nossa humanidade de hoje. O
grosso da humanidade gosta de andar nas planícies, na horizontalidade, sem
muito esforço. Na linha horizontal nós não precisamos esforço. Deixa como está
para ver como fica. Nesta velha rotina, nós nos arrastamos sem grande esforço,
mas quando começamos a subir, então começa a dificuldade. Eu não vou fazer em
20 anos o que eu posso fazer em 20 séculos,
vamos fazer em 20 séculos a nossa evolução lenta e vagarosa.
Outros dizem:
não senhor eu vou fazer em 20 anos aqui na terra, o que outros fazem ou não
fazem em 20 séculos. Tudo isto depende da intensidade do nosso livre arbítrio,
que é o único poder creador que existe em nós. Mas para fazer funcionar o livre
arbítrio, nós primeiro temos que descobrir o Eu, a consciência. Uns poucos
estão começando a iniciar-se no seu eu, mas não auto-realizar-se. Auto-realizar
é o fim. Iniciar é o princípio. Quando alguém se inicia no autoconhecimento e
não se identifica mais com seu ego periférico, físico, mental e emocional, mas
descobre “eu sou a minha alma, eu sou o meu Atman, eu sou o espírito de Deus
em mim”.
Então ele
começa o abc do seu autoconhecimento e se ele começa a viver de acordo com seu autoconhecimento então, se chama isto
auto-realização. Auto-realização é a vivência de cada dia e autoconhecimento é
a experiência mística do Infinito. Primeiro temos que descobrir que sou eu e depois temos que viver de acordo
com nosso descobrimento. Isto é a ciência mais antiga da humanidade. Na Índia,
a grande filosofia da Índia, 7000 anos atrás só tratava disto. Que é o homem?
Que sou eu? E os grandes yogues lá do
oriente já descobriram- eu sou Atman, palavra sânscrita para Alma. Eu
sou Atman e Atman é uma forma individual do Brahman Universal.
Descobriram
que a alma humana é uma forma, uma emanação individual da Divindade Universal,
que eles chamam Brahman. Isto os hindus já descobriram milhares de anos
atrás. Daí a ciência oriental passou através da Pérsia, do oriente médio e se
localizou no norte da África, sobretudo na Alexandria. Alexandria era o centro
da filosofia no Antigo Testamento. Na Alexandria, outra vez surgiu a mesma
pergunta: Que é o homem? Autoconhecimento. Da Alexandria atravessou o mar
mediterrâneo, se localizou em Atenas. E na Grécia, em Delfos, construíram o
grande santuário de autoconhecimento. O santuário de Delfos. E, na fachada
puseram duas palavras “Gnothi Seauton”, conhece-te a ti mesmo, outra vez
a mesma idéia. Autoconhecimento foi sempre a coisa importante da humanidade.
Homem, conhece-te a ti mesmo. Que és tu? És o teu corpo? Não. És a tua mente?,
Não, és as tuas emoções? Não, és o teu espírito? Sim. Então, da Grécia passou
para o norte da Europa que passou até nós.
Autoconhecimento
é a base de tudo, porque o autoconhecimento cedo ou tarde transborda em
auto-realização. Autoconhecimento ainda é interno, mas auto-realização já é
coisa externa. Aplicar em cada dia o mistério do autoconhecimento é
auto-realização. E então nasce o homem integral. Não somente o ego, nem somente
o eu, mas os dois juntos. Em perfeita harmonia a síntese entre o centro e a
periferia. Isto é que nós chamamos o homem cósmico, o homem integral, o homem
plenamente realizado.
Através do
nosso curso nós vamos falar muito: Primeiro, no homem profano.
Segundo,
no homem místico. Terceiro, no homem cósmico
O homem
profano só conhece o seu querido ego. Não sabe nada do centro. Só conhece as periferias. O homem
místico se isola no centro, mas abandona as periferias. Não quer saber do seu
ego. Isola no Eu.
Finalmente
aparece o homem cósmico que diz: Vamos fazer uma síntese entre o Eu central,
o nosso Eu verdadeiro e todas as periferias do nosso ego. Vamos estabelecer uma
grande harmonia, fazendo síntese entre o nosso ser interno e nosso existir
externo, porque o ego existe e o Eu é. Ser é muito mais do que existir. Ser
é uma coisa central e existir é uma coisa periférica. O Eu é, e o ego existe.
Então, pouco a pouco o homem através de um longo caminho de evolução chega ao
autoconhecimento que culmina cedo ou tarde em auto-realização.
Tudo isto já está embrionariamente contido nos mais
antigos livros da humanidade. Já está no Gênesis como veremos ainda
futuramente. E está em muitos outros livros. A Bhagavad Gita está cheia disto.
Outros livros antigos, o Evangelho do Cristo também está cheio destas coisas de
autoconhecimento e auto-realização. E nós não estamos falando de nenhuma
novidade aqui. Nós estamos explicando aquilo que sempre existiu, mas que muitos
ignoraram e precisam finalmente conhecer a verdade sobre nós mesmos.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 04 - Origem e Evolução do Homem
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 4: Origem e evolução do Homem
19/04/1977
19/04/1977
Teilhard de
Chardin esteve 20 anos lá na Ásia, lá na China, do outro lado da terra,
escavando camadas geológicas e esqueletos humanos; e encontrou o esqueleto de um homem pré-histórico que
ficou com o nome de Sinantropos. Sina- palavra latina para China, ântropos= homem. O homem da China. Viveu
muito tempo antes dos tempos históricos.
Teilhard de Chardin levou o
esqueleto do Sinantropos para a Europa e escreveu o seu livro: O Fenômeno
Humano. Temos a tradução em português. Neste livro Teilhard de Chardin diz:
“O homem é uma descontinuidade da vida na continuidade da vida.”
Misterioso! Quer dizer, a vida já existia antes de nós, mas conosco
começou uma coisa nova, uma
descontinuidade, um novo princípio enxertado na vida velha que já existia.
Então, Teilhard de Chardin diz: “O
homem atravessou um itinerário evolutivo de muitos milhares de anos e conduz
este itinerário através de 4 estágios”. Cientistas só usam palavras gregas,
por isso vamos usar palavras gregas e depois vamos traduzir.
O primeiro estágio da evolução
humana é Hilosfera.
O segundo estágio é Biosfera.
O terceiro estágio é Noosfera.
O quarto estágio é Logosfera
Esfera todos
sabem o que é. Hilos quer dizer matéria. A esfera da matéria, a zona
mineral propriamente. Depois de muitos e muitos milhões de anos o homem entrou
na segunda esfera. Biosfera. Bios, palavra grega para vida. Porque a
matéria parece que não é muito viva ainda.
Veio a esfera da vida , o segundo estágio da nossa evolução. Depois de
muitos milhões e milhões de anos entramos no terceiro estágio evolutivo que Teilhard
de Chardin chama Noosfera. Noos em grego quer dizer
inteligência. Noos, muitas vezes contraídos dá Nous. Também é
inteligência. Então , o terceiro estágio da evolução do homem, a esfera da inteligência. E aí nós estamos agora. Nós
ainda não saímos do terceiro estágio. Ainda estamos na Noosfera: a
esfera da inteligência dominante.
Tudo hoje em dia é
inteligência, inteligência, inteligência... precisam estudar, estudar,
estudar...função da inteligência. Estudo analítico da física, da química, da
biologia, da geografia, da eletricidade, eletrônica. Tudo é Noosfera.
Fomos até à lua sob as asas da Noosfera. E se não tivéssemos muita
inteligência não teríamos feito viagem até a lua. Nós vamos muito mais longe, é
claro, e sempre sob o Noos.
E agora? Lá
bem em cima Logosfera. Logos é razão, mas eu já disse na primeira
aula, não me confundam inteligência com razão. Nós não podemos confundir
inteligência com razão, mas todo mundo confunde. E porisso nós não podemos
fazer filosofia, por causa da confusão. Até nas Universidades confundem-se
inteligência com razão. É racionalista e acabou-se. O homem mais avançado, a
nova humanidade é absolutamente
racionalista.
Nós agora
somos intelectuais. Se fôssemos bastante racionais e estivéssemos na logosfera
e não apenas na Noosfera, nossa vida aqui na terra seria um paraíso, mas
não é. Muitas vezes é inferno. Não haveria guerra, não haveria crimes, não
haveria defraudações. Só haveria trabalho gostoso. Fraternidade universal dos
homens. Isto seria a Logosfera.
Teilhard
de Chardin diz que o homem não chegou até lá. De vez em quando aparece uma
exceção esporádica.Um homem racional que entrou na Logosfera, mas são
exceções. Talvez algum Buda, talvez um Jesus. Talvez um Gandhi estivesse na Logosfera.
Mas o grosso da humanidade não está lá. 99% não está na Logosfera. Estão
mais ou menos na Noosfera, na intelectualidade. Quando nós nascemos
estávamos na biosfera, na vitalidade. A criança não está na Logosfera.
Potencialmente, sim, atualmente, não. O animal parece que nunca vai chegar a Logosfera.
A Noosfera, a inteligência humana não é inteligência biológica. O animal também
tem inteligência biológica, mas isto ainda não é Noosfera. E abaixo do
animal, o mundo está na Hilosfera. O mundo mineral está na Hilosfera.
O mundo vegetal e animal estão na Biosfera. E o mundo hominal que somos
nós, nós não conhecemos outra humanidade por enquanto, na terra. Provavelmente
existem outros mundos, mas aqui, não. Aqui nós somos a única Noosfera.
E quando
aparece alguém da Logosfera, nós
olhamos estupefatos para ele: É um homem Divino. É de outros mundos que
apareceu aqui. Alguém que não pensa como nós. Alguém que manda amar a todos,
até os inimigos. Nós não vamos fazer isto. Amamos os nossos amigos e odiamos os
nossos inimigos. Isto é Noosfera, mas isto não é Logosfera. Então
vêm estes fenômenos e dizem que devemos fazer bem aos que nos fazem o mal, que
devemos amar aos que nos odeiam. Não se usa falar isto na Noosfera. Não
se usa, aqui entre nós, não. São exceções. Talvez antecipações de uma nova
humanidade.
Mahatma
Gandhi chegou muito perto da Logosfera. No fim da vida perguntaram a
Mahatma Gandhi: “Você que é um homem muito espiritual, perdoou todas as
ofensas que recebeu durante a sua longa vida?” “Não,” disse Gandhi, “não
perdoei nada a ninguém.” “Mas
você devia perdoar as ofensas”. “Não devo perdoar porque nunca ninguém
me ofendeu.” Ora dizer tal coisa que nunca ninguém o ofendeu que não tem
que perdoar nada. Não é matéria para perdão. Porque sim, perdoa aquele que se
sente ofendido, mas como ele é bom, não vai vingar. Vai perdoar de alto a
baixo.
Então ele diz: “Não eu não tenho
nada que perdoar, porque nunca ninguém me fez nenhuma injustiça, nunca ninguém
me ofendeu”.Se o homem pode falar assim sem mentir, e ele não mentia. Este
homem já é um predecessor, um precursor da Logosfera. Porque na Logosfera
a gente podia pensar assim, mas na Noosfera é difícil pensar assim. Nós
achamos que é muita coisa para sermos capazes de perdoar. Nós sentimos que
somos heróis porque perdoamos aquela velha dívida que nos ofendeu lá embaixo,
mas nós somos sujeitos muito avançados, impingimos perdão de alto a baixo.
Achamos que é grande coisa. Virtuosidade para nós é a coisa mais alta que
existe. Mas, para a Logosfera, virtuosidade não é coisa muito grandiosa.
Sabedoria é muito mais alta que toda virtuosidade, para uso da Logosfera. Sabedoria é não se sentir ofendido.
Virtuosidade é sentir-se ofendido, mas perdoar.
No dizer de Teilhard de Chardin nós ainda não
estamos no quarto estágio da Logosfera. Para explicar isto vou primeiro
me referir a este desenho aqui. Aqui eu fiz um desenho:
Uma linha
vertical e uma horizontal cruzando dá o que nós chamamos cruz. Mas, a cruz nada
tem a ver com religião. A cruz é um sinal antiqüíssimo da Índia, e um sinal
antiqüíssimo do Egito. Quando eles queriam simbolizar o infinito faziam o sinal
da cruz: norte, sul, leste e oeste- os pontos cardeais. Isto os antigos
filósofos da Índia, da China e do Egito chamavam o Infinito ou o Absoluto, o
Eterno, a Divindade, Brahman, Ra, Tao, Yaveh. Ou qualquer outro nome para a
Divindade, eles usavam este sinal simbólico. E quando queriam desenhar o finito
faziam um círculo. O círculo na Índia, e no Egito, era símbolo do finito,
porque o finito termina lá onde começou. O fim coincide com o princípio.
Eles
representavam o círculo em forma de uma serpente que mordia a sua própria
cauda. Aqui estava a cabeça da serpente. E a cauda da serpente estava dentro da
boca da serpente. Eles diziam: “Isto é o finito porque o finito acaba lá
onde começou”. O princípio coincide com o fim. Este é o finito, mas, na
linha reta não há regresso. A linha reta não volta sobre si mesmo. Ela vai para
o infinito, para cá, para lá...em todos os sentidos. Então, eles usavam este
outro sinal que eu pus aí. O infinito dentro dos finitos e os finitos dentro do
infinito.
Imagine agora esta cruz
como o símbolo do Infinito, do Uno. E os círculos como o verso. Então, este
pequeno círculo está inscrito dentro da cruz. Um pequeno finito dentro do
Infinito. Depois este segundo círculo, também um finito dentro do Infinito.
Terceiro círculo, um outro finito dentro do Infinito... Dentro de todos estes
círculos têm uma parte do Infinito. A cruz atravessa todos os círculos. Logo, o
Infinito está dentro de todos os finitos. E todos os finitos estão dentro do
Infinito. Todos os círculos estão dentro da cruz e a cruz está parcialmente em
todos os círculos. Todo o finito está totalmente no Infinito, e o Infinito está
parcialmente em qualquer finito. Compreenderam? Olhando para este desenho?
Isto nós
chamamos a imanência do Infinito em todos os finitos. Imanere- em latim,
estar dentro. Daí veio a palavra imanência. Quando o Infinito está dentro de
todos os finitos: do finito mineral, do
finito vegetal, do finito animal, do finito hominal e de outros finitos, então
dizemos: “O Infinito está imanente (morando dentro) em todos os finitos. E,
por outro lado, os finitos estão todos imanentes no Infinito”. Mas, o
Infinito também é transcendente a todos os finitos. Esta parte que está
fora do círculo nós chamamos, transcendência. O que está para além é
transcendente. O que está dentro é imanente.
Podemos
dizer: “O Infinito é transcendente a todos os finitos, é maior que todos os
finitos, mas apesar disto, todos os finitos estão dentro do Infinito.”
Estou convidando vocês para subirem comigo para além da estratosfera. Quando a
gente voa muito alto dizemos que estamos voando para a estratosfera. A
estratosfera é mais ou menos 10.000 m acima da terra. 10 km. E quando a gente
tem que pensar muito alto, intensamente, então dizemos que pensamos
estratosfericamente. Isto para muitos já é pensamento estratosférico.
Poder pensar
que todas as coisas finitas estão inteiramente dentro do Infinito e que o Infinito
está dentro de todos os finitos, apesar do Infinito estar também além de todos
os finitos, já é pensar estratosfericamente. O Infinito geralmente é chamado
Deus, mas, não usamos a palavra Deus na filosofia porque é muito perigoso. É
melhor usar outra palavra. Usar: Infinito, Eterno, Absoluto, Transcendente ou
qualquer outra coisa. Porque infelizmente, as nossas teologias abusaram tanto
da palavra Deus, que entendem por Deus uma pessoa ou indivíduo qualquer que
mora do outro lado das nuvens.
Bem nós na filosofia
não podemos falar com a palavra Deus deste modo, porque isto é idéia
completamente errada. Uma pessoa não pode estar dentro de todos os finitos.
Isto seria absolutamente absurdo. Mas, o Infinito pode estar dentro de todos os
finitos. A Divindade infinita pode estar dentro de qualquer átomo, mas também
está fora do átomo. Pode estar dentro de qualquer planta, mas também está fora
de todas as plantas. Pode estar dentro de qualquer animal, mas também está fora
de todos os animais, porque não é uma pessoa. É uma realidade. É uma energia. É
uma consciência. É o puro espírito. O Infinito não é nenhuma personalidade, não
é nenhuma individualidade. É a realidade em si mesmo. Estou dizendo isto para
que compreendam o que vou dizer sobre o homem.
Bem agora vamos
usar esta outra figura.
Este sinal lá embaixo é um oito, mas em forma
horizontal. É um sinal usado na matemática para Infinito. Parece uma garrafa
assim: ∞. Bem, agora estou usando este sinal em vez da
cruz. E por cima deste sinal eu tracei diversas linhas para cima. Uma linha no
meio, muito alta, muito grande, e algumas linhas menores, do lado e outras
menores. Na linha mais baixa eu escrevi Hilosfera (vida animal). Na
segunda altura eu escrevi Biosfera (vida animal). E na terceira linha eu
escrevi Noosfera (inteligência). E bem em cima eu escrevi Lógosfera
(mundo da razão), que em grego é Logos.
Então, agora vamos
considerar a linha do meio, que somos nós. A linha alta do meio é o homem este
desconhecido, este fenômeno. Este misto de grandezas e de misérias como diz
Pascal. Então, esta linha do meio, somos nós. Isto aqui é o mundo mineral, isto
é o mundo vital (plantas e animais) e
isto aqui é o mundo intelectual. Nós hoje em dia chegamos até aqui. E viemos de
onde? A célebre pergunta. Donde veio o homem este desconhecido?
Há duas
teorias sobre a origem do homem. Uma muito antiga e outra muito recente. A
teoria mais antiga sobre a origem do homem é a seguinte: O homem veio
diretamente de Deus, ou do infinito, como eles dizem interpretando mal as
palavras do Gênesis. Quando Deus tinha terminado tudo, quando tinha acabado o
mundo mineral, o mundo vital e outros mundos, então Deus disse: “Agora vamos
fazer o homem segundo a nossa imagem e semelhança.” Está no Gênesis. O
Gênesis não está errado. A nossa interpretação é que está errada.
Um dos
maiores homens de toda a história da humanidade, Moisés, depois de 40 anos de
meditação, escreve o Gênesis, lá na solidão da Arábia. O Gênesis foi escrito na
Arábia, no ano 1500 aC, por Moisés, depois que ele tinha meditado durante 40
anos, não 40 dias. Moisés esteve na Arábia dos 40 anos até os 80 como pastor. E
quando ele estava sentado altas horas da noite, no meio dos rebanhos de seu
sogro Ietro; ele se deixou invadir pela consciência cósmica do Universo. Ele se
esvaziou do ego consciência humana e fez de si um canal vazio e se tornou
tremendamente intuitivo.
Intuição
recebe inspiração e revelação. A mesma coisa. Intuição, inspiração e revelação
só nos vêm quando nós nos esvaziamos de todo conteúdo humano. Não pensamos
nada, não queremos nada. Estamos completamente esvaziados da egoconsciência.
Então, nós somos canais vazios. E, quando o homem faz de si um canal vazio vai
acontecer uma coisa grandiosa.
Ele vai ser
plenificado pela plenitude da Alma do Universo. Toda vacuidade provoca uma
plenitude. O ego-esvaziamento provoca uma cosmoplenificação. Isto é o que
Moisés fez. Os grandes iniciados sempre fizeram isto, pois eles procuravam a
solidão. Jesus ficou 40 dias na solidão. Moisés no alto do Sinai ficou 40 dias
na solidão. Elias no fundo da solidão, ficou 40 dias na solidão. Francisco de
Assis ficou 2 meses na solidão, no alto do Monte Alverne, onde falou com Deus.
Mahatma Gandhi passava toda 2a. feira em completo silêncio. Nunca
recebia visita na 2a. feira.Nunca fazia visita na 2a-
feira. Encerrava-se no seu pequeno Ashram, e se esvaziava dos conteúdos do seu
ego humano.
Moisés fez isto durante 40 longos anos na
solidão da Arábia, onde ele era pastor de rebanhos de seu sogro Ietro. Os
pastores como já disse, guardam os seus rebanhos de noite. Não dormem de noite,
é perigoso. As feras, hienas, chacais e lobos atacam os rebanhos de noite,
porque são animais noturnos. Então, os pastores vigiam os rebanhos sob a luz
das estrelas. De dia eles dormem, porque de noite é muito perigoso. Então,
Moisés noites inteiras vigiando os seus rebanhos que estavam dormindo
tranqüilamente e se tornou terrivelmente intuitivo. Recebeu mensagens do além.
Mensagens da alma do Universo. E depois ele escreveu o que nós chamamos o
Gênesis. Escreveu o que ele viu.
A origem do
mundo foi assim. E depois de ter narrado a origem do mundo ele começou a
escrever a origem do homem. Então ele disse que no fim de tudo, quando tudo
estava creado, quando o mundo material estava pronto, o mundo vegetal e o mundo
animal, finalmente os Elohim (ele não fala em Deus), as forças cósmicas
disseram: “Agora vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança.” Isto
está lá, está certo, mas a nossa interpretação não entendeu nada, porque não
pensamos intuitivamente. Nós não pensamos analiticamente e análise é muito fraca. A intuição é poderosa, mas a
análise intelectual é muito fraca
Parte 2
Nós só
operamos com a inteligência exotérica e não entendemos nada o que ele
quis dizer. Porque Moisés falou em parábolas, todo o Gênesis é uma parábola, é um
símbolo. E nós tomamos isto ao pé da letra. Então nós inventamos que Deus teria
feito o homem do modo seguinte: Quando estava tudo pronto, Deus disse, “Agora
vou fazer o Homem”. Pegou um punhado de barro, fez um bonequinho daquilo e
depois soprou nele. Então, o boneco ficou homem. Isto é o que nós inventamos.
Isto não está no Gênesis. Isto é invenção de nossa ignorância, mas não é da
sabedoria do Gênesis, e nós somos como crianças. Imaginem se vocês entregassem
a uma criança de 6 anos na escola primária, um dos grandes livros da
humanidade. Vamos dizer, a Divina Comédia de Dante, ou o Fausto de Goethe. Ou
um dos dramas de Shakspeare. Vocês vão pedir a opinião de uma criança de 6 anos
o que elas pensam da Divina Comédia de Dante? Ou do Fausto de Goethe? Ou do
drama de Shakspeare? A criança não vai entender absolutamente nada. Ela vai
dizer : Esta capa do livro é mais bonita que a outra. Ah! Isto não interessa.
Outra vai dizer: Esta letra deste livro é mais bonita que a outra.
Mas eu não
quero saber de capa do livro e da letra. Eu quero saber do conteúdo intelectual
da Divina Comédia, ou do Fausto, ou do Drama de Shakspeare. Assim somos nós,
uma humanidade muito infantil. Nós não entendemos o que os grandes gênios da
humanidade queriam dizer. Nós não entendemos nada do Gênesis. Nós não
entendemos nada do Evangelho. Não entendemos nada do Apocalipse. São três
grandes livros da humanidade, porque todos estes livros foram escritos em
estado de inspiração intuitiva. Não foram excogitados pela inteligência humana.
Foram inspirados pelo gênio cósmico.
O Gênesis é
um livro inspirado. O Evangelho é um livro inspirado. O Apocalipse, último
livro da Bíblia, é um livro inspirado, terrivelmente misterioso. E nós que
somos crianças praticamente analfabetas em face da inspiração, não entendemos
nada. Então, nós entendemos que Deus pegou um punhado de barro, fez um
bonequinho daquilo, soprou nele e disse: aqui está o homem. Pronto! Adão,
Pronto! Mas isto Moisés não quis dizer. Isto é uma parábola. Felizmente os
grandes inspirados como Teilhard de Chardin e outros, já interpretaram de outro
modo.
Teilhard de
Chardin, já disse: “O homem veio através da matéria, através da vida, e
chegou até a inteligência e vai à razão”. Isto já é um pouco melhor.
Através é um canal, é um encanamento. Ele fluiu através, e onde está a fonte? A
fonte não é a matéria. A fonte não é a vida . A fonte não é a inteligência.
Antes do através está a fonte. A fonte é isto aqui (sinal de Infinito).
A matéria
veio do Infinito. A vida veio do infinito. A inteligência veio do Infinito e a
razão veio do Infinito. Tudo que é finito veio do Infinito. Isto é razoável.
Todos os finitos fluem do Infinito. Se não houvesse o Infinito, os finitos não
existiriam. O canal só pode canalizar a água se há uma fonte. Vocês podem
construir o maior encanamento do mundo. Se forem bons engenheiros, vão
construir encanamentos. E, se vocês não têm uma nascente, uma fonte, adianta
construir encanamentos? O encanamento não vai produzir água. Nunca um
engenheiro fez uma fonte, o engenheiro faz encanamentos; mas se ele não ligasse
o encanamento a uma nascente, daí a pouco acabava a água. Ele pode ligar a
caixa d’água, mas a caixa d’água não é nascente. A caixa d’água também recebeu
água, mas nenhum engenheiro pode fazer uma fonte de águas permanentes. A
natureza faz. Nós ligamos os nossos encanamentos com alguma nascente, com algum
rio que nunca acabou, que já existe há milhares e milhares de anos e não vai acabar tão
depressa.
Então, isto aqui são
encanamentos, tudo isto que eu construí em forma de linhas, vocês devem
considerar como canais, que recebem o seu conteúdo de uma fonte. Uma fonte só
pode ser o próprio Infinito. Uma fonte que não seja o Infinito não é fonte, é um canal, ou uma caixa d’água. A
caixa d’água não é fonte porque não produz água. Ela recebe água de uma fonte.
Então,
Teilhard de Chardin sabia que todo o mundo material veio de uma fonte infinita
e que todo o mundo vital, biosfera, veio de uma fonte infinita e que
todo mundo intelectual veio da mesma fonte infinita, e o mundo racional também
veio da mesma fonte. Então ele diz: “O homem fluiu através de canais
materiais, através de canais vitais (vegetais e animais), e através de canais
intelectuais, como está agora”. Porque o intelecto também é um canal. E nós
vamos chegar algum dia até uma coisa muito superior ao intelectual, ao
racional. Os outros chamam, de espiritual, mas nós não usamos a palavra
espiritual na filosofia que é uma palavra teológica, e não filosófica. Em vez
de espiritual, nós usamos sempre racional. É a palavra exatamente usada na
filosofia grega, desde os tempos antigos.
Então, ele
deu aqui uma síntese da origem e da evolução do homem. Todas as coisas finitas
vieram do Infinito e o homem faz parte destas coisas finitas que vieram do
Infinito. Mas ele não veio do Infinito diretamente como pensam certos teólogos.
Ele veio do Infinito indiretamente através de muitos outros finitos. Por isso
Teilhard de Chardin disse: “Nós somos uma descontinuidade da vida baseado na
continuidade da vida.” Muitos nunca compreendiam estas palavras dele. Daqui
em diante nós somos descontínuos, mas daqui para baixo nós somos contínuos.
Antes de nós éramos vivos. A nossa humanidade não é um novo início de vida. É uma continuação da humanidade que existia
antes de nós.
A vida
animal, a vida vegetal e mesmo a vida
mineral, porque os minerais também são vivos, em última análise; não são
mortos como nós pensamos. O átomo não é morto. O átomo também é vivo. Estas
vidas já existiam. A vida mineral já existia antes de nós. A vida vegetal já
existia. A vida animal já existia e nós fomos enxertados, por assim dizer.
Enxertados, no tronco de outras vidas anteriores a nós. Até isto chegou mais ou
menos a nossa ciência hoje.
A teologia
pensa que nós saímos diretamente de Deus, sem nenhum intermediário. E os
darwinistas desde o século passado pensam que nós não precisamos disto, do
Infinito. Os darwinistas pensam que basta o mineral, basta o vegetal, basta o
animal para explicar o homem. Isto chama evolucionismo. E os teólogos pensam: “Não,
não houve nenhum evolucionismo. O homem caiu diretamente do céu. Tal qual,
prontinho”. Bem, nós sabemos que isto não é verdade. O nosso corpo fluiu
através de muitos outros organismos. O nosso espírito, sim, veio diretamente do
Infinito, mas o nosso corpo, não. O nosso invólucro material passou por
milhares e milhares de anos através do mundo mineral, através do mundo vegetal,
através do mundo animal e por cima disto veio a descontinuidade da vida, mas
ela está baseada na continuidade da vida. A vida (mineral, vegetal e animal) é
uma continuidade. E depois disto veio um novo andar, por assim dizer,
construído sobre a vida de continuidade, veio uma descontinuidade. Isto, ainda
vamos falar, em outra ocasião.
Pensar que
nós também pelo corpo viemos diretamente do Infinito não é aceitável. Porque é
que nós temos todos os órgãos iguais aos dos animais? Todo o nosso corpo é
exatamente igual ao corpo dos mamíferos superiores, os primatas.
Quando os
estudantes de medicina querem estudar cirurgia, eles têm que saber muito bem
onde estão as veias, os nervos e todos os órgãos do corpo, senão não podem
fazer operação. Matam o homem em vez de curar. Então o que fazem? Primeiro vão
ao necrotério e pedem licença para fazer estudo nos cadáveres que estão lá no
necrotério. Onde é que vai esta veia, este nervo, este osso. E, depois até
fazem estudo em animais vivos, pobres cobaias que têm que morrer por causa
disto. Não há jeito. Eles fazem estudo em cobaia... Como é que funciona este
órgão, como é que funcionam os pulmões, o estômago, o coração... E depois
aplicam no homem. Se não houvesse semelhança entre o corpo animal e o corpo
humano seria inútil fazer um estudo dos corpos de animais. Quer dizer, o nosso
corpo é inteiramente igual ao corpo de qualquer animal superior.
Daí
concluíram os darwinistas e outros: Nós não precisamos de nada senão só de um
organismo animal para explicar o homem. Disto nós ainda vamos falar em outra
ocasião. Nós não podemos derivar o homem totalmente dos animais. Nós podemos
derivar o homem corporal dos animais, mas não podemos derivar aquilo que não
está no corpo animal. Isto é coisa diferente. Então, para isto nós precisamos
disto: Tudo está no Infinito, mas nem tudo está nos finitos.
A diferença
que há entre o animal e nós... é aquilo que por enquanto se chama inteligência
e algum dia se vai chamar razão. Nós não chegamos lá ainda. A razão que é muito
mais alta que a inteligência, está no
Infinito. Uma forma muito mais perfeita do que nós temos. De maneira que nós
precisamos de 2 coisas: creação e
evolução.
Os teólogos
só querem creação sem evolução.
Os cientistas querem
evolução sem creação.
E nós
queremos os dois.
Nós fazemos
uma síntese entre os teólogos e os cientistas. Os teólogos dizem: “O homem
foi creado por Deus” e os cientistas dizem: “O homem é uma evolução do
animal”. E nós dizemos: “Ambos têm 50% de razão, mas ninguém tem 100% de razão”.
Nós queremos ter 100% de razão. Nós queremos dizer: “O homem realmente foi
creado pelo Infinito, mas ele fluiu também através de muitos finitos.”
Então nós fazemos uma síntese entre creação e evolução. Aceitamos tanto a
creação como também a evolução, porque os dois são fatos. Fomos creados e
evolvidos também. Somos tanto produto duma creação, como somos produtos duma
evolução. Nós não fomos creados diretamente, mas fomos creados indiretamente.
Precisamos tanto da creação que é uma relação entre o finito e o nosso
Infinito; e precisamos da evolução que é um processo multimilenar de um
organismo para outro. Mas, o organismo inferior não pode produzir um organismo
superior, dotado de inteligência, sem que apelemos para a fonte.
Na fonte está tudo, nos canais não está tudo. Eu sei
que isto é difícil para muitos, por isto faz favor de ruminar isto, até a
próxima 3a. feira.
O principal
na filosofia é ser bom ruminante, como as vacas. Se vocês apenas engolem vocês
não podem digerir isto. A vaca come o capim, quase tudo sem mastigar. Engole,
engole rapidamente, porque elas têm que arranjar muito capim no pasto e depois
ela engole o capim para o 1o. estômago. Quando o estômago está
cheio, ela se deita à sombra de uma árvore e o capim volta à boca. Aí ela
começa a mastigar vagarosamente, filosoficamente, porque agora não há mais
perigo de concorrência. Lá no pasto é muito perigoso, porque as outras vacas também
comem, não é? Precisa arranjar bastante capim. Enche o primeiro bucho
com o capim quase cru, porque não havia tempo para mastigar. As outras vacas
também estavam lá.
Depois então
elas entram em sossego. Agora ninguém mais pode roubar o capim. Depois ela
manda vir á boca. Mastiga filosoficamente, calmamente. Parece pura filosofia.
Horas inteiras ruminando, ruminando. Depois de bem mastigado vai para outro
estômago, porque elas têm outro estômago. Aí vem a digestão.
Isto é o que
vocês têm que fazer com a nossa filosofia. Em casa vocês têm que ruminar estas
coisas para poder assimilar. Não basta devorar. É preciso assimilar. Filosofia
não pode ser devorada. Não pode assimilar. E isto é ruminar. Aqui vocês têm que
devorar por enquanto, mais tarde ruminar.
* * *
* * *
Quer dizer, os nossos nervos são
veículos de consciência. Qualquer coisa de fluido cósmico passa pelos nossos
nervos. Por isso os hindus acharam que a nossa coluna vertebral é uma serpente
de alta vitalidade. E a vitalidade está graduada. Embaixo há pouca vitalidade.
À medida que vai subindo a vitalidade, a consciência aumenta. Então,
localizaram na coluna vertebral 6 centros de consciência que eles chamam chakras.
Chakras quer dizer rodinha, literalmente. Acham que são espécies de
círculos ou vórtices talvez, que são sedes da nossa consciência. Agora, não
pensem que algum cirurgião ou algum
fisiólogo possa descobrir os chakras na nossa coluna vertebral. Não vai descobrir nada, nada, nada. Porque não
são centros materiais. São centros puramente energéticos. São centros de
energia. Não são centros materiais. Por isso ninguém vai descobrir na coluna
vertebral um chakra, um centro de forças. Força é coisa invisível. Nós
não podemos analisar força pelo bisturi, nem fotografar força. Nós podemos
fotografar matéria, mas não podemos fotografar energia pura.
