(Trechos do Livro A Nova Civilização do Terceiro Milênio de Pietro Ubaldi)
Os fundamentos desse tratado ( A Grande Síntese)
são profundos. Ligam-se com a gênese do cosmos, encontramo-los até mesmo no
pensamento criador de Deus. Essa síntese, abrangendo e unificando o
conhecimento científico e filosófico do século, enuncia tão sólido conceito,
que é possível pô-lo como base de nova civilização, e tão dinâmico que pode
amparar-lhe o desenvolvimento. Trata-se de sistema orgânico e compacto em que
todos os fenômenos, do campo cientifico ao moral e social, se prendem em lógica
de ferro, de modo a impor-se à formação mental e racional do homem moderno.
Trata-se de sistema que, ao mesmo tempo, dá a chave para a solução de todos os
problemas, desde os teóricos e abstratos da filosofia até aos práticos e
concretos de nossa vida como indivíduos e como sociedade. {P. Ubaldi - A Nova
Civilização do Terceiro Milenio).
Os problemas sociais, no fundo são os mesmos
fundamentais problemas da vida, isto é fames e libido, conservação do indivíduo
e multiplicação da espécie, comida e sexo. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do
Terceiro Milenio).
Sob as mais desvairadas teorias sociais, sob as
mais complexas estruturas ideológicas, o homem aplica simples leis biológicas,
luta e progride biologicamente segundo os métodos da vida e para atingir-lhe os
objetivos, seguindo estradas já praticadas na vida animal, pois a vida é uma só
para todos e guiada por lei única, embora diversificadamente adequada aos
diversos planos evolutivos. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro
Milenio).
As verdadeiras premissas dos fenómenos sociais,
enquanto fenômeno da vida, são biológicas e não filosóficas, metafísicas,
políticas. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milenio).
A nossa assim chamada civilização é em grande parte
questão de forma, simples verniz: A fase de legalidade atingida por nós é manto
que cobre bem ou mal essa substancia biológica: o homem, se graças a ele pode
parecer diferente, permanece substancialmente o que é na realidade biológica.
Se se trata de ladrão ou delinquente o ordenamento jurídico poderá impedir que
continue a prejudicar, mas ele permanece o que é. Isso, e não o que aparenta, é
o que interessa conhecer. Posição social, poder econômico, valor aparente não
tem importância. E até as classificações sociais, enquanto não corresponderem a
classificação biológica, carecem de importância. {P. Ubaldi - A Nova
Civilização do Terceiro Milênio).
O involuido para justificar-se perante a própria
consciência e a consciência alheia e a si mesmo dar, ao menos, a ilusão de ter
as mãos limpas, gosta sempre de assumir posição de justiceiro como agressor do
rico e protetor do pobre. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio).
, nem mesmo aos ladrões. É inútil que o ladrão procure
tornar justo seu furto, acusando de furto quem roubou antes dele. {P. Ubaldi -
A Nova Civilização do Terceiro Milênio).
É de lei: se existe mérito, a propriedade perdura e
rende; se não existe, dura pouco e não rende. {P. Ubaldi - A Nova Civilização
do Terceiro Milênio).
A astúcia e a força, consideradas como armas úteis,
tornam-se prejudiciais porque automaticamente se voltam contra quem as
empregam. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio).
Todo indivíduo constitui unidade dupla, isto é,
equilibrado paralelismo de forças emparelhadas, mas antitéticas. Ou melhor; a
unidade compõem-se de metades inversas e complementares, em contraste e em
equilíbrio. Desse contraste nasce a elaboração íntima que se chama evolução.
(P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Da natureza negativa das forças do mal resultam
três conseqüências importantes: 1.ª - Por parte do mal, absoluta impotência de
construir para si mesmo e capacidade de desenvolver apenas atividade negativa,
isto é, de embaraçar o trabalho construtivo alheio. Portanto, o mal
subordina-se ao bem, existe apenas como forma de negação do bem, quer dizer, é
função dele, como da luz depende a sombra. O mal, desse modo, nasceu escravo e
seu domínio não passa de domínio negativo, de desagregação. 2.ª - Sua
irresistível tendência para a auto-destruição. 3.ª - A subversão de todo
rendimento se sua atividade, que assim, na realidade oposta às mentirosas
aparências, não se resolve a seu favor, mas a favor do termo oposto - o bem. A
destruição levada a cabo pelo mal se transforma, assim, em construção no campo
de forças, inverso e contrário. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro
Milênio)
Se o mal nos faz mal é porque lhe pertencemos;
faz-nos mal na medida e nos pontos em que lhe pertencemos, quer dizer, na
proporção em que já se encontra dentro de nós mesmos ou, melhor, é desordem
nossa, tal como livre¬mente a desejamos e incorporamos em nós mesmos. (P.
Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Os problemas sociais, no fundo são os mesmos
fundamentais problemas da vida, isto é fames e libido, conservação do indivíduo
e multiplicação da espécie, comida e sexo. {P. Ubaldi - A Nova Civilização do
Terceiro Milênio).
Todo indivíduo constitui unidade dupla, isto é,
equilibrado paralelismo de forças emparelhadas, mas antitéticas. Ou melhor; a
unidade compõem-se de metades inversas e complementares, em contraste e em
equilíbrio. Desse contraste nasce a elaboração íntima que se chama evolução.
(P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Apenas um olhar lançado no futuro, para que o
pressintamos, nos enche de estupor. Geralmente, essas espíadelas no futuro
reduzem-se a previsões fantásticas à Wells, limitando-se o escritor ao
desenvolvimento dos motivos já em nossos dias atuantes, à perspectiva ampliada
do atual estado de coisas. Ninguém fala de novos motivos, aqueles que de acordo
com a lógica da evolução se introduzirão na vida. E o futuro reside exatamente
neles. Exagera-se, ao invés, o progresso mecânico, colocado em primeiro plano;
quanto à ciência da matéria, prossegue-se até à hipertrofia, sem suspeitar-se
devam os equilíbrios da Lei, ao contrário, agir em direção oposta e compensadora,
provendo o mais necessário: a sabedoria diretriz, que reordene, guie e portanto
valorize as conquistas já realizadas. Não compreendemos ainda que os princípios
atualmente em vigor, para não acabarem no aniquilamento, são corrigidos e não
persistem; e, se não lhes adicionamos princípios complementares, não
representam vantagem, mas dano. Essas previsões estão, pois, no caminho errado.
Caímos no erro de acreditar que a evolução seja unilateral e retilínea e não
deva o futuro passar de multiplicação, de continuação ampliada do presente. Por
força da lei de equilíbrio, o caminho percorrido por determinado século não
pode ser exatamente o prosseguimento puro e simples do seguido pelo século
precedente. (P. Ubaldi- A Nova Civilização do 3º Milênio)
A História nos conta como se sucedem no tempo os
vários momentos do funcionamento dos organismos coletivos. Estas palavras
poderiam constituir-lhe a definição. O funcionamento do corpo social, expresso
pela História não obedece ao acaso, mas segue o mesmo ritmo por nós encontrado
noutros fenômenos. Em outras palavras: o transformismo fenomênico do complexo
vivo do grande corpo coletivo obedece às mesmas leis do dinamismo universal. Ou
mais exatamente: é dirigido enquanto pertencente ao binário da onda histórica.
A vida das grandes unidades coletivas se desenvolve de acordo com movimento de
amplas oscilações ascensionais e descendentes, de altos e baixos periódicos,
movimento que repete o princípio das ondas do mundo dinâmico de que a vida
participa.. Isso naturalmente acontece sempre que se trata de dinamismo como
neste caso. Observemos os períodos e as características desse ritmo histórico.
A História se desenvolve de acordo com respiração rítmica por nós reencontrada
na física e especialmente no eletromagnetismo. A existência dos retornos
históricos, já observados por Vico, é fenômeno de fácil observação. A
trajetória típica dos movimentos fenomênicos de que falávamos acima segue o
princípio desses retornos ou repetições, reproduzindo-os, todavia, em cada vez
mais elevada posição; desse fato deriva a evolução. Desse modo, funciona também
a história. Os acontecimentos humanos, sucedendo-se, tendem a repetir-se,
ligam-se à lei dos retornos históricos que os obriga a percorrer de novo o
velho caminho. Não nos surpreendamos por isso se a História parece não ensinar
coisa alguma e se muitas vezes os mesmos erros são cometidos de novo pelos
próprios dirigentes, que mais do que ninguém devem tê-la presente. Essa a lei
do fenômeno, que só não se repetiria se progredisse sempre em direção
evolutiva; é isso exatamente a coisa mais árdua na vida. Todavia, como na
trajetória dos movimentos fenomênicos, a repetição não se transforma em cópia
autêntica; quem observá-la bem lhe notará alguma diferença, embora pequena.
