ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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domingo, 30 de novembro de 2014

NUMA CASINHA HUMILDE À BEIRA DO MAR

Comentário(s)

Encontro-me em plena solidão, numa praia deserta. O mundo, as suas imagens e as suas coisas, tudo está longínquo. Nem o eco dos seus rumores, problemas e paixões atinge este imenso silêncio. Como o céu, a planície e o mar são infinitos, também aqui os pensamentos se tornam sem limites. Neste lugar tudo é tão simples e grandioso que parece ter acabado de sair das mãos de Deus. A laboriosa cisão do dualismo, a luta entre contrários, de que é feita a vida, procuram aqui pacificar-se para se desvanecerem na unificação suprema de todas as coisas em Deus. 

Aqui existo fora dos confins do espaço e do tempo, porque, no céu, na planície, no mar, não há pontos de referência, e os dias correm iguais, sem medida. Sinto-me fora das dimensões terrestres. Não adianta caminhar, porque o deserto é sempre igual, sob o mesmo céu, em frente do mesmo mar. O movimento tem relação com o limite. No espaço e tempo infinitos, a velocidade nada modifica, anulando-se no vazio. Por falta de um ponto de referência, não havendo ponto de partida ou de chegada, toda velocidade é inútil. Mesmo o correr do tempo nada muda, porque espaço e tempo não faltam. Acima de todos esses infinitos — do céu, do deserto, do mar, do tempo — o de Deus o contempla, imóvel, ao se fundirem Nele. 

Esta é uma atmosfera diferente que respiro, outro ambiente em que penetro, outra dimensão em que existo. Superei os limites do plano físico, a barreira da forma, das ilusões, das aparências. Sou apenas um pensamento que observa aquele que se encontra em tudo o que existe. Uma força me arrastou para fora das dimensões terrestres, na vibrante imutabilidade do absoluto. 

Vivo em uma casinha humilde onde a vida, tormentosamente complicada pela civilização das metrópoles, se tornou simples e calma. Assim, o espírito se liberta de tantas necessidades materiais artificiosas e pode viver a sua vida maior em contato com as coisas eternas. Surpreende sentir o pouco de que necessitamos. E que particular sabor tudo adquire quando representa o produto da bondade, da sinceridade e do amor! Então, a pobreza se torna riqueza, enquanto a avareza e o egoísmo transformam a riqueza em pobreza. No meio da pobreza dessa riqueza o espírito se atrofia, se envenena e morre. É no meio da riqueza daquela pobreza que o espírito se expande, vive e triunfa. Pela lei da compensação, para alcançar e possuir o que se encontra mais no alto, é necessário libertar-se do que está em baixo. É no meio da riqueza espiritual dessa pobreza material que agora vivo como um grande senhor. 

É neste vazio das coisas terrenas que atinjo a plenitude das coisas do céu.

Quanto mais me afasto do que é humano, tanto mais me avizinho das coisas divinas. Delas se enche esta imensidade deserta, para que se abram as portas do céu e apareçam as grandes visões. Elas constituem já uma aproximação, um antecipar-se da libertação, tentativa e ensaio de uma vida maior que me espera. Nesta paz infinita se vai formando pouco a pouco a grande corrente que se agiganta e se torna poderosa; toma-me, absorve-me em seu seio, depois me envolve como num turbilhão e me arrasta consigo para longe. Para onde? Não sei. Leva-me para outro plano de existência, onde já não sou eu que penso, mas o universo. E a sua vida que pensa dentro de mim, porque não existo mais como eu separado, que vive e pensa isoladamente, mas sou um eu unido ao todo, um elemento que vive e pensa como um momento da vida e do pensamento do existir universal. Encontramo-nos, então, verdadeiramente fora do mundo, para além dos seus limites e das suas dimensões. 

É uma imersão, fora do espaço e do tempo, no infinito. Não tenho mais consciência do que deixei para trás. Sinto apenas o que me espera na frente, uma vertigem de vida nova e imensa para a qual me precipito. Eis-me ressuscitado mais no alto, transformado em outro ser, perdido numa dilatação sem limites, na vibrante imobilidade do absoluto.

Eis que a solidão deste deserto, do céu e do mar se enchem de vida. Na noite profunda vejo uma luz imensa e a ela me entrego. Leva-me para fora do mundo, onde a visão se torna real, clara, perceptível com novos sentidos. Contemplo-a extasiado. Observo-me para controlar tudo com a razão. Olho e registro em pensamento, transporto tudo o que vejo para o meu cérebro, para as dimensões terrestres, traduzo-o na linguagem humana e por fim o fixo com palavras nos escritos. 