TRANSCRIÇÃO DA AULA 05 - O Homem esse mistério
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 5: O Homem esse mistério
26/04/1977
26/04/1977
No meu livro Einstein, o enígma da matemática
- leiam a segunda parte: “Artigos e alocuções de Einstein, sobre ciência,
religião e filosofia”; onde eu traduzo textualmente do original alemão o
que Einstein disse sobre a harmonia entre ciência e religião, que se chama
filosofia. Não há palavras mais maravilhosas sobre este ponto como estas
aqui. Ele não fala propriamente do nosso assunto. Ele fala de fatos e valores.
Palavras de citações exatas como se encontra no original alemão. Se nós
tivéssemos clareza sobre fatos e valores nós teríamos clareza sobre este assunto.
Se pudermos dizer que o homem vem de Deus ou do animal; ambas as coisas estão
certas. Depende o que se entende por homem.
A célebre frase de Einstein é a seguinte: “Do
mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque os
valores vêm de outra região”. Palavras textuais dele. Ele costuma chamar os
fatos “Das was ist” (aquilo que é) e os valores Einstein chama “Das
was sein soll” (aquilo que deve
ser). É uma maravilhosa distinção entre fatos e valores. A célebre questão
entre fatos e valores: Que são fatos? O
que se pode ver, ouvir, tanger, perceber por alguns dos 5 sentidos. Isto são
fatos. E o conjunto dos fatos nós chamamos de facticidades.
A célebre expressão de Victor
Franklin nos seus livros : facticidades (o conjunto de fatos), quer digamos
fatos ou facticidades é a mesma coisa. Isto se pode verificar por 1 ou mais dos
5 sentidos. Fatos se podem ver, ouvir, tanger, se podem até cheirar e saborear-
5 sentidos. E fatos se podem analisar. A inteligência analisa os fatos que os sentidos apresentam.
Os nossos sentidos apresentam os fatos físicos. Se não são físicos não podem
ser apresentados (fatos materiais, é claro). Os sentidos apresentam, percebem,
verificam a existência de fatos, de facticidades materiais: física, química,
eletricidade, eletrônica, biologia, geografia, história... são fatos, facticidades sujeitos à verificação
dos nossos sentidos e análise da nossa mente. Os sentidos percebem e a nossa
inteligência analisa os fatos. Isto se chama ciência.
Ciência
está baseada nos sentidos e na inteligência. A ciência começa com os fatos
materiais e tira conclusões intelectuais dos fatos. Portanto, ciência verifica
os fatos e analisa os fatos. Einstein chama isto “Das was ist” - aquilo
que é- fisicamente. E o que é que ele chama os valores? Agora começa o
mistério: o que é que o grande matemático entende por valores? E Einstein
afirma que nenhum dos nossos sentidos pode verificar um valor. E a própria
inteligência não é capaz de analisar um único valor. Nós ficamos meio
desapontados porque nós estamos acostumados a chamar valores outra coisa.
Nós
tiramos do bolso uma nota de dinheiro e dizemos: “isto tem um valor de 10
cruzeiros e aquilo tem um valor de 100 cruzeiros e aquilo outro tem um valor de
500 cruzeiros”. Isto nós chamamos valores por convenção, mas não são valores,
são fatos. É claro que não são valores. Nós não podemos trazer no bolso nenhum
valor. Só podemos trazer fatos. Fatos físicos que podem ser analisados pela
inteligência. Percebidos pelos sentidos e analisados pela inteligência. Sendo a
nossa linguagem muito inexata, convencionamos chamar valores: isto vale tanto.
Vou ao mercado e pergunto: Quanto vale isto? Vou a uma loja e pergunto: Quanto
vale esta mercadoria? Vale tanto, portanto tem um valor. Tudo isto é convenção,
mas nada disto é verdade. Não existe nenhum valor físico, não existe nenhum
valor químico. Valores são absolutamente invisíveis, inaudíveis, inteligíveis.
Completamente invisíveis.
Não existe um valor visível.
Não existe um valor audível. Não existe um valor tangível. Não existe um valor
que se pode analisar. E agora estamos boiando, não entendemos mais nada. O que
é um valor? Vamos ver se descobrimos alguns tipos de valores: verdade, justiça,
amor, bondade, benevolência, honestidade. São valores, mas, vocês já viram uma
verdade? Não. Nunca ninguém viu uma verdade com seus olhos. Vocês já tomaram
uma verdade debaixo do microscópio e analisaram? Nunca. Vocês já ouviram pelo
menos uma verdade? Nunca. Vocês já tangeram com as mãos uma verdade? Vocês já
tangeram uma coisa chamadas justiça, bondade, veracidade, amor, benevolência,
amizade, fraternidade? Não são coisas tangíveis. Não são coisas visíveis, nem
audíveis, nem tangíveis. Então não são nada.
Dizem
os grandes iniciados: “São muito mais do que os fatos”. Porque nós estamos
acostumados a dizer “algo é real quando se pode
ver, ouvir, tanger”, então nós chamamos isto real. Nada disto é real.
Isto são facticidades, reflexos da realidade, mas, não são a realidade. Os
valores são a realidade. Valor e realidade são a mesma coisa.
Vou fazer uma
comparação muito ingênua. Vocês estão diante de um grande espelho em que se
vêem todos de alto a baixo, dos pés à cabeça;
vêem-se todos lá no espelho. Vocês estão no espelho ou não? É claro que
vocês não estão no espelho. Ninguém pode estar no espelho. O que é aquilo que
está no espelho? Um reflexo da vossa pessoa.
Logo, não é a realidade, vossa pessoa que está no espelho. Ninguém pode estar
no espelho. E se alguém desse um tiro no espelho, vocês seriam mortos? Não,
porque o tiro foi dado no reflexo e não foi dado no original que está aí.
Isto é mais
ou menos uma comparação. Vamos comparar a vossa pessoa com valor e o reflexo de
espelho como fato. Esta é mais ou menos a relação entre valores e fatos. O
valor é uma realidade. O fato é um reflexo projetado pela realidade. Projetado
no espelho bidimensional de tempo e espaço. Tempo e espaço tem duas dimensões.
O espelho também tem duas dimensões. Um espelho tem comprimento e largura, não
tem espessura. Quando nós vemos a realidade no tempo e no espaço, nós chamamos
isto fato, mas, não é a realidade. A realidade não está no tempo e a realidade
não está no espaço.
A
realidade está para além do tempo e para além do espaço. O que está fora do
espaço nós chamamos infinito. O que está fora do tempo nós chamamos eterno.
Cuidado com estas duas palavras: tempo e espaço. Muitos entendem que a soma
total dos tempos seja a eternidade. Pura bobagem. A soma total dos tempos não é
a eternidade.A eternidade é a negação de qualquer tempo. Portanto, eternidade
não é afirmação de tempo. Eternidade é a negação de qualquer tempo, de qualquer
hora, de qualquer minuto, de qualquer segundo. Isto é eternidade.
E espaço, o
que é? Todo o mundo pensa que o infinito é a soma total dos espaços. Não é
verdade. O infinito é a negação de qualquer espaço. É a negação da dimensão e o
eterno é a negação da duração. É um pouco difícil vocês subirem à estratosfera
do pensamento, eu sei, porque vocês estão tão acostumados a pensar que o
infinito seja a soma total das dimensões, e que o eterno seja a soma total das
durações. Nada disto é verdade.
Valores são
aquilo que estão no infinito e no eterno. Isto são valores. Tudo que está
dentro do espaço e do tempo são apenas fatos e facticidades. É interessante. Eu
não sei se vocês entendem um pouco de etimologia das palavras ou de filologia.
O sentido real das palavras se chama etimologia ou filologia. A palavra latina
para fato é factum. Os portugueses até hoje ainda escrevem facto.
Nós no Brasil escrevemos fato. Os portugueses continuam a escrever facto e
também pronunciam facto.
No ano
passado quando estive em Portugal fazendo conferência eu tive que tomar muito
cuidado para não dizer fato, como estamos habituados a dizer. Eles entendem por
fato, isto aqui, a roupa. Sem c, é roupa, com c é fato, como em latim. Bem,
então eu tinha que dizer lá em Portugal: os factos e os valores. A gente se
acostuma pouco a pouco a moda deles.Os factos e os valores.
Em latim factum deu em português fato.
Agora faz favor, qual é o adjetivo derivado do substantivo factum em
latim? Factício. Factício é o adjetivo de factum. Os romanos pronunciavam factício e
depois começaram a dizer fictício. E entrou nas línguas latinas e em português
como língua latina, ficou fictício. Fictício é o adjetivo de factum.
Quer dizer, pela etimologia, os
fatos são fictícios, portanto não são reais. Já temos uma pista. O fato não é
uma coisa real. O fato é uma coisa puramente ilusória. É como quando vocês
estão diante de um espelho, contemplam o espelho e vocês não estão no espelho.
Lá está vosso eu fictício. Vosso Eu real está fora do espelho e vosso eu
factício ou fictício está lá dentro. Mas eles podem matar vocês lá no espelho,
vocês continuam a viver. E podem injuriar vocês no espelho, mas vocês não são
aquilo. É só ficção. É tudo fictício. Estou explicando isto para vocês saberem
mais ou menos distinguir entre fatos e realidade. Realidade é um valor. Fato
não pode ser um valor, porque é pura ficção. Os fatos estão dentro do tempo e
do espaço. Os fatos são verificáveis pelos 5 sentidos e são analisados pela
inteligência. Isto se chama fatos.
Então, Einstein
diz: do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores,
da realidade. Os fatos não dão nenhum acesso à realidade. Se nós queremos saber
dos valores, da realidade, temos que sair fora dos fatos. Não podemos confiar
nos sentidos que só conhecem os fatos, nem podemos confiar na inteligência que
analisa fatos. E, para onde é que vamos depois?
Quando
estamos para além dos sentidos e para além da inteligência, onde é que estamos?
Vamos ver se
encontramos uma palavra para aquilo onde
nós estamos, quando estamos para além dos fatos e das análises. Estamos na pura
realidade. Estamos no mundo dos valores. Quando alguém entra em êxtase ou
em samadi, como dizem lá no oriente, ou como dizem os zen-budistas, em satori....Seja
êxtase (palavra grega), seja samadi (palavra sânscrita) ou satori
(palavra japonesa), isto são os valores. Quando a gente entra na zona dos
valores, na zona da realidade, então está em êxtase, está em samadi,
está em satori. Isto poucos conseguem.
Numa meditação muito
profunda e ultratranscendental, a gente entra na zona da realidade. E aí pela
primeira vez a gente sabe o que é a realidade. Quem nunca entrou nesta zona
para além dos sentidos e para além da mente, não sabe nada da realidade. Ele
vive toda a vida falando em ilusões, facticidades, fatos, coisas fictícias e
pensa que aquilo seja a realidade.
Então,
voltando a Einstein, ele diz: “Do mundo dos fatos não conduz nenhum caminho
para o mundo dos valores.” Ele que escrevia em alemão todas as coisas, às
vezes em inglês. Mesmo nos Estados Unidos ele nunca aprendeu corretamente o
inglês. Falava mais ou menos, mas escrevia em alemão. Então, ele chama os
fatos, aquilo que é “Das was ist” e chamava os valores “Das was sein
soll”, aquilo que deve ser. Muitos não sabem nada do seu Eu, porque só vêem
o seu ego, que é um fato, perceptível pelos sentidos e analisados pela
inteligência. E dizem: “eu sou o meu corpo, eu sou a minha inteligência”.
A
inteligência também é um fato. “Eu sou os meus desejos”. Os desejos são
fatos. Mas se nós disséssemos: “Você é somente o seu ego físico, o seu ego
mental, o seu ego emocional?” Sim, vocês diriam, “e se alguém me matar,
matou-me totalmente, não sobrou nada”. Assim pensam os analfabetos da
realidade. Eles podem ser doutores em fatos, mas, continuam a ser analfabetos
na realidade.
A realidade é os
valores, e o valor está somente no nosso Eu central. O nosso Eu central é
dotado de um certo grau de livre arbítrio, não muito. Alguns têm pouco livre
arbítrio e outros têm muito, mas infinito ninguém tem. Somente a Divindade. Nós
temos um certo grau de livre arbítrio, e pelo livre arbítrio nós somos
creadores de valores.
Olhem bem! nós não
podemos crear valores pelos sentidos, nós não podemos crear valores pela
inteligência porque o fato não crea valores. Diz Einstein: “Se nós creamos
valores, então nós temos que ter consciência da nossa realidade central, do
nosso Eu”. O nosso eu é dotado de um poder creador. O nosso ego não tem
poder creador. O nosso ego descobre os fatos, o nosso Eu crea valores. Aquela
pergunta de Einstein é maravilhosa: “Por que todas as religiões do mundo
prometem o céu aos bons e não aos inteligentes?” Ele diz: “A terra é
para os inteligentes, o céu é para os bons.” Ele fala com uma precisão
matemática incrível. Ele responde: “As religiões têm razão porque descobrir
os fatos é ser inteligente, mas crear valores é ser bom”.Uma distinção
maravilhosa.
O homem inteligente,
erudito é descobridor de fatos que já existem, mas, o homem bom é um creador de
valores que não existiam antes dele e que ele fez existir pelo poder do seu
livre arbítrio. Os fatos já existem. O cientista não pode fazer os fatos.
Nenhum físico, nenhum químico produz fatos. Ele descobre fatos: “Das was ist”,
aquilo que é, aquilo que já existe, mas, ele não é creador de fatos. Nós não
podemos crear fatos, nós podemos
descobrir fatos, mas os fatos já existem antes de nós. Antes e depois. Agora
nós podemos crear valores. Crear valores é o único privilégio do homem neste
mundo. Não existe nenhum outro ser na terra que possa crear um único valor.
Verdade, justiça, amor, bondade, benevolência, amizade, fraternidade,
honestidade são valores. Mas o animal não sabe nada disto. O animal é
eternamente analfabeto em valores. No princípio da nossa vida nós também somos
analfabetos em valores.
A criança não sabe nada de valores, só sabe
dos fatos. Sabe das coisas que ela precisa para viver. Os fatos. Pouco a pouco
a criança desperta para os valores. Isto seria o fim da verdadeira educação:
despertar no educando a idéia de valores. A
instrução só trata dos fatos e a educação trata dos valores. Nós
confundimos eternamente, instrução e educação. Até o Ministério da Educação que
não trata absolutamente de educação, mas de instrução. Mas, nós confundimos
instrução nos fatos, com educação de valores. A educação se refere ao
despertamento e creação de valores
dentro de nós. Os fatos estão fora de nós. Os valores estão dentro de nós. Fora
de nós não existe nenhum valor. Na natureza não existe um valor. Na natureza só
existem fatos. Fatos e mais fatos. Então quando nós somos muito instruídos na
ciência nós somos doutores em fatos e possivelmente analfabetos em valores.
Seria bom que nós fôssemos também, doutores em valores. Pode-se ser os dois. A
gente pode ser formada nos fatos da ciência e também pode despertar em si
valores da consciência.
Vejam que
palavras maravilhosas estas duas: ciência e consciência. Têm o mesmo radical:
Ciência e consciência. A ciência trata dos fatos que podemos descobrir pela
inteligência, e a consciência trata dos valores que devemos crear pelo nosso
livre arbítrio. Se não tivéssemos nenhum livre arbítrio, não poderíamos crear
valores.O animal não pode crear nenhum valor porque o animal não é dotado de
livre arbítrio. Tem um pouquinho de inteligência, inteligência biológica, mas,
a inteligência não pode crear valores. E ao animal falta aquilo que chamamos o
livre arbítrio que é o creador de valores. Aqui já temos a grande distinção
entre o animal e o homem.
Quando os
darwinistas dizem que o homem é um
descendente de animais, que ele é um animal apenas aperfeiçoado através de uma
longa evolução, eles não sabem o que quer dizer valores. Eles o tratam dos
fatos. Se nós fôssemos um conjunto de fatos como qualquer animal, então os
darwinistas teriam razão. Poderíamos acumular mais fatos do que o animal
acumulou. E nós teríamos o homem. Mas, o que em nós existe não é a soma total
dos fatos. Fatos são sempre quantitativos, e em nós existe qualquer coisa
diferente da quantidade que se chama qualidade.Qualidade é um valor e
quantidade é sempre um fato. Vocês podem somar quantas quantidades quiserem,
nunca vão ter uma qualidade.
Quantidade é uma coisa parecida
com zero? Se vocês têm um zero, quantos vocês têm? Nada. Se tiverem dois zeros,
quantos têm? Nada. Se tiverem 10 zeros têm alguma coisa? Não, nada. E, se têm
1000 zeros, têm alguma coisa? Não. 1000 zeros valem tanto quanto 1 zero. Porque
são fatos, são quantidades. Agora, quando vocês saem do zero e entram no
algarismo 1, por exemplo, aqui já representa outra coisa. O 1 já é um valor.
Esse traço vertical já é um valor. Se vocês puserem 1 diante de um zero, à
esquerda do zero, este zero não é mais zero. É engraçado. A matemática é pura
feitiçaria.
Parte 2
A matemática
é a melhor ilustração para a filosofia porque é evidente que todos os zeros não
são nada, nada, nada...Bem, eu disse isto uma vez numa aula e alguém
disse: “Não senhor, um zero elevado a
infinita potência é igual ao infinito.” Bem, isto é uma acrobacia mental. Ninguém
pode elevar um zero à infinita potência. É impossível. Se fosse possível elevar
um zero à infinita potência, naturalmente seria infinito, mas isto não é
possível. Um fato não pode dar um valor. Do mundo dos fatos, diz
Einstein, não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores. Sendo que
o animal só conhece os fatos, nenhum animal nos pode conduzir ao homem, porque
o mundo dos fatos é o mundo do animal. Logo entre animalidade e hominalidade há
sempre uma distância infinita.
Por isso, não
podemos derivar o homem do animal como querem certos darwinistas. Eles querem
que um animal muito aperfeiçoado seja homem, um zero muito aperfeiçoado dá 1
para eles. Onde está a matemática? Muitos zeros dão 1. Milhões de zeros não dão
1. Representando 1 como valor e zero como fato, a soma total dos fatos não dá
valor. Logo esta idéia de derivar o homem do animal é contra a matemática e
contra a lógica. Nós não falamos em religião aqui. Nós não apelamos para a
Bíblia, isto deixamos para os teólogos. Nós não falamos em termos de religião
na filosofia. Nós falamos em termos de matemática, em termos de lógica, porque
a matemática não tem partidos.
Tudo tem
partido, menos a matemática, vocês não podem descobrir um partido, na matemática. A matemática no mundo cristão
é a mesma matemática do mundo pagão. E a
matemática no mundo dos judeus é a mesma matemática do mundo dos árabes,
mulçumanos que estão brigando entre si. A matemática nunca tem partido nem
credo. Credo e partido são das religiões e das nações. 2x2 vai ser eternamente
4, no mundo inteiro, na lua, no sol, na via Láctea.. 1+3 vai ser sempre 4.
Nunca vai ser 3. Nunca vai ser 5. Vai ser 4,4,4,e somente 4. E 10x10 nunca vai
ser outra coisa senão 100. Quer dizer que a matemática é absolutamente sem
partido e sem credo.
E porisso a
matemática nos dá segurança. Nós não podemos ter seitas na matemática. Não
podemos ter partidos, nem pró nem contra o governo. A matemática é
absolutamente universal. Isto é uma vantagem. Porisso nós podemos sempre apelar
para a matemática na filosofia, sem perigo de sermos derrotados por alguém. Se
apelarmos para uma religião, a outra religião nos vai derrotar: “Você está
errado, não é assim, a minha religião é verdadeira”. Portanto não vamos
apelar para religião, mas vamos apelar para a matemática, porque não há uma
matemática oriental e uma matemática ocidental. Não há uma matemática cristã e
uma matemática pagã. Não há uma matemática terrestre e uma matemática solar. Só
existe uma para todo o universo.
Então, quando
estamos na matemática estamos seguros, inderrotáveis; porque a matemática não é
outra coisa senão a consciência da realidade. Não é a ciência das facticidades.
A ciência dos fatos é a física, mas a consciência da realidade ou dos valores
se chama matemática. Pois, Einstein tinha razão quando dizia: “Do mundo dos
fatos não conduz nenhum caminho para o mundo dos valores, porque os valores vêm
de outra região.” Os valores não vêm dos fatos. Toda a soma total dos fatos
não dá valor. Os valores vêm do infinito. Por isso se nós distinguimos o homem
entre fatos físicos e valores metafísicos, nós não podemos derivar a física da
metafísica. Nós não podemos derivar os fatos dos valores. E os valores, de onde
vêm?
Agora vem um célebre impasse para nós.Teilhard
de Chardin, o grande cientista do nosso século, falecido há alguns decênios,
diz: “Os teólogos dizem que o homem foi creado por Deus, os cientistas dizem
que o homem veio do animal. Então vamos fazer uma conciliação entre os teólogos
e os cientistas”.Então, ele inventou esta célebre frase: “A descontinuidade na
continuidade”.
Então, eu tentei desenhar isto: Um traço
vertical.
Em cima está D. Embaixo H.
Vamos dizer
que D significa Deus e H significa Homem. Isto é mais ou menos a idéia dos
teólogos. Aqui há uma linha reta entre Deus e o Homem.
Eles dizem
está na Bíblia que Deus creou o homem diretamente e não indiretamente através
do animal. Creou diretamente de alto a baixo. Ele disse:
Façamos o
homem segundo nossa imagem e semelhança. Pronto e acabou-se.
Isto são os teólogos. A creação direta do
homem. Deus → Homem, e nada mais.
Não tem nada no meio.
|
Depois vem
a ciência e diz: o homem não veio na vertical de Deus. O homem veio na
horizontal animal → Animal
deu homem, um animal muito aperfeiçoado. Aqui começa a humanidade e aqui nós
estamos agora.
Então,
Teilhard de Chardin diz nenhum dos dois é verdade. A verdade é isto aqui (ver
gráfico). Aqui está animal - homem e aqui está Deus. O animal veio milhares de
anos antes e aqui ele começou a ser homem. Mas, por que ele começou a ser
homem? Porque houve um impacto de cima
para baixo. Ele chama isto a descontinuidade da vida na continuidade da vida.
Expressão misteriosa, mas é verdadeira. A descontinuidade é o início do espírito
e a outra continuidade é a continuidade da vida animal. A vida animal é uma
continuidade, milhões e milhões de anos. E aqui a vida animal sofreu um
impacto, não animal. Um impacto espiritual. Uma linha vertical representa um
impacto espiritual. Veio através das forças cósmicas do universo. Um impacto
espiritual sobre este animal que tinha chegado até aqui. E daqui por diante
este animal se chama homem.
Por que
Teilhard de Chardin insiste na descontinuidade da vida na continuidade da
vida? Porque ele está na pura filosofia
conosco. A ciência provou irrefragavelmente que o nosso corpo vem do mundo
animal. Isto ninguém pode negar, hoje em dia. Porque nós temos os mesmos
órgãos, o mesmo modo de concepção, de gestação,
de parturição, de nascimento, de vida e de morte, como qualquer animal.
No nosso corpo não há a menor diferença entre o animal mamífero e nós. Todos os
órgãos que estão no animal também estão em nós.
Os estudantes vão ao necrotério para estudar os cadáveres,
para ver onde estão as veias e as artérias. Não vão só ao necrotério. Também
vão ao laboratório. Pegam cobaias vivas e estudam como é que funciona o corpo
vivo do animal. E quando, eles sabem, muito bem, como funciona o corpo animal,
eles dizem: “Agora eu sei como funciona o corpo humano”. Como é que eles
sabem? Porque é praticamente o mesmo: as veias , os nervos e os ossos animais
também são como os nossos. Neste ponto a ciência tem razão. O corpo humano é o
mesmo do animal. Isto é o fato, mas isto
não é o valor. Os cientistas não sabem nada de valor, só tratam de fatos eles
se esquecem daquela outra parte..
Em nós existe
uma coisa que não existe em nenhuma cobaia, que não existe em nenhum gato, em
nenhum cachorro, em nenhum macaco. Valor. O animal não pode crear valor. Ele
nunca pode ser moralmente vicioso ou moralmente virtuoso. Não pode porque isto
são desvalores ou valores. O vício é um valor mais negativo e a virtude é um
valor positivo. O animal não pode tratar de verdade, de justiça, de
benevolência como nós, porque isto é uma outra zona, diz Einstein. É a zona de
valores.Então, aqui começam os valores. Até aqui éramos apenas fatos.
O nosso
passado de milhares e milhares de anos atrás era um fato, mas dentro do fato já
estava latente o valor, porque desde o princípio nós tínhamos a potencialidade
para crear valores. A potencialidade despertou aqui em atualidade. Não sei se
vocês estão habituados à distinção entre potência e ato. Na filosofia nós
dizemos potencial quando uma coisa está dormente, latente; como uma planta que
está potencialmente na semente; como uma ave está potencialmente no ovo. Isto
nós chamamos potencial. O potencial é real em estado de dormência. Quando uma
coisa é latente, dormente, invisível, ainda não acordou, isto nós chamamos
potencial. Aqui já estava em nós a potencialidade para o homem, porque se não
estivesse ele não poderia ter nascido. Aqui nós éramos homens embrionariamente,
homens potencialmente, homens em estado de latência e aqui nós nos atualizamos
como homem; porque o que está latente pode desabrochar em
atualidade suposto que haja um despertamento desta latência que estava aqui.
Os valores
conscientes da consciência começam aqui. Aqui estão os valores dormentes.
Portanto não podemos dizer que o homem veio do animal. O homem veio através.
Através do animal, sim. Do animal, não, porque do, se referem aos valores e
através se referem aos fatos. O nosso corpo veio através do corpo animal, mas,
o nosso valor estava desde o princípio em nós. Eu não devia propriamente pôr o
D aqui, eu devia por o D aqui. Mas, para facilitar eu pus isto aqui. Aqui já
éramos homens potencialmente isto Aqui, nós somo homens potenciais e aqui nós
somos homens atuais. A potencialidade humana desabrochou na atualidade humana
aqui.
Isto Teilhard
de Chardin quis dizer quando ele diz: “o homem é um novo início dentro de
uma continuação”. Ele é um novo início, mas, já precedido por uma longa
continuação. A continuação da vida pelo impacto de um novo início.
Isto a Bíblia quer
dizer quando diz: “Façamos o homem a nossa imagem e semelhança.” Muitos
teólogos pensam que Deus tenha creado um boneco de barro e depois tenha
insuflado neste boneco o seu espírito. Isto é contra toda experiência, porque,
se o nosso corpo tivesse vindo diretamente de um boneco de barro e do espírito
de Deus, nós não teríamos os órgãos dos animais, porque se não tivéssemos vindo do corpo animal não
havia nenhum motivo para termos todos os órgãos do animal. É claro. O espírito
de Deus foi insuflado num ser vivo e não num ser morto. Isto está no Gênesis,
mas eles não entenderam.
O Gênesis diz: “Os Elohim
disseram - Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. E, depois
as Potências creadoras insuflaram, fizeram um corpo de substância orgânica.
Logo, não de substância inorgânica, do barro. Está no texto grego “shous”
- palavra para substância orgânica. No apocalipse está a mesma coisa.O
apocalipse é o último livro da Bíblia.
No Apocalipse está: “Saiu
do mar um animal e recebeu os poderes do dragão e combateu contra Deus”.
Isto é, saiu do mar um animal, recebeu os poderes do dragão e começou a lançar
blasfêmias contra Deus. Que é isto? O animal é o nosso corpo. O dragão é a
nossa inteligência e mais tarde vem o Cristo. No Gênesis o dragão se chama
serpente. Serpente e dragão são sempre os símbolos da inteligência. Em toda
literatura humana a inteligência é representada pela serpente. No oriente é
representada pelo dragão, sobretudo na China. No ocidente a inteligência é
representada pela serpente.
Vocês já viram, na
entrada de uma farmácia o que está lá no alto ? Não está lá uma serpente?
Enroscada num cálice e olhando para dentro do cálice uma substância vermelha,
que parece sangue? Que é isto? Até hoje eles simbolizam a inteligência pela
serpente. “Aqui nesta farmácia, nesta drogaria nós prometemos vida e saúde
pela inteligência da medicina.” Isto está lá. É um símbolo muito bonito. Se
isto é verdade ou não, não vamos
afirmar, mas pelo menos pensam que é verdade. Aqui vocês vêm buscar vida e
saúde pela inteligência em forma de serpente.
E Jesus não disse: “Sede
inteligentes como as serpentes e sede simples como as pombas?” Palavra de
Jesus. Todo o mundo compara a inteligência
com a serpente, desde o princípio do mundo. O Gênesis também, quando
introduz a serpente que fala com Eva, é a inteligência que despertou nela. E a
inteligência sempre luta com o espírito, não concorda com o espírito.
Veja a Bhagavad Gita,
que sabedoria. O mais antigo livro da humanidade que temos- 7.000 anos de
existência. “O ego é o pior inimigo do Eu” (o que é o ego senão a
inteligência). Eu é o espírito de Deus
em nós. Ego é a nossa inteligência. A nossa inteligência sempre luta contra o
espírito. E depois a Bhagavad Gita continua: “mas o Eu é o melhor amigo do
ego.” Que coisa maravilhosa! A inteligência sempre luta contra o espírito,
mas o espírito é sempre amigo da inteligência. Se o espírito também lutasse
contra a inteligência, não teria nenhuma esperança de tratar de paz. Haviam de
lutar eternamente, mas, graças a Deus, a inteligência luta contra o espírito,
mas o espírito é amigo da inteligência. Quer dizer. O tolo luta contra o sábio,
mas o sábio ama o tolo.Vocês podem ver isto: O tolo nunca aprende nada do
sábio, mas, o sábio aprende muito do tolo. A sabedoria aceita a tolice, mas a
tolice não aceita a sabedoria. O ego é inteligência, mas o eu é espírito.
Então o nosso ego é
sempre serpente que sempre se revolta contra o espírito, mas o espírito diz: “Coitado
do ego, ele não sabe nada, vamos ter pena dele.” Então ele ama o ego.
E quando o Eu ama o ego pode haver paz. O ego não pode amar o Eu porque ele só odeia. Briga sempre com ele.
Então, tanto o Gênesis
como o apocalipse que são o primeiro e o último livro da Bíblia introduzem a
inteligência em forma de serpente, no Gênesis. No apocalipse, em forma de
dragão. Dragão também é símbolo da inteligência. No oriente eles gostam mais de
usar o dragão, e nós usamos serpente.
Isto é uma chave para
nós compreendermos a dúplice natureza do homem. O homem nunca teve natureza
simples. Ele sempre teve uma natureza de dois pólos. Um pólo negativo chamado
inteligência ou ego, e um pólo positivo chamado espírito ou Eu. Mas, os dois
pólos não precisam brigar com outro. Os dois podem fazer as pazes. Aqui na luz
elétrica há dois pólos- todos sabem- o pólo positivo e o pólo negativo. Os dois
estão brigando? Não, os dois fizeram as pazes. E a paz se chama luz. A síntese
do pólo positivo da eletricidade e do pólo
negativo dá luz e dá calor e dá força. Luz na lâmpada, calor no
aquecedor ou no chuveiro elétrico do banheiro. Também tem dois pólos. A
resistência que está lá dentro é atravessada por 2 pólos. E os dois pólos dão
calor. Por isso vocês podem tomar banho quente no banheiro porque há 2 pólos
que produzem calor.
E, se vocês vão a uma
indústria que funciona todos com dínamo, hoje em dia. Donde é que vem o dínamo?
A força tremenda do dínamo vem de dois pólos. Um positivo e um negativo. E
quando os dois pólos se unem de certo modo, não de modo errado pois isto dá
circuito. Cuidado! Mas se unem de modo certo como a nossa inteligência sabe
fazer; a união dos 2 pólos dá luz na lâmpada, calor no aquecedor e força no
dínamo.
Quer dizer, em nossa
natureza humana há dois pólos: o pólo negativo do ego que só conhece os fatos,
e o pólo positivo do Eu que também conhece valores. Os fatos não podem
descobrir os valores diz Einstein, mas o valor pode descobrir os fatos.
Vejam bem, os valores sempre correspondem ao Eu e os fatos correspondem ao ego.
O ego não vai fazer as pazes com o Eu. Não tem esperança nenhuma. Ele briga
eternamente, mas, graças a Deus, o Eu pode fazer as pazes com o ego, porque o
Eu é sábio e o ego é apenas intelectual. A inteligência não é sabedoria.
Sabedoria é coisa espiritual e
inteligência não é espiritual.
Então, nós temos
uma esperança que algum dia o homem faça
a síntese entre os seus 2 pólos. Se ele nunca descobrir o seu Eu espiritual não
vai fazer a paz, porque o ego não vai
fazer paz. O maior pode fazer paz com o menor, mas o menor não vai fazer a paz
com o maior. O sábio pode fazer paz com o ignorante, mas o ignorante não vai
fazer paz com o sábio.Bem, quer dizer que nós estamos diante deste mistério
chamado homem. Ele é um composto de dois pólos que sempre estão em luta,
enquanto não descobre o pólo positivo do Eu; porque o Eu é o melhor amigo do
ego, mas o ego é o pior inimigo do Eu.* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 06 - O Dragão, o Cordeiro e a Serpente
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 6: O Dragão, o Cordeiro e a Serpente.
03/05/1977
03/05/1977
Vou
focalizar um pouco o Apocalipse, o único livro profético do Novo Testamento. Os
outros livros são históricos,mas o Apocalipse é um livro, uma visão do futuro.
Lá ocorre o seguinte sobre o homem velho e o homem novo. O homem velho aparece
aí como o animal que veio do mar. E tanto o Gênesis como o Apocalipse supõe que
o homem antes de ser homem já existia como ser vivo. O homem já existia, não
como ser humano, mas, como outro ser vivo que nós não sabemos, que ser vivo ele
era antes de ter homificado, de tornar homem.
Então, o Apocalipse diz: veio o animal do mar
e recebeu todos os poderes do dragão.