Esta representa todo o valor da conquista, o resultado da experimentação. (P.
Ubaldi - A Nova Civilização do 3º Milênio)
No ritmo histórico continuamente se alternam os
períodos clássico e romântico. O primeiro, masculino, explosivo, guerreiro,
materialmente conquistador, destruidor, fecundante e semeador, violento,
involuído, materialista. O segundo, feminino, tranqüilo, conservador e
espiritualmente conquistador, construtor, preparador e amadurecedor, pacífico,
evoluído, espiritualista. Na trajetória dos movimentos fenomênicos o primeiro
período representa a fase de queda involutiva, de retorno e de recuo; o
segundo, a fase de ascensão evolutiva, de progresso, de ímpeto. Ambos os
períodos, porém, são necessários porque têm funções diferentes e ao mesmo tempo
complementares. O progresso caminha amparado nessas duas forças contrárias,
impelido pelos seus choques e contradições. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do
3º Milênio)
A dor é estado interior sobre a qual muitos
elementos influem; entre eles, porém, não ocupa o primeiro lugar o choque
proveniente do mundo físico, dado pelo determinismo físico. Tudo seria tão
diferente, se víssemos as coisas por dentro, ao invés de vê-las por fora!
Ver-se-ia a possibilidade de gozarmos em plena miséria e sofrermos no fastígio
da riqueza. O mártir na cruz pode sentir-se mais feliz do que o rei no trono!
Tamanho poder tem esse mundo interior, na dependência tão-somente do
merecimento. O estado de prazer ou dor não se mostra como fato objetivo igual
para todos, mas relativo e dependente das condições interiores individuais.
Prazer e dor, imponderável resultante do embate de forças e não do determinismo
do mundo físico, fundem-se na intimidade do eu. (P. Ubaldi - A Nova Civilização
do 3º Milênio)
Os dois estados, de prazer e dor, não dependem
apenas das leis do ambiente físico, mas também de leis próprias, que se deixam
influir muito pouco pelas primeiras. Se o fenômeno nasce no mundo externo,
continua e conclui no mundo interior. O tangível estado de fato exterior não
tem tanta importância quanto a sensação que consegue produzir. Vejamos, então,
de que realmente depende essa sensação. Prazer e dor constituem ritmo que lhes
regula o aparecimento alternado, a forma de relação, a intensidade relativa. Os
dois extremos são inversos e complementares, ligados por lei de compensação e
equilíbrio, para verificar-se cada um dos dois estados não basta o choque
exterior, mas torna-se necessário que a lei interior do fenômeno, - a lei do
merecimento, - de acordo com a justiça permita ao choque produzir efeito e
transformar-se na devida sensação de prazer ou dor. Contudo, esse choque, seja
qual for sua natureza, amortece a entrada da alma e não entra. O fenômeno é
olhado em profundidade e entendido como desenvolvimento de forças; assim,
liga-se à ordem universal, que não se pode romper, e deve equilibrar-se na
justiça reguladora de todas as coisas. Principalmente: o aparecimento ou o
desaparecimento dos referidos estados, de prazer e de dor, pode ser determinado
por essa lei e não pelo arbítrio humano ou circunstâncias exteriores. O
arbítrio e as circunstâncias podem ser injustos, mas a lei é justa, boa,
protetora. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do 3º Milênio)
Tudo quanto nasceu de abuso representa
desequilíbrio, isto é, sistema de forças desequilibrado e incapaz de manter-se
senão à custa de desequilíbrio progressivamente maior; representa, pois,
sistema que no seu próprio princípio carrega o germe de sua ruína. Por isso, o
homem é tão ávido de energias, único meio capaz de sustentá-lo; mas, por mais esforços
que faça, a lei de equilíbrio o assedia e se lhe contrapõe para reconduzi-lo à
posição exata, em correspondência com sua real função biológica. (Pietro Ubaldi
- A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Hoje em dia a vida se apresenta feroz e desapiedada
como nos tempos pré-históricos. Não estar armado de pedras lascadas, mas de
metralhadoras, não estrangular seu semelhante com as mãos, e sim com os Bancos,
representa apenas progresso formal, substancialmente fictício. (P. Ubaldi - A
Nova Civilização do Terceiro Milênio) Os homens são desiguais; não pertencem ao
mesmo grau evolutivo. Se os bens para manutenção da vida são-lhe
indistintamente necessários, o modo por que os homens os procuram lhes exprimem
a evolução, isto é, assume o papel de índice revelador da natureza humana.