Assim vivo nesta casinha humilde à beira do mar, num deserto povoado de pensamentos, no meio do vento e das ondas, hospedado graças à bondade e amor de um amigo sincero. Assim vivo aqui, livre e despreocupado, longe do inferno humano. Passo as noites escrevendo, ocupando-me de Cristo, como O sinto a meu lado. Ele me está olhando, e eu leio nos Seus olhos o pensamento de Deus. 

Quando não me é mais possível encontrar palavras para dizer o que sinto, dominado pela emoção e pela alegria, deixo cair a pena e choro. Para o meu trabalho, e, sob o olhar de Cristo, o livro continua a escrever-se, sem palavras, na minha alma e no meu destino.

(Capítulo do livro “Um Destino Seguindo a Cristo”)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

JESUS E VIDA. O SERMÃO DA MONTANHA

Comentário(s)

Por Eronildo

Uma das melhores palestras de Divaldo  que já vi. Está em duas partes (mais de uma hora cada); o tema é: JESUS E VIDA. ESTUDO DO SERMÃO DA MONTANHA.

Nos primeiros minutos da segunda parte me emocionei quando o vi  falando (01:11:29H) do 'admirável professor Huberto Rohden, o grande místico brasileiro'! (sic). Penso que nesta, o Divaldo estava com o livro O Sermão da Montanha, de Rohden, e toda a palestra foi pautada a partir dele, com toda a gama de conhecimentos do Divaldo, evidentemente. Logo na primeira parte, Divaldo Franco fala da  "situação conflitiva de Ter e Ser". Na medica que transcorria
 a explanação pensava, antes de ouvir toda a palestra : O Divaldo está com o livro do Rohden nas mãos, não é possível! E realmente indica que estava, a palestra segue a sequência do índice do livro do professor Rohden. Vale muito a pena conferir!!!

"O Ser e o Ter continuam em situações conflitivas. É mais importante Ser que Ter. Ser bom. Ser nobre. Do que Ter coisas. Ser paz, não apenas Ter, Ser! Porque quando se É, nada modifica.  E quando se tem normalmente se perde, já que no mundo físico tudo é transitório, inclusive o mundo físico." (Divaldo Franco - 00:7:14H )

sábado, 15 de novembro de 2014

A CARIDADE DA PUREZA

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Locução: Eronildo Aguiar
Livro: De Alma Para Alma


sexta-feira, 14 de novembro de 2014

ROHDEN, OS TEÓLOGOS E O ESPIRITISMO

Comentário(s)

(O fenômeno humano e a educação, principais focos das reflexões de Huberto Rohden)

Por Dalmo Duque dos Santos 


O professor Huberto Rohden é conhecido de longa data dos espíritas e espiritualistas por seus textos lúcidos e admiráveis sobre a filosofia cristã. Reflexo das suas experiências no clero – Rohden era padre jesuíta – e também das inúmeras incursões nas escolas iniciáticas orientais, seu pensamento naturalmente se desdobra para a educação, campo que foi para ele o mais significativo, já que seu objetivo maior era a transposição dessas idéias para a práxis. “Ninguém educa ninguém, pois a educação é intransitiva e o ser humano é imprevisível”, repete Rohden em diversos ensaios.

Comentando a Parábola do Semeador - espelho espiritual dos educadores e pedra angular do Livre Arbítrio - Rohden diz que Jesus conseguiu educar todos os seguidores que se abriram para as novas experiências, transformando discípulos em apóstolos. Sobre essse fenômeno pedagógico, ou melhor, andragógico, ele explica que Judas, o mais intelectual dos discípulos mais próximos, foi o único que não conseguiu ser educado. Mais interessado na política judaica nacionalista, não permitiu que isso ocorresse. Jesus logo percebeu essa sua “esterilidade espiritual” ou egocêntrica, deixando que o tempo mudasse sua natureza. Paulo de Tarso teve o mesmo problema. Ambos seriam "salvos" por suas mediunidades. Cada um no seu ritmo, cada um no seu tempo.

Numa determinada época da sua militância, Rohden teve que desligar-se da Igreja e, ainda sob a proteção de amigos jesuitas, estudou em diversos países europeus e ensinou em universidades americanas. Também viajou muito pelos cenários místicos da Ásia, que sabia ser a principal raíz histórica das concepções religiosas que hoje predominam no Ocidente. Se orgulhava muito de ter convivido com Albert Einstein durante sua estadia na Universidade de Princenton, não como motivo de vaidade, mas de espanto ao constatar no dia-a-dia a genialidade e o modo de vida simples e tranquilo do grande revolucionário da Física. Todas essas experiências seriam registradas em ensaios publicados inicialmente pela Editora Vozes, de orientação católica, e depois pela sua própria organização educacional, fundada em São Paulo na década de 1950. Além dessas publicações, a Fundação Alvorada oferecia regularmente cursos aos leitores interessados no aprofundamento das idéias e práticas “univérsicas”, um interessante conjunto de conhecimentos unindo a tradição espiritual e a modernidade científica contemporânea.