É bom saber, dragão e serpente são a mesma
idéia. Em muitos países o dragão substitui a serpente. Na China e no Tibet só
se fala no dragão, porque eles usam sempre a idéia do dragão em vez da
serpente. E, João quando escreveu o Apocalipse também fala no dragão. O Gênesis
fala da serpente. Então, diz o texto que o animal veio do mar e recebeu os
poderes do dragão, os poderes da serpente. E, apenas o animal que veio do mar
recebeu os poderes do dragão, começou a blasfemar contra Deus.
Imagine! É
muito perigoso receber os poderes do dragão. O dragão representa a inteligência
luciférica- a inteligência contra o espírito. O dragão é sempre a coisa hostil
ao espírito, a inteligência que não combina com o espírito. A Bhagavad Gita diz
claramente: “O ego é o pior inimigo do Eu”. O ego é a inteligência, é
claro, é o dragão e a serpente. O ego, diz a Bhagavad Gita, “é o pior
inimigo do Eu (espírito)”. O ego representa a parte mental do homem. Todos
concordam que o mental é sempre inimigo do espiritual. O Gênesis supõe, o
Apocalipse supõe, a Bhagavad Gita também supõe isto. São os livros mais antigos
da humanidade. O nosso ego mental hostiliza o nosso Eu espiritual.
Não
quer saber dele porque é eclipsado pelo Eu espiritual e ninguém gosta de ser
eclipsado. Cada um gosta de mandar e não de obedecer. Agora, se a inteligência
é obrigada a obedecer ao espírito, ela se revolta. Hoje em dia também acontece
isto. Mas, diz a Bhagavad Gita por outro lado: “o Eu é o melhor amigo do ego”.
O Espírito é o melhor amigo da inteligência, mas a inteligência é o pior
inimigo do espírito.
Voltando
ao Apocalipse, apenas o animal que veio do mar recebeu os poderes do dragão- é
a intelectualização do homem- começou a
blasfemar contra Deus; porque o espírito é a emanação de Deus e como ele não
tinha mais poder, ele declarou guerra a todos os povos do mundo. O nosso ego é
assim mesmo, blasfema para cima e guerreia por todos os lados. O ego humano está
sempre guerreando os outros egos. Ele não tem paz. Não faz tratado de paz com
ninguém. Nós estamos sempre vendo isto, porque que a humanidade está sempre
brigando. Guerreia dentro e fora do país. É porque nós vivemos na zona do ego e
não chegamos ainda na zona do Eu.
Então
o Apocalipse diz: Apenas o animal recebeu os poderes do dragão, começou a
blasfemar contra Deus e começou a guerrear todos os povos da terra. Blasfemar
para cima e guerrear para todos os lados. Exatamente o nosso ego faz isto. Onde
há 2 egos há briga e onde há 3 egos há guerra. É sempre assim. Bem, então,
apareceu o cordeiro que derrotou o dragão. Não se podia esperar que o cordeiro
derrotasse o dragão, porque o cordeiro é o símbolo da paz, da tranqüilidade e o
cordeiro é inerme, não tem armas. Mas, está no Gênesis que o cordeiro derrotou
o dragão.
Nós sabemos que o cordeiro é o símbolo do Cristo. João Batista diz: “Eis
aí o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo.” É Claro, o cordeiro
foi sempre o símbolo do Cristo. E como é que o cordeiro sem arma, sem nada
derrotou um dragão poderoso. Aqui não se
trata de armas materiais, nem de armas mentais, mas de um poder espiritual. O
poder espiritual derrotou as violências materiais e até as violências mentais.
E
nós não tivemos exemplo em pleno século XX uma repetição disto? Lá na Índia,
não vivia mesmo um cordeiro chamado Mahatma Gandhi? Nunca ele permitiu que
alguém matasse alguém. Nunca permitiu que ferissem os outros. Nunca odiou
ninguém. E quando os hindus queriam odiar os ingleses que ocupavam a Índia,
Gandhi proibia: “Vocês não têm que odiar nenhum inglês, vocês têm que amar
todos os nossos inimigos.” Os hindus diziam: “mas não é possível! eles
estão nos maltratando há 150 anos. Nós temos que os ingleses e expulsar os
ingleses da Índia.” “Sim, é claro”,
dizia Gandhi, “nós temos que expulsar os ingleses da Índia, e nós vamos
expulsar, mas à força de amor, não à força de armas, de canhões e metralhadoras
e aviões de bombardeio e talvez bomba atômica (agora já tem bomba atômica
na Índia). Nós não vamos usar violência contra os inimigos, nós vamos usar
benevolência, Ahinsa e Satiagraha.” Ahinsa, quer dizer nãoviolência
e Satiagraha, o poder da verdade. “Vamos expulsar os ingleses pela
não-violência e pelo amor à verdade.”
Bem,
isto é a linguagem de um cordeiro, e ninguém poderia esperar que um único homem
sem armas, Gandhi expulsasse os ingleses – um poderoso império britânico que
ocupava a Índia. Quer dizer que aqui se manifestou mais uma vez o poder do
espírito contra a violência mental e material. Aconteceu em nosso século.
Está
no Apocalipse: o cordeiro derrotou o dragão e o dragão foi vingado por 1000
anos, foi preso e não pôde mais combater durante mil anos. É o célebre milênio
do Cristo, porque 1000 anos não sabemos. Durante 1000 anos o dragão foi vingado
e houve uma paz universal no mundo durante 1000 anos. Depois dos 1000 anos, diz
o Apocalipse, o dragão foi solto, por ordem do cordeiro. O cordeiro mandou
soltar da prisão o dragão. E, depois, o que aconteceu? Não se fala mais em
luta, apesar do dragão estar solto.
O
dragão é o nosso ego, é o velho homem, e o cordeiro é o nosso Eu- a nova
humanidade. E por que a velha humanidade não lutou mais contra a nova
humanidade. O Apocalipse se cala- não diz uma palavra. Mas, os experientes
devem ter interpretado assim: porque o dragão depois de solto não luta mais,
porque ele já compreendeu a sabedoria do cordeiro. Ele não lutou mais contra a
sabedoria porque durante estes 1000 anos ele compreendeu que o mental deve
integrar-se no espiritual. Se isto acontecer alguma vez aqui entre nós, então
nascerá a nova humanidade. E parece que o Apocalipse está prevendo isto. Que
agora nós não conhecemos ainda a sabedoria do espírito, do cordeiro e por isso
estamos lutando, brigando. Mas, se nós conhecermos a sabedoria do mundo
espiritual, nós não lutaremos mais contra o mundo espiritual.
Assim
eu entendo o Apocalipse, porque o dragão não lutou mais depois que foi solto
pelo cordeiro. Mas antes ele lutava,
está lá. Quer dizer, aqui o Apocalipse apresenta o velho homem como um
animal que recebeu os poderes do dragão. Um paralelo perfeito ao Gênesis, o
homem recebeu os poderes da serpente.
Agora
vamos falar um pouco na serpente. Embora alguns paises usam dragão, mas nós
estamos mais habituados à idéia da serpente como sendo a inteligência humana.
Por toda a parte usa a imagem da serpente como a inteligência. E Jesus também
usa: “sede inteligentes como as serpentes, mas sede simples como as pombas.”
Aqui ele usa o símbolo da pomba em vez do símbolo do cordeiro. No Apocalipse é
cordeiro, no Evangelho é pomba. A pomba também é mansa. A pomba não tem com que
se defender. Ela pode ser morta, mas não mata ninguém. A pomba é pacífica como
o cordeiro é pacífico. São 2 símbolos do homem cristificado, do próprio Cristo.
Agora
vamos falar da serpente. Vocês que lêm um pouco de literatura oriental hoje em
dia, porque todo o mundo ocidental está eivado de literatura oriental, sabem
que na Índia a serpente se chama Naja. Quando eles usam a palavra cobra,
eles só entendem serpente venenosa. Usam a palavra Naja para qualquer serpente. Naja é toda
serpente da Índia. Também se pode escrever com y -Naya em vez de Naja
com j. E alguns escrevem até com g- Naga. Seja Naga, Naya ou mais
usualmente Naja - é serpente. Se vocês lerem o texto hebraico de Moisés, a
serpente se chama Nahash. Vocês não vêm
semelhança entre Nahash e Naja ? Em hebraico a serpente se chama Nahash-
e em sânscrito Naja. É evidente que a palavra é a mesma.
Se
Moisés não tivesse tido contato com a Índia, ele não teria usado a palavra Nahash
para serpente. Mas, é claro que ele teve contato com a Índia. Eu já disse
em outra aula: a Bíblia diz que Moisés foi para a Arábia quando ele tinha 40
anos, fugindo do Egito, onde ele tinha nascido. E ficou na Arábia 40 anos. De
40 até 80 anos ele foi pastor na Arábia. Mas a Arábia é oriente médio. A Índia
é oriente longínquo, mas ambos são paises asiáticos, não são ocidentais. São
paises da Ásia tanto a Arábia como também a Índia.
Então, é muito
provável que Moisés tenha tido contato com a Índia, talvez tenha ido
pessoalmente à Índia. 40 anos tinha tempo de sobra, para ir até a pé, pois, lá
não tinha muito transporte como hoje. Bem, cavalos já havia, camelos e
elefantes havia como transporte, mas não havia trens e ônibus, muito menos
aviões, mas ele podia mesmo ir a pé. Em 40 anos podia folgadamente ir lá, ficar muito tempo na Índia e voltar para a
Arábia. E, provavelmente ele fez isto, porque no Gênesis está cheio de palavras
hindus, sânscritas, inclusive a palavra serpente, Nahash,em vez de Naja.
Então,
Moisés também pegou a idéia da serpente para simbolizar o homem em certo
estágio da sua evolução. O homem mental, o homem intelectual é chamado a
serpente, como na Índia Naja e em hebraico, Nahash. Em todos os
povos a idéia de serpente, ou de dragão como se diz no Tibete e na China, é a
idéia da inteligência. Quando alguém é muito inteligente eles dizem: “ele é
serpente, ele é cobra”. Nós também usamos a expressão: “ele é muito
cobra”. A idéia de serpente e dragão também quer dizer mago. Em todos
paises orientais, na China, no Tibete... dragão, serpente, mago e feiticeiro
são a mesma coisa. Quando alguém tem faculdades superiores às faculdades comuns
dizem: ele é um mago, ele é um feiticeiro. Ele faz coisas que nós não podemos
fazer.
Até
os nossos indígenas, aqui nas florestas do Brasil, usam a serpente como coisa
superior. Eu me lembro sempre de um antigo livro que eu li outrora, de um padre
missionário italiano que foi para o Mato Grosso para uma tribo de índios completamente
selvagens. E ele foi tão admirado lá pelos índios (um padre italiano chamado
Colbaquini), e a tribo o nomeou membro honorário da tribo dos índios. Fez uma
grande festa para conferir ao padre Colbaquini o título de membro honorário da
tribo deles. E lhe deram o título de cobra grande. Na língua deles Boiguaçu.
O padre ficou com o nome de Boiguaçu. Boi, Boia quer dizer cobra, e guaçu,
grande.
Por
que? Porque o padre Colbaquini sabia de coisas, sobretudo de medicina e plantas
que curavam os índios. Diziam: “este é um mago, é um feiticeiro, é uma cobra
grande.” Quer dizer, os nossos
índios também entendem que cobra é qualquer
coisa superior, fora do comum. Boiguaçu, cobra grande, dragão,
serpente, sempre deu a idéia que representa algum poder superior.
Na
Índia ficou célebre a história da kundalini, que é a serpente. Kundala
(enroscado), e kundalini é uma personificação da palavra kundala
que não é propriamente serpente. Quer dizer enroscado. Porque a serpente quando
faz hibernação... (todas as serpentes hibernam no inverno, nos países frios).
Aqui no Brasil também no sul, a cobra faz hibernação. Ela dorme durante 2 ou 3
meses contínuo, nos meses frios (junho, julho, agosto). A serpente se esconde
debaixo duma pedra num velho cupinzeiro ou noutro esconderijo seguro e dorme.
Não come nada durante 3 meses inteiros e não morre. Ela come muito antes de
dormir, engole algum animalzinho, porque as serpentes são carnívoras e depois
se deitam aí para dormir. Durante 6 meses faz hibernação.
Anos
atrás houve aqui, no Largo Paissandu, um iogue que fazia demonstrações que se
podia viver meses inteiros sem comer. Mandaram construir uma casinha para ele,
com janelas de vidro. E lá estava deitado o iogue em cima duma cama de pregos
como eles costumam fazer. Ficou 130 dias sem comer nada, vigiado pelos médicos
de São Paulo, controlando cada dia o estado de saúde dele. E quando eu fui lá,
uma vez, espiar pela janelinha (não se podia entrar, mas, a gente podia espiar
pela janela), a casinha estava cheia de cobras. Rastejando por cima dele! Não
eram venenosas, eu creio, pois, há muitas cobras que não são venenosas. Mas
eram cobras verdadeiras, vivas.
Eu perguntei a
alguém: “Por que é que ele tem cobras lá dentro?” “Ah!” dissera alguém “isto dá
muita vitalidade e as auras das cobras dão muita vitalidade, por isso ele
agüenta melhor o jejum na presença das cobras.”
Coisa
estranha, não? “Por que é que a cobra dá vitalidade? Porque ela tem uma
vitalidade estranha. Ela pode viver meses e meses sem comer. Mesmo fora da
hibernação ela pode passar um mês inteiro comendo uma só vez, por mês. Quer
dizer, a cobra foi sempre o símbolo da vitalidade. Come e vive muito bem sem
comer. Então, os hindus acharam que eles deviam considerar a Naja, a
serpente, como vitalidade e atribuíram ao homem a vitalidade. E como a nossa
coluna vertebral tem a forma de uma serpente...
Quem vê isto assim diz que isto é uma serpente. Uma cabecinha em cima e o último chakra tem a forma de um grande esse, assim, com 2 curvas. E como toda a nossa vitalidade passa através
da coluna vertebral, a filosofia hindu de 7000 anos de existência achou que a
coluna vertebral era uma espécie de serpente, porque dá vitalidade ao nosso corpo.
Discutiu-se
muito, onde está a sede da vida no nosso corpo. Muitos acham que está no
cérebro, outros que está no coração,
outros que a sede da vida está no sangue. Mas, os mais antigos filósofos da
Índia já sabiam que a sede da nossa vitalidade está na coluna vertebral. Porque
a coluna vertebral é toda atravessada pelos nervos. Porque as vértebras têm uma
abertura no meio e através desta abertura passa um líquido e dentro do líquido
estão os nervos. Passam os nervos através da medula da coluna vertebral. E,
como sem nervos ninguém tem consciência, nós não podemos sentir nada senão
através dos nervos, era muito natural que os filósofos antigos considerassem os
nervos a sede da própria vida. E, descobriram que os nervos são os canais por
onde a vida cósmica se comunica a nós. Os nervos da coluna vertebral são canais
que estão em contato com a vida cósmica, com a vida universal. Comunica a nós
através destes condutores misteriosos que são os nervos.
Nós sabemos
que o nosso ar é condutor da nossa voz. Quando estou falando e vós estais
ouvindo a minha voz, se não tivesse ar entre mim e vós, vós não ouviríeis nada.
Na lua, por exemplo, a gente não pode falar assim. Os astronautas que estiveram
lá não puderam falar um com outro. Nem assim, um em frente ao outro. Deviam
fazer sinais para se comunicar, porque na lua não há ar. O ar transmite as
vibrações da voz, mas nós podemos falar
porque há ar e nós nos comunicamos até 100 ou 200 m, muito mais, não.
Mas
se nós quisermos uma longa distância, não basta o ar, precisamos de outro
condutor, outro veículo. Através do ar chega a voz. Através dos fios metálicos
vai a eletricidade dos antigos telégrafos, que precisavam de fios metálicos
para mandar um telegrama. A eletricidade vai pelos fios. A eletrônica não precisa nem fios. Basta o éter. Entre nós
e a lua não há ar, mas há o éter e nós podemos mandar mensagens eletrônicas
daqui para a lua. Não precisamos nem do ar. Quer dizer, são outros veículos:
ar, fios metálicos e éter. E os nervos são veículos de energia cósmica.
2a parte
Nervos são veículos de energia cósmica que é
transmitida a nós. Nós não temos consciência se não temos comunicação dos
nervos. Quando vocês estão doentes e precisam de uma operação, eles lhes dão
anestesia. Se precisarem fazer operação num braço eles dão anestesia local e o
cirurgião pode cortar o que quiser aqui. Vocês não sentem nada. Por que
vocês não sentem? Porque os nervos estão interrompidos, estão
insensibilizados. A anestesia (palavra grega para insensibilidade) suspende a
função dos nervos temporariamente e por isso nós não sentimos nada naquela
parte do corpo, onde não há comunicação de nervos.
E quando
precisamos de anestesia total, então,
dão uma injeção que abrange o nosso corpo inteiro, fora o coração. O
coração é independente, graças a Deus, ele não pára. É muito estranho! Todos os
nervos param. O coração continua a bater regularmente. E a respiração também
continua, senão não poderíamos ser anestesiados sem morrer. Mas, podemos ser
anestesiados e continuarmos a viver. Mas ficamos completamente inconscientes.
Não sabemos nada que o cirurgião está fazendo durante a anestesia.

Einstein diz:
“matéria é energia congelada, mas energia é matéria descongelada”. Nós
podemos fotografar energia congelada em matéria, mas não podemos fotografar
energia pura.
Então, os
hindus dizem que os chakras, os centros energéticos, de energia cósmica,
que estão na coluna vertebral são reais, mas, não são materiais. Então, vamos
localizar o centro mais baixo aqui, logo vem outro centro. Não tem rodinha
nenhuma. Aqui no meio está vazio. Aqui é bem embaixo, aqui pouco mais acima, na
altura do umbigo. Aqui continua o outro na altura do coração. Outro mais ou
menos, da laringe e outro logo debaixo do cérebro. Lá termina a coluna
vertebral. E o último centro é uma forma
alongada. Uma espécie de pêra mais grossa para cima e mais para baixo.
E através de
toda esta coluna vertebral cheia de nervos, todos os nervos passam aí depois se
ramificam para os membros, passa a nossa vitalidade em diversos graus. Quanto
mais consciente a vitalidade, mais poderosa ela é. Mas, lá embaixo ela é apenas
subconsciente, talvez inconsciente. O último é mais ou menos inconsciente.
Depois já é ligeiramente consciente no segundo centro. Mais consciente (à
medida que vai subindo). E lá em cima no último, consciente. Isto seria a nossa
coluna vertebral. Aqui seria do animal horizontal. E aqui seria um estado de
completa dormência.
Então, eles
distinguiram kundalini, isto é, serpente enroscada, completamente enroscada,
quando estamos inconscientes. Nós sentimos instintivamente, mas não pensamos.
Isto é a parte mais baixa da consciência que seria uma subconsciência ou
inconsciência. Aquilo que Freud chama id, a coisa
puramente vital, mas ainda não mental, nem emocional propriamente. Puramente
vital, a vitalidade pura do animal. Subindo já entra a idéia da reprodução, a
individualidade subconsciente. Aqui já há uma individualidade com idéia de
reprodução. A parte sexual está mais ou menos à altura dos órgãos genitais. E
aqui já tem uma maior consciência, consciência de possessividade, de possuir
algum objeto. Aqui já tem uma consciência de emotividade, consciência de
mentalidade e lá em cima, consciência cósmica. Consciência já está em contato
com outra esfera do universo que não é mais matéria pura.
Então, eles
inventaram que quando o homem está completamente inconsciente, é serpente em
forma de Kundala ou de kundalini, serpente enroscada, serpente
dormente. Depois, a serpente acorda, começa a mentalização. Começa o homem a
mentalizar. Ele cria uma ligeira consciência mental de si mesmo, uma
consciência reflexiva.
Aí a serpente
se desenrola e começa a rastejar horizontalmente na terra. Isto seria a velha
humanidade. Aí no enroscado não é nem humanidade, é pura animalidade. Aqui
começa a hominalidade. Começa o despertamento da consciência do ego. Porque no
subconsciente não há ego nem eu. O puro id, diria Freud. Aqui começa a
consciência do ego e o superego seria isto aqui que nós chamamos o Eu
verdadeiro. Seria o infra-ego, o ego e o supra-ego, ou como nós dizemos, o Eu.
Nós somos os
únicos seres aqui na terra, verticalizados, de cabeça para cima.Verticalizados,
de andar ereto, de cabeça para cima.Os únicos do Planeta Terra. O animal é
horizontal porque a coluna vertebral do animal é paralela a terra. E a planta
também é vertical, mas de cabeça para baixo. É claro que a planta é vertical,
mas não tem a cabeça para cima. A planta é vertical de cabeça para baixo porque
as raízes da planta são a cabeça da planta. A planta se nutre pelas raízes.
Come pelas raízes. Nenhuma planta pode viver sem terra. Está presa na terra e
tira sua nutrição da terra. A planta pode ser chamada um ser vivo, vertical,
mas, de cabeça para baixo. Depois vem o animal que é um ser vivo horizontal com
a cabeça para o lado e em 3o lugar vem o homem. Um ser vivo vertical
de cabeça para cima.
Por que é que
nós temos a cabeça para cima? Porque precisamos da nossa antena. A nossa antena
poderosa: primeiro a coluna vertebral com suas antenas cósmicas, os nervos. Sem
nervos nós não estamos em contato com o cosmos. Então, nós temos os nervos
verticalizados para cima, porque a nossa evolução vai rumo ao infinito.A planta
não precisa disto porque a sua evolução vai rumo a terra. O animal não precisa
disto porque a sua evolução é terrestre. Mas o homem precisa da antena para
cima porque a sua evolução mostra os espaços sem limites, lá em cima.
Por isso é que
nós fazemos a meditação de cabeça para cima. Muita gente pergunta se a gente
pode fazer meditação deitado. Eu digo, não. Não é porque deitado facilmente a
gente cai vítima do sono, mas também, deitado a antena está em posição
imprópria. A nossa antena tem que estar para cima onde não há nada, só o espaço
infinito. Por isso, a meditação se pode fazer ou em pé, ou sentado. Não se pode
fazer deitado a meditação verdadeira. A antena não funciona corretamente quando
não está em posição vertical. Do cérebro, não vamos falar por enquanto.
Tudo isto se
sabia: Aqui estão os 6 chakras e aqui está o sétimo, na base da testa,
que chama o olho de Shiva, o olho simples do Evangelho, ou o olho do
Cristo. Tudo isto é a mesma coisa. No oriente se chama o 7o chakra,
entre as sobrancelhas, o olho de Shiva. Shiva corresponde ao nosso
Espírito Santo porque eles têm a
trindade: Brahma, Vishnu e Shiva. A trindade é universal em todos os
povos. Não é nenhum privilégio do cristianismo a idéia da trindade. Brahman,
a Divindade, sempre se revela de 3 modos: como creador, como continuador e como
consumador, exterminador.
O creador chama Brahma.
O continuador chama Vishnu.
O consumador chama Shiva, que
corresponde ao nosso Espírito Santo.
Então, o
Espírito Santo seria o 7o- chakra aí na base da testa. Está
em comunicação com o 6o chakra através duma glândula no meio
do cérebro. Hoje em dia, quase completamente atrofiada, e se chama glândula
pineal. Quase não funciona, nos grandes videntes funciona. No homem comum a
glândula pineal que seria uma ligação entre o 6o chakra e o 7o
está quase atrofiada. Agora, por uma meditação bem conduzida, esta glândula
pineal que está no meio do cérebro desperta outra vez, se regenera. Por isso
convém fazer meditação, porque produz intuição espiritual. A intuição é
essencialmente no 7o chakra, na base da testa.
O resto são
análises mentais. E embaixo não é sequer análise. Aqui é vitalidade, aqui é
emocionalidade, mentalidade e cosmicidade. Lá está o 7o- chakra
como a intuição suprema.
Bem, Moisés
introduziu a serpente no Gênesis. Evidentemente ele esteve em contato com a
filosofia hindu, no Egito onde já se sabia há muitos milênios destas coisas. O
nosso Gênesis remonta ao ano 3500, partindo do nosso tempo. Mas a filosofia
oriental tem 7000 anos. Quer dizer que é o dobro de 3500. Quando Moisés
apareceu, a filosofia hindu já tinha 3500 anos de existência. Quer dizer que já
estava muito aperfeiçoada esta idéia de que toda a nossa energia cósmica, flui
através da coluna vertebral.
Em evolução
muito baixa, só funcionam estes centros aqui. Isto funciona no animal também e
numa evolução mais adiantada funcionam estes centros superiores. Emocional, na
altura do coração, mental na altura da laringe, e sobretudo o centro cósmico
que é o contato entre o mundo material e o mundo espiritual. Lá no 6o-
chakra, aí o verbo se faz carne propriamente. O mundo espiritual se materializa. Isto se chama “o
verbo se faz carne” quando o mundo espiritual aparece em forma
materializada. Exatamente a idéia da encarnação do verbo. O Cristo aparece em
personalidade humana.
Então vamos
voltar ao Gênesis, agora. Quando Moisés diz que a serpente entrou em conflito
com o sopro de Deus, o que ele quer dizer com isto? Todo o Gênesis gira em
torno desta idéia: o sopro de Deus que tinha sido comunicado a Adão; depois não
se desenvolveu o sopro de Deus porque a serpente interveio e barrou ,
interceptou a passagem, entrou em conflito. A serpente é mental. O sopro de
Deus é espiritual, aí a parte mental do homem entra em conflito com sua parte
espiritual. Isto é que está no Gênesis.
Vocês nunca vão entender nada do Gênesis sem
conhecerem a filosofia oriental. A filosofia oriental tem 7000 anos de
existência. O Gênesis tem 3500 anos, apenas. E somente sobre a base da coluna vertebral do homem,
através da qual passa toda a vitalidade e toda a consciência do homem. Sem
conhecer isto vocês não podem compreender o que Moisés quis dizer. Que os Elohim,
as potências creadoras, insuflaram no rosto do homem, o espírito divino. Mas,
interveio a serpente e barrou a passagem, interceptou a evolução. Então,
estabeleceu o conflito entre a serpente mental e o espírito, o sopro
espiritual.
Agora, entra
em conflito o sopro espiritual que veio de cima e a voz da serpente que veio de
baixo. Entraram em conflito o homem espiritual Eu, e o homem mental ego. Isto é
o que está lá no Gênesis, em forma de parábola, porque todo Gênesis é uma
parábola. Vocês não podem analisar o Gênesis ao pé da letra. Vocês têm que
intuir, vocês têm que adivinhar o que Moisés quis dizer. E quando o grande
vidente fala, ele usa termos comuns do dicionário, mas o que ele viu não tem
nada que ver com o dicionário. Dicionários são analíticos, são intelectuais,
mas, o que ele viu não era intelectual. Aquilo era cósmico, era transcendente.
Não tem palavras para
dizer o que se vê numa visão. A gente vê a realidade, mas, se começa a pensar
já está adulterado. E se começa a falar está 2 vezes adulterado. E se começa a
escrever está 3 vezes adulterado. Nós não podemos reproduzir a visão da verdade
em forma de pensamentos, em forma de palavras, em forma de um livro.
Tudo
isto são tentativas de dizer o indizível, como diz São Paulo. Não se pode nem
pensar a verdade. Então, os grandes videntes fazem o possível, dizendo em
palavras humanas o que eles viram no espírito. Mas, através destas concepções
da filosofia oriental que é muito profunda e antiga, a gente pode adivinhar
mais ou menos, o que é que Moisés quis dizer com o sopro de Deus e o sibilo da
serpente, que interveio e obstruiu o sopro de Deus.
À
primeira vista parece como nossos os bons teólogos dizem, que Deus foi
derrotado pela serpente. E eles entendem que a serpente era o diabo. Então,
Deus foi derrotado pelo diabo. Bem, isto
é uma idéia muito infantil. Deus não pode ser derrotado por nenhuma creatura,
nem pelo diabo. É claro que ele não foi derrotado, mas era necessário que estas
2 forças da natureza humana: o espírito
e a mente entrassem em conflito. Porque o ego é o pior inimigo do Eu, embora
o Eu seje o melhor amigo do ego. O mental é o pior inimigo do espiritual, mas o
espiritual é o melhor amigo do mental. Isto está na Bhagavad Gita.
E
Moisés sabia tudo isto. E por isso ele apresentou o Gênesis, em forma de
conflito entre 2 forças do homem. Entre a força espiritual que ele chama o
sopro dos Elohim e a força mental, que ele identifica com a serpente. A
serpente nada tem que ver com uma cobra. É a coluna vertebral, por onde passa a
consciência do homem. Também não tem nada que ver com o diabo. Bem, se nossa
mente é o diabo, então é o diabo mesmo. A nossa mente muitas vezes funciona
como se fosse o diabo.
Quando
Pedro não quis aceitar a idéia de Jesus, de que ele devia morrer. Jesus disse:
“Vá de retro satanás”. Vá à retaguarda satanás. Chamou Pedro de satanás,
mas Pedro era uma pessoa humana. Não era nenhum satanás de outro mundo. O que
Jesus quis dizer: “Tu estás procedendo como adversário do espírito. A
tua mente humana está opondo ao meu espírito.” Satanás é a palavra hebraica
para adversário. E de Judas ele diz: “Eu vos escolhi a vós 12, mas, um de
vós é diabo.” Aí ele usa a palavra grega, diabo. Diabo, quer dizer opositor
e satanás quer dizer adversário.
A
nossa mente muitas vezes é muitas vezes o satanás, e muitas vezes o diabo.
Quando ela se opõe ao espírito, então ela é adversária. Ela é opositor. Então,
ela pode ser chamada satanás. Jesus chama a mente de Pedro satanás. E a mente
de Judas, ele chama diabo, mas eram pessoas humanas. Quer dizer, satanás e
diabo não são personalidades. São funções do homem. Nós podemos funcionar
satanicamente, nós podemos funcionar diabolicamente, quando a nossa parte
mental, o nosso ego propriamente se opõe à nossa parte espiritual, ao nosso Eu.
Então nós funcionamos como satanás. Funcionamos como diabo.
Tudo isto
precisam saber porque sem isto, não é possível compreender a parábola do
Gênesis. Porque Moisés sabia de tudo isto. Ele tinha feito meditação de 40
anos. Não de 1 hora, como nós fazemos, ou de meia hora como fazemos na 2a-
feira. Uma meditação nos desertos da Arábia. 40 anos de pastor. Ele deve ter
feito meditações prolongadas e profundas
e chegou à intuição espiritual, para além de toda análise intelectual. Isto dá
para digerir uma semana.
TRANSCRIÇÃO DA AULA 07 - As duas árvores do Éden
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 7: As duas árvores do Éden.
10/05/1977
Geralmente nós
representamos isto assim mais ou menos,
o homem em meditação- a coluna vertebral visível (devia ser atrás, mas eu quis
fazer aqui), depois árvore da vida aqui. A árvore do conhecimento do
bem e do mal, lá embaixo. Isto é tudo da Índia.
10/05/1977
Antes de
começar propriamente, eu trouxe aqui 2 volumes enormes, porque todas as nossas
aulas são baseadas sobre isto: A Septuaginta. Estes 2 volumes são o
texto mais antigo do Gênesis que nós possuímos, atualmente. Não está em
hebraico como o original. Está em grego. A Septuaginta são 2 volumes
editados pelo Instituto Bíblico de Stuttgart- Alemanha, com o texto
grego do Antigo Testamento completo. Nós não temos o texto hebraico, mas temos
o texto grego que vem de 300 anos antes da era cristã, o texto mais antigo que
possuímos. Porque o Antigo testamento foi escrito em1500 anos aC, mas, 300 anos
aC foi feita a tradução para o grego, em Alexandria, na África. Alexandria era
o grande centro de cultura helênica daquele tempo. Hoje está um montão de
ruínas.
Eu estou me
referindo muito a isto porque é igual ao texto hebraico de Moisés, e do Antigo
Testamento. Outra coisa, eu estou me referindo muitas vezes às coisas sobre a
origem do homem, em relação à filosofia oriental, porque é evidente que Moisés
conhecia muito bem a filosofia oriental. Ele usa muitas palavras sânscritas e
provavelmente ele esteve na Índia. Toda esta história da árvore da vida de que
vamos falar daqui a pouco é toda da Índia. A árvore da vida é a coluna
vertebral.
E Moisés
usa os mesmos termos. Por isso convém estar a par das coisas. Todos conhecem
esta posição de meditação. A posição que os hindus usam em meditação, mostrando
as duas árvores: A árvore do conhecimento do bem e do mal embaixo e a árvore
da vida em cima. É a coluna vertebral. Muitos já conhecem esta posição de
flor de lótus. E quando alguém está em perfeito samadi, em alto êxtase,
que é o ponto culminante da meditação espiritual. É exatamente isto que
tirei deste livro aqui.
Aqui, está perfeitamente a posição
dos olhos, ligeiramente voltados pelo nariz. A posição
das pálpebras cortando a metade das pupilas.
É bom saber isto, porque nós
temos que nos referir muitas vezes a isto. No alto da cabeça desta figura está
o lótus de 1000 pétalas. O lótus de 1000 pétalas é uma irradiação
do cérebro, quando nós estamos em alta concentração, em meditação, em samadi,
em êxtase, em satori como dizem os zen-budistas. Então, o nosso
cérebro irradia ondas cósmicas que os hindus chamam a flor de lótus de
1000 pétalas; uma espécie de irradiação luminosa. Às vezes esta irradiação
luminosa do cérebro se torna visível em forma de aura, envolvendo luminosamente
a cabeça. Aura, cujo diminutivo é auréola (do latim). Nós fazemos as auréolas,
nas cabeças dos santos. E às vezes todo o corpo fica circundado de luz.
São irradiações cósmicas dos nervos e do
cérebro porque o nosso cérebro está todo penetrado de nervos. Começa sempre ao
redor do cérebro a irradiação. Começa em forma de auréola luminosa ao redor da
cabeça. Pouco a pouco, toma conta de toda coluna vertebral que são os feixes de
nervos, e irradia por todo corpo.Os hindus sabiam disto, porque eles tinham uma
cultura de 7000 anos, cultura muito espiritual. E representa isto deste modo.