Aprofundemos a classificação dos tipos humanos com base no real valor
biológico, de acordo com a real natureza do indivíduo; em face dessa natureza,
como já dissemos, as distinções sociais têm valor todo fictício. Escalonemos, assim,
os vários tipos humanos conforme os métodos de aquisição dos bens. Três podem
ser esses métodos: furto, trabalho, justiça, próprios de três tipos biológicos
que sobem do involuído ao evoluído, isto é, o selvagem, o administrador, o
espiritualista. Constituem três raças de homens, correspondentes às três leis
da vida: fome, amor, evolução. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do 3º Milênio)
Se olharmos em redor de nós vemos em todas as
coisas dominar o desequilíbrio As vitórias são cada vez mais instáveis; as
afirmações, levianas; tudo está confundido num turbilhão de loucura; a riqueza
e o poder têm algo de raiva e desespero; todo bem é inseguro e dá-nos, mais do
que alegria, o terror de vermo-nos despojados dele. Perdeu-se o senso da
harmonia, da calma, da segurança e, por isso, da felicidade. A técnica, mais do
que para criar e proteger, serve à morte e à destruição. As manifestações
espirituais agonizam. A arte apresenta apenas expressões de bestialidade. Os
cantares das mulheres são uivos de fêmea e estão a serviço da atração sexual.
Os cânticos dos homens são gritos de revolta e servem ao roubo e à destruição.
As maravilhosas descobertas modernas, quando não se constituem instrumento
mortífero, concorrem muitas vezes para a multiplicação dessas expressões
bestiais. As descobertas químicas reduzem-se quase sempre a, na agricultura,
violentar os ciclos naturais; na medicina, a forçar as defesas orgânicas e
impor-lhes efeito imediato, que, ao invés de ser salutar como se pensa, não
passa de exploração mais rápida do organismo. Envenenamo-nos constantemente com
sucedâneos e produtos sintéticos, maravilhas da ciência moderna. O que há em
toda parte é revolta e substituição da Lei pelo homem; logo, deve haver em toda
parte a respectiva penitência. Imposição e violência em lugar de harmonia e
obediência. Parece que a mais angustiosa preocupação da terra é provocar o
nascimento da dor. Se providencial ignorância não a limitasse, a ação humana
chegaria a desintegrar o sistema solar. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do 3º
Milênio).
De semelhante progresso nascerá o novo tipo
biológico, base das humanidades futuras. A mesma natureza do fenômeno nos
indica quais as suas características, aliás redutíveis a uma só palavra:
espiritualização. Isso significa tornar-se mais dinâmico, percuciente, sensível
ou, seja, menos rude e obtuso. O novo tipo representará forma cada vez mais
nervosamente selecionada e eleita, na progressiva exaltação das características
elétricas da vida, em detrimento das características puramente físicas. A
pesada musculatura animal, sempre mais inútil nas novas condições de vida, há
de ser substituída por poderosa estrutura psíquica, cada dia mais necessária no
novo mundo futuro. (. . . .)Observemos, para compreender melhor, este caso de
sutilização da forma por meio de elaboração evolutiva, quer dizer, este caso de
sensibilização e espiritualização. A princípio, e do ponto de vista biológico,
a mão do homem foi um dos membros que o tronco produziu para facilitar a
marcha, e isso já era a primeira manifestação de vontade interior dirigida para
objetivo elementar. Depois, esse membro se destacou da terra e se transformou
em órgão apreensor e instrumento de ação e de trabalho, como manifestação de
vontade mais complexa e mais inteligente, embora presa ainda à forma material
da estrutura ósseo-muscular, de que estava em estreita dependência. Hoje a mão
se vai sempre transformando de instrumento físico em instrumento psíquico, vai
tornando-se tentáculo nervoso cada dia mais ágil e sensível e passando de agente
físico a órgão dirigente de outras energias, inclusive da muscular. Assistimos
a um processo de desmaterialização, sensibilização e espiritualização, a que
corresponde progressivo aumento de poder em extensão e profundidade.
