Por Eronildo Aguiar
Terminada a aula de Filosofia no 9º ano, um aluno me questionou:
Professor, o senhor acredita na existência de Deus? Respondi: A pergunta teria
que ser modificada viu, Ary? 'Existência' é uma palavra que pode ser entendida
como: "Mostrar-se, estar do lado de
fora". Desta maneira, não é adequado perguntar sobre Deus existir, pois se Ele corresponder a
"algo que está fora" num mostrar-se, Ele seria um efeito, e sendo um efeito, já não seria Deus, pois teria se originado de uma causa. A pergunta mais apropriada, seria:
Se Deus é uma realidade (?).... E o
Ary, já um pouco impaciente comigo: Certo, professor. Mas, o senhor acredita
nesta Realidade? Respondi: Sim. Acredito.
Ao que ele retrucou: eu não acredito (tentando finalizar a conversa, ao mesmo
tempo que apertava os lábios). Então, fiz uma reflexão em voz alta, para que
ele juntamente com o Felipe (que ouvia atentamente) me acompanhassem no
raciocínio:

Há
algumas possibilidades para responder sobre os objetos concretos percebidos
pelos nossos sentidos (Estrelas, o Sol, os Planetas, O Sistema Solar, etc).
Se uma Realidade desconhecida, um Princípio Criador não for real, eles surgiram do nada, e os que não
acreditam em Deus estarão certos. Deus não "existirá". Mas, a razão
nos diz que, do nada, nada pode surgir... O que é o nada? O nada, nem definido
pode ser, porque não é nada. Do nada, nada surge, nem definição! Isso parece
lógico, não acham? Uma segunda possibilidade, é a destes objetos terem surgido
de uma Causa. Seriam provenientes dessa Realidade Desconhecida. Ou são objetos surgidos
do nada, como os que negam o Princípio Criador (Deus) dizem, ou são originados
desta Causa que, embora não se tenha evidências, a razão aceita
facilmente. Pergunto: vieram do nada, ou
vieram de uma Realidade desconhecida? "Não há efeito sem causa",
é um axioma de Ciência. Esta Realidade não é algo (efeito), não é efeito, não é
alguém (efeito), não é do mundo da Ciência (humana), mas parece autoevidente, e
a razão aceita. O que acham?”
A
conversa continuou por mais alguns minutos com eles (Ary e Felipe), e
outros que se mostraram pensativos, e inquietos. Não mais afirmaram nada, mas ficaram
pensativos. Enquanto saí, pensando nesses meus alunos filósofos...