Aqui está o
melhor livro que eu conheço sobre kundalini, pelo grande autor Arthur
Avalon, cujo nome verdadeiro é John Woodroffe que foi alto
funcionário da justiça britânica na Índia, antes da emancipação da Índia. Então
o Sr. John Woodroffe ocupava-se muito com o estudo da filosofia
oriental, o que conhecia a fundo. E se entusiasmou pela irradiação da coluna
vertebral e os 6 centros da coluna vertebral: os 6 chakras.
Aqui está a
serpente e aqui está o olho de Shiva.
Este livro se
chama em inglês “The serpent power”, o poder da serpente. Aqui está a
edição alemã, cheio de ilustrações dos chakras em diversas cores, porque
dizem que os chakras têm cores. E a última está aí. Eu digo isto porque
nós nos referimos muitas vezes a estas coisas.
Agora vamos
retomar o fio, vamos repensar o que Moisés
pensou 3 500 anos antes da nossa era.
Quando Moisés concebeu
por intuição cósmica, a origem do universo e a origem da humanidade, ele estava
como eu já disse, na Arábia, entre 40 e 80 anos. Ele fugiu do Egito com 40
anos. Até 40 anos ele viveu na corte do faraó. E ele foi expulso do Egito
porque ele quis libertar o povo escravizado. Havia 400 anos que estava
escravizado e ele queria libertar o povo, mas os faraós não queriam deixar
partir o povo, porque eram bons operários. Construíram tantas coisas no Egito e
Moisés queria libertá-los do poder do faraó. Isto foi considerado subversão.
Ele era um subversivo, e quem quer libertar um povo sujeito a outro povo,
naturalmente é um Tiradentes, e tem que ser enforcado, mas aconteceu a coisa
mais estranha. Todos os príncipes do Egito queriam que Moisés fosse morto. Pena
de morte para os subversivos!
Mas o faraó
daquele tempo, que não sabemos se era Ramsés I ou Ramsés II, teve uma
inspiração estranha. Este filme “Os dez mandamentos”, representa muito bem a
cena. O faraó diz: “Manda vir Moisés aqui”. E Moisés apareceu diante do
faraó. O faraó diz: “Moisés, tu que és um traidor, um subversivo, eu te condeno
para a vida.” Todos esperavam que condenasse para a morte. Ele disse: “Eu
te condeno para a vida, para uma vida de solidão. Vai ser expulso do Egito e
vai ser tocado para dentro do deserto, e vais morrer no deserto”. Condenou
Moisés a uma vida de solidão.
Foi o maior beneficio
que o faraó fez a Moisés, se não fosse isto, nós não teríamos nem o Gênesis.
Porque Moisés foi para a solidão...caminhou, caminhou...até a Arábia, para a
Ásia, portanto, para o oriente médio. E se tornou pastor do seu futuro sogro
Ietro. E foi pastor durante 40 longos anos, guardando os rebanhos, lá nas
estepes da Arábia. E, lá se tornou tremendamente intuitivo, porque a solidão
favorece à intuição, é sabido. A sociedade favorece à análise, às conversas e
aos pensamentos, mas, a solidão favorece à experiência cósmica. Na solidão, a
gente deixa de ser ego-pensante e se torna pouco a pouco cosmopensado.
Como eu digo
isto? Quando nós não pensamos mais por nossa conta, nós somos pensados, pela
própria Alma do Universo, então nós somos intuitivos. E Moisés se tornou
tremendamente intuitivo e cosmo-pensado, na solidão da Arábia. E, lá ele
escreveu o Gênesis. O que ele viu nas suas visões cósmicas, ele procurou dizer
em palavras humanas, em hebraico daquele tempo. Mas, naturalmente uma intuição
cósmica não se pode reproduzir em
pensamentos analíticos. Nunca dá certo. De maneira que a gente tem que usar
parábolas. As grandes coisas sempre são expressas em parábolas.
Jesus usou
mais de 30 parábolas para dizer o que era o reino de Deus. O reino de Deus é
semelhante a isto, o reino de Deus é semelhante a um grão de mostarda... O
reino de Deus é semelhante a uma festa de núpcias... o reino de Deus é
semelhante a uma rede de pescadores. São parábolas, são comparações e
alegorias.
E, Moisés fez
a mesma coisa. Então, ele descreve como é que o homem apareceu neste mundo, mas
nós não devemos tomar isto ao pé da letra. As parábolas têm que ser
adivinhadas, interpretadas e não podem ser analisadas intelectualmente. Então,
Moisés conta que os Elohim (as Potências, ele não usa a palavra Deus,
ele diz sempre, os Elohim), as Potências Cósmicas, resolveram crear o
homem, porque ele já tinha creado muitas outras creaturas. Já havia creaturas
minerais, creaturas vegetais, creaturas animais, mas não havia homem sobre a
face da terra. Então, os Elohim, as Potências Cósmicas, resolveram crear
uma outra creatura, diferente daquelas que já existiam; mas, serviram-se de uma
creatura já existente para lhe comunicar o espírito dos Elohim.
Teilhard de
Chardin explica muito bem isto em seu livro: “O Fenômeno Humano”.
Imagine uma linha horizontal, que são as creaturas já existentes. Creaturas
minerais, creaturas vegetais, creaturas animais. De repente, vem de cima uma
vertical, sobre a linha horizontal. Isto é a invasão do espírito dos Elohim sobre
uma creatura viva já existente. Pelo Gênesis é evidente, e pelo Apocalipse é
evidente, que o espírito dos Elohim (o espírito divino) foi comunicado a
uma creatura que já existia, mas ainda não tinha espírito. Isto é evidente,
pelo Gênesis. O Gênesis diz que a Zoé foi comunicada a psyché.
Quem sabe um pouco de grego, sabe que psyché quer dizer, vital.
O princípio
vital chama psyché, o principio vital das plantas e dos animais. Podíamos dizer, a vitalidade,
a psyché. E a Zoé, na Bíblia sempre se chama a vida
espiritual. Zoé quer dizer vida,
mas não vida vegetal, não vida animal, mas vida espiritual. A planta só tem psyché.
O animal só tem psyché. Nós, além da psyché que é a nossa
vitalidade vegetal e animal que nós também temos, ainda recebemos a Zoé,
que é a expressão típica da Bíblia para
vida espiritual.
Então, o
Gênesis diz: Os Elohim comunicaram à sua Zoé, a psyché.
Comunicaram a sua vida espiritual à vida vegetal e animal, que já existia antes
de nós, mas, não existia ainda a vida espiritual. E agora a vida vegetal e
animal entram em conflito com a vida
espiritual. Esta descrição dramática do Gênesis, em forma de parábola toma
estas duas vidas; a vida nova de Zoé enxertada na vida antiga da psyché
animal. Entra em conflito porque a psyché se revolta contra o
advento duma vida nova, duma vida espiritual que ela não quer aceitar. Ela se
revolta. Aí vem toda a descrição que Moisés faz dramaticamente sobre a luta
entre as duas vidas. Entre a vida do animal e a vida espiritual. Não terminou
até hoje. Nós estamos em plena psyché e Zoé até hoje.
Bem, é bom
dizer que estas duas palavras ocorrem sempre aqui na Septuaginta grega. A Psyché
da vitalidade e a Zoé da espiritualidade. Outra palavra que ocorre
logo, paradeisos, que nós chamamos paraíso e que o latim chama paradisus,
quer dizer, viveiro. Bom, paraíso é viveiro, paradeisos,
em grego. Outra palavra que ocorre no Gênesis é Éden. Nós sempre
pensamos que o Éden fosse um jardim bonito, muito bem plantado. Uma
espécie de sítio cheio de árvores, e que Deus pôs o homem no Éden. O Éden
não é nenhum lugar. O Éden quer dizer gozo, em grego. Hoje em dia se
chama Hedoné. Os Hedonistas
no tempo da escola de Epicuro, eram chamados os gozadores. E hoje
em dia, quando o homem só pensa em prazeres, em gozos, dizem: é um hedonista.
Bem, em vez
de hedoné, que é a palavra grega para gozo, o Gênesis usa a palavra Éden,
que é uma abreviação disto aqui. Tirando o h (edoné) e pondo isto aqui,
dá Éden. Então, o paraíso do gozo, isto é o viveiro do gozo... os Elohim
colocaram esta nova creatura que tinha recebido o espírito de Deus, dentro
dum viveiro. Notai bem, isto está no Gênesis. Os Elohim depois de
crearem o espírito humano, colocaram-no dentro do Paradeisos –Éden, isto
é, no viveiro do gozo.
E todo mundo
pensa que o viveiro do gozo é um lugar muito bonito, uma chácara, um sítio,
mas, o Gênesis não supõe que isto seja um lugar. Ele supõe que era o corpo
humano. Colocaram o espírito divino dentro do corpo humano e o corpo humano é
chamado, o viveiro do gozo. Não se esqueçam disto. O corpo humano no Gênesis é
chamado por Moisés o viveiro do gozo, o paradeisos, Éden, em grego.
A Vulgata
latina que traduziu do grego, 200 anos depois de Cristo, não usa a palavra Éden.
Põe sempre gozo em vez de Éden. Fez muito bem, porque Éden não é
palavra latina. É palavra grega. Então a Vulgata que é latina, diz: “Os Elohim
puseram o homem no viveiro” – diz voluptatis, em latim. No viveiro
do gozo, no viveiro do prazer. No viveiro de delícias. Paraíso é viveiro e Éden
é gozo. No paraíso do gozo, ou viveiro do gozo.
Então,
continuando, Moisés diz: E quando o espírito tinha sido colocado no viveiro do
gozo, os Elohim disseram: “Neste viveiro há duas árvores, uma é a
árvore do conhecimento do bem e do mal, e a outra é a árvore da vida.” Está lá. no Gênesis. Duas
árvores estavam no meio do viveiro, no meio do paraíso do gozo. Uma árvore era
a árvore do conhecimento do bem e do mal e a outra árvore era a árvore da vida
eterna. Agora nós sempre pensamos que eram duas árvores, uma árvore plantada
aqui e outra, plantada lá.
Moisés não
fala absolutamente de árvores. O que é que ele chama árvores? Duas faculdades
do corpo humano. Uma faculdade material e uma faculdade espiritual, ele chama
árvore. Vamos ver se podemos descobrir o sentido das duas árvores. Então, o
Gênesis diz que as duas árvores, ambas estavam plantadas no meio do viveiro.
Quer dizer, as duas árvores estavam plantadas no meio do nosso corpo, porque o
viveiro é o nosso corpo. Não é nenhum lugar geográfico. É o nosso corpo que é o
viveiro da alma.
A nossa alma foi
plantada dentro do viveiro do nosso corpo. E no viveiro do nosso corpo, as duas
árvores, uma embaixo e outra bem em cima, mas, ambas estão no centro. Não podia
estar no mesmo lugar, mas pode estar na mesma linha vertical. Isto é o que
Moisés quis dizer. Agora vamos ver se descobrimos as duas árvores de que fala
Moisés. A mais misteriosa é sempre a árvore do conhecimento do bem e do mal.
Tem-se
escrito uma literatura inteira, há dois mil anos, para saber o que Moisés quis
dizer com a árvore do conhecimento do bem e do mal. Porque os Elohim disseram:
“vós não deveis comer do fruto desta árvore”. É proibido comer do fruto
da árvore do conhecimento do bem e do mal. “E se comerdes do fruto desta
árvore, morrereis”. Deveis comer do fruto da árvore da vida, mas não do
fruto da árvore conhecimento do bem e do mal. E nós estamos boiando, o que
Moisés quis dizer? Por que ele não falou mais claro? Bem, a gente não pode
falar claro quando tem visões. Quem tem uma visão cósmica, e depois quer dizer
aos outros o que ele viu, não pode dizer nada.
São Paulo teve isto, ele
foi arrebatado ao terceiro céu e lá ele ouviu ditos indizíveis. Imagine! Ditos
indizíveis! Paulo de Tarso! Ditos que ninguém pode dizer! Ele tentou dizer, mas
não conseguiu dizer. E Jesus usa sempre a mesma coisa. O reino de Deus é
semelhante a...Nunca diz o que o reino dos céus é. Nunca se pode dizer aos
profanos o que é o reino dos céus. O místico que teve experiência do reino dos
céus sabe o que é, mas, um bando de profanos que não teve vidências místicas,
ouve e não entende nada. Então Jesus sempre usava parábolas. E Moisés usa
parábolas dizendo: “Havia duas árvores no viveiro do gozo” , que é o
nosso corpo.
Ambos dão gozo: A
primeira árvore dá gozo e a segunda árvore também dá gozo. Mas, ele diz que os
Elohim tinham proibido ao homem de comer do fruto da primeira árvore, que
era a árvore do conhecimento do bem e do mal. Que é isto? Árvore do
conhecimento do bem e do mal? Estava no meio do viveiro das delícias. No meio,
portanto, no meio do corpo, mas, uma árvore estava no meio em baixo, e outra no
meio em cima. Moisés faz claramente ver isto.
Vamos ver o que é a
árvore do conhecimento. Esta palavra conhecer é uma palavra bíblica que ninguém
compreende. A Bíblia constantemente usa a palavra conhecer quando fala de
relações sexuais. Constantemente! Veja lá: Adão conheceu sua mulher e ela
concebeu. Teve relações sexuais com ela e ela concebeu. Está no Gênesis,
conhecer se chama isto, conhecer é ter relações sexuais.
E Maria no NT...no
Evangelho, o anjo Gabriel aparece a Maria e diz: “-Serás mãe!” E Maria diz: “-Como é
que vou ser mãe, eu não conheço varão?” “Eu não conheço homem, varão”
está lá. Varão, homem na forma masculina, mas ela não conhecia José? Não era
noiva de José? Como é que Maria afirma que não conhece homem?
Ela não quer dizer que
não conhece mentalmente. Ela conhecia José, do contrário, não seria noiva de
José. Ela quer dizer: “-eu não tenho relações sexuais com nenhum homem.”
Isto está lá, no Evangelho. Ela usa a palavra conhecer, em vez de dizer: “-Eu
não tenho relações sexuais com nenhum homem, e por isso não posso ser mãe”.
Então, quando vem a resposta do anjo, aquele tal varão divino (Gabri é
varão – El é Deus; varão de Deus, aquele que fez a anunciação)...
Quando o homem de Deus
lhe explica que ela não precisa ter relações sexuais, mas, que ela será
fecundada por uma vibração superior, a vibração do mais alto grau sobre ti,
então, ela consente em ser mãe, mas, sem relações sexuais. Outra vez ela usa a
palavra conhecer. Quer dizer, a árvore do conhecimento é a árvore da
sexualidade.
A Bíblia usa
constantemente conhecer em vez de sexo. Precisa saber disto, senão vocês não
entendem nada. Então, os Elohim disseram: “Não deveis comer do fruto
das coisas sexuais, porque o fruto disto dá corpo mortal,” mas, é evidente
que pelas relações sexuais nós só podemos dar vida ao filho, mas, não podemos
dar vida imortal. Ninguém pode criar um corpo imortal pelo sexo. Ele vive
tantos anos e depois morre. E o nascimento e a morte, no Gênesis, são chamados
o bem e o mal. Esta é a árvore do conhecimento do bem e do mal. O bem é o
nascimento e o mal é a morte.
2a-PARTE
As relações
sexuais somente dão vida temporária, não dão vida imortal. Nascer e morrer são
os dois limites da vida criada pelo corpo masculino e feminino. Nenhuma relação
sexual pode dar vida imortal. Isto não existe. Então, Moisés disse: “se
comerdes do fruto do sexo sereis mortais, e vossos filhos também serão mortais”,
mas os Elohim queriam que os homens fossem imortais. Aqui está o grande
mistério. Os animais eram mortais. O animais não pode gerar uma prole imortal.
E o homem que comeu apenas do fruto do sexo não pode gerar um filho imortal,
mas, os Elohim queriam que o homem fosse imortal. Não somente no
espírito, mas também no corpo. Nós sempre pensamos que imortalidade se refere
somente ao espírito.
Não é
verdade, o Gênesis sempre supõe que o corpo do homem seja imortal, mas, uma
geração masculina e feminina não pode produzir um corpo imortal. Mas, o Gênesis
quer que haja homens imortais. Depois vem, como é que o homem se pode fazer
imortal, não só espiritualmente, mas
também fisicamente imortal?
De vez em quando aparece no Antigo Testamento
um homem imortal em corpo. Poucos aparecem aí. De Enoc, diz a Bíblia que
ele nunca morreu. Ele foi transformado em outro corpo. De Elias, a
Bíblia diz a mesma coisa. Ele foi arrebatado às alturas numa chama de fogo que
eram nuvens de fogo e que o povo diz: “são rodas de um carro”.
Interpretou as nuvens de fogo em que se transformou o corpo de Elias, dizendo:
“foi arrebatado ao espaço por um carro de fogo.”
Era um
fenômeno luminoso que transformou o corpo material num corpo astral. E o povo
viu isto como um carro de fogo. De Moisés, a mesma coisa. Diz que quando Moisés
tinha 120 anos, em plena juventude (a Bíblia insiste que Moisés nunca
envelheceu, nem com 120 anos, 40 anos no Egito, 40 anos na Arábia, e 40 anos na
peregrinação para a terra santa)...com 120 anos, ele subiu ao Monte Nebo, na
fronteira de Canaã, olhou aquela terra que lhe tinha sido prometida e nunca
mais voltou. E, nunca foi encontrado o corpo dele.
O que é que
aconteceu com Moisés? Ele se astralizou, é claro. Ele se desmaterializou e
transformou o seu corpo material num corpo astral. O corpo astral é um
verdadeiro corpo, mas, é feito de pura energia. Não de energia congelada, que é
matéria como diz Einstein, mas, de matéria descongelada que é pura energia.
Astral quer dizer energia. Então, o corpo de Moisés se desmaterializou e se
astralizou até hoje. Isto foi em 1500aC. E no tempo de Jesus ele reaparece.
Quer dizer,e 1500 anos depois de se ter desmaterializado, Moisés aparece no
Tabor, na transfiguração de Jesus. Aparece ele e outro imortal. Elias também
aparece aí. E os 3 apóstolos que estavam lá, Pedro, Tiago e João viram Moisés e
Elias flutuando no espaço, todos em corpos astrais, vivos, mas, não com corpo
material. Eles viram neste momento os corpos astrais no Tabor. Isto a Bíblia
conta: Enoc, Elias e Moisés já se
imortalizaram na vida presente. Os seus corpos, não só os seus espíritos.
Será que isto, nunca mais aconteceu? É claro
que aconteceu. Quem leu este maravilhoso livro de Paramahansa Yogananda, “Autobiografia
de um iogue”... aquele Babaji, aquele grande iogue do Himalaia, lá
da Índia, nunca morreu. Há trezentos anos que está aparecendo e desaparecendo.
Desapareceu sem morrer. Desmaterializou seu corpo pelo poder do espírito. E às
vezes ele reaparece, reúne seus discípulos lá no Himalaia, fica um mês inteiro
com eles, dá instruções. Babaji... depois diz: “Agora chega, vou-me
embora”. E de repente, ele se volatiliza, e não se vê mais nada dele. E
depois de algum tempo, reaparece outra vez em corpo físico, em corpo material.
Isto está lá escrito muito bem por Paramahansa Yogananda.
E, na Europa,
não acontece? No tempo da revolução francesa, eu tenho um livro inteiro sobre
isto, vivia sempre nas cortes da França, um conde, o Conde de Saint Germain.
Era um homem muito rico e eternamente jovem.
Sempre aparecia com a idade de 40 a 45 anos. Sempre no mesmo aspecto de
40 a 45 anos. Muito rico, o Conde de Saint Germain dava-se muito bem com
os reis e as rainhas da França; e preveniu que eles iam ser mortos e
guilhotinados se não mudassem de regime. E nós sabemos o que aconteceu na
revolução francesa. Todos os reis foram massacrados e as rainhas, Maria
Antonieta e outras, guilhotinadas barbaramente; porque a realeza tinha acabado,
e a democracia estava começando.
Isto foi em
1780, ou 90, por aí (Maria Antonieta foi morta em 1793). Faz quase 200 anos
agora. Lá vivia o Conde de Saint Germain. Falava com as rainhas e com os
reis. Era muito rico. Usava muitas jóias, diz o texto. Ele fabricava jóias pelo
poder mental; magia mental era coisa conhecida de Saint Germain. Quando
ele queria ouro ele fazia ouro. De qualquer material ele fazia ouro. Alquimia
mental. Quando ele queria um diamante ou um brilhante precioso, ele fazia de
qualquer substância, sobretudo de carvão. E quando ele queria pedras preciosas Saint
Germain fazia. Ele andava muito bem vestido. Usava muitas pedras preciosas,
mas não era apegado.
Quando alguém
queria, ele dava imediatamente, de graça, qualquer pedra preciosa, qualquer
diamante, qualquer jóia, ele dava. Era muito liberal. Ele tinha um poder imenso
de fazer jóias. Ele aparecia sempre nas cortes e preveniu os reis e as rainhas
da França que mudassem de regime, porque estavam na véspera de uma grande
catástrofe. Ele sabia da revolução francesa que foi uma coisa bárbara. Ele
falava 12 línguas, correntemente, sem nunca ter aprendido nenhuma. O francês
dele era com acento piemontês O Piemonte fazia parte da França. Ele tinha um
ligeiro sotaque piemontês, quer dizer, ele devia ter nascido no Piemonte.
Ele falava 12
línguas, inclusive o português, perfeitamente, sem sotaque. Qualquer língua que ele falava, ninguém podia
saber que não era a língua dele. Até falava sânscrito, falava grego, hebraico,
até falava latim. 12 línguas, Saint Germain falava correntemente. Pouco
depois, no tempo de Napoleão Bonaparte, ele apareceu pela ultima vez, na
Europa, 1825, parece que foi, e disse: “Eu me vou retirar para a Ásia, para
o Himalaia, e voltarei só nos piores dias da humanidade do ocidente.” Ainda
não voltou, está esperando dias piores, no fim deste século. Está profetizado
que no fim deste século terá uma grande conflagração mundial. E o Saint
Germain diz: “Eu voltarei quando o ocidente tiver nos seus piores dias.”
Este homem nunca morreu. Há 200 anos que ele está desmaterializando e
materializando seu corpo.
Quer dizer,
isto de ter corpo imortal, não é só da Bíblia, não é só do Antigo Testamento.
Jesus também tinha corpo imortal. Quando o queriam matar, ele não dava licença.
Dizia: “Não, não...meu tempo ainda não é chegado. Ainda não é chegado o meu
tempo para morrer.” E no fim ele disse: “Agora, eu vou ser preso, eu vou
ser morto, mas, ninguém me tira a vida. Eu deponho a minha vida quando eu quero
e retomo a minha vida quando eu quero.” Ele fez mais do que transformar o
seu corpo. Ele permitiu que seu corpo fosse destruído. Ele disse: “Destruí
este templo do meu corpo, e, em 3 dias eu vou reedificá-lo.”
Ele o fez.
Permitiu ser destruído para poder reconstruir o seu corpo. Isto é mais que
transformar. Os outros transformaram o seu corpo, sem morrer: Enoc, Elias,
Moisés, Babaji, Saint Germain e provavelmente muitos outros que nós não
sabemos. Jesus disse: “Não, vou fazer mais do que isto. Eu vou permitir que
seja destruído o meu corpo e vou reconstruí-lo quando eu quero.”
Isto é o
poder do espírito que era prometido no princípio da humanidade, se eles não
comessem do fruto do conhecimento do bem e do mal; porque esta árvore, não dá
vida eterna ao corpo, mas, se eles comessem duma outra árvore, então, eles teriam
a vida eterna. E que outra árvore era isto? Esta outra árvore chamada árvore da
vida. E, estava no meio do viveiro de gozo. No meio estão os órgãos sexuais
(embaixo), e no meio está o ultimo chakra, aqui (em cima). Isto é a
árvore da vida.
Os hindus sabiam muito
bem disto. Quer dizer, as duas árvores estão no meio do corpo: A árvore do
conhecimento do bem e do mal é a árvore do sexo, que não dá vida eterna. Só dá
vida temporária, de pai para filho, e, depois acaba tudo. E de filho para neto
e bisneto, e assim por diante. Mas, é uma sucessividade de vidas, não é uma
vida simultânea. Contínua. É uma sucessividade. Diversas vidas que vêm daquela
árvore do conhecimento do bem e do mal. É como Moisés chama relações sexuais. O
bem é o nascimento e o mal é a morte.
Mas, a árvore
da vida não tem nascimento nem morte. Tem somente viver. Nascer e morrer vêm da
árvore do conhecimento do bem e do mal. Viver sem nascer, nem morrer, diz
Moisés, vem daquela outra árvore que está no meio dum viveiro do gozo, mas, não
do mesmo lugar; porque está justamente no sentido oposto, mas está no meio. Uma
linha vertical através disto dá exatamente o que Moisés disse.
E árvore
da vida, o que é isto?
Escute, eu já
expliquei uma vez, que nós temos na coluna vertebral, 6 centros de consciência
energética, desde o primeiro, embaixo, até o segundo ou terceiro. Eles fazem
parte da árvore do conhecimento do bem e do mal. E depois do coração
para cima, nós temos mais 3. Do coração, a altura da laringe. E, depois atrás,
no cérebro, são 6. E vem o 7o- aqui na base da testa que os hindus
chamam, o olho de Shiva. O olho de Shiva é da base da testa,
entre as sobrancelhas, onde convergem todos os nervos mais sensíveis que partem
da parte traseira do cérebro, estão em contato com a coluna vertebral, e
produzem o mais alto grau de consciência. Isto é o olho de Shiva, na
filosofia oriental. O olho do Cristo na nossa filosofia. E, no Evangelho
se chama isto o olho simples.
Nunca ninguém
compreendeu aquelas palavras de Jesus: “O teu olho é a luz do teu corpo.”
Todo mundo traduz: “Os teus olhos.” Não está lá- os teus olhos, no plural. Não são estes dois
olhos que fazem parte do corpo. Quando Jesus diz: “O teu olho”, no
singular, ele se refere a este centro da consciência espiritual: “O teu olho
é a luz do teu corpo.” Quer dizer, a minha consciência espiritual pode dar
luz a meu corpo. A luz é imortalidade. A minha consciência espiritual pode
imortalizar o meu corpo. Isto está lá no Evangelho, há 2000 anos: a minha
consciência espiritual.
Se eu
intensificar a minha consciência espiritual, eu posso transformar o meu corpo
material num corpo astral, sem morrer, e se eu quiser, eu posso até deixar
destruir o meu corpo material e reconstruir o meu corpo material. Jesus o fez.
Os outros fizeram a transformação do seu corpo. Já é muita coisa. Nós nem
conseguimos isto, mas Jesus fez mais do que transformar. Permitiu a destruição,
porque se nós conscientizássemos a nossa entidade espiritual, a nossa
identidade com o espírito, nós teríamos o poder de nos imortalizar, em corpo. E
também nós nunca teríamos doença, porque se o corpo está lucificado pelo olho
simples (a luz não conhece doenças, não existe luz doente, existe matéria
doente), se eu pudesse lucificar o meu corpo, penetrar como um cristal pela luz
da minha consciência espiritual, nós não teríamos doenças.
As doenças
vêm por falta de lucificação do nosso corpo. Nós não temos consciência
espiritual suficiente para podermos imunizar o nosso corpo de qualquer doença.
E por isso, a qualquer momento estamos doentes. As doenças não fazem parte da
natureza humana. As doenças são falta de consciência espiritual. Jesus nunca
esteve doente. Nunca se fala de nenhuma doença de Jesus. Moisés nunca esteve
doente, viveu 120 anos, nunca se menciona uma doença de Moisés. Quer dizer que
ele já estava num alto grau da consciência espiritual.
Então, temos
as duas árvores: a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da vida.
Eu desenhei rapidamente. Aqui a linha vermelha- daqui para baixo é a árvore do
conhecimento do bem e do mal. Atravessa os órgãos sexuais aqui. Está no meio do
corpo, embaixo. Aqui, na outra linha vermelha, passa aqui através das
sobrancelhas, está a árvore da vida. O Gênesis fala das duas árvores: “Se
comerdes da árvore do conhecimento do bem e do mal, sereis mortais.” Não
vivereis eternamente, em corpo, mas, “se comerdes do fruto da árvore da vida”,
daqui para cima, “então sereis imortais”.
Mas,
infelizmente, o Gênesis acrescenta que esta árvore da vida está defendida pelos
Querubins, e não é acessível a qualquer pessoa. Nós ficamos desanimados,
porque nós gostaríamos tanto de entrar na árvore da vida. Então o
Gênesis diz; “Bem, por enquanto a árvore da vida” que é aquela para cima
“está vedada, está defendida pelos Querubins.” Quem são os Querubins?
Os Querubins são os anjos da imortalidade. Em toda a Bíblia quando se
fala de Querubim, se fala de entidades imortais em corpo. Entidades não
humanas, mas entidades extra-humanas. E diz o texto: “A árvore da vida está
sendo defendida pelos Querubins”, e usa mais uma palavra, “e pela lâmina
do fogo vibratório.” Entendam isto! Pela lâmina do fogo vibratório.
Agora, quando
entramos um pouco na filosofia da Índia, encontramos a mesma expressão, que
eles chamam, agni, que quer dizer fogo. Agni é a expressão sânscrita
para ígneo. Ignis, em latim, fogo.E, Moisés usa a mesma expressão. A
Vulgata traduz, uma espada flamejante e vibratória. Uma espada
flamejante e vibratória está protegendo a árvore da vida eterna. Mas
a melhor tradução que eu consegui tirar da Septuaginta (grego): Uma
lâmina (não é bem espada), uma lâmina de fogo em vibração.
Vocês estudam
um pouquinho a filosofia oriental, e vamos descobrir o seguinte: Aqui estão o 1o,
o 2o, o 3o , o 4o,o 5o e o 6o chakras. Toda a filosofia oriental
diz: Os chakras entram em grande vibração na proporção que aumenta a
nossa consciência. Este chakra embaixo, quase está parado, quase não tem
vibração, o 1o. O 2o
tem uma ligeira vibração, mas muito vagarosa. O 3o já tem mais. E
aqui vamos subindo de vibração em vibração. E diz o texto, quando chegamos ao
último chakra, ao último centro de consciência, que é aqui na base da testa,
estão umas vibrações vertiginosas. E lança suas vibrações para o alto da cabeça
onde é o fim do cérebro, e se transforma no lótus de 1000 pétalas.
É claro que não tem pétalas verdadeiras, é uma
parábola; transforma-se numa vibração que parece milhares de chamas de uma flor
de lótus que tem muitas pétalas. Esta comparação que a filosofia
oriental usa, e Moisés diz: “esta árvore da vida está defendida por uma
lâmina de fogo vibratório.” Tudo é a
mesma coisa, que se diz na Índia.
Quer dizer, se nós chegássemos ao zênite de nossa consciência
espiritual e conscientizássemos na base da testa, no olho simples, “Eu
sou espírito,eu e o Pai somos um, o Pai está em mim e eu estou no Pai.” São
palavras do Evangelho. “E as obras que eu faço não sou eu que as faço, é o
Pai que em mim está quem faz as obras”. Se nós conscientizássemos isto, nós
íamos subir até a árvore da vida. Não só da vida eterna para a nossa
alma, mas também a vida eterna para o nosso corpo; porque o Gênesis não diz que
o homem é só imortal na alma. Ele diz que ele deve imortalizar-se também no seu
corpo. Ele não deve perder o seu corpo. Ele deve transformar o seu corpo pela
luz do seu espírito. “O teu olho é a luz do teu corpo. Se teu olho for
simples, todo o teu corpo estará em luz, mas se o teu olho for mau, todo o teu
corpo estará em trevas.” Trevas são a morte. Luz é a vida.
Quer dizer,
tanto o Gênesis como o Evangelho afirmam que o homem pode imortalizar o seu
corpo. Nós não o fazemos na vida presente, mas como nós não vamos morrer na
hora da morte, mas o nosso espírito continuará a viver, em corpo astral, algum
dia é certo, que nós devemos imortalizar o nosso corpo. Não pela reencarnação,
que é apenas um regresso, mas pela evolução superior da nossa consciência. Em
qualquer zona do Universo, nós podemos imortalizar também o nosso corpo. Não é
preciso que seja o corpo físico, porque os que transformaram o seu corpo físico
em corpo astral também não têm corpo físico. Têm corpo astral, mas o corpo
astral também é corpo. E ele também pode ser mortal, mas nós podemos
imortalizar o corpo astral.
Todos estes
problemas profundos estão desde o Gênesis nos nossos livros sacros, mas é
preciso entender de outro modo. Como nós costumamos interpretar tudo
infantilmente, como quem em escola primária... Vamos entrar um pouco na
Universidade do espírito, para compreendermos estes grandes livros que os
homens geniais da humanidade escreveram.
* * *
Agora, fiz este gráfico, para ver se conseguimos ter clareza sobre a ideologia de Moisés, no Gênesis, sobre a origem e a evolução do homem; porque isto está sendo discutido há quase 2000 anos, na cristandade ocidental, nas igrejas, nas escolas, colégios e universidades. Não é fácil compreender, porque Moisés escreve em forma de parábola, que tem que ser interpretada. E, não é fácil interpretar corretamente um símbolo, uma alegoria, uma parábola. Todo o Gênesis é uma parábola, é uma grande verdade, mas expressa em forma de termos simbólicos.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 08 - Fecundação Bioplasmática
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Agora, fiz este gráfico, para ver se conseguimos ter clareza sobre a ideologia de Moisés, no Gênesis, sobre a origem e a evolução do homem; porque isto está sendo discutido há quase 2000 anos, na cristandade ocidental, nas igrejas, nas escolas, colégios e universidades. Não é fácil compreender, porque Moisés escreve em forma de parábola, que tem que ser interpretada. E, não é fácil interpretar corretamente um símbolo, uma alegoria, uma parábola. Todo o Gênesis é uma parábola, é uma grande verdade, mas expressa em forma de termos simbólicos.