Continuando no mesmo caminho, a mão, gradativamente transformada de instrumento
de marcha em órgão apreensor e, depois, em órgão diretor de forças, a mão se
transformará em meio de recepção e transmissão de vibrações dinâmicas e
psíquicas, antena para comunicar e receber energia e pensamento. (P. Ubaldi - A
Nova Civilização do 3º Milênio)
Cremos hoje que na vida se torne possível o
agnosticismo, isto é, uma espécie de neutralidade espiritual, absenteísmo nas
diretrizes. Assim, creram resolver o que não sabiam, acreditaram na possibilidade
de fugirmos dos grandes problemas do ser. Desse modo, a imparcialidade se
tornou ambigüidade e a amoralidade se transformou em imoralidade. Mas o
agnosticismo significa não entender e não resolver nada, significa mentir a si
mesmo. Não podemos viver sem ação e não podemos agir sem determinada orientação
pessoal. Apenas em teoria agnosticismo pode significar imparcialidade. Na
prática significa obediência aos próprios instintos. A vida está toda inteira
em suas posições. É impossível permanecer neutro na luta entre o bem e o mal,
não podemos deixar de atingir determinado grau de evolução, de existir sob
forma definida. Em todo ato, em todo campo o espírito penetra e torna-se
impossível não assumir uma posição moral qualquer.(P. Ubaldi - A Nova Civilização
do 3º Milênio)
No sistema compensado e equilibrado da natureza,
não pode haver hipertrofia sem a correspondente atrofia. (P. Ubaldi - A Nova
Civilização do 3º Milênio)
Apenas no dinamismo universal se caracteriza uma
corrente, isto é, uma força, isolando-se e individuando-se, se manifesta, logo
se determina no próprio dinamismo universal, por força da lei de equilíbrio,
uma corrente contrária; esta, embora isolando-se e individuando-se, torna-se
evidente como força oposta a contrabalançar a primeira. (Eis o atrativo
especial das coisas proibidas, exatamente porque proibidas). De acordo com esse
princípio, nenhum fenômeno foge aos limites preestabelecidos e, embora sendo contínuo
movimento de evolução, não se desenvolve senão de acordo com plano traçado pela
Lei. Proíbe-se desse modo todo desenvolvimento hipertrófico e unilateral, todo
excesso de desarmonia e desproporção no conjunto. Assim, toda manifestação pode
processar-se apenas se enquadrada nos limites assinalados pelos princípios
diretores. O desenvolvimento é, pois, dirigido harmonicamente, protegido contra
a catástrofe de desproporção insuportável e permitido apenas na forma e na
medida úteis às finalidades evolutivas da vida e do bem. (P. Ubaldi - A Nova
Civilização do 3º Milênio)
A humanidade de hoje crê ter-se de súbito
civilizado apenas porque descobriu alguma lei exterior da vida, que lhe permite
mais cômodo desfrutamento dos recursos naturais. Trata-se de domínio alcançado
sobre algumas forças tornadas em parte obedientes, para atingir bem-estar de
que nos pomos a gozar, ignorando-lhe as conseqüências. Esse domínio também
poderá servir para causar-nos a morte cientificamente, em larga escala, porém
não nos torna mais adiantados. Isso não pode chamar-se civilização. De mudanças
profundas de orientação, que interessem à motivação da atividade humana, nem se
fala. Hoje em dia a vida se apresenta feroz e desapiedada como nos tempos
pré-históricos. Não estar armado de pedras lascadas, mas de metralhadoras, não
estrangular o seu semelhante com as mãos, e sim com os Bancos, representa
apenas progresso formal, substancialmente fictício. Civilização que deixa
intactos os instintos bestiais do homem e, além disso, lhe oferece meios mais
poderosos de satisfazê-los, não merece o nome de civilização. Hoje, ao invés de
havermos progredido, descemos a tal ponto que perdemos o sentido do que seja
civilização e mudamos o significado dessa e de outras palavras sublimes. A