Sabe-se que o célebre filósofo catarinense teve grande influência do também padre jesuíta Pierre Teilhard Chardin que – como ele – extrapolou os limites da clericalidade conservadora para mergulhar nas novidades antropológicas da paleontologia. Chardin buscava Adão e Eva fora da teoria mitológica da Bíblia e também da simplificação zoológica evolucionista. Ambos naturalmente caíram na heresia e isso de certa forma os assemelhou aos pensadores espíritas. O mesmo ocorreu com Pietro Ubaldi, médium de sintonia fina raríssima e crítico da teologia das igrejas cristãs . Como todo bom jesuíta, Rohden queria entender o fenômeno humano e compreender, ou pelo menos se aproximar, da natureza que ele denominou “misteriosa”, tal qual a natureza do Criador. “O mistério, do grego mystés, é tudo que transcende a zona empírica dos sentidos e o mundo do intelecto”, afirma ele, ao comentar um dos versículo do apócrifo “Evangelho de Tomé”, encontrado no Egito em 1941.

Nos textos de Rohden não encontramos nada que se refere aberta e objetivamente à existência do espírito, como fenômeno científico observável, ser individual pensante e sobrevivente da morte, com propôs Kardec. Rohden também não fala em reencarnação, assunto que ele admitia não aceitar, por limitação ideológica. Sobre a pluralidade de mundos, afirmava que este era um assunto óbvio, pela própria natureza do universo. No entanto, quando discorre sobre os temas clássicos da mística filosófica judaico-cristã (que ele distingue do misticismo pagão) explica com habilidade impressionante os fenômenos psicológicos resultantes da revolução existencial humana durante as peripécias do Espírito na carne. 

Ná década de 1950, o professor foi um dos convidados históricos de Edgard Armond como conferencista de outras agremiações religiosas e filosóficas que se apresentaram na FEESP. Não via o Espiritismo como escola filosófica bem delineada e por isso não vislumbrava sua expressão como práxis social. Quando refletiu sobre isso, demonstrou uma grave preocupação com o futuro da doutrina, se referindo ao risco de sectarismo que já contaminava a juventude do nosso movimento. Para ele o Espiritismo cairia num gravíssimo erro se fosse transformado numa teologia, pois iria certamente se distanciar da verdadeira mensagem do Cristo. Seria o mesmo erro histórico dos católicos e protestantes ao elegerem a crença nos dogmas como ponto máximo da realização espiritual, abandonando o esforço individual. Trocaram os fins pelos meios. Numa conferência gravada em 1978, Rodhen diz em tom irônico: "Crer na caridade e na reencarnação não é condição essencial ou finalidade da nossa existência. Crer nos Santos , na Missa e no poder do Sangue de Jesus também não são finalidades e sim meios de realização espiritual".

Em “Novos Rumos para a Educação”, ele aponta o trabalho de Kardec como o mais aceitável elo histórico entre a modernidade e a antiguidade cristã, desde que não se enveredasse pelo fanatismo teológico-religioso e também pelo sectarismo partidário filosófico. Certa vez citamos uma interpretação sua de algumas parábolas de Jesus durante uma palestra num centro espírita. Alguém da platéia (e também do stablishment ) se sentiu ofendido e nos “lembrou” que as interpretações “espíritas” de Cairbar Schutel eram “muito melhores”, pois ele era um “verdadeiro espírita”. Naquela momento ficamos divididos entre a decepção e a tristeza e pudemos compreender exatamente o que Rohden quis dizer sobre os perigos do sectarismo. Sentimos vergonha do rótulo “espírita”. Se tivéssemos falado de Spinoza, Hegel, Heideger ou Kant, provavelmente ninguém teria coragem de reagir. Mas como falamos de algo simples e que repercutiu imediatamente na ferida emocional da platéia, logo veio o troco.

Aliás, é incrível como fazemos um tremendo esforço para inserir filósofos e educadores clássicos no universo espírita, como se isso fosse melhorar a aceitação do Espiritismo entre os intelectuais e principalmente entre os orgulhosos. Perda de tempo. O Espiritismo veio para confundir esse tipo de gente, segundo o Espírito Verdade. As religiões e partidos dogmáticos são fundados e perpetuados dessa forma. Seria mais útil se mostrássemos como essas filosofias são limitadas e pobres, pois não conseguem ultrapassar as barreiras enganosas do pensamento e da vaidade. É por isso que os teimosos nunca mudam de opinião. Somos escravos do pensamento e nos apegamos demasiadamente às idéias, bloqueando as possibilidades ilimitadas das emoções e dos sentimentos. Nessa