Então, eu fiz
este desenho geométrico, para ver se por meio da geometria, por meio de um
gráfico, possamos compreender melhor, o que Moisés disse em termos abstratos e
alegóricos. Primeiro, uma linha horizontal. Debaixo da linha horizontal
escrevi: animal. A vida animal
deste planeta terra, que já é muito antiga. Muitos milhões de anos, já existe
aqui, vida animal. Acima da linha horizontal, pus uma linha vertical, e escrevi
ao lado: espiritual. Então o espiritual se encontra com o animal. A vida
espiritual exerce um impacto sobre a vida animal, formando ângulo reto. Estas
duas coisas são importantes.
Unindo
o animal com o espiritual através desta chave com linhas oblíquas ascensionais,
nem horizontais, nem verticais, (estas linhas aqui são ascensionais,
intermediárias entre horizontal e vertical). E, lá fiz uma chave, que
compreendi todas as linhas – na palavra: hominal. Usar hominal em vez de
humano, porque humano já tem outro sentido.
Animal,
espiritual, hominal - quer dizer que hominal é uma combinação animal
e espiritual. Isto é importante compreender, porque disto aqui trata
o Gênesis. Qual a relação entre a vida animal que já existia muito antes de
nós, e a vida espiritual, que no Gênesis se chama o sopro divino? O sopro
de Deus, o sopro dos Elohim (das Potências cósmicas)? Então, os Elohim
exercem um impacto sobre a vida que já existia. Esta idéia de que o impacto
espiritual é exercido sobre a vida animal é importante saber.
A
palavra espírito não é palavra filosófica. A palavra filosófica é razão,
logos em grego, mas infelizmente,
aqui no ocidente, nós deturpamos a terminologia e identificamos a razão com
inteligência. É um desastre. Dá uma obscuridade, uma confusão por toda parte.
Nós devíamos acostumar a usar a terminologia grega antiga, e nunca identificar
a inteligência com a razão. A razão é muito superior a inteligência. A razão é
uma faculdade do nosso Eu espiritual e a inteligência é apenas uma
faculdade do nosso ego mental. Por isso, eu muitas vezes, uso a palavra
espírito em vez de razão, porque vocês estão acostumados a identificar razão
com inteligência, e dá confusão. Então, quando eu digo espírito, saibam
desde já que isto quer dizer razão, em grego, logos. Noos,em
grego com dois oo, é inteligência e logos em grego é razão.
O
4o Evangelho, atribuído a João, diz: “No princípio era o Logos”
entendendo o Cristo, falando do Cristo, que a Vulgata chama o Verbo.
“No princípio era o Logos, e o Logos estava com Deus e o Logos era Deus.” Isto
no princípio do 4o Evangelho em grego. Quer dizer, o Cristo é
identificado com a razão, não com a inteligência. Porque
inteligência geralmente é o anticristo. A nossa inteligência é muito
anticrística. Ela não gosta de obedecer ao espírito. O espírito é amigo do
nosso ego, mas, o nosso ego quase sempre é inimigo do espírito.
Então,
voltando ao nosso tema, aqui está o mundo animal, lá está o mundo racional ou
espiritual. Também pode usar racional para espiritual. Não no sentido
intelectual, mas no sentido de espiritual. E, se fizermos agora uma combinação
entre a vertical do espiritual e a horizontal do animal, resultam diversas
linhas que não são nem espirituais, nem animais, mas hominais. O homem é uma
coisa intermediária entre o animal e o espiritual, uma combinação da horizontal
do animal e da vertical do espiritual.
Isto
é necessário ter clareza sobre isto para compreender o Gênesis, o Apocalipse o
Evangelho, e muitos outros livros inspirados. Supõe que a gente conheça isto,
mas como nós não sabemos, não compreendemos estes livros. Então, vamos ver a 1a
linha. A 1a linha ascensional, esta linha oblíqua para cima. Está
pertinho ainda no animal, mas está um pouquinho acima- vamos dizer 10% acima. A
outra está mais acima ainda, a vertical está muito distante, há um ângulo reto
entre a vertical do espiritual e a horizontal do animal. Mas, aqui não há
ângulo reto. Aqui pode haver 10o, 20o, 30o .
no meio 45o e o total segundo a nossa geometria é 90o.
Entre horizontal e vertical nós colocamos 90o que é ângulo reto.
Então, 10o aqui, 30o aí, 45o lá no meio e 90o
em cima.
Agora
vem a historia do Gênesis. Aqui estava o animal primitivo. O Apocalipse supõe
que o nosso corpo vem do animal. Não o nosso espírito, mas, o nosso corpo vem
do animal. E Teilhard de Chardin diz: “Aqui há uma descontinuidade da
vida sobre a continuidade da vida”. Está muito bem expresso. Aqui no ponto
de encontro da vertical com a horizontal há uma descontinuidade, mas aqui há
uma continuidade. Na horizontal há uma continuidade da vida animal, mas, no
ponto de encontro da vertical com a horizontal há uma descontinuidade.
Isto
nós chamamos a creação do homem, não do seu corpo, mas do seu espírito; porque
o espírito do homem não vem do animal, mas vem do Infinito, vem dos Elohim,
vem da Divindade. Isto está claramente expresso tanto no Gênesis, como em todos
outros livros. Nenhum livro inspirado atribui a origem do espírito ao animal.
Isto é confusão de certos darwinistas modernos que querem a toda força derivar
o espírito do animal. Ora, o mais não pode ser derivado do menos. Uma
consciência maior que é o espírito não pode ser derivada de uma consciência
menor que o animal.
A matemática não aceita tal coisa, que o mais
seja derivado do menos. O menos pode ser derivado do mais, mas o mais não pode
ser derivado do menos. O mais não está contido no menos. Os nossos darwinistas
querem fazer crer que o homem estava contido no animal implicitamente, potencialmente, e pela
evolução multimilenar, o homem que estava dormindo dentro do animal, finalmente
acordou e apareceu como homem. Isto é uma camuflagem. Logicamente, não podemos
aceitar que o maior esteja dentro do menor, nem potencialmente, nem em estado
latente, dormente.
O maior veio de outras regiões como diria Einstein:
“Do mundo dos fatos, nada nos pode conduzir ao mundo dos valores.” Valor
é isto aqui. Fato é isto aqui. “Do mundo dos fatos não há nenhum caminho que
conduza ao mundo dos valores.” Palavras de Einstein. Os valores são
verticais e os fatos são estas coisas horizontais.
Agora aqui há
uma combinação entre animal e espiritual. Esta linha aqui. Há uma combinação
porque ela não é nem vertical, nem horizontal. É um intermediário entre
vertical e horizontal. Quando os Elohim crearam o homem, quando
insuflaram o sopro do espírito a este animal que já existia... Pois é claro que
existia (nunca caia na idéia de que o espírito fosse insuflado a um pedaço de
barro). Então, se isto fosse barro e não animal,porque é que nós somos iguais
aos animais pelo corpo. O barro não é igual aos animais. É claro que o espírito
foi infundido a um ser vivo que já existia. Não há dúvida nenhuma. O Apocalipse
diz claramente. O Gênesis não diz muito claramente. Então, nós somos uma
combinação, corporalmente continuamos a ser animais (corporalmente, temos todos
os órgãos que o animal tem), mas espiritualmente somos superiores aos animais.
Então os Elohim
dão ordem aos primeiros homens que não continuem a viver como simples
animais, porque eles já não eram como animais. Eles já eram seres hominais.
Este ser aqui já é um homem primitivo. Não muito avançado, mas primitivo. Então
os Elohim dão ordem que não comam do fruto proibido da árvore do
conhecimento do bem e do mal, que eu já expliquei na última aula. A árvore
do conhecimento do bem e do mal é a idéia da reprodução puramente animal.
Mas, como o homem já não era um animal 100%, embora ainda parcialmente fosse,
ele não devia continuar a reproduzir-se como se fosse animal.
Então, a ordem
dos Elohim é isto aqui: “Daqui por diante vivei e reproduzi-vos como
seres humanos.” Que quer dizer isto? A reprodução seria corporal como nos
animais. Até hoje não conhecemos nenhuma outra reprodução que não seja de corpo
a corpo. Do corpo masculino com o corpo feminino dá reprodução. Isto não era
proibido, porque, por enquanto a humanidade não ultrapassou a possibilidade
duma reprodução corporal. O que era proibido é que a reprodução não fosse feita
pelos mesmos motivos porque o animal se reproduz. Por que é que o animal se
reproduz? Por simples libido. Libido é instinto sexual. Em latim, libido quer
dizer prazer.
Quer
dizer, o animal se reproduz simplesmente pelo instinto do prazer. Se não
houvesse prazer na fecundação, não haveria continuação da vida. Então, o
animal instintivamente se reproduz sem saber propriamente o que ele faz. Ele é
impelido pelo instinto à fecundação, e isto dá reprodução. Então, os Elohim dizem:
“Reproduzi-vos (naturalmente, corporalmente) mas não por motivo de
simples libido”.
Agora, entra
um novo fator que o animal não conhece: amor. Infelizmente os nossos bons
romancistas e filmadores por aí confundem libido com amor. E quando um homem e
uma mulher se encontram, dizem que se encontraram por amor. Em 99 casos, não se
encontraram por amor, mas por simples libido. E muitos se acasalam por libido.
O acasalamento é do animal, o casamento é do homem e da mulher. Mas muitos não
fazem casamento, que seria por amor,
fazem acasalamento, que é por libido, por instinto sexual.
Então, os Elohim dizem,
“daqui por diante, reproduzi-vos, mas não como o animal, não por simples
prazer sexual, por libido, mas, vós agora já sois seres humanos. Já tendes uma
categoria superior, reproduzi-vos por amor.” Esta a ordem que os Elohim
dão. O amor é chamado árvore da vida. E a libido é chamada árvore do
conhecimento do bem e do mal.
Eu já
expliquei na última aula, a terminologia bíblica é a seguinte: quando a Bíblia diz conhecer ela
sempre entende, ter relação sexual. Adão conheceu sua mulher e ela concebeu. E
Maria diz ao anjo quando anuncia que ela vai ser mãe de Jesus. “Mas, como
posso ser mãe, eu não conheço varão, eu não conheço homem?” quer dizer: “Eu
não tenho relações sexuais com nenhum homem, e como posso mãe.” Então, ela
chama isto conhecer. Conhecer na linguagem bíblica quer dizer, ter relações
sexuais.
Então, a
árvore do conhecimento do bem e do mal é a árvore das relações sexuais. O
bem e o mal: o bem é o nascimento, e o mal é a morte. Porque as relações físicas
fazem nascer, mas também deixam morrer, porque ninguém pode gerar um filho
imortal. O filho nasce, vive algum tempo e depois morre. Então, dizem os Elohim:
“Não vos reproduzais daqui por diante, não vos procrieis como animal, porque
senão sereis mortais, porque o animal também é mortal. O animal não pode
imortalizar o seu corpo. Vós porém deveis procriar um corpo imortal.”
Esta coisa é estranha no Gênesis.
Todo o Gênesis afirma que se pode procriar um corpo imortal e nós estamos
procriando corpos mortais. Mas, o Gênesis diz: “Se vos unirdes não por
libido,, não por instinto sexual, mas por amor, então procrieis corpos de
filhos imortais.” Será que isto é possível? Bem, no Gênesis está a
possibilidade. Ela não se vai realizar hoje ou amanhã, como não se realizou em
milhares de anos, mas existe no fundo da natureza humana a possibilidade da
procriação de corpos imortais. Isto está claramente no Gênesis: “procriai-vos
então pelo amor”
.Naturalmente
o amor nunca será 100. Pode ser 50 de amor, e 50 de libido. Já é um princípio,
mas não é o fim. Aqui há ainda muita libido e pouco amor, porque a distância é
muito grande. O amor é aquilo ali. Agora, se nós avançássemos esta linha para
cá, já seria menos libido e mais amor. E, se chegássemos perto da vertical, 80
de amor e apenas 10 de libido (a vertical é 90). Quer dizer, a evolução humana
seria esta, afastando-se da procriação por libido e aproximando-se cada vez
mais da procriação por amor, mas, a procriação seria corporal, só o motivo
seria diferente.
Isto é que
está no Gênesis: “Não comais daqui por diante da árvore do conhecimento do
bem e do mal, que é como os animais. Comei da árvore da vida.” A árvore da
vida é vertical. Agora o interessante é: A Bíblia sempre conta casos em que
nasceram filhos altamente espirituais, e também conta casos em que nasceram
filhos terrivelmente animais. Vamos trazer alguns exemplos.
Adão e Eva se
encontraram no plano horizontal, isto está escrito no Gênesis. Por sugestão da
serpente, da inteligência, eles se uniram animalescamente comendo do fruto
proibido, que era isto aqui. Eles não estavam ainda na vertical, no princípio.
Estavam na pura animalidade, apesar de serem homens, não superaram a
animalidade, no princípio. Sucumbiram à velha animalidade e não chegaram até a
nova hominalidade, nem um pouco. E o filho deste primeiro acasalamento...(eles
se acasalaram como animal, está claramente expresso no Gênesis). E o que nasceu
daí? Faz favor de ver na Bíblia. Nasceu Caim. O primeiro homem que nasceu,
segundo o Gênesis foi o primeiro homicida da humanidade. Não é triste verificar
tal coisa?
O primeiro
filho que nasceu daquele casal assassinou por motivos fúteis, seu irmão Abel.
Sem nenhum motivo, só por inveja. “Porque Abel era melhor do que ele (e
Deus mostrou através de sinais visíveis que Abel era melhor do que Caim), Caim
achou que devia matar seu irmão”. Matou. Quer dizer, o filho da primeira
procriação animal de Adão e Eva é um homicida. O primeiro homicida da
humanidade. Não é muito honroso para eles. Quer dizer, não houve amor, houve
apenas libido. Acasalamento por libido em vez de união por amor. Isto foi logo
depois. Eles conceberam logo depois, este Caim.
Depois eles vão
avançando..avançando...vivendo...vivendo...e diz o livro da Bíblia... E quando
Adão e Eva tinham 500 anos, não 50, não está errado não; eles geraram Set. Diz
a Bíblia que tiveram muitos filhos e muitas filhas. Muitos não eram uma dúzia.
Muitos eram centenas, naquele tempo.
Naquela longevidade tremenda daquela força primitiva, eles podiam ter
centenas de filhos. Bem, e quando eles tinham 500 anos, diz a Bíblia, geraram
Set, e este era feito a imagem e semelhança de Adão. Quer dizer, já era um
homem espiritual. Do Adão verdadeiro. Não do Adão animal, mas do Adão hominal.
Set era um homem altamente humano, hominal, pouco animal e muito hominal. Isto
quer dizer, era feito à imagem de Adão.
Set quando
tinha 150 anos gerou Enos. Quer dizer, Adão e Eva tinham 500 anos quando
geraram Set. E Set quando tinha 150 anos gerou Enos. E de Enos se diz uma coisa
grandiosa. Enos foi o primeiro homem que invocou o nome de Deus. O primeiro
homem espiritual gerado quando seu pai tinha 150 anos.
Porque a
Bíblia menciona estas gerações tardias, de pessoas avançadas? A Bíblia quer
dizer, eles já estavam muito longe da libido. Estavam muito perto do amor. Isto
seria o que a Bíblia supõe e muitos homens antigos. Cresceu o amor e diminuiu a
libido. E quando o amor era muito grande e a libido era muito pequena geraram,
é claro, fisicamente, mas, não por motivo de paixão ou de libido, mas muito
mais por amor. Vamos dizer com 90% de amor e apenas 10% de libido.
Então,
nasceram estes homens espirituais, Set, Enos e outros. A mesma coisa a Bíblia
conta de Abraão e da sua mulher Sara. Sara era estéril e eles eram muito idosos
os dois e não tinham nenhum filho. Mas, quase no fim da vida, tiveram o único
filho Isaac. Isaac quer dizer sorriso em hebraico. Abraão na sua velhice, como
não tinha filho (com Sara), ele teve um filho lá pelos 70, 80 anos,
provavelmente, e disse: “Este é o sorriso da minha velhice.” Chamou o
filho de sorriso. Isaac: E Isaac é um dos antecessores de Jesus.
Parte ll
Nós sabemos,
ele está na linha dos ascendentes de Jesus, Isaac. Isto aconteceu quando Abraão
e Sara tinham muito amor, mas pouca libido, na idade avançada.
João Batista, outro caso típico. Jesus chama
João Batista, o maior dentre todos os filhos de mulher. Os que nascem pela
união sexual, ele chama filhos de mulher. Os que nascem sem união sexual, ele
chama filhos do homem. Jesus é sempre chamado filho do homem, porque já estava
além de todo as coisas físicas. Isto,
nós vamos tratar em outra ocasião. João Batista então nasceu quando
Zacarias, seu pai, e Elizabete (que nós chamamos Izabel , mas que no Evangelho
se chama Elizabete)...quando Izabel ou Elizabete que também era estéril, apesar
disto ela concebeu João. Fisicamente, é claro. Dum modo humano, mas pode-se
supor que na avançada idade de Zacarias
e de Elizabete o amor com que eles estavam vivendo era muito grande. E a libido
provavelmente não era muito grande, na avançada idade. Ela diminui com a idade,
mas o amor não precisa diminuir.
O amor é da
alma. A libido é do corpo, mas a alma não envelhece. Não existe alma idosa. A
alma é sempre eternamente jovem. E ela pode perfeitamente ter um grande amor em
qualquer período da sua existência, mesmo em milhares de anos. Porque a alma
não envelhece. Só o corpo envelhece. Então, isto é uma linha ascensional
afastando-se da animalidade da libido, e aproximando-se da espiritualidade do
amor. E os filhos que daí nascem, sempre têm qualidades altamente espirituais,
porque se aproximaram através de seus pais da espiritualidade. Herdaram
qualquer coisa de espiritualidade porque foram concebidos, com mais amor do que
paixão, mais amor, do que libido.
Isto é que os Elohim
querem dizer quando dizem: “Não comais da árvore da libido,do
conhecimento do bem e do mal, mas, aproximai-vos da árvore da vida.” Quer
dizer, eles insistem na evolução hominal. Todo o Gênesis é uma apoteose da
evolução humana. O Gênesis não quer que o homem seja igual ao animal, porque é
uma categoria superior de seres. E se ele se reproduz simplesmente como animal,
por meio de libido física, de instinto sexual; então, ele não é diferente dos
animais. Então, ele deve insistir o homem em sua reprodução hominal,
tipicamente humana, reprodução por amor. Naturalmente, nunca pode excluir
inteiramente a libido. Enquanto há reprodução física, haverá sempre tal ou qual
porcentagem de libido.Isto não está excluído no texto, mas a libido não deve
prevalecer sobre o amor.
Isto é todo o
conteúdo desta misteriosa história: que era proibido comer do fruto do
conhecimento do bem e do mal, do fruto da animalidade pura. Mas que
houvesse uma linha ascensional entre a horizontal da animalidade e a vertical
da espiritualidade. Naturalmente poucos chegaram, talvez ninguém, até a
vertical da espiritualidade, mas o interessante é que a Bíblia, como já contei,
conta diversos casos em que o corpo deles não morreu. Conta-se de Enoc,
conta-se de Elias, conta-se de Moisés; pelo menos 3 casos que não morreram.
Quer dizer que
apesar de serem concebidos fisicamente, mas, provavelmente com muito amor e
depois eles intensificaram por sua própria conta, o amor. Espiritualizaram a
sua animalidade que ainda tinham. Espiritualizaram o seu corpo, conseguiram
alto grau de espiritualização e esta
espiritualização lhes deu a possibilidade de transformar o seu corpo material
num corpo astral. Isto está lá. O corpo astral é invisível. O corpo astral não
tem peso, não tem dimensões. O corpo astral é pura energia (astral quer dizer
energia).
Hoje em dia a ciência aboliu a palavra astral
e chama isto, bioplásmico. O corpo bioplásmico é aquele que está na base do
corpo material, mas não é visível. Hoje em dia nós conseguimos fotografar pelos
aparelhos Kirlian, o corpo bioplásmico. O corpo astral pode ser
fotografado com certos aparelhos, mas ele está além da matéria. Astral, quer
dizer energia. Aquele que suspende os astros no espaço. Isto é energia e se
chama astral, vem de astro.
Quando alguém
consegue transformar o seu corpo material num corpo energético ou astral, ou
bioplásmico, então ele imortaliza o seu próprio corpo. O Gênesis supõe que isto
seja possível a toda humanidade, mas, por enquanto são exceções esporádicas.
Alguns astralizaram o seu corpo, mas a humanidade em peso ainda não consegue
fazer isto. Mas continua a existir a possibilidade dentro da natureza humana,
de realizar a astralização do seu corpo. Naturalmente não vai acontecer tão
cedo, porque a evolução vai com passos mínimos em espaços máximos.
Quando há um
pequeno progresso leva milhares de anos. A natureza nunca tem pressa, pressa
temos nós. A natureza é vagarosa. Veja o crescimento duma árvore. Bem, a
hortaliça cresce rapidamente. Num mês uma hortaliça está pronta para ser
comida. Mas, veja um jequitibá! Veja um coqueiro! Veja um carvalho! Levam
séculos inteiros. Para reproduzir e produzir flores a maior parte das grandes
árvores leva 15 anos. Uma nogueira leva 15 anos para produzir nozes. Um
coqueiro leva pelo menos 10 anos para produzir. As árvores longevas levam muito
tempo. As hortaliças de horta crescem rapidamente, mas também morrem logo. Quer
dizer, para haver um pequeno progresso na humanidade leva séculos e milênios.
Paramahansa
Yogananda, neste maravilhoso livro “Autobiografia de um iogue,” afirma
que o homem pode acelerar a sua evolução espiritual. O que ele faria em 200
anos ele pode fazer em 20 anos se ele tratasse seriamente disto! Mas a maior
parte não trata disto. Se a gente se concentrasse no seu corpo astral...havia
de acelerar a sua evolução e a mortalidade do corpo físico seria menor, e a
imortalidade do corpo astral seria maior. Isto seria um processo de evolução
consciente; mas quem nada faz tem que esperar milhares de anos para que
aconteça alguma evolução. Mas ele pode produzir evolução mais rápida.
Então,
suponhamos que alguém chegue até a vertical da espiritualidade, isto seria 100%
de amor e zero de libido. Bem, isto não é comum na humanidade. O Evangelho
refere apenas um único caso, na formação do corpo de Jesus, em que aconteceu
isto. Em que o amor de seus pais chegou ao máximo e a libido desceu a zero.
Então, isto nós ainda vamos ver em outra ocasião. Os Evangelhos de Mateus e
Lucas contam através de termos misteriosos, como se formou o corpo de Jesus, verdadeiramente
humano, através de José e de Maria, mas sem nenhum contato físico. E quando não
há contato físico, não há libido. A libido só funciona pelo contato físico,
propriamente.
Orgasmo sexual
se manifesta pelo contato físico dos corpos, mas se não há contato físico, pode
haver amor, porque o amor funciona a qualquer distância. O amor não precisa
contato, mas, amor também pode produzir corpo. Não pelo contato, mas à
distância. Mas isto supõe 100% de evolução espiritual. E isto deve ter havido
da parte dos pais de Jesus, mas como nós não compreendemos este processo
misterioso que os evangelistas narram, nós caímos na mitologia, e inventamos
que Jesus não tinha pai humano. Em que o Espírito Santo é que foi pai de Jesus,
etc..
Oh! Isto é
mitologia, é claro. Uma divindade nunca pode ser pai de um ser humano. Isto é
absolutamente impossível. Um ser humano tem que ter por pais, seres humanos. É
evidente! Mas, o que nós não compreendemos é que possa haver uma fecundação sem
contato, uma fecundação astral. É claro que se deu uma fecundação astral. A
fecundação astral se dá pelo amor. A fecundação física só se dá pelo contato
físico. Isto é o que está narrado lá, mas isto é uma antecipação de uma nova
humanidade.
O grosso da
humanidade não está neste caso. O que o grosso da humanidade pode fazer é, de
zero até perto do 90. Aqui é grau zero, lá é grau 90. A humanidade comum,
provavelmente chegará de zero a 80 ou 88, ou 89. Se algum dia chegar a 90, fecundação através de corpo astral,
por amor...isto levará milhões de anos. Mas, isto está implicitamente contido
no Gênesis. O Gênesis não quer saber se isto dura muito tempo, ou pouco tempo,
mas afirma que existe a possibilidade duma multiplicação por amor.
“Crescei, e
depois, multiplicai-vos.” Nós lemos isto há 2000 anos. E nós sempre
pensamos que se trata de crescimento físico. Não se trata absolutamente de um
crescimento físico. Trata-se deste
crescimento, isto se chama crescer: “crescei na vossa hominalidade, na vossa
evolução humana. Crescei, aumentai o vosso potencial humano, e depois
nultiplicai-vos.” Aqui, crescimento já é de 10. Aqui o crescimento talvez
seje de 30. Se alguém crescesse até 90, isto seria um crescimento total. A
ordem dos Elohim é, não fiqueis no plano horizontal do animal em que
estais. Crescei! E quando tiverdes crescido bastante, então,
multiplicai-vos. Esta ordem não foi dada àquele casal. Isto foi dada à
humanidade.
Mas é claro,
os Elohim não queriam que apenas Adão e Eva vivessem milhares e milhares
de anos. A ordem não foi dada a eles. A ordem é dada à humanidade do futuro. A
humanidade do futuro cresce, passa por uma evolução espiritual e durante todo este período, mesmo sem
chegar ao fim; “Crescei e multiplicai-vos, e vereis que na medida do vosso
crescimento espiritual, melhorará o vosso corpo.” Porque o nosso corpo está
cheio de taras.
Doenças não
fazem parte do corpo. A doença não tem nada que ver com a espiritualidade. A
doença existe porque nós ainda estamos
na materialidade. A matéria produz a doença. O espírito não está doente.
Então, doenças não deviam ser, não deviam afetar o nosso corpo. Uma morte
compulsória não devia afetar o nosso corpo. Se nós estivéssemos na hominalidade
completa, nós não teríamos doença nenhuma. Nunca existiria doença na nossa
vida. Não precisávamos de farmácia, drogarias e médicos, nada disto. Nós
nasceríamos em perfeita saúde. Viveríamos em perfeita saúde e morreríamos, se
quiséssemos, para dentro do mundo astral. Porque morrer não seria dissolver
o corpo material, como sempre acontece.
Morrer não
seria transformar o seu corpo material num corpo astral, como aconteceu com
Enoc, com Elias, com Moisés no alto do Monte Nebo. E como em nossos dias está
acontecendo na Índia, com Babaji e outros grandes iogues do oriente.
Está acontecendo provavelmente, como já disse, com o Conde de Saint Germain.
Todos sabem que o Conde de Saint Germain viveu no tempo da revolução
francesa há quase 200 anos, nas cortes da França, e nunca morreu até hoje.
Ninguém sabe da morte de Saint Germain.
Ele aparecia
sempre nas cortes dos reis e das rainhas da França, no tempo mais horrível da
França quando a revolução arrasou tudo. Matou reis, guilhotinou rainhas, Maria
Antonieta e outros; Saint Germain
conhecia. Ele sempre prevenia: “Cuidado, o povo está revoltado contra as
tiranias da realeza, vai acabar com todos os reis e rainhas.” Saint Germain sabia
disso, ele era um vidente. E não foi atendido. Aparecia sempre de novo. Ora na
França, ora na Tchecoslováquia, ora na Alemanha, na Inglaterra também apareceu.
Pela última
vez, Saint Germain apareceu em 1825, depois de Napoleão Bonaparte.
Despediu-se dos amigos da Europa, e disse: “Eu vou para o oriente, vou para
o Himalaia, mas voltarei para o ocidente quando a cristandade do ocidente
estiver nos seus piores dias.” Ainda não estamos nos piores dias. Estamos
esperando, ou receando. Os piores dias,
dizem que é no fim deste século. Se Saint Germain vai voltar ou não, não
sabemos. Ele disse que ia voltar. Este homem está vivendo há 200 anos. Sempre
na idade de 45 anos. Ele era muito rico. Falava 12 línguas, correntemente, sem
sotaque, inclusive o português. Falava grego, falava sânscrito, falava latim,
falava línguas árabes, correntemente, sem ter aprendido. Falava francês como
sua língua materna, com sotaque piemontês, dizem os que o conheciam. Ele deve
ter nascido lá no Piemonte francês.
Quer dizer que
a imortalidade do corpo não é uma coisa do passado. Também no presente existem
homens imortais que podem desmaterializar o seu corpo quando querem, e podem
rematerializar o seu corpo quando querem. Babaji está fazendo isto no
Himalaia. É sabido, Babaji disse aos seus discípulos da Índia. “Eu
vou me transformar (e se tornou invisível), mas, de vez em quando eu vou
materializar o meu corpo, eu vou dar instruções aos meus discípulos”. Ele
está formando grupo lá no Himalaia. 1 mês, 2 meses de instruções, depois se
desmaterializa e desaparece.
Isto é uma
faculdade do nosso corpo, quando o nosso espírito está em alta evolução. Quando
o nosso espírito é muito primitivo, o nosso Eu verdadeiro, nós não somos donos
do nosso corpo. Nós somos escravos do nosso corpo. Nós não podemos dar ordens
ao nosso corpo para não ter doença, porque nós temos doença quer queiramos,
quer não queiramos. Nós não podemos dizer: “eu não permito a morte do meu
corpo.” Não a morte é uma coisa
compulsória. Ou, morremos de acidente, ou morremos de doença, ou morremos de
velhice. Não há jeito. Muitos querem imortalizar o seu corpo.
Ainda há
pouco, Aurobindo Ghosh, lá do Ashram dele, na antiga Indochina,
pensava que ele iria transformar o seu corpo material em corpo imaterial. Não
conseguiu. Há pouco faleceu a mãe que foi a sucessora de Aurobindo.
Também esperava (ela viveu noventa e tantos anos), mas, no fim morreu.
Não é comum a
gente poder astralizar o seu corpo material. Mas, existe a possibilidade
implícita, potencial desta astralização. Não se perdeu na natureza humana a
possibilidade, mas está dormindo profundamente, e nós não acordamos ainda o
poder astral do nosso corpo. Mas, o Gênesis diz: “o corpo humano é
naturalmente imortal.” Só se ele não chega à plena evolução espiritual, se
ele não se aproximar daqui, então ele sucumbe à morte.
O corpo de
Jesus também era imortal, nós sabemos disto. Eles não o queriam matar tantas
vezes? E o Mestre sempre dizia: “Ainda não chegou o meu tempo. Ainda não
chegou o tempo de eu morrer.” Se nós pudéssemos dizer isto seria bom. Ainda
não chegou meu tempo. E no fim do 33o ano ele disse: “Agora
chegou o meu tempo, eu vou a Jerusalém e vou ser morto.” Os discípulos
disseram: “Mas se tu sabes que vai ser morto tu vais a Jerusalém?” Ele
disse: “Agora é chegado o meu tempo. Ninguém me tira a vida, eu deponho a
minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero.”
Ele fez mais
do que astralizar o seu corpo material. Ele permitiu a destruição total do seu
corpo material e depois reconstruiu o seu corpo material em 3 dias. Isto é mais
ainda do que transformar o seu corpo material em corpo astral. Uma vez
disseram: “Como, quem és tu?” quando ele expurgou o templo dos
vendilhões. Disseram: “Quem te dá o direito de fazer isto, tu não és
autoridade para fazer isto.” Ele disse: “Quem me dá o direito? Destruí
este templo de meu corpo e em 3 dias eu vou reedificá-lo.”
Eles entenderam que era o templo de Jerusalém, mas
João diz: “Ele não falava do templo de pedra, ele falava do templo vivo do
seu corpo.” Porque ele sabia que ele podia reconstruir o seu corpo morto
num corpo vivo. Isto é o máximo do poder espiritual. Poder até reconstruir o
seu corpo morto quando ele quer. Outros chegaram apenas a transformar o seu
corpo, mas não a reconstruir, porque eles não morreram.
Quer dizer,
tudo que estou dizendo está implicitamente contido nas palavras do Gênesis. O
homem futuramente chegará ao zênite da sua evolução e então a sua reprodução,
primeiro será feita por amor, mas, ainda corporalmente, e não por simples
libido. E no fim será feito por amor, não mais materialmente, mas astralmente.
Aí termina propriamente a nossa velha humanidade. A velha humanidade se
multiplica fisicamente, ainda que seja por amor. Já é um grande avanço, quando
faz por amor, e não por libido. Mas ainda é da velha humanidade.
A nova
humanidade chegará a ponto de se multiplicar simplesmente de corpo astral para
corpo astral. O corpo astral do homem ia atuar a qualquer distância sobre o
corpo astral da mulher e continuar uma nova humanidade. Isto está no
Apocalipse: “No fim dos tempos” diz a revelação de João, “haverá um
novo céu e uma nova terra, e o reino de Deus será proclamado sobre a face da
terra.” Haverá um novo céu. Quer dizer, este novo céu é isto aqui: O
espiritual. E por isso também haverá uma nova terra (isto aqui). Um novo
espírito e um novo corpo.O Apocalipse chama um novo céu, espiritual; e uma nova
terra, corporal. A terra é o corpo e o céu é o espírito.
Mas, se não
houver um novo céu espiritual, uma consciência espiritual altamente
desenvolvida, não pode haver uma nova terra. A nova terra é a humanidade
imortal e o novo céu é a consciência do nosso Eu espiritual. Parece que o nosso
planeta terra ainda vai ser o habitáculo futuro duma humanidade gloriosa.
Parece que este planeta terra em que vivemos, depois de ser expurgado das suas
escórias, que nós produzimos; isto tudo ainda é escória aqui. Muita escória ou
pouca escória, mas não está expurgada. Parece que o nosso planeta terra está
tão privilegiado. Parece que é previsto para o habitáculo de uma humanidade
perfeita, futuramente, não por enquanto.
Ainda temos
que morrer e entrar na zona do corpo astral, mas o corpo astral pode ser
imortalizado. Mesmo que não seja agora, na vivência terrestre, nós não vamos
deixar de existir porque perdemos o corpo físico. Continuamos a viver no corpo
astral e podemos continuar a nossa evolução.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 09 - Humanidades Paralelas
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 9: Humanidades Paralelas
24/05/1977
24/05/1977
Agora
vamos voltar ao nosso tema habitual-
Moisés e o Gênesis.