verdadeira civilização está mais dentro do que fora de nós; é mais um poder das
qualidades da personalidade que um poder originado nos meios exteriores e no
domínio material; é progresso no espírito, implica em mudança do comportamento
humano em profundidade e não apenas em superfície. (P. Ubaldi - A Nova
Civilização do 3º Milênio)
No sistema compensado e equilibrado da natureza,
não pode haver hipertrofia sem a correspondente atrofia. (P. Ubaldi - A Nova
Civilização do 3º Milênio)
Na ordem universal todo fenômeno se apresenta como
campo de forças fechado, fato que lhe caracteriza a individualidade e lhe
limita a ação. O eu fenômenico está encerrado em seu ritmo interior,
equilibrado em duplo e inverso movimento respiratório, em oscilação que
constitui a base da íntima elaboração chamada evolução. Essa bipolaridade é
universal. Toda unidade se nos apresenta como formada de duas partes iguais em
que, contradizendo-se, ela se inverte e se compensa, mas também encontra sua
estrutura simétrica e equilibrada. Esse vaivém de forças antitéticas em campo
fechado, essa correspondência de antíteses e simetria, de inversão e
complementariedade, esse íntimo ritmo dualístico compõem a fisionomia que o
pensamento e a vontade da Lei imprimiram às individuações fenomênicas, quer dizer,
significam estrutura orgânica e funcional. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do
3º Milênio)
Quanto mais a retidão de uma verdade ou de uma
instituição lhe houver conquistado a estima pública, tanto maior atração exerce
sobre homens inescrupulosos que procuram apropriar-se dela em busca de
vantagens pessoais. Quem mais fama tem de honesto esse é o ladrão. (P. Ubaldi -
A Nova Civilização do 3º Milênio)
O progresso material de nossos dias representa,
assim, desproporcionado desenvolvimento unilateral. O ponto critico tangível,
resultante desse desequilíbrio e revelador dessa desproporção, é a moderna
guerra de destruição. Trata-se de fase transitória, formadora de excesso que as
leis da vida devem corrigir e reequilibrar, reagindo em sentido oposto. Desse modo,
demonstra atrofia espiritual a crença de que o problema do mundo seja problema
técnico, utilitário, de recursos e matérias-primas. Mas por isso mesmo surge a
complementação do organismo com o desenvolvimento do lado atrofiado. A guerra
de destruição nasceu do fato de que, o novo poder da técnica, sendo
mecanicamente acessível a todos e, assim, à maioria involuída, foi empregado
sem discernimento. os resultados práticos do progresso acabaram indo às mãos do
homem ainda não moralmente desperto, sem preparo, insuficientemente sábio para
fazer bom uso do novo poder. Foi o mesmo que pôr faca em mão de criança. Por
isso antigamente a sabedoria era mistério para o povo. O progresso mecânico
acabou sendo entrega de arma perigosa a mãos inconscientes. O homem de hoje em
dia, moralmente deficiente, foi tomado de surpresa diante das novas
possibilidades que a ciência lhe oferecia. Corpo de gigante com cérebro de
criança de peito. Resultado: entrechocar-se o homem com dolorosa experiência,
para que aprenda na dor e ela o obrigue a completar-se do lado do espírito.
Assim, através do sofrimento, as leis da vida hão de reequilibrar o homem, que,
a par de progresso material, conseguirá correspondente e proporcionado
progresso espiritual. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
O cálculo das probabilidades faz-nos crer que os
fatos, porque se repetiram muitas vezes, devam continuar repetindo-se sempre.
Mas os equilíbrios da vida reclamam exatamente o contrário. Exatamente porque
determinado fato se repetiu tantas vezes deve ceder o passo à posição
contrária. Por isso, em lugar de continuação do passado, como vulgarmente se
pensa, as situações futuras são, quase sempre, resultado de retorno ao passado.