Vocês
não vão compreender o Gênesis se não se basearem sobre o que Moisés quer dizer
no Gênesis. É o seguinte: Ele acha possível que haja uma humanidade tão
perfeita como ele. Porque ele era um homem sem nenhum defeito. Primeiro, nunca
teve doença em toda sua vida. Viveu 120 anos sem ter uma doença. A Bíblia
insiste neste ponto, que ele nunca
esteve doente. E insiste num 2o ponto, que ele nunca envelheceu.
Podem ler o texto da Bíblia: “E quando ele tinha 40 anos, estava em plena
juventude”. Quando saiu do Egito tinha 40 anos e quando voltou da Arábia
tinha 80 anos, estava em plena juventude. Depois, quando ele terminou a
peregrinação entre a África e a Ásia, na Palestina, quando ele não entrou na
terra santa, tinha 120 anos e estava em plena juventude.
A Bíblia
repete, e diz tão ingenuamente. “A luz dos seus olhos não se haviam apagado”,
nem na velhice de 120 anos. “E nenhum dente estava solto em sua boca.”
Isto ela indica como absoluta juventude. Nenhum dente estava solto em sua boca.
Nunca precisou de dentista. Com isto a Bíblia frisa a formidável juventude de Moisés.
Moisés
então diz: “Como é isto, eu vivo uma vida perfeita, física, mental e
espiritualmente. E por que o resto da humanidade não vive assim?” Agora ele
está diante de um mistério; porque ele não tem doença e porque todo mundo está
cheio de doença e morre antes da idade de vida; e ele não morreu. Segundo a
Bíblia ele nunca morreu. Ele se transformou em corpo astral, no alto do Monte
Nebo. E 1500 anos mais tarde ele reaparece no Tabor, ao lado de Jesus. Ele e
Elias em corpo astral.
Então
Moisés quer saber: “qual é o segredo desta eterna juventude do meu corpo.”
Está intrigado com isto. E descobriu o seguinte: descobriu que ele nasceu de
outro modo, e, que nascendo daquele modo como ele nasceu, não há doença e não
há morte compulsória. A gente se pode transformar, de corpo material para corpo
astral. Isto vai através de todo o Gênesis, esta idéia. Então, ele apresenta a
humanidade do passado, do presente, e visualizando a humanidade do futuro. E
faz ver que uma procriação puramente material como a dos animais não dá corpo
perfeito, não dá corpo imortal e permite doenças. Mas, se houvesse uma outra
espécie de procriação, de concepção sobretudo, então, não haveria doenças e não
haveria morte compulsória. Esta idéia vai através de todo o Gênesis.
Nós
estamos habituados a ler que Moisés era filho de uma mulher hebréia e que o
escondeu nas águas do Nilo, porque o faraó tinha dado ordem que todos os
meninos hebreus fossem afogados. Os hebreus se multiplicavam como coelhos e os
Egípcios estavam com medo que os hebreus tomassem conta do Egito. Eles eram
imigrantes. Então, o faraó mandou matar todos os meninos hebreus e jogar no
Nilo para se afogar.
E, diz a
Bíblia que a mãe de um menino escondeu o filhinho dela num cestinho e foi
encontrado pela princesa real do faraó;
quando esta princesa ia tomar banho no Nilo; naquele tempo a gente não
tomava banho de chuveiro, jogava-se no rio para tomar banho. E ela encontrou o
menino e o levou para casa e o adotou como filho, e lhe deu o nome de Moshe,
em hebraico, com sh. Nós demos Moisés. Moshe quer dizer, meu
filho, porque eu tirei das águas.
Então pensam
que Moisés quer dizer tirado das águas. Pura ilusão. Moisés quer dizer filho,
nada mais.muitos nomes egípcios acabam em moses, Tutmoses e outros moses.
Moisés e Moses são a mesma coisa. Ela disse: “ele é meu filho, porque eu o
tirei das águas.”
Agora escutem
bem, o que quer dizer tirar das águas: Madame Blavatsky, que é uma das grandes
iniciada do nosso século, a Helena P. Blavatsky, que escreveu livros
maravilhosos: A doutrina secreta, A voz do silêncio, e outros... diz,
“água” em sentido esotérico, quer dizer, astral. Quando os livros esotéricos
falam de sair das águas então querem dizer, “nascer do astral e não do
material.”
Então, a
princesa egípcia usa as mesmas palavras, “eu o tirei das águas.” Ela não
se refere às águas do Nilo, porque em linguagem esotérica, água não quer dizer
água física. Diz a Blavatsky, “água quer dizer a Potência creadora do
Universo.” Isto os livros esotéricos chamam água. Quer dizer, o mundo
astral que nós chamamos o mundo das puras energias cósmicas, segundo
Einstein. Isto os esotéricos chamam água. Não se refere a uma água física.
Refere-se a uma água astral. Então a princesa usa as palavras: “eu o tirei
do mundo astral, eu o tirei das águas.” Mas, ela não se refere às águas do
Nilo.
Tales de
Mileto, 600 anos aC, o 1o filosofo grego, começou a filosofia dele
assim: “Toda a vida vem da água.” O que Tales de Mileto quis dizer que
toda a vida nasce na água? Ele também se refere à água astral que não é água
física. Aqui temos a mesma linguagem de Tales de Mileto, que os esotéricos
usam.
E, Jesus fala
com Nicodemus, naquela célebre noite e diz:
“Se alguém não nascer de novo pelo espírito, não pode ver o reino de
Deus”. Então, Rabi Nicodemus diz: “Mas, como é que se pode nascer de
novo quando se é velho como eu? Será que posso voltar ao seio de minha mãe e
nascer mais uma vez? E Jesus repete:” “Se alguém não nascer de novo, de
água e de espírito,” agora ele acrescenta a palavra água, “não pode ver
o reino de Deus.” Que quer dizer, nascer de água e espírito?
Têm-se escrito
muitos livros sobre estas palavras. Certa igreja conhecida aqui diz: “Bem
isto deve ser o batismo- e nascer de água e espírito.” Mas, Jesus não falou
do batismo absolutamente. Ele falou dum outro nascimento, não físico. De um
nascimento astral, e ele sabia que a gente pode nascer astralmente em vez de
nascer materialmente. Então ele diz a Nicodemus: “Se alguém não nascer de
novo de água e de espírito...” Nós não nascemos de água e espírito, nós
nascemos de matéria e de espírito. Mas ele exige nascimento de água e de
espírito para ver o reino de Deus.
Evidentemente
ele fala de um outro corpo que não é concebido materialmente como corpo animal,
mas que é concebido astralmente como o corpo de Jesus. Ele fala de seu próprio
corpo, de Jesus, porque ele tinha nascido de água e espírito. Água em linguagem
esotérica quer dizer, a energia astral do Universo. Isto ele chama água.
E quando Jesus
fala com a samaritana, que sabia muito bem o que era nascer de matéria, porque
ela tinha tido 5 maridos e tinha mais um amante... então ele sabia muito bem o
que era nascer fisicamente. E, Jesus fala com a samaritana: “Se tu
conhecesses o dom de Deus e aquele que te está falando, tu lhe pedirias água e
ele te daria água viva.” Outra vez a coisa misteriosa de “água viva”.
Ele te daria água viva, e esta água se tornaria dentro de ti, uma fonte
jorrando para a vida eterna. Outra vez a alusão a um outro nascimento.
Nós sempre
pensamos que ele fala de um nascimento puramente espiritual, mas não é verdade,
porque o nascimento espiritual não precisa nascer de água e de espírito, basta
nascer de espírito. Ele está falando de um nascimento de um corpo diferente
daquele corpo que nós temos hoje, porque o corpo de Jesus tinha nascido assim,
astralmente e não materialmente.
Se vocês
compreenderem o Evangelho de São Lucas que era um médico grego muito
erudito...além de ser evangelista era médico
grego. E Lucas tenta explicar como é que o corpo de Jesus se formou. Usa
palavras misteriosas. Ele diz: “Foi anunciado a Maria que um sopro sagrado
virá sobre ti.” Falando do corpo astral, um sopro sagrado.
E os nossos
bons teólogos traduzem “o Espírito Santo”, mas não tem nada de Espírito
Santo como 3a pessoa da Santíssima Trindade. Lucas não sabia nada
disto. Um sopro sagrado virá sobre ti, e a Potência Suprema ti envolverá em sua
aura. Isto está lá no Evangelho grego. A Potência Suprema, não a potência
material masculina, mas, a Potência do mais alto te envolverá em sua aura.
Lucas faz depender a concepção do corpo de Jesus de
uma Potência Suprema, de um sopro sagrado e de uma aura que envolveu todo o
corpo de Maria. É muito misterioso para nós, mas é o mesmo modo de concepção de
que fala o Gênesis. Moisés foi talvez o único homem, ou um dos poucos que antes
de Jesus nasceu de concepção astral.
E a princesa, cujo retrato eu trousse aqui, que é a
filha do faraó Ramsés II ... o
original está em Berlim, no museu, vocês podem procurar.
Esta
cabeça de mármore branco que eu tenho uma fotografia... e sobre a fotografia eu
mandei fazer um desenho ampliado. Então, esta princesa real do Egito que se
chamava Hat - Shep- Sut (esta cabeça foi encontrada no século passado por um
cientista alemão que escavou lá nas ruínas do Egito, está no museu de Berlim).
Esta princesa adotou segundo a Bíblia, Moisés, mas nós temos outra mensagem.Uma
mensagem extrabíblica muito conhecida, que diz que a princesa real concebeu
Moisés de um modo astral, na ausência de um homem físico. Mas, com potências
astrais, que também existem fora dos espermatozóides masculinos. E a Blavatshy
diz muito bem. A potência astral existe no Universo e muitas vezes se serve dos
elementos masculinos para realizar uma concepção astral, sem contato físico,
como aconteceu com o corpo de Jesus.
Deve ter
acontecido isto com o corpo de Moisés. Imagine se a princesa real tivesse
tirado das águas um hebreuzinho que, além disso, era escravo, detestado pelos
egípcios. Será que ela teria criado com tanto amor e com tanto carinho, este
menino, este escravo? Que casualmente tenha encontrado nas águas do Nilo? Não,
diz a Bíblia que ela o educou por 40 anos na corte real do Egito. 40 anos ele
viveu na corte real. Depois ele foi enxotado do Egito, porque era um subversivo.
Ele queria libertar o povo dos hebreus que eram ótimos trabalhadores.E o faraó
não queria deixar partir.
Moisés
trabalhava para tirar este povo do Egito. Um subversivo, nós diríamos, um
rebelde contra o governo. E ele foi perseguido. Os príncipes do Egito queriam
que o faraó decretasse sentença de morte sobre este subversivo e o faraó
decretou: “Eu te condeno, não para a morte mas, para a vida, eu te condeno
para a vida de solidão.” Expulsou para o deserto, para ele morrer sozinho
no deserto. Foi o maior favor que o faraó fez a Moisés, porque Moisés precisava
disto mesmo.
Ele
peregrinou, foi para o outro lado do deserto e chegou até a Arábia. E lá se
tornou pastor de rebanho do seu futuro sogro . E ficou 40 anos na Arábia. O primeiro período- 40 anos é no Egito. Magia
mental. Isto era sabedoria dos egípcios. Os egípcios conheciam segredos da
natureza estupendos. Conheciam até eletricidade. Aquela arca da aliança em que
Moisés carregava consigo na peregrinação, chamada arca da aliança; era uma verdadeira pilha
elétrica.
Se vocês querem ver como é que ele construiu a
pilha elétrica, leiam o livro do Êxodo-cap. 25. Lá está claramente expresso que
Moisés conhecia a eletricidade. Ele mandou fazer uma caixa pequena de madeira
de acácia bem seca. Ele diz: “As tábuas devem ser bem secas”. Porque
madeira seca não conduz eletricidade. Só madeira úmida. Então ele diz que deve
ser uma caixa de acácia e que de cada lado deve ter um varal de ouro puro, para
carregar aquela caixa. E nunca se deve
tirar este varal de ouro, mesmo quando estivesse em repouso no tabernáculo.
Por que não? Por que não se
podia retirar aquelas varas de ouro? Porque Moisés sabia muito bem que uma
caixa precisa de antenas para conduzir a eletricidade do ar. E em certos dias
aquela caixa se tornava luminosa. Havia uma nuvem por cima da caixa, a arca da
aliança. E quando havia uma nuvem luminosa sobre a arca da aliança, eles
consultavam Deus sobre certas coisas. Por que tinha uma nuvem luminosa lá em
cima? Porque em cima da arca da aliança tinha 2 querubins de ouro, 2 estátuas
de ouro com as asas voltadas para dentro, mas sem contato.
E Moisés disse: Entre as
asas dos querubins deve ter sem contato de tantas polegadas. Lá se contava
com polegadas, não tinha centímetro ainda. Então deixa espaço entre as asas dos
Querubins de tantas polegadas e por cima destas asas dos querubins havia a
nuvem luminosa. Nós sabemos que a eletricidade em certo tempo forma
eletricidade estática, galvânica, que dá luminosidade. Eu vi isto muitas vezes;
nos Alpes isto é comum.
Moisés sabia de todos estes
fenômenos. Quer dizer, ele era instruído em toda sabedoria dos egípcios, mas
foi enxotado porque se fez subversivo. Foi para a Arábia e iniciou seu segundo
período de vida, que não era mais de magia mental, mas era de experiência
mística. 40 anos de experiência mística ele teve na Arábia, como pastor de
rebanhos, na sua tremenda solidão.
Depois, ele tinha 80 anos.
Estava em plena juventude, afirma a Bíblia. A luz de seus olhos não se haviam
apagado e nenhum dente da sua boca estava solto. A Bíblia repete...isto é sinal
de juventude. E ele foi para o Egito porque Deus o mandou libertar o povo.
Voltou para o Egito aos 80 anos, armado de umas tremendas forças mágicas e
místicas. A magia ele recebeu no Egito. A mística lhe veio no deserto, na
solidão. E com estes poderes extraordinários ele exigiu do faraó que soltasse o
povo, que era quase um milhão de pessoas, os hebreus.Estiveram no Egito 430
anos, escravos. Tinha cerca de um milhão de pessoas escravizadas.
E Moisés fez questão de
libertar o povo, mas o faraó negou tudo. Então, vieram as pragas. As nove
pragas que Moisés lançou são magia mental. Ele produz doenças por meio de magia
mental. Homem poderoso. Produziu sobre
um país inteiro com magia mental, mas não conseguiu nada porque os magos do
Egito sabiam tanto como ele. Também tinham sido instruídos nesta magia.
Neutralizaram todas as pragas. 9 pragas foram neutralizadas, diz o texto.
E Moisés disse: “Eu tenho
inimigos poderosos aqui no Egito. Eles sabem tanto como eu”. Então, diz o
texto, Moisés resolveu lançar a ultima cartada contra o faraó para obrigá-lo a
soltar o povo escravizado. O que ele fez? Diz o texto que ele se preparou para
a morte dos primogênitos. Ele queria matar todos os primogênitos de todo Egito. Quem fosse primogênito, desde o
palácio do rei até a ultima escrava ia ser morto numa noite só. De que modo
Moisés ia matar milhares de primogênitos numa única noite? Magia mental.
Ele esperou o plenilúnio do mês
de abril. A lua cheia. Porque a magia se faz em noite de lua cheia. É sabido. A
lua nova, não dá certo. Só em lua cheia. Lua nova é espiritual e lua cheia é
mental. E Moisés disse: vou esperar a primeira lua cheia da primavera; abril,
lá no hemisfério norte. Aqui é outono. Ele esperou a primeira lua cheia do mês
de abril, que naquele tempo se chamava Nisan, é o nosso abril. E na
noite de lua cheia diz o texto, ele se concentrou mentalmente. Ele devia ter
uma tremenda concentração mental e produziu uma entidade astral.
Na concentração mental, ele
criou uma entidade astral de pura energia. E deu ordem a esta entidade astral
que percorresse todo o Egito e matasse em cada casa o primogênito, fosse quem
fosse. Fosse filho do faraó, fosse filho do escravo do faraó. E a entidade
astral perguntou: “Quem são os egípcios?” e Moisés disse: “São todos
habitantes deste país, menos os hebreus,” porque os hebreus moram no meio
deles. E a entidade astral, que na
Bíblia se chama o anjo exterminador, o anjo da morte, perguntou a Moisés: “Quem
são os hebreus, que eu não devo matar?” Então Moisés diz: “Os hebreus
são aqueles que eu dei ordem que pintassem os batentes das suas portas com
sangue de cordeiro. Onde encontrares sangue nos batentes das portas e nas vegas
das portas, não entres. Estes são os hebreus.”
Então Moisés deu ordem a todos
os hebreus que matassem um cordeiro e pintassem os batentes das suas portas, as
Vegas de cima com sangue do cordeiro. E assim fizeram. E o anjo exterminador
percorreu todo o Egito numa noite e quando encontrava uma porta pintada com sangue
fresco não entravam. Mas matou todos os outros primogênitos. Isto está lá na
Bíblia. Quer dizer, um poder sinistro que este Moisés tinha. Matando milhares
de pessoas numa noite.
E então o faraó deu ordem que
saíssem . Deu ordem a Moisés que saísse com todo o seu povo na mesma noite. E
não ficasse mais nenhuma noite. Um povo azarento assim não se pode tolerar. E
Moisés deu ordem aos hebreus que saíssem na mesma noite do plenilúnio de abril.
Saíram às pressas... é o que eles chamam Páscoa deles. A Páscoa judaica é a
libertação do Egito. Não tem nada que ver com ressurreição. A Páscoa judaica é
o nosso 7 de setembro, libertação nacional, porque eles eram escravos. Então se
libertaram e começaram o Êxodo. A saída do Egito. Bem, tudo isto está escrito
na Bíblia.
Depois ele peregrinou para a
terra santa com todo o povo. Imagine! Ele mandando 1 milhão de pessoas, sem
armas, sem nada. Só com a tremenda magia mental dele. E mandou afogar todo o
exército do faraó no Mar Vermelho. Deu água ao povo batendo no rochedo. É tudo
magia mental. Porque quando a gente entra na zona da magia mental todas as leis
da natureza nos obedecem. Não precisa nem mística espiritual para isto. Jesus
fazia isto, talvez com mística espiritual. Mas Moisés faz em grande parte com
magia mental. Os egípcios eram campeões de magia.
Mas o povo não chegou à terra
da Promissão. Por que não? Não chegaram. Levaram 40 anos pelos desertos e não
chegaram. Porque eles murmuraram contra Moisés dizendo: “Moisés, que
historia é esta? Nós passávamos tão bem lá no Egito. Éramos escravos, é
verdade, mas tínhamos a barriga cheia, não é? Então não era melhor, ser escravo
de barriga cheia do que morrer de fome aqui no deserto? Vamos voltar para o
Egito!” E Moisés disse a Deus: “Este povo é mesmo ingrato. Eles preferem
a escravidão com fartura, à liberdade austera. Aqui não tem panelas cheias de
carne e cebola, mas eles querem panelas cheias de carne e cebola. Materialistas!”
Então disse Deus: “Moisés
diz ao povo que nenhum deles, que saiu do Egito, vai entrar na terra da
Promissão; mas só os seus filhos, que nasceram no deserto e na liberdade
austera.” E assim aconteceu. Imaginem! Eles levaram 40 anos do Egito
para a Palestina. A gente faz isto numa semana, até à pé. Não é muito longe. A
gente faz isto até a pé. Não tinha automóvel, nem avião, naquele tempo. Tinha
cavalos, tinha camelos. Mas eles levaram 40 anos. Não porque fosse muito longe,
mas deviam morrer todos os amigos da escravidão, e somente os filhos da
liberdade é que deviam entrar na terra santa. Por isso é que eles morreram. Não
puderam entrar.
Então diz o texto: “Moisés
os conduziu até a fronteira de Canaã, que corria de leite e mel.” Era um
país muito abundante, que corria de leite e mel; que diz que tinha abundancia
de tudo. Mas, não entrou. Subiu o Monte Nebo, olhou para a terra e
transformou-se; e nunca mais voltou. Não
morreu, mas astralizou o seu corpo. Ele tinha vindo do astral, passando pelo
material, e voltou ao mundo astral. O mundo astral é o mundo de pura energia.
Então Moisés, depois de feito
tudo isto... enquanto fazia isto pensou: “Por que o resto da humanidade não
pode viver como eu vivia, em perfeita saúde e sem velhice, nem morte?” Ele
descobriu que havendo uma procriação material de corpo a corpo, como o animal,
não há corpo imortal. Mas, se houvesse uma procriação energética, não material,
astral (energia quer dizer astral) – então haveria corpo sem doença e sem
morte.
Então ele escreveu o Gênesis
insistindo sempre na necessidade do homem não se procriar fisicamente como o
animal, mas de se procriar astralmente como tinha acontecido com ele. Isto
precisam não esquecer. Ele quer crear uma eugenia humana perfeita. Uma eugenia
como nós chamamos hoje em dia. Uma vida perfeita. É uma eugenia (em
grego). Uma eugenia seria um corpo sem doença. Um corpo em eterna
juventude, isto seria uma perfeita eugenia. E isto Moisés acha possível.
Mas, contanto que o homem não
se multiplicasse como animal, mas hominalmente, e não animalmente. Porque ele
descreve como o espírito dos Elohim, o espírito de Deus, tinha vindo
sobre eles e transformado o corpo animal do homem num corpo hominal, um corpo
humano. Quer dizer, aqui há duas coisas. A vida animal já existia. Ou como diz Teilhard
de Chardin, veio uma descontinuidade da vida na continuidade da
vida. Muito bem descrito. A continuidade da vida é esta aqui e a descontinuidade
da vida é esta vertical.
Uma descontinuidade
espiritual enxertada na continuidade animal. Esta vertical, uma
espiritualidade, o sopro de Deus enxertado na animalidade. É evidente que
Moisés supõe que o corpo humano já existia como ser vivo. Ele diz claramente:
“A Zoé foi enxertada na psiché.”
Está lá no Gênesis. Zoé em grego quer dizer vida espiritual; psiché
quer dizer vida animal. Está lá claramente, no Gênesis. “A Zoé foi
enxertada na psiché”, que já existia. A vida do animal.Da planta e do
animal chama-se psiché, e uma vida espiritual, Zoé (às vezes se
encontra uma pessoa que se chama Zoé, eu conheci duas pessoas).
Nós temos
psiché no nosso corpo, e recebemos o Zoé, pelo espírito. Então,
as duas vidas; a vida espiritual entrou em conflito com a vida animal. Depois
nasceu a vida intelectual e piorou o conflito. Agora a vida animal não luta
propriamente contra a vida espiritual, mas se entra no animal a vida
intelectual, então começa a luta. Porque sempre a nossa inteligência luta
contra o espírito.
A Bhagavad Gita sabia disto. A
inteligência é o nosso ego e o espírito é o nosso Eu. Isto aqui (horizontal) é para nós o nosso ego, e isto
(vertical) para nós é o nosso Eu. E na Bhagavad Gita diz: “o ego é o pior
inimigo do Eu, mas o Eu é o melhor amigo do ego.” Então entraram em
conflito- o ego intelectual e o Eu espiritual. O ego intelectual quis continuar
a vida na horizontal e o Eu espiritual quer iniciar uma vida nova espiritual. E
armou-se um conflito.
Então Moisés diz: “É preciso sair da horizontal
da animalidade e entrar pouco a pouco na vertical da espiritualidade.” Mas,
como isto não se faz de um dia para o outro era necessário formar uma série de
linhas ascensionais; estas aqui subindo aos poucos, até chegar lá em cima. Isto
está tudo no Gênesis. Isto Moisés chama a “árvore do conhecimento do bem e
do mal”. E aquilo, (vertical) “árvore da vida.” “Não deveis comer
da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque isto dá um corpo mortal, e
deveis comer da árvore da vida, porque isto dá um corpo imortal.”
Isto aqui, dá um corpo cheio de
doenças e de morte; e isto aqui dá um corpo sem doenças e morte. Ele tinha
experimentado isto, porque ele nunca teve doença, e não morreu. E mais tarde
Jesus fez a mesma coisa. Aqui também, nesta linha estava Jesus.
Eu já expliquei na última aula
porque isto chama árvore do conhecimento do bem e do mal. É uma linguagem
bíblica que nós não conhecemos. Conhecer na Bíblia significa sempre ter relações sexuais. “Adão conheceu sua
mulher e ela concebeu.” É claro que ele não conheceu com a cabeça, mas
conheceu com o corpo. Isto na Bíblia se chama conhecer. E quando o anjo Gabriel
anuncia a Maria que ela vai ser mãe, ela diz: “Como? Eu não conheço varão?”
Mas ela não conhecia José? Não eram noivos? Como é que ela afirma que não
conhece homem? Mas ela não quis dizer que não conhecia mentalmente. Ela quis
dizer: “Eu não tenho relações sexuais com nenhum homem.” E só depois de
ter a explicação que a fecundação não seria material, mas astral, aí ela
consente. “Faça-se em mim segundo a tua palavra. Eis aqui a serva do
Senhor”. Aí ela consente uma
fecundação astral. E depois o Verbo se fez carne. Está lá.
Moisés sabia de tudo isto.
Então, ele quer crear uma eugenia perfeita, e quer que o homem não tenha
doenças, nem morra necessariamente, como acontecera com ele. Mas isto não se
pode fazer de um dia para o outro. Até hoje não se realizou. Uns poucos
imortalizaram seu corpo, como Enoc, Elias, Moisés e outros. E em nossos dias
Babaji, Saint Germain, alguns outros... mas o grosso da humanidade não chegou
até aí. Moisés entende que futuramente a humanidade pode fazer isto. Pode subir
da horizontal zero para a vertical 90 vamos dizer. Um ângulo reto tem 90o . Aqui é
zero- lá é 90- aqui no meio é 45o . Alguns homens chegaram até aqui.
Transformaram o seu corpo material num corpo astral. Enoc, Elias, Moisés, Babaji, Saint Germain, e outros.
Agora, uns poucos chegam lá.
Moisés era um dos poucos que estava lá. Jesus também. Segundo o Evangelho de
São Lucas e de Mateus, ele estava na vertical duma concepção puramente
imaterial, astral. Aqui ainda há ainda uma mistura de material e espiritual.
Mas, lá em cima acaba o material. 90o ângulo reto, é pura
espiritualidade. Aqui há também uma mistura de concepção material e de
concepção espiritual.
Estranhamente, porque o homem
ficou no plano da concepção material, a culpa é dada a Eva, e não a Adão. Que
coisa estranha. Nós ficamos desanimados. Será que Moisés era tão antifeminista
para dizer tais coisas? Para acusar a Eva de ter provocado esta concepção
material? Mas logo depois vem a reconciliação. De fato primeiro ela sucumbiu.
Ela entrou em contato com a inteligência que se chama serpente e a serpente da
inteligência disse: “Por que vós não
vos reproduzis como os outros seres?” e Eva diz: “Mas isto nos é
proibido, nós temos proibição de comer da árvore do conhecimento do bem e do
mal- do sexo.” O bem é o nascimento e o mal é a morte. Nós não devemos
procriar um corpo que nasça e morra. E a Bíblia chama o bem e o mal.
Nós não devemos ter estas
relações, porque senão nós criamos um corpo que nasce e depois morre. Mas os Elohim
disseram que nós devemos procriar um corpo que não morra nunca. Então a
serpente da inteligência disse: “Não, isto não é verdade.” E aí Eva se deixou
enganar como ela mesmo confessa depois. “Eu fui enganada pela serpente.”
E quando vieram os Elohim e lhe perguntaram: “Por que
desobedeceste nossas ordens?” Ela
diz: “A serpente me enganou.”
Isto nós diríamos: “A inteligência me enganou.”
E depois vem as 3 maldições- 1o vem a maldição à serpente;
depois vem a maldição à mulher e no fim vem a maldição ao homem. Isto
aconteceu no princípio. Mas depois vem a
reabilitação de Eva. É muito bonita esta reabilitação. Logo depois reaparecem
os Elohim (as forças creadoras, nunca se chamam Deus), e fizeram um
ajuste de contas. Chamaram somente a serpente e Eva. Desta vez Adão não está.
Aliás, o Adão nunca viu a serpente. O Adão nunca falou com a serpente. Nunca
existe nenhum contato de Adão com a serpente. Todo contato é entre a serpente e
a Eva.
Então, reaparecem os Elohim,
chamam Eva e a serpente e vêm estas palavras gloriosas. Nós vamos pôr inimizade
entre a serpente e seu descendente; e entre a mulher e seu descendente. Agora
já vem a inimizade entre Eva e a serpente. No principio era a amizade. Se ela
se deixou derrotar pela serpente, pela inteligência, é porque ela era muito
amiga da inteligência, serpentina. Agora vem a inimizade. “Havemos de pôr
inimizade entre ti, a mulher, e a serpente, entre teu descendente e o
descendente da serpente.” Aqui aparecem as duas humanidades. A humanidade
animal e a humanidade espiritual. Aqui já vem separação entre isto e aquilo.
Agora eles vão colocar inimizade, incompatibilidade entre a velha humanidade e
a nova humanidade.
Aqui começam as duas
humanidades. A velha humanidade é da serpente. A nova humanidade é da mulher.
Não mais a mulher que foi enganada pela serpente. Não, a mulher que já se separou
da serpente. Aqui está uma reabilitação de Eva. E uma sublimação. Estas
palavras que estão no segundo capítulo do Gênesis: “Nós, as forças
creadoras, os Elohim, vamos pôr inimizade entre ti, Eva, e teu descendente; e
entre a serpente e seu descendente.”
Até aqui o texto grego da Septuaginta
e a Vulgata latina estão de perfeito acordo. Agora começa o grande
desacordo entre os dois. Nós todos estamos habituados a ler a Vulgata latina
porque as nossas traduções são todas feitas pela Vulgata Latina. E na Vulgata
Latina vem agora o seguinte texto: “Poremos inimizade entre ti e a
serpente, entre teu descendente e o descendente da serpente.” Agora a Vulgata
diz: “Tu Eva esmagarás a cabeça da serpente e a serpente armará ciladas ao
teu calcanhar.”
Isto está na Vulgata Latina
que vem do terceiro século da era cristã. Não tem nada disto no grego. Não tem
uma palavra disto no texto grego que é 300 anos aC. E o texto latino é de 200
ou 300 anos depois de Cristo. Uma diferença de 500 ou 600 anos. O texto grego
não diz: “Ela te esmagará a cabeça e tu armarás ciladas ao seu calcanhar.”
Isto não está lá. Ninguém sabe porque a Vulgata introduziu isto. Em grego está..., primeiro não está ela, mas
ele. Autos e não Auté. Na Vulgata está ela,
a mulher esmagará a tua cabeça. No grego está ele, o descendente dela.
Ele... também não diz esmagará
a cabeça. O que está lá? “Ele espreitará a tua cabeça e tu espreitarás o
seu calcanhar.” Que quer dizer? A nova humanidade espreita a
cabeça da velha humanidade e a velha humanidade espreita o calcanhar, isto
é, os passos da nova humanidade. Isto está no texto grego que é o
texto verdadeiro.
Vamos descobrir os sentidos
destas coisas misteriosas. Haverá duas humanidades no futuro. Nenhuma será
vencedora e nenhuma será derrotada. Ambas correrão paralelas. Uma humanidade
nova e a outra humanidade velha. A humanidade animal e a humanidade espiritual
correrão paralelas até o fim dos tempos. Ninguém vai esmagar a cabeça de
alguém.
Imaginem se a mulher esmagasse
a cabeça da serpente , como é que a serpente podia armar ciladas ao calcanhar
da mulher? Com a cabeça quebrada? Esmagada? Morta? Não tem lógica. Se a mulher
esmagou a cabeça da serpente acabou-se a história. Quer dizer, a Vulgata não
entendeu nada de lógica. Disse coisas que não combinam. Não está no texto grego
que ela te esmagará a cabeça. Ele te
espreitará a cabeça. Vai observar quais são os pensamentos da velha humanidade.
A nova humanidade vai vigiar o que a velha humanidade está pensando. Vai vigiar
a cabeça, e a velha humanidade vai vigiar os passos da nova humanidade. Para
onde é que esta nova humanidade vai. São duas humanidades paralelas.
No Evangelho nós temos a
história do joio e do trigo. É exatamente a mesma idéia. Havia um homem que
semeou trigo no seu campo. De repente
apareceu joio, mato, como diz o caipira. Erva daninha (gramínea). e os servos
disseram: ‘Vamos arrancar o joio do meio do trigo’. ‘Não, disse o dono, não arranqueis o joio
do meio do trigo, deixai crescer os dois conjuntamente, (o trigo juntamente com
o joio) até o fim dos tempos e só no fim
dos tempos se fará a separação.’ Mas durante toda a evolução os dois, o
trigo e o joio têm direito á sua evolução; evolução para o bem- (o trigo)- e
evolução para o mal- (o joio). Deixai os dois correr paralelamente.
É a mesma idéia do Gênesis.
Deixa a nova humanidade correr paralela à velha humanidade. A nova humanidade
não vai esmagar a cabeça da velha humanidade, mas elas apenas vão se espreitar
mutuamente. A nova humanidade quer saber: “Quais são os pensamentos da velha
humanidade ego?” porque a velha humanidade é o ego. A velha humanidade do
ego, vai dizer: “Para onde é que vai esta nova humanidade do Eu?” Isto é
que está no texto grego. Uma coisa muito profunda. Não vai ser exterminada
nenhuma das humanidades. As duas correrão paralelas, uma, rumo à luz, outra
rumo às trevas. Mas, ambas têm o direito a sua evolução. Deus não impede a
evolução dos bens e não impede a evolução dos maus.
Se os bons e os maus são
creaturas creadoras, cada um é responsável pelos seus atos. Ninguém precisa
exterminar os maus. Os maus se exterminarão a si mesmos. Algum dia os maus
farão a sua autodestruição e os bons farão
a sua vida eterna. Isto é que está lá. Então, aqui temos uma grandiosa
reabilitação de Eva. Porque Eva tinha sucumbido à sugestão da serpente, no
princípio, e logo depois os Elohim declaram: “mas, agora se acabou
isto. Eva não vai ser mais amiga da serpente, não vai ser enganada pela
serpente”.