Confiamos muito nas aparências, mas especialmente na História, como vimos, as
aparências enganam. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Aos detentores do poder e aos lideres das finanças
e da indústria pode o problema do mundo parecer simples problema técnico. Não
é, porém, problema técnico somente. E isso porque, se as grandes agitações
sociais se desencadeiam para conquista de objetivos concretas, utilitários, de
interesse econômico, a verdade é que a vida, além de vasta e complexa, é una e
unitária. Se é esse, pois, seu aspecto, sua fase construtiva de momento, ainda
existem sempre, embora momentaneamente adormecidos, em estado de latência, os
outros aspectos da vida, principalmente o moral, hoje estacionário. É
justamente esse o lado oposto, mas complementar, do hipertrófico progresso
material de nossos dias. Ora, uma vez que as leis da vida impõe, em todos os
pontos, desenvolvimento harmônico e progresso equilibrado, é lógico esperar-se,
agora, correspondente desenvolvimento espiritual, para compensar o
contemporâneo excesso de progresso material. Quem conhece a organicidade
funcional do universo deve admitir que o esforço genético das formas biológicas
não pode criar o novo e gigantesco indivíduo coletivo, filho dos nossos tempos,
assim desproporcionado, sem equilibradas correspondências simétricas, só
membros e forças, sem paralela sabedoria diretora desses membros e dessa força.
(P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)
Como o contraste condiciona a percepção, assim a
contradição temida pelos lógicos constituí, pelo contrário, a base da vida e
até mesmo do pensamento. O termo oposto representa o controle necessário, o
freio inibitório, o contra-impulso probante. A reação reforça a resistência, a
oposição garante a verdade. Quem conquista autoridade cria inimigos, é certo,
mas apenas no campo em que a exerce e na medida em que a possui. Trata-se de
compensações automáticas verificáveis em qualquer campo, apenas uma força se
manifesta, exatamente porque toda unidade se constitui de uma dupla de
contrários. O forte é forte; mas, quanto mais forte mais inimigo atrai. O fraco
é fraco; porém não cria inimigos, o inerme é benquisto O homem desarmado atrai,
o homem armado causa repulsa. Muitas vezes esses contra-impulsos se conservam
em estado potencial, latente, à espera de condições adequadas à sua
manifestação. A vida social está repleta dessas forças, às vezes comprimidas e
concentradas como explosivo. E é nos momentos de mudança de fase, de novas
combinações, durante os quais transitoriamente a estabilidade dos equilíbrios
precedentes se desloca à procura de novos, é nesses momentos que as forças
latentes e comprimidas explodem.(P. Ubaldi - A Nova Civilização do 3º Milênio)
Concluamos, para aqueles que ainda não vêem, com as
palavras de S. Paulo: "Ninguém se iluda: se algum dentre vós imagina
possuir a sabedoria deste mundo, torne-se louco para se tornar sábio; porque a
sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus." Certamente muitos não
entendem. Mas, antes de sorrir como céticos, é bom refletir que os fundamentos
da sociedade geralmente foram estabelecidos por homens de fé e não por homens
apenas de ação. Estes vivem da vida alheia; fecundam, mas não criam; ajudam,
mas não despertam a vida. Antes, os primeiros, que parecem utopistas e loucos é
que a fazem surgir espalhando centelhas de luz; são os sábios sonhadores, e não
os práticos, os que dão os maiores impulsos à humanidade. É bom refletir que o
homem mais dinâmico e revolucionário não é o que grita e assalta, mas o que
pensa, penetra a verdade e a anuncia sem agredir; que o homem mais destruidor
no presente é o que pacificamente cria no futuro, limitando-se, diante do mal,
a suportá-lo com paciência, a denunciá-lo cândida e, se preciso, heroicamente a
todos. É bom recordar que o ataque mais poderoso, o ataque final, é desfechado,
sob forma mansa e persuasiva, pelos verdadeiros demolidores, que ferem as
raízes, e não pelos que seguem os caminhos da força que agem externamente e
excitam reações; o verdadeiro assalto é aquele que, através do amor e da
verdade, leva á convicção. (P. Ubaldi - A Nova Civilização do Terceiro Milênio)