Muitos atribuem isto a Maria,
mãe de Jesus. Pela Septuaginta, não se sabe nada disto. E nós conhecemos
aquela imagem muito bonita onde Maria, a mãe de Jesus está com os pés em cima
duma serpente, esmagando a cabeça da serpente. Isto foi tirado da Vulgata
porque a Vulgata diz ‘ela’ em vez de ‘ele’- o descendente
da mulher. Ele também não diz- esmagará a cabeça. Isto só pode ser calcada sobre o Gênesis. Esta mulher que
representa Maria, com os pés em cima duma serpente, esmagando-lhe a cabeça;
quer dizer, pela Vulgata se supõe que a nova humanidade vai exterminar a
velha humanidade.
Isto se supõe pelo texto da
Vulgata que é um texto mais recente, que é do 3o século, mais ou
menos. Mas pelo texto da Septuaginta que é 300 anos aC não consta que a
nova humanidade vá exterminar a velha humanidade. As duas correm paralelas, uma
à outra. Uma vigiando a outra. Quer dizer, a luta entre o bem e o mal vai
continuar até o fim do mundo. Nunca o mal vai ser exterminado.
Por que não? Porque onde não há
resistência não há evolução. Isto é do livro dos sábios de Princeton: “A
Gnose de Princeton.” Aquele livro que apareceu em francês. Os sábios, os
corifeus da era atômica, da Universidade de Princeton, escreveram um livro: “Gnoses”
- conhecimento; onde eles dizem – deve haver luta entre o bem e o mal. Nunca
deixará de haver luta. Porque se não houvesse luta não haveria evolução. Os
bons haviam de parar, estagnar e não fariam mais nada. Se eles não tivessem
resistência nos maus, os bons não chegariam ao termo de sua jornada.
Por isso, na parábola do joio e
do trigo, o joio é necessário, porque se não houvesse joio, o trigo não se
havia de desenvolver. Tanto o Gênesis, como o Evangelho, como este livro de
Princeton, supõe a necessidade de uma luta permanente entre o bem e o mal.
Porque o bem só faz sua evolução em face duma resistência. E onde não há luta,
sofrimento e resistência, não há evolução. Isto já está no Gênesis. As duas
humanidades irão até o fim dos tempos.
A humanidade da mulher que
agora já é mulher convertida, não é mais a Eva derrotada, mas a Eva vitoriosa.
A humanidade da mulher e a humanidade da serpente serão paralelas até o fim dos
tempos. Quer dizer, aqui já está o elemento resistência. O elemento luta. Se
tomarmos o texto grego que é muito mais autêntico do que o texto latino...
muito mais antigo... porque o texto grego, como já expliquei em outra ocasião,
foi calcado sobre o texto hebraico de Moisés...
Moisés viveu 1500 anos antes de
Cristo e o texto grego foi feito 300 anos antes da era cristã, em Alexandria,
na África; por 70 tradutores judeus. Judeus que conheciam perfeitamente a língua
deles, o hebraico, e a língua grega, que naquele tempo dominava todo o mundo.
Então eles traduziram o texto de Moisés para o grego. Esta nossa Septuaginta,
quer dizer, 70. Setenta tradutores traduziram isto fidelissimamente. Não
mudaram nada no texto hebraico, original.
Nós não temos o texto hebraico.
Só temos o texto grego. E muito mais tarde veio o texto latino. De maneira que
Moisés, repito, tem uma grandiosa visão da humanidade. Ele sabe que a
humanidade no princípio vai ser derrotada pela serpente, pela animalidade e
pela intelectualidade. Porque Eva, no princípio ainda representa a animalidade
e a intelectualidade; mas que no fim haverá separação, não vitória e derrota,
mas, separação. No fim talvez haja vitória da nova humanidade e derrota da velha humanidade, mas isto não
está no Gênesis. A visão vai até a separação.
“Porei inimizade entre ti e
a mulher, entre teu descendente e o descendente dela.” Mas os dois sempre
andam paralelos, vigiando um ao outro. Nós estamos vendo. Até hoje assim
aconteceu. Cada um é responsável pelo fato se ele pertence à nova humanidade
que vai progredindo rumo ao espírito, ou, se ele permanece na velha humanidade
que se contenta com as suas animalidades e intelectualidades, muito cômodas.
Isto, cada um tem que resolver por
si. Mas, em resumo, esta visão de Moisés é uma visão grandiosa sobre a evolução
da humanidade, na sua derrota, na sua separação e talvez finalmente na sua
vitória. Não se sabe. Moisés não fala de uma vitória final. Só fala do
paralelismo das duas humanidades.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 10 - Tese filosófica sobre o homem
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 10: Tese filosófica sobre o homem
31/05/1977
31/05/1977
Agora vou
explicar outra coisa. Há três teorias sobre a origem do homem, aqui neste
planeta terra. Porque ninguém sabe donde nós viemos. Ninguém sabe. Nós somos um
eterno mistério. Porque nós somos diferentes de todo o resto do planeta terra.
Por um ponto, pela inteligência. O resto, não. O resto é a mesma coisa. Mas,
como é que apareceu aqui um ser inteligente como nós, ninguém explicou até
hoje. Eu vou explicar, a probabilidade; que são 3 teorias:
1o
– Teoria teológica
2o
– Hipótese científica
3o
– Tese filosófica
Eu
acho mais provável a tese filosófica da origem do homem, menos provável a
hipótese cientifica. E nada provável a teoria teológica.
Ultimamente
apareceu uma 4a teoria, que é muito recente. Apareceu há poucos
anos. Que nós não somos cidadãos da terra. Que nós somos imigrantes. Isto é
daquele fantasioso escritor suíço Erich Von Däniken: “Eram os deuses
astronautas” - “De volta às estrelas”.- aqueles livros foram best
sellers durante muito tempo por uma editora daqui de São Paulo. Fizeram
muito dinheiro, o autor e o diretor. Fizeram milhões. Mas, isto não nos
interessa, os milhões. Interessa a probabilidade.
Erich Von
Däniken, aquele escritor suíço que agora desapareceu completamente. Ninguém
mais fala nele. Ele esteve aqui em São Paulo, fez conferências no Clube
Transatlântico. Eu assisti as conferencias dele, em alemão, mas agora ele
desapareceu. Ele diz que o homem não nasceu aqui neste planeta terra. Ele foi
importado de outros planetas do universo, muito mais avançado do que nós, é
claro, onde já existia esta espécie de seres como nós. E os astronautas, os
deuses eram astronautas, diz ele, vieram aqui com discos voadores, com outros
aparelhos, e desembarcaram alguns homens aqui, e nós somos descendentes destes
habitantes, que vieram de outros planetas.
Isto é a
fantasia de Erich Von Däniken, que alarmou o mundo inteiro com seus
livros ultimamente. Mas, poucos anos depois, tudo silenciou. E, agora uma
grande revista do rio acha que tudo isto é chantagem. Bem, não vamos falar
disto aqui, porque não pode ser aceito cientificamente, o que seria a 4a
teoria.
Vamos
falar das outras três teorias que já têm séculos e milênios. A mais antiga é a
teoria teológica. A mais recente é a hipótese cientifica que começou no século
passado com Charles Darwin. É a teoria darwinista. Vamos primeiro tratar
da teoria teológica, que é da Bíblia. Aliás, a Bíblia não diz isto mais, a
interpretação que nós costumamos dar do texto do Gênesis, originou esta teoria.
A teoria teológica, então, em poucas palavras é o seguinte:
Este
mundo já estava povoado de muitos seres vivos; plantas e animais já existiam
muito antes de nós, no 1o, no 2o, no 3o, no 4o,
e no 5o período de creação; no yom, como dizem os hebreus,
que nós traduzimos erradamente por dia. Yom, quer dizer período. Os seis
yom da creação. Cada yom pode ter levado milhões de anos. Não
eram dias, eram períodos cósmicos imensos. Vamos então traduzir que houve 6
períodos sucessivos de creação.
E diz a
Bíblia que no fim do 6o yom, no fim do 6o período,
no último, no fim de tudo, os Elohim, as forças creadoras resolveram
crear o homem. Então, a teologia diz que nós somos as últimas creaturas que
apareceram aqui na terra. E as mais recentes, portanto. Mas, as mais
importantes, porque temos alguma coisa que os outros não têm. Então, os
teólogos entendem que no 6o período de creação Deus resolveu crear o
homem, separadamente de todo o resto.
E segundo a teologia, o homem
nada tem que ver com os animais, nem sequer o corpo veio dos animais. Muito
menos o espírito é claro, mas que os Elohim, as divindades ou as forças
creadoras resolveram fabricar de terra, de barro, um corpo especial, não um
corpo animal, um corpo diferente. E, insuflaram neste boneco de barro o
espírito de Deus. Isto é em poucas palavras, a teoria teológica até hoje. Isto
não está no Gênesis, mas isto é uma interpretação que os teólogos dão destas
palavras. Se isso fosse verdade, nós nunca poderíamos explicar porque é que o
nosso corpo é inteiramente igual ao corpo dos mamíferos superiores, dos
primatas, que são os mamíferos mais aperfeiçoados que tem neste planeta terra.
Os primatas! Ninguém explica a
completa semelhança entre o corpo humano e os mamíferos superiores; porque se o
nosso corpo não veio do animal, não se explica a identidade completa em todos
os órgãos internos e externos do nosso corpo. Qualquer médico sabe disto. Todos
os órgãos dos animais superiores estão em nós. Funcionam, do mesmo modo. Isto
torna muito improvável a explicação que os teólogos dão, que o nosso corpo não
veio dos animais, mas que foi fabricado especialmente para nós.
Então, Deus teria copiado um
corpo animal; por que é que não fez um corpo muito mais perfeito, se nos
queriam insuflar o espírito? Ele devia ter feito um corpo muito mais perfeito,
que um corpo animal, porque o nosso corpo não é mais perfeito que o corpo
animal. Alguns animais têm o corpo mais perfeito do que nós. Alguns animais têm
os cinco sentidos muito mais aperfeiçoados. O olfato maravilhoso que cheira a
distância qualquer coisa; o nosso olfato
está atrofiado, nós não cheiramos quase nada. O nosso olhar não é tão penetrante
como o olhar das águias. O nosso ouvido não é tão aperfeiçoado como o ouvido de
um cão de policia, e que outros animais noturnos sobretudo; ouve a grande
distância o menor ruído. Nós não ouvimos a grande distância. O nosso ouvido não
é muito perfeito. Os nossos olhos não são muito perfeitos. O nosso olfato está
completamente atrofiado. Neste ponto nós somos inferiores aos próprios animais.
E o corpo? Se os Elohim quiseram
dar um corpo perfeito nos deveriam ter dado outro corpo muito melhor. Esta
teoria é muito improvável. O modo como os teólogos explicam. Em segundo lugar,
no Apocalipse, que é o último livro da Bíblia está claramente declarado que o
nosso corpo é do animal. Veio o animal do mar, diz o texto do Apocalipse, e
foram lhe dados os dons do dragão. No Apocalipse, a serpente sempre é o dragão.
O dragão e a serpente sempre representam a inteligência. Foram nos dados os
dons da inteligência ao animal, está lá. No Apocalipse está claramente que era
um animal vivo.
E Teilhard de Chardin, o
grande cientista do nosso século também diz: “Nós passamos através da
biosfera e chegamos até a noosfera e vamos chegar futuramente até a logosfera.”
Primeiro vem a hilosfera da matéria, depois vem a biosfera da
vida animal, e agora estamos na noosfera da inteligência e futuramente
chegaremos até a logosfera da razão. Este é o itinerário evolutivo de um
dos grandes cientistas no nosso século, que também era teólogo. Pois era
sacerdote da ordem dos jesuítas, Teilhard de Chardin. Ele admite
tranqüilamente que nós viemos da biosfera, que é o animal, chegamos até
a noosfera que estamos nós atualmente, inteligência; e que vamos chegar
futuramente até a logosfera da razão espiritual.
Quer dizer, a teoria teológica
não pode ser defendida em pleno século XX, em que nós queremos coisa muito mais
séria e não coisa mitológica. Isto é uma teoria quase mitológica, que Deus
teria feito uma sessão especial lá no céu para decretar que ele ia crear uma
entidade muito mais perfeita que o animal, mas não nos deu um corpo mais
perfeito do que o animal. Em muitos pontos, até menos perfeito; nos deu uma
coisa, por enquanto, o que nos distingue do animal é unicamente a inteligência.
No resto nós não mudamos nada.
A inteligência é do pescoço para cima, quer
dizer, a nossa única coisa diferente do animal é do pescoço para cima; do
pescoço para baixo, nós não mudamos nada. O nosso andar ereto, é verdade,
começou com a inteligência. Quando nós recebemos inteligência nós não podíamos
mais andar horizontalmente como o animal, porque a nossa cabeça é a nossa
grande antena. A nossa principal antena é o cérebro. Está ligado à coluna
vertebral que também é uma antena. Cérebro e coluna vertebral são as nossas
antenas. Toda a nossa consciência passa através da coluna vertebral, onde estão
uns feixes de nervos e termina no cérebro.
E uma antena tem que estar em
posição vertical e não deve estar em posição horizontal., porque horizontal é o
animal que funciona entre os dois pólos. Entre o pólo norte e o pólo sul onde
tem as ondas elétricas. Ondas magnéticas, que vão de norte a sul. As ondas magnéticas.
Mas, nós precisamos mais do que ondas magnéticas. Nós precisamos receber ondas
mentais e espirituais. Por isso a nossa cabeça voltou para cima. Isto foi uma
necessidade da nossa evolução intelectual. Virar a nossa antena para cima.
Vocês sabem que a planta está
virada de cabeça para baixo. As raízes da planta são a cabeça da planta. Elas
se nutrem pelas raízes. Toda nutrição da planta vem da terra. Por isso nós
temos que plantar uma árvore com as raízes debaixo da terra, porque ela tira da
terra o seu alimento. Evidentemente, as raízes da planta são a cabeça da
planta. Ela está invertida. Ela está de cabeça para baixo, e os órgãos de
reprodução da planta são as flores. As flores estão para cima, porque são os
órgãos de reprodução. Sem flores nenhuma planta se reproduz. As flores dão
sementes e a semente reproduz a planta. Quer dizer, a planta é exatamente
vertical invertida. Vertical de cabeça para baixo e o resto para cima.
O animal fez isto. Ele está com
a coluna vertical em linha horizontal, geralmente porque ele precisa das
irradiações da terra. Nós voltamos a cabeça para cima e somos o único ser que
anda de cabeça para cima. E a coluna vertebral para cima também. E não é só a
nossa cabeça que é para cima, a coluna vertebral é para cima. Esta, a nossa
perfeição. Mas, pergunta-se se a inteligência nos melhorou, ou não? Bem, nos
melhorou intelectualmente, mas não nos melhorou moralmente, nem
espiritualmente. Humanamente, não melhorou. Pela inteligência nós exploramos
nossos semelhantes. A inteligência explora o mais possível a seu favor, os
outros. Quer dizer, a inteligência é terrivelmente exploradora.
Possessividade -nós pela
inteligência queremos apoderar-nos de tudo. Quanto mais, tanto melhor. Tiramos
dos outros e damos para nós, egoístas que somos. A inteligência é terrivelmente
exploradora, terrivelmente egoísta e terrivelmente agressiva.
Nós agredimos nossos semelhantes sem necessidade nenhuma. Quando o animal
agride outros animais é porque está com fome. Porque o animal só se defende ou
só agride os outros quando está com fome. Ou defende a sua ninhada, os seus
filhotes.
E nós, fazemos o mesmo? Nós não
matamos milhares e milhares, brincando. Nestas últimas guerras... Na última guerra, só Hitler matou mais de 6
milhões de inocentes. Não soldados, homens indefesos. Estavam tranqüilamente
nas suas casas. Só porque eram de outra raça. Veja que coisa faz a
inteligência: possessividade, agressividade... Horrível!
Quando Schweitzer estava
na África durante a primeira guerra mundial do Kaiser; Schweitzer estava na África , o grande Schweitzer,
e as tribos africanas estavam em território francês (e ele também estava em
território francês) foram convocadas à guerra pela França, contra a Alemanha. E
os negros contaram a Schweitzer: “Sabe Dr. Já morreram 10 da nossa tribo.”
E Schweitzer diz “Vocês pensam que são só 10? Já morreram milhares.
Não da vossa tribo, mas de outra. Milhões já morreram.” E os africanos disseram: “Mas, será que os
europeus têm tanta fome?”
Schweitzer diz: “Não,
eles não comem os mortos”. “Ah” disseram, “quando nós matamos
alguém é para comer, então eles matam e nem comem, são muito piores do que nós”.
Filosofia dos negros! Matar, quando está com muita fome, ainda se explica,
porque animal faz isto. Mas matar e deixar apodrecer lá no campo de Batalha...
“Estes são muito piores do que nós, os europeus. Graças a Deus que somos
melhores do que eles”. E Schweitzer conta isto no livro dele.
Isto vem de nossa querida
inteligência. Matamos milhares e milhões, por bobagem; na última guerra mundial
mais de 100 milhões de inocentes, não soldados, de inocentes, homens, mulheres
e crianças que não estavam em guerra. Quer dizer que a nossa inteligência é
terrivelmente agressiva. Mata a torto e a direito. Nenhum animal faz isto. Quer
dizer que a nossa inteligência não nos melhorou. Humanamente nós não ficamos
melhores, por causa da inteligência. Inteligência é uma coisa muito unilateral.
E na sexualidade, a
inteligência não nos piorou? Nenhum animal é
tão libidinoso como os homens. Os animais têm o seu período de cio.
Geralmente na primavera de cada ano como Walt Disney mostra naqueles
filmes sobre as focas. Durante a
primavera de cada ano, os focas moram numa ilha e as focas moram na outra ilha.
Então Walt Disney conta: “Na primavera de cada ano os focas visitam
as focas durante 3 meses. Fazem a sua procriação e voltam para sua ilha
tranqüilamente, para o resto do ano. Nem se importam mais com suas fêmeas aí.”
Para o outro ano repete a mesma coisa. Isto é do mundo selvagem dos animais.
Sexualidade controlada. Conforme as necessidades da espécie.
Que os homens fazem? Os homens
civilizados vivem no cio sexual 360 dias por ano. Os animais, 3 meses por ano.
Melhorou muito? E os animais só usam o sexo para procriação. Não usam sexo para
luxúria sexual, para libido. Mas, muitos homens, e provavelmente mulheres
também, praticam libido o ano inteiro sem nenhuma intenção de procriação. Quer
dizer, a inteligência hipertrofiou a própria sexualidade.
E as doenças? O animal selvagem
não tem doenças. O animal doméstico tem, porque já foi contaminado por nós. O
animal selvagem praticamente não tem doenças. O animal doméstico também tem
doenças. Por que? Porque o animal doméstico vive num ambiente completamente
desnatural. Imaginem! Pastos, estábulos e até gaiolas não são ambientes
desnaturais para o animal? O ambiente natural para o animal é a natureza, mas
não é um curral. Não é um pasto cercado. Não é um estábulo.
Quer dizer, nós adulteramos o
organismo do animal; quando domesticamos o animal está fora do seu ambiente
natural. E que comida nós damos ao animal doméstico? Completamente desnatural.
Nós fabricamos rações que a natureza não dá, mas, que nós inventamos. Porque
inventamos rações artificiais? Para a nossa ganância, e nosso egoísmo. Uma vaca
que vive selvagem no mato, precisa dar 5 litros de leite para o seu bezerrinho.
5 litros por dia dá perfeitamente para alimentar o bebê. As nossas vacas têm
obrigação de dar 30 l. Vaca holandesa tem que dar 30 l de leite. Não, para o
bezerro, para o nosso egoísmo. Assim, naturalmente o organismo da vaca fica
completamente adulterado; porque nós a obrigamos com certas rações a falsificar
o seu organismo, para nosso proveito.
E as galinhas? Uma ave natural
põe 5 ovos por ano. Quase nenhuma ave põe mais de 5 ovos por ano. As nossas
galinhas têm obrigação de pôr 200 ovos por ano, para nós vendermos. Nós lhe
damos rações tão artificiais que hipertrofiam os ovários da galinha e a galinha
queira ou não queira, tem que pôr ovos, não fecundados, ovos estéreis, não
galados. Assim somos nós a nossa inteligência é terrivelmente egoísta.
Falsifica a natureza. E como os animais vivem em nossa vizinhança e nós já
falsificamos o nosso organismo, as nossas auras e vibrações criam doenças para
os próprios animais domésticos.
Quer dizer, a nossa
inteligência não foi um benefício universal para a humanidade. Deu muitas
vantagens unilaterais, mas, não melhorou universalmente o organismo humano. Em
muitos pontos, a inteligência nos piorou... nos piorou no sexo, na
possessividade, nos piorou na agressividade, nos piorou nas doenças, nas
enfermidades. Porque nós só melhoramos da cabeça, do pescoço para cima. Só este
pedacinho é melhor do que os animais. O resto ficou tudo pior.
Bem, agora vamos a outra
teoria. Aliás, nem é uma teoria, é uma hipótese científica. Pseudocientífica,
talvez. A hipótese científica diz: “O homem não veio de Deus, nem o seu
espírito, nem o seu corpo. O homem veio integralmente do animal. O animal
através de milhares e milhões de anos se foi aperfeiçoando, mas no princípio, nós
éramos simples animais. Nada mais, nada de inteligência. Pouco a pouco,
criamos, transformamos o instinto em inteligência, muito primitiva. Do tempo
dos trogloditas, aí não havia muita diferença entre instinto e inteligência.
Pouco a pouco a nossa inteligência foi aperfeiçoando, porque via vantagem de
seu aperfeiçoamento. Porque é vantajoso, a gente ser inteligente, porque pode
derrotar os outros, pode explorar os outros, e quem não tem muita inteligência
não tem muita capacidade para exploração e para se apoderar das coisas dos
outros. Então, o homem aperfeiçoa a sua inteligência porque viu a necessidade
de derrotar seus colegas mais atrasados”.
Assim, os darwinistas explicam
o crescimento paulatino da inteligência até hoje. Nós usamos a inteligência quase
exclusivamente para derrotarmos os outros, para criarmos soberanias sobre os
outros e para nos apoderarmos das coisas que são dos outros. Ganância e egoísmo
são as molas reais da nossa inteligência, até hoje. Legalmente organizado,
porque a lei não exige uma exploração indefinida, mas controla a exploração
dentro de certo limite. A lei põe certos limites. Você pode fazer isto com sua
inteligência, mas não pode fazer aquilo. Quer dizer, a lei é o freio legal para
a exploração, para o egoísmo e para a ganância, mas ela permite muitas coisas
que para o animal não seria permitido.
Mas, o argumento principal
contra a teoria darwinista é o seguinte: O darwinismo científico diz: o
homem foi causado pelo animal. O homem é um efeito e o animal é a causa,
porque a ciência darwinista não aceita nada fora das leis físicas. Não aceita
creação, só aceita evolução. A creação é um mito para eles. A creação é uma
crença, mas não é uma ciência, que se pode provar. Então, o principal argumento
que nós aduzimos contra o darwinismo científico é o seguinte: ele é contra a
lógica e contra a matemática. Não vamos falar de religião, porque isto é
perigoso. Porque eles não aceitam tal coisa como a religião, mas, ninguém pode
deixar de aceitar a lógica e a matemática. Todos têm que viver dentro da lógica
e dentro da matemática.
E a lógica e a matemática dizem
o seguinte: Nenhum efeito pode ser maior que sua causa. Isto é tese
absolutamente certa da matemática. Não há efeito maior que sua causa. A lógica
é a mesma coisa que a matemática. Matemática e lógica são a mesma coisa.
Podemos usar uma palavra pela outra. Não há nenhum efeito maior que sua causa.
Se a causa é 10, o efeito não pode ser maior que 10. Se a causa é 20, o efeito
não pode ser maior que 20. Pode ser menor, mas não pode ser maior. Se a causa é
50, o efeito não pode ser maior que 50. Isto é pura matemática. Pura lógica.
E agora? Todo mundo admite que
o homem é mais perfeito que o animal, principalmente por causa da inteligência.
Não tanto no corpo, mas na inteligência. E os darwinistas também admitem que
eles, os darwinistas são mais inteligentes que qualquer animal. Isto ninguém
nega, porque nenhum animal ainda conseguiu fazer o que nós temos feito pela
inteligência. Nenhum animal do mundo nunca vai fazer isto.
Agora, vamos dar ao homem
perfeição 100 e vamos dar ao mais perfeito dos animais, perfeição 50. Os
números são arbitrários, mas vamos fazer este jogo, então vamos dizer que o
homem é na média, perfeito grau 100. e o mais perfeito dos animais, com
instinto apurado, não é mais que 50, porque ele não está na altura da nossa
inteligência. Nenhum animal. Nunca existiu. E agora? Estamos fora da matemática
porque estabelecemos um efeito 100 e uma causa 50. Se aceitamos que o homem é o
efeito e o animal é a causa.
2a
parte
Potencialidade.
Que é potencialidade? No animal existia a potencialidade de produzir o homem e
através de milhões e milhões de anos, a potencialidade animal que era 50 vamos
dizer, desenvolveu-se na potencialidade hominal 100. Quer dizer, a potencialidade
pequena produziu uma potencialidade grande. Isto está nos livros escolares,
está nos livros dos colégios, está nos livros de universidades; que pela
potencialidade, uma potencialidade pequena se pode desenvolver para uma
potencialidade grande através de longos períodos evolutivos. Não vai tão
depressa. E quase todo mundo científico aceitou esta camuflagem. É uma
camuflagem. Por que uma camuflagem? Porque nunca uma potencialidade maior está
dentro de uma potencialidade menor.
Isto é a morte da lógica e a
morte da matemática, aceitar isto. O maior nunca cabe no menor. Nunca se viu
isto no mundo inteiro. Se vocês têm um recipiente de 1 litro, e ao lado tem uma
tonelada que são 1000 litros, eu quero ver de que modo vocês vão pôr a tonelada
de água dentro dum litro. Mas, o litro não pode expandir-se para caber 1000
litros. Mas, os darwinistas admitem isto. A potencialidade animal era apenas,
vamos dizer, como se fosse 1 litro, e a potencialidade do homem é agora 1000
litros, uma tonelada. E como é que a tonelada veio do litro? Nunca ninguém
explicou isto.
Não adianta recorrer a palavras
misteriosas, evolução, potencialidade, porque são camuflagens. Na realidade não
existe tal possibilidade. Uma vez eu expliquei isto. E um aluno muito
inteligente, foi lá nos Estados Unidos, em Washington, onde eu dava aulas na
universidade. E o aluno disse: Escute, Professor, o senhor diz que, uma
causa menor não pode produzir um efeito maior. O animal que é uma causa
menor não podia produzir o homem que é um efeito maior, mas eu provo, que
uma causa menor pode produzir o homem que é um efeito maior. E todo mundo
ficou atento a ver como ele me ia refutar.
Ele disse: “Aí tem um
coqueiro de 20 m de altura, qual foi a causa deste coqueiro? Foi um coquinho
pequenino assim, desse tamanho. Aí está uma causa muito pequenina assim, e
durante muitos anos ele deu este coqueiro. Ninguém pode negar que um coqueiro é
maior do que um coco. E uma nogueira é maior do que uma noz. E até que um pé de
milho é maior do que um grão de milho. Todo mundo sabe disto. Então está
provado que uma causa menor pode produzir um efeito maior. Isto aconteceu na
humanidade. O coco é semelhante, comparável ao animal e o homem é comparável ao
coqueiro. Por que isto não pode ser? A natureza faz isto todos os dias. Por que
ela não fez isto com o homem?”
Todo
mundo ficou estupefato, porque eles me julgaram completamente derrotado. Eu
disse: “Escute, você faça o favor de pegar o seu coco e colocar aqui na
mesa, e espere 100 anos para ver se dá coqueiro. Não vai dar.. Ué! Mas se a
causa está aqui por que não aparece o efeito?” Ele não sabia o que
responder. Eu disse: “Não é verdade que o coco é a causa do coqueiro. Não é verdade, é pura
ilusão. Porque se isto for verdade, você podia pôr o coquinho lá na mesa e depois
de algum tempo dava um coqueiro. É claro que nunca dá coqueiro. Nunca, nunca
vai dar. Falta o principal. A coisa secundaria está aqui. A coisa principal não
está aqui.” Então eu expliquei: “Qualquer semente, seja um coco, seja uma noz, seja um
grão de milho, seja um grão de arroz ou feijão são condições mas não são causas
de planta.”
Pela
primeira vez eles ouviam isto. A semente não é causa da futura planta. Ela é
uma condição, mas não uma causa. E quiseram saber o que era condição. Vamos
dizer, condição é uma espécie de canal. E causa é uma fonte. Se você tem canais
e não tem fonte, nunca vai ter água nos canais. Porque nós não podemos fabricar
água. O melhor dos engenheiros não pode fabricar uma fonte. A natureza faz as
fontes. Os engenheiros fazem os canais, mas, se o engenheiro não tem uma fonte,
não adianta fazer encanamentos, nem de ouro; não vai produzir água. Nós vamos
ter encanamentos eternamente vazios.
Então, a
semente, seja coco, seja outra coisa,
são canais , são encanamentos da natureza, ou condições como nós dizemos na
filosofia. Condição é um canal, causa é uma fonte. E agora, onde está a causa
do coqueiro? Se o coco é apenas uma condição, um canal, um veículo, e onde é
que está a fonte? Eu disse: -Você tira este coco da mesa e põe no fundo da
terra úmida. E daí algum tempo, vai aparecer um coqueiro. E vai ficar grande. E
o que aconteceu? Na terra ele está em contato com as infinitas potências da
natureza, que são água e luz. Água e luz são causa de uma planta. Se uma
semente não tem umidade, água, vai secar e morrer. Se só tem água, mas não tem
sol, vai apodrecer. Sem água e com sol vai ficar seca, e com água sem sol vai
apodrecer. Mas, se ele tem duas coisas, água da terra e sol do espaço, então
ele tem as causas necessárias para dar um coqueiro.
Aqui tem duas
causas. Água e luz, sempre são necessárias para qualquer planta. Não existe
possibilidade de crescimento. Podia ser inicial, mas por muito tempo, não. Por
100 anos não dá. Então precisamos das causas que são as potências da natureza.
Água e sol são causas cósmicas que produzem a planta, mas, precisam dum canal.
Precisam duma condição que é a semente. Se não existe semente, água e luz não
produzem a planta, mas, se existe a semente e ao mesmo tempo água e luz, então
aparece a planta.
Eu disse: - O
senhor está enganado pensando que a semente seja a causa da planta. A semente é
uma condição. Condição é um fator externo. Causa é um fator interno. Sem o
fator interno, causa, a condição externa, semente não funciona. Isto acontece
em toda natureza. O ovo e uma ave -parece que o ovo é a causa da ave. Parece,
mas não é verdade. Se vocês têm um ovo, um ovo fecundado e põem um ovo aqui na
mesa, vai sair um pintinho? Nunca vai sair pintinho deste ovo. Mas, se o ovo é
a causa do pintinho e da ave, porque não sai? Falta a causa. Está aqui a
condição, não está aqui a causa. E a condição, o que é? Água e luz.
Vocês vão a
uma incubadeira elétrica por aí, nas granjas, que produzem milhares e milhões
de pintinhos. O que está nesta incubadeira das granjas? Água e calor. Eles põem
luz elétrica lá dentro, mantêm uma temperatura de 39o mais ou menos.
Eu já fiz isto quando eu tinha sítio lá no Rio de Janeiro, antigamente. Eu fiz
uma incubadeira muito pequena, para uma dúzia de ovos. E os caipiras diziam: - Imaginem!
Este homem quer produzir pintinhos, sem choca. Faz uma caixa e diz que vai
produzir pintinhos numa caixa.
– Esperem
21 dias porque um ovo precisa de 21 dias para produzir. Eu pus luz elétrica
de 39o lá dentro, permanente, e água. É importante água, sem água
não dá. Morre tudo, porque a casca do ovo é porosa. Ela absorve a umidade do ar
para não ressecar o germe que está dentro do ovo. Se não tem água resseca,
morre o germe e não dá nada. Vocês põem uma tigela de água na incubadeira;
basta uma tigela ou um pano úmido, renovando cada dia a umidade, e mantendo a
temperatura de 39o permanente. Calor e água, em 21 dias, qualquer
ovo galado sai um pintinho vivo; mas, a causa foi, a umidade e o calor. E a
condição foi o ovo. Em toda natureza é assim.
É preciso que
haja duas coisas. A causa e a condição. A causa funciona através da condição,
como a fonte funciona através dos encanamentos. Se há só encanamento, nunca vai
dar água. Pode haver água sem encanamento, mas encanamento sem fonte não dá
nada. A causa, às vezes, funciona mesmo sem condições, em casos fora da
natureza, mas, não dentro da natureza.
Então,
aplicando isto ao nosso caso. O animal pode ser uma condição para o
aparecimento do homem. Pode ser um canal, pode ser um veículo. O animal não
pode ser uma causa, porque no homem há
uma coisa que o animal não tem. Inteligência. Nenhum instinto se desenvolve,
inteligência por si só. Se, para além das potencialidades do animal e do homem,
para além dos 50 do animal e dos 100 do homem, não existe uma potência para
canalizar as potencialidades do animal 50 e as potencialidades do homem 100;
isto não funciona. Portanto, potencialidade sem potência não existe.
Onde está a
potência? A potência não está no animal, a potência também não está no homem. A
potência está no infinito. A potência é a alma do universo. Spinoza chama isto
a alma do Universo. A alma do Universo produz os corpos do
Universo. A alma produz planta, a alma produz animais. A alma do Universo produz
homens, mas, se não existe esta fonte, esta potência que alguns chamam alma
do Universo e que as religiões chamam Deus, mas, no sentido verdadeiro. Não
no Deus pessoa. Não no Deus papai-noel. Este não vai produzir nada. Mas, se
existe a potência da natureza que é infinitamente grande (a potência da natureza,
a alma do Universo é infinita), ela pode produzir qualquer creatura,
servindo-se de potencialidade menor para canalizar potencialidades maiores.
Esta é a única
explicação. E agora já não estamos na ciência. Se eu falo de evolução, estamos
na ciência. Se eu passo da evolução para a creação, estamos fora da ciência,
porque a ciência não sabe nada de creação. De criação, ela sabe, mas não sabe
nada de creação.
Eu sei que a nossa ortografia
oficial aboliu a palavra creação, que é palavra latina e substitui pela palavra
criação que é um neologismo moderno; mas, na filosofia nós temos que introduzir
outra vez a palavra creação. Creação é a
transição do infinito para o finito. Isto é creação. Criação é evolução. A
transição de um finito para outro finito se chama evolução. Geralmente de um
finito menor para um finito maior...Isto é evolução. Que também se pode chamar
criação, mas, não creação. Não dá. É uma diferença infinita entre creação e evolução.
Evolução é a transição de uma criatura finita para outra criatura finita,
talvez maior. Isto é evolução, mas, creação é a transição do creador para a
creatura. Quer dizer creador, creatura é linha vertical. Uma linha horizontal é
evolução, de uma creatura para outra creatura.
Então, na filosofia, nós temos que distinguir nitidamente
crear e criar. Eu uso geralmente a
palavra evolução, em vez de criação. Porque assim não há confusão. Mas, como a
nossa ortografia foi feita para escola de alfabetização, porque metade do
Brasil, é analfabeta; é claro que os poderes públicos deviam fazer o possível
para alfabetizar os analfabetos e para dificultar o menos possível. Se nós
exigimos dum analfabeto alfabetizando, que faça distinção entre crear e criar,
ele entra na confusão. Porque ele diz: isto puxa muito pela idéia, como
pensa o caipira. “Isto puxa muito pela idéia”.
Vamos
escrever tudo igual, isto é para facilitar a alfabetização, é claro, é justo.
Fizeram muito bem. Mas, nós não podemos introduzir isto na zona Universitária,
onde nós temos que fazer nítida distinção entre uma idéia e outra idéia. Entre
a idéia vertical → horizontal que é
creação, e outra idéia, horizontal →
horizontal, que é evolução.
A
ciência só conhece evolução. A filosofia conhece evolução e creação. A única
explicação exata que nós podemos dar da origem do homem é afirmar creação e
evolução junta. A teologia não gosta muito da palavra evolução. Termo assim
meio materialista, tal e qual. Então, a teologia insiste na creação. O homem
foi creado... e não tem nada de evolução. A ciência não gosta da creação, mas
gosta muito da evolução. Eles dizem: “nós somos evolucionistas”.
Nós
na filosofia, não podemos ficar, só com a teologia da creação, nem só com a
ciência da evolução. Nós temos que fazer a síntese entre creação e evolução. É
a única coisa certa que temos que fazer. Na filosofia, nós dizemos: “É
evidente que todo o finito veio do infinito, isto ninguém pode negar. O finito
não começou com o finito. O finito começou com o infinito. O finito é uma
manifestação parcial do infinito. Isto é lógico. Isto é matemático”.
O primeiro passo da filosofia então é: o
início do homem é creação. Agora, a evolução do homem é outra coisa. Depois de
creado ele continua na evolução. Evolução é uma continuação ascensional.
Creação é um princípio. Filosofia necessita de duas coisas: A transição do
infinito para o finito e o aperfeiçoamento do finito menor para um finito
maior. Com estas duas bases nós podemos aceitar perfeitamente a origem do homem
como de todas as coisas, aliás, não só do homem, é do infinito. A fonte está no
infinito. Os canais estão no finito, os canais são a evolução; a fonte é a
creação.
Juntando creação com
evolução nós podemos defender perfeitamente a origem do homem. Todo finito veio
do infinito, mas, todos os finitos fluem através de outros finitos. Assim é
evidente que o nosso corpo fluiu através de outros corpos orgânicos. Finito
para um finito maior. Mas, seja qual for o organismo, seja qual for a creatura,
toda creatura finita necessita duma fonte; porque, se eu não tenho fonte e
apenas canais, os canais não funcionam. Serão eternamente vazios. Eu preciso
tanto duma fonte infinita, como também de canais finitos.
* * *
TRANSCRIÇÃO DA AULA 15 - Acrobacia mental
CURSO NOVA HUMANIDADE
Huberto Rohden
Aula 15: Acrobacia mental
16/08/1977
Vocês imaginem
agora, esta cruz preta, a essência, a realidade, a Divindade, praticamente,
Brahman Tao yahve, isto é a realidade. Mas
isto não é objeto dos sentidos. Isto é da intuição cósmica. Isto é da
experiência mística, dizem os outros. Mas é a mesma coisa. Nós nada sabemos de Deus a não ser pela
experiência mística, ou pela intuição cósmica. O que nós sabemos é isto aqui.
São as existências. Muitas existências. As existências são milhões e milhões.
Tem existências no mundo mineral, no mundo vegetal, no mundo animal e há
existências no mundo hominal. Tudo isto é existência, existencialidade. Isto
nós vemos todos os dias (a existência). Mas, a existência não existe neste
vácuo aqui . A existência só existe assim, com a essência dentro. Porque eu pus
uma essência tão pequenina lá dentro? É para dizer que nós não temos
consciência disto. Por isso eu pus tão pequenino, quase invisível.
16/08/1977
Vamos subir
todos à estratosfera do pensamento.
Vocês estão
prontos para voar alto? Preparem-se, com suas máscaras de oxigênio, que lá tem
pouco ar.
A coisa mais difícil em toda
filosofia, sobretudo na filosofia Univérsica, é uma coisa ou duas. Ver a
unidade em toda a pluralidade. É um problema. Ver o monismo absoluto no
pluralismo relativo. Vamos dizer assim: ver o monismo, a unidade, monos quer
dizer um em grego. Monismo é unidade. Ver a essência única nas existências
múltiplas. Se alguém é capaz disto, que é a maior acrobacia mental que se pode
imaginar; quem não consegue isto vai rastejando eternamente e ciscando aí como
as galinhas, mas não vai voar como as águias. Pode ciscar no galinheiro mas não
vai voar. Mas se alguém consegue compreender a unidade em toda a pluralidade,
ou o monismo absoluto, como nós diríamos, então todo o resto é café pequeno.
Todo o resto é fácil na filosofia , mas isto é realmente difícil.
Então, eu estou usando desenhos para
concretizar um pouco esta coisa abstrata, que a realidade é terrivelmente
abstrata. As facticidades são concretas. Mas nós estamos habituados as
facticidades, aos fatos. Os sentidos só percebem os fatos. A inteligência só
analisa os fatos. Mas nós não podemos chegar à realidade, pelos sentidos, nem
pela inteligência. Como é que vamos chegar lá? Só pela intuição. Mas a intuição
não está desenvolvida na maior parte das pessoas. A intuição existe em cada um
de nós, mas é uma criança nascitura, que ainda não nasceu. É uma criança em
gestação. É preciso fazer nascer esta criança da intuição cósmica.
Bem, pela meditação a gente favorece
um pouco o nascimento desta criancinha em gestação: a intuição cósmica. Somente
pela intuição cósmica vocês podem ver a unidade da essência na pluralidade de
todas as existências. É fácil dizer isto, mas não é fácil realizar.
Então, eu fiz
estes desenhos aqui. Aqui, jogando com a cruz e o círculo. Vamos usar a cruz
como essência e vamos usar o círculo como existência. Aqui fiz o diagrama do
monismo. Aqui há uma única essência e uma porção de existências ao redor. Isto
é a essência, a unidade. E isto são as existências, as pluralidades, em
diversas cores. Aqui tem uma existência muito pequena, aqui uma maior, maior...
isto são as creaturas. Isto é o creador. Isto são as existências finitas, isto
é a essência infinita.
É fácil dizer isto, mas não é fácil
ter a experiência, porque os nossos sentidos não sabem nada da essência. Para
os nossos sentidos a essência é um puro nada, quando é a própria realidade. Os
nossos sentidos não podem perceber a realidade, a essência. Os nossos sentidos
só percebem as existências, as facticidades, as coisas concretas. Pelos
sentidos nós só percebemos coisas
concretas. Mesmo pela inteligência nós não chegamos até lá.
Ela
pára a meio caminho, vai mais longe do que os sentidos, mas ela não vai até o
fim, porque ela está baseada nos sentidos. Não há inteligência onde não há
sentidos. Toda inteligência está baseada nos 5 sentidos. Então, quando nós só
trabalhamos com a inteligência e com os 5 sentidos, nós nada sabemos da
realidade. Nós confundimos as facticidades com a realidade e dizemos que isto é
real, aquilo é real. Tudo isto é bobagem. Na filosofia isto é heresia pura. Nós não sabemos nada da
realidade. A não ser por uma intuição cósmica. A intuição cósmica vai
infinitamente além dos sentidos, e além da mente.
Além dos sentidos e além da mente
começa a funcionar a intuição cósmica que sabe da realidade. Na mística
se chama a Realidade, Deus. E esta experiência se chama consciência cósmica.
A intuição, que chamamos na filosofia, em termos religiosos se chama isto
consciência cósmica. Mas a consciência cósmica não é dos sentidos, e não é da
inteligência, e vocês nunca vão chegar até a consciência cósmica pelos
sentidos, nem pela inteligência. Só esvaziando-se completamente do conteúdo dos
sentidos e também do conteúdo da mente. Sentidos e pensamentos ultrapassados,
aí vocês vão ter experiência da realidade, antes, não.
Agora fiz outros desenhos aqui. Aqui em cima pus a
realidade (essência) isolada, mas isto de fato não existe. Não existe nenhuma
essência sem existência. Aqui eu pus a existência isolada. Também não existe.
Isto é pura fantasia.
Nós temos
consciência só disto. Os sentidos nos falam disto e a inteligência analisa isto (as
existências). Existências minerais, existências vegetais, existências animais,
existências hominais são objetos dos sentidos e da nossa mente, mas, disto nós
não temos consciência. A não ser pela intuição cósmica ou experiência mística,
mas existe. Dentro de cada existência está a essência. Em outras palavras,
dentro de cada creatura está o creador. Isto é uma creatura. Isto é o creador,
mas para mim este creador é inconsciente.
Há poucos
anos atrás eu tive lá no antigo sítio, ainda estava na beira da estrada, não lá
onde está o Ashram agora, quando ainda era meu o sítio, eu não tinha dado para
a Alvorada. Eu tive a visita de 2 estudantes luteranos dos Estados Unidos, que
estudavam em Campinas que fica perto. Estudavam teologia para converter o
Brasil. E foram visitar-me lá no meu sítio. E falamos muito em filosofia. E
chegamos também a isto, que Deus está presente em todas as creaturas.
-O que?
Disseram os dois, Deus está presente nas creaturas? Deus está no céu.
Deus não está aqui não. Eram completamente ignorantes em matéria de filosofia.
E acham que Deus mora do outro lado da via Láctea, e nunca esteve aqui e não
está presente na terra, segundo eles.
Eu disse:- Mas
Deus está onipresente, Deus é isto aqui. Está onipresente em qualquer lugar e
em qualquer creatura.
-Em qualquer
creatura? Ele pegou uma flor e disse: Deus está nesta flor?
-Está.
-Mas que
bobagem, como é que Deus pode caber numa flor assim.Outro pegou uma pedra e
disse:
-Deus está
dentro desta pedra? Eu disse:
-Sim senhor.
-Mas que
heresia! Dizer que Deus está dentro de uma pedra. Quebrando a pedra a gente não
vai achar Deus.
Eles disseram
tanta bobagem! Lá da teologia dogmática deles; eles estavam habituados a uma
certa teologia muita atrasada, muito medieval. Então, alguém disse:
-E o Sr. acha
que Deus também está presente nesta aranha que está aí?
-Também está.
-Imagine, que
blasfêmia dizer que Deus está numa aranha. E Deus está nesta barata aqui?
-Está.
-Outra blasfêmia! e Deus está até no
inferno?.
-Também está.
-Meu Deus, agora acabou tudo. E
Deus está no Diabo também?
-Está em tudo. Se ele está onipresente, não pode estar
ausente de nenhum lugar. Vocês admitem onipresença de Deus ou não?
-Admitimos.
-Está bem, em
palavras, vocês admitem. Na realidade vocês negam. Porque se Deus está ausente
desta pedra, já tem um buraco lá, um buraco da presença dele. Está esburacada a
presença dele. E se Deus está ausente duma barata, ausente duma aranha e
ausente duma galinha e ausente de um porco, então Deus não está onipresente.
Porque vocês estão dizendo que está onipresente.
Eles não
podiam compreender o monismo absoluto, a onipresença da essência na pluralidade
das existências. É difícil para o analfabeto filosófico. E, por natureza todos
nós somos filosoficamente analfabetos, embora sejamos doutores nisto, doutores
naquilo. Eles nunca chegaram a compreender que Deus podia estar presente em qualquer creatura. Eles
pensam que a gente quebrando aquela creatura devia achar Deus lá dentro. Está
encaixado lá dentro, eles pensam. Mas isto não é verdade.
Eu fui além
com estes dois estudantes de teologia luterana lá de Campinas. Disse:
-Eu vou dizer mais
ainda. Deus não está presente na pedra. Deus é a própria pedra, em forma de
pedra.
-Mas isto,
disseram, é panteísmo puro.
É pena que naquele tempo eu não tinha ainda o livro
de Joel Goldsmith. “A arte de curar pelo espírito”. Leiam com atenção para ver
quanto ele insiste na unidade da realidade. O poder único, ele chama aquilo. E
ele curou todos os doentes durante trinta e tantos anos pela consciência da
presença de Deus em tudo. Em tudo, não só em nós. Também nas plantas, também
nas pedras. Então, Joel Goldsmith em seu livro diz:
Eu tomo
nas mãos uma planta e digo, isto é Deus, com aparências de planta. Eu tomo na
mão uma pedra e digo, isto é Deus em forma duma pedra. A essência é Deus, a
existência é pedra. A essência é Deus e a existência é uma planta. Em mim, a
essência é Deus e a existência é esta pessoa humana.
Isto
Goldsmith diz lá no seu livro. É um ótimo tratado de filosofia monista, este
livro de Joel Goldsmith; porque ele tem
uma certeza absoluta da onipresença de Deus. Seja aonde for, a essência está
presente em todas as existências.
Nós não
devíamos dizer, a essência está presente em todas as existências. Nós devíamos
dizer, todas as existências são a própria essência. Isto estaria certo. Todas
as existências, todas as creaturas são a própria essência divina, mas não é
visível para nós. Então eu fiz estes desenhos.
Aqui há uma
existência, uma creatura visível e para nós, isto aqui é invisível. Aqui eu fiz
a mesma creatura e com uma consciência muito grande. Aqui alguém já descobriu
que a essência que estava latente está manifesta aqui. Isto é uma transição da
ignorância para a sapiência. Se alguém chega a este ponto de poder dizer; “eu vejo Deus, dentro desta creatura. Eu
vejo a essência divina dentro da existência
duma pedra. Eu vejo a essência divina na existência duma planta. Eu vejo
a essência divina na existência dum animal. Eu vejo a essência divina na
existência dum homem”, já entrou num monismo absoluto.
Foi o grande
privilégio de Francisco de Assis. Nunca estudou filosofia, no século XIII. Mas
ele por natureza tinha uma intuição cósmica. Eu não sei como alguns homens são
tão felizes e vêem Deus em tudo. Vêem Deus numa planta, vêem Deus num peixinho,
vêem Deus num passarinho, vêem Deus em tudo. Até no irmão lobo, como ele dizia.
Até na morte. Em tudo. No sol e na lua, em tudo. Eles têm uma visão cósmica.
Eles vêem através dos invólucros existenciais e enxergam a realidade essencial.
É
interessante. Alguns são tão felizes como Francisco de Assis e muitos outros
que já nascem com uma tremenda facilidade de intuição cósmica. Eles vêem os
invólucros duma pedra, mas não dizem que isto é uma pedra. Eles dizem, isto é
Deus em forma duma pedra. Depois eles vêem uma flor e dizem, isto não é uma
flor, isto é Deus em forma duma flor. E vêem um passarinho e dizem isto é Deus,
em forma dum passarinho. E vêem um peixinho e dizem, isto é Deus em forma de um
peixe.
Por isso Francisco
de Assis falava com os passarinhos. E os passarinhos o entendiam. Os peixes o
entendiam. E uma vez falou com o irmão lobo que estava matando ovelhas, lá
embaixo. E disseram: estes lobos estão matando todas as ovelhas aqui
embaixo, Francisco, pode matar este lobo?
“Matar?”
Ele disse, “não vão matar o lobo, não. Vou falar com ele, que ele não faça
estas bobagens. Deixe-me subir o morro onde ele mora. Ele deve morar lá em cima
do morro numa caverna”. Disseram, “você não leva arma consigo nem nada?”
“Não, não, Deus está lá e Deus está nele e Deus está em mim, chega”. E
Francisco de Assis foi subindo o morro, dizendo, “irmão lobo, onde é que tu
moras?” Nada de resposta. Finalmente chegou diante de uma caverna e disse: “irmão
lobo, parece que tu moras aqui”.
Saiu da
caverna. “Uh!” Ficou diante de Francisco de Assis, olhou para ele e
Francisco de Assis disse:
- “Irmão lobo, eu vi dizer muitas maldades de
você. Você está matando as ovelhas da gente lá embaixo. Olha há tantos animais
selvagens aqui no mato que não fazem falta a ninguém, por que você não caça
estes animais. Por que você tem que apanhar as ovelhas lá embaixo, que estão
encurralados e podem apanhar facilmente, faça um pouco mais de trabalho e vá
caçar uma coisa aqui no mato”.
E irmão lobo
fez “Uh!” E foi-se embora. E desde então ele nunca mais matou nada.
Muitos dizem
que isto é uma fabula. Isto é pura
realidade. Para um homem que chegou à consciência cósmica de ver Deus em tudo,
é claro que ele falou com Deus em forma dum lobo. Deus não fazia estas
maldades. A essência não fazia estas coisas, mas a existência do lobo é que
fazia estas coisas que ele não devia fazer. Então ele falou com a existência do
lobo, mas sabia que a essência divina estava nesta existência visível.
Bem, isto nós devíamos pouco a pouco chegar à
visão cósmica, enxergar a realidade ou a essência, ou a Divindade em todas as
facticidades, em todas as existências, em todas as creaturas. Isto seria o
nascimento da nova humanidade.
A nova
humanidade não vai aparecer no 3o milênio. Não tenha a menor
esperança, no 3o milênio, nem no 4o milênio, nem no 10o
milênio, nem no vigésimo milênio, não vai aparecer a nova humanidade. A nova
humanidade é fenômeno individual. E Francisco estava na nova humanidade. Em
Jesus, um dos maiores representantes da nova humanidade. Ele falava a um doente
e o doente não estava mais doente. Ele falava até a um morto de 3 ou 4 dias,
já, Lázaro, e a vida voltava para o morto. Ele curava a qualquer distância
porque para a essência divina não há distâncias.
A distância é
para a existência, Mas a distância não é para a essência. Então eles estavam
todos em consciência cósmica que seria o início da 3a humanidade que
está representada nesta humanidade de hoje em algumas pessoas, como em
Francisco de Assis, como em Jesus, como em muitos outros aí. Isto é um tipo
avançado da humanidade, em indivíduos, mas não como massa. A massa nunca será
da nova humanidade. Eu não creio, não sou tão otimista que possa acreditar que
dentro de mil anos ou dentro de 2000 ou de 10.000 anos estes analfabetos
espirituais, embora doutores em letras, sejam capazes de enxergar Deus em tudo.
Não é fácil. Isto supõe uma evolução de milhões e milhões de anos. E talvez uma
evolução apenas parcial. Não uma evolução total da humanidade. A massa não
passa por evolução rápida. O indivíduo às vezes passa por uma evolução rápida,
mas as grandes massas, milhões e milhões vão com passos mínimos em espaços
máximos.
A evolução
progride um milímetro em mil anos. No
entanto, às vezes até atrasa, em vez de evolução sofremos uma estagnação,
parando, ou uma involução, regredindo. É possível uma evolução para cima, uma
involução para baixo ou uma estagnação no meio. Tudo é possível. E o grosso da
humanidade está na estagnação e muitos estão na involução. E uns poucos estão na evolução. A evolução é
para cima, a involução é para baixo. E a estagnação é no meio... deixa como
está para ver como fica. Parar, não fazer esforço. Não fazer nada.
Outros ficam
piores. Isto é involução e uns poucos têm a coragem de subir porque a subida é
a única coisa difícil. Estagnar não é difícil. Ficar lá parado, deitar-se na
cama e pronto. Involução também não é difícil. Deixar-se cair. A gente cai por
si mesmo, sem nenhum esforço.
Quer dizer, a
involução é o mais fácil de tudo. Estagnação também é fácil. Basta preguiça e
nada mais. Agora vem o 3o de evolução. Evolução é a única subida que existe.
Evolução é sair do plano horizontal para cima e todo mundo sabe que subir é
difícil. Ficar deitado é fácil e deixar-se cair para baixo é facílimo.
De maneira que, há poucos que fazem evolução
para cima. Há muitos que vivem na estagnação e há muitíssimos que vivem na
involução. E o grosso da humanidade é isto. Nós não podemos pensar que o grosso
da humanidade passe da estagnação ou até da involução para a evolução. É muito
otimismo supor isto. Porque a evolução não acontece por si mesmo. Ela só
acontece com esforço próprio.
Tudo que é fácil não é evolução. Fácil, é
somente a estagnação e a involução. São coisas fáceis. O que é difícil é subir.
A evolução é a única coisa difícil. E quem é que gosta das coisas difíceis? É
difícil encontrar uma pessoa que goste das coisas difíceis. Milhões gostam das
coisas fáceis. Um ou dois também tem a coragem de fazer as coisas difíceis. O
fácil é para os covardes. O difícil é para os heróis. Mas será que há muitos
heróis por ai? Há muitos covardes, mas há poucos heróis.
Quantas vezes
eu ouço dizer: “Ah! Mas isto é muito difícil, fazer meditação de meia hora cada
dia e entrar na cosmoconsciência, sair da egoconsciência. Isto é muito
difícil”. Ou como diz o nosso caipira “isto puxa muito pela idéia.”
Mas é claro,
eu digo, se fosse fácil não valeria nada, porque o que é fácil geralmente não
vale nada. O que é difícil é que tem valor. Mas, nós gostamos do fácil. E não
gostamos do difícil, por isso não saímos da horizontal e não subimos para a
vertical, nem sequer para a ascensional. Subir
da horizontal para a vertical são 90o segundo a geometria.
Linha horizontal e a linha vertical são um ângulo reto, 90o , diz a
geometria. Para eu chegar do ponto zero que é a horizontal, para o ponto 90, eu
tenho que passar por muitos intermediários.
Eu tenho que
subir de zero para 1, de 1 para 2, de 3 para 4; porque eu não posso dar um pulo
tão grande de zero para 90. Isto não é possível. Eu posso passar de zero para
1, não é vertical; é ascensional. Eu posso passar de 1 para 2, de 2 para 3, e
posso chegar até 45 que é metade do ângulo reto. Já estou na metade do
caminho vertical, mas ainda não estou na
vertical. Ainda estou numa linha ascensional. Já é evolução, mas ainda não é
verticalidade. E se eu continuasse a subir...esforço e mais esforço... até ficar na vertical... uma linha vertical, então eu estaria seguro.
2a
parte
Enquanto eu
não estou na vertical a prumo, portanto, eu não estou seguro. Enquanto eu estou
na ascensional eu posso recair para horizontal. Se eu estou na horizontal, é
zero e eu quero ir à vertical que é 90, eu tenho que passar tudo isto aqui.
Isto aqui, subindo cada vez um pouco. Mas, cada vez com esforço e cada vez com
perigo de recair. A recaída é fácil. A gente se deixa cair e cai. Quando estou
aqui a recaída ainda é possível.
Quando eu estou na vertical acabou o perigo da
recaída. Porque todo engenheiro sabe, se eu ponho um poste na vertical, não há
perigo de cair. Mas se o poste está meio inclinado ou o edifício de muitos
andares... se eu não ponho bem a prumo, na vertical, o edifício vai cair pouco
a pouco, vira torre de pizza.
Então quando
o indivíduo está aqui, bem na vertical; isto é que nós chamamos iniciação. O
caminho para iniciação é isto aqui. A
iniciação mesmo é aqui, mas enquanto alguém não chegou à iniciação, ele está
sempre em perigo de recair. Sem esforço ele recai, com esforço ele sobe. É
evidente! É pura geometria.
Então, quando
alguém chega aqui na iniciação, então ele vê a essência divina em todas as
existências finitas. Ele vê a essência infinita em todas as existências
finitas, ou em linguagem comum ele vê Deus em todas as creaturas. Nós usamos
esta linguagem de teologia. Dizemos, ele vê o infinito em todos os finitos. O
infinito está presente em todos os finitos, e todos os finitos estão dentro do
infinito. Isto é absolutamente certo. O infinito está presente em todos os
finitos e todos os finitos estão no infinito. Isto é tão certo como 2 vezes 2
são 4. Isto é um fato, é uma realidade, mas isto não é a nossa experiência.
A nossa
experiência é muito vagarosa. A realidade já existe. A presença de Deus é um
fato certo em todas as creaturas, mas até eu enxergar a presença de Deus em
todas as creaturas, quanto tempo eu levo?
Paramahansa
Yogananda, lá no livro dele Autobiografia de um yogue, (ele era um
grande iniciado) diz: “muitos me perguntam quanto tempo eu levo para
chegar à consciência cósmica, ou para intuição cósmica, será que vou alcançar
isto em 50 anos? Em 100 anos, em 200 anos ou em 1000 anos?” E ele respondia
“isto não é questão de tempo, é questão de intensidade e não de tempo”.Porque
o homem comum pensa que ele tem que levar tanto tempo e tantas reencarnações
para alcançar isto. Mas os iniciados sabem que não depende de tempo. Não
depende de 1 século, nem de 2 séculos, nem de 1 milênio. Depende de que? Do
esforço de consciência. Intensificar a consciência leva muito mais do que
esperar mil anos. Daqui a mil anos, quem
não intensifica a consciência não está iniciado, daqui a 1 milhão de anos
também não está iniciado, mas, se ele intensificar a sua consciência ele pode
estar iniciado hoje, amanhã ou daqui a uma semana. Paramahansa Yogananda diz: “
nós podemos fazer em 20 anos aqui na terra o que outros não fazem em 20
séculos”.
Nós podemos
fazer, mas depende da intensidade da consciência. Logo, não é questão de
extensidade. É questão de intensidade. Extensidade é tempo, uma enorme extensão
de séculos ou de milênios. Extenso. Com o extenso nós não podemos alcançar
nada. Com o intenso nós podemos abreviar a nossa evolução por milhares e
milhões de anos. É questão de intensidade. Que quer dizer intensidade? Chegar
até o ponto central da sua própria consciência; porque geralmente nós andamos
na periferia da nossa consciência, e é difícil entrar para o centro. E custa um
esforço muito grande, uma meditação prolongada e intensa para chegar até o
centro do meu ser.
No centro do meu ser eu me encontro com a essência
divina. Na periferia do meu ser eu só me encontro com as minhas existências humanas, cheias de
misérias. Cheia de doenças, de maldades, cheia de doenças de toda espécie. Está
tudo na periferia. Se eu chegasse até o centro, eu não só saberia nada destas
maldades, nem desses males, porque na essência não há maldades e na essência
não há males. Não há doença, também não há morte. Tudo isto, doenças, maldades,
morte, são da periferia, são da existência finita.
As
existências finitas podem ser más, podem ser doentes, podem ser infelizes.
Podem sofrer morte. Tudo isto é da existência. Agora quando alguém chega em
contato com a sua própria essência que está em cada um de nós, adeus. Adeus tudo
isto que me atormentava na existência. E o interessante é que a própria
existência muitas vezes melhora com a consciência da essência.
Por que é que
Jesus nunca esteve doente? Porque a existência humana dele estava permeada pela
consciência da essência divina. E quando alguém está plenamente permeado,
completamente permeado pela luz da essência divina como um cristal é permeado
pela luz, então acabou tudo isto. Por isto ele nunca precisou de médico e nunca
esteve doente, porque a existência humana de Jesus estava permeada pela
consciência da essência divina do seu Cristo.
Com Moisés
aconteceu uma coisa parecida; eu creio que Moisés foi o maior iniciado antes de
Jesus. Moisés viveu 1500 anos antes de
Jesus, no Egito e na Arábia. Nunca se fala numa doença de Moisés. Ele viveu 120
anos. E a Bíblia diz a cada momento que Moisés, quando tinha 80 anos estava em
plena juventude. Como é que está em plena juventude com 80 anos.
Depois antes
de contar o fim de Moisés diz: e Moisés quando tinha 120 anos estava ainda em
plena juventude, e não morreu. Transformou o seu corpo material num corpo
astral. E o corpo astral se vai embora, não se vê. Isto é sinal de grande
iniciação e de grande consciência cósmica. Mas isto supõe intensidade,
intensificação da consciência. Com a nossa consciência extensa, mas não
intensa, porque nós temos uma consciência extensa pelos sentidos e pela
inteligência, mas não temos uma consciência intensificada pelo espírito.
Se nós conseguíssemos
intensificar a nossa consciência, a nossa essência divina, portanto, porque a
consciência é a essência divina em nós; então, nós viríamos o mundo com outros
olhos. Nós tínhamos mais medo de ser maus do que de sofrer o mal. Hoje em dia
todo mundo tem medo de sofrer males mas não tem muito medo de ser mau.
Uma vez eu
encontrei um homem que parece que já estava iniciado. Ele me contou: Olhe
esta noite eu fui roubado, um ladrão arrombou a minha porta e roubou tudo que
eu tinha em casa, mas quem saiu pior foi ele. Eu disse: “Por que ele saiu
pior?” Ele disse: “Porque ele roubou, eu só fui roubado.
Bem, quem
pode falar assim já deve estar perto da iniciação. Ele roubou e eu só fui
roubado. Roubar é ser mau. Ser roubado é apenas sofrer o mal. Mas ser mau é
muito pior do que sofrer o mal; para quem tem intuição cósmica, não para os
outros. Para o homem comum sofrer o mal é muito pior do que ser mau. Isto é
muito atraso e muito analfabetismo espiritual, é claro. Mas, o grosso da
humanidade pensa assim. É melhor ser mau do que sofrer males, mas, os
iniciados, dizem, que ser mau é muito pior do que ser vítima de males.
Bem, quer
dizer, nós estamos sempre num jogo de duas coisas: essência e existência, a
realidade invisível e as facticidades visíveis. O infinito invisível e os
finitos visíveis. O absoluto eterno e os relativos temporários. Depende o que
vai prevalecer. Vai prevalecer o finito ou infinito em nós. Aqui eu fiz
prevalecer o infinito. O infinito aqui ultrapassou as linhas do finito. Porque
a linha vermelha aqui é o finito e a linha preta a cruz preta é o infinito.
Aqui o infinito está muito pequenino e o finito é muito grande. Quer dizer aqui
o homem ainda não chegou à consciência da sua realidade. Ele ainda não
descobriu a sua verdadeira essência, ele apenas enxerga a sua existência.
Isto
aqui é um pequeno esforço de consciência
e quase zero. Aqui é um grande esforço de consciência porque ele já percebe o
infinito maior do que o seu próprio finito. Isto é progresso espiritual. Isto é
iniciação. Aqui já está iniciado. Quem enxerga o infinito dentro de todos os
finitos já está bem avançado. Não precisa ser dentro de si mesmo. Também pode
ser dentro de outros. Quem enxerga o infinito dentro de qualquer creatura
dentro de uma pedra, dentro de uma planta, dentro dum animal e dentro de seus
companheiros já está com uma visão cósmica. Já ultrapassou a miopia da
egoconsciência e já entrou na visão larga da cosmoconsciência.
Isto depende
do nosso livre arbítreo. Isto não nos vai acontecer. Isto nós temos que fazer.
As outras coisas nos acontecem, sem nosso merecimento nem nossa culpa. Isto não
acontece a ninguém, porque ninguém pode ser iniciado por alguém.
Não acredite
nesta história de iniciação que anda por aí.. Fulano iniciou sicrano. Bobagem.
Ninguém pode iniciar alguém. Ninguém me pode iniciar, e eu não posso iniciar
nenhum de vós. Mas eles pensam que pode. Andam por ai mestres de iniciação. Até
dão livros para ser iniciados. Eu me posso auto-iniciar e cada um de vós se
pode auto-iniciar. Isto pode, está certo. Só existe auto-iniciação. Não existe
alo-iniciação.
O guru pode
mostrar o caminho para o outro. Isto pode. E deve até. Ele pode dizer: olhe
meu amigo, eu não te posso iniciar na consciência cósmica, eu não te posso
iniciar na essência divina isto eu não posso fazer, mas se tu fores por este
caminho que te estou mostrando, tu vais
auto-iniciar-te. No fim tu vais chegar à auto-iniciação. Eu não te posso
iniciar, isto seria um contrabando. O mestre que pensa que pode iniciar
alguém é um contrabandista. Nenhum mestre pode iniciar alguém. O mestre pode mostrar
o caminho para alguém se auto-iniciar.
Jesus mostrou o caminho aos seus discípulos.
Mas não iniciou ninguém. É fantástico, no Evangelho, nunca lemos que Jesus
tenha iniciado um só dos seus discípulos. Nunca. Ele mostrou o caminho do reino
de Deus. “Vai por este caminho e te
iniciarás.” E eles se iniciaram. No dia do Pentecostes quando veio o
Espírito Santo sobre eles, 120 pessoas, diz Lucas nos atos dos apóstolos,
naquela manhã de domingo, foram auto-iniciadas.
Não tinha nenhum guru por aí. 120 pessoas,
homens e mulheres foram auto-iniciadas no Cenáculo de Jerusalém, no dia de
Pentecostes. Por quê? Porque durante 3
anos tinham andado com o maior dos mestres e tinham ouvido o que ele dizia para
a gente se iniciar e tinham cumprido, eles tinham entrado no caminho mostrado
por Jesus, mas, depois eles se auto-iniciaram. Isto cada um de nós pode fazer.
Outros podem mostrar-nos o caminho, mas outros não nos podem iniciar.
A minha
consciência me inicia, se eu intensificar bastante a minha consciência.
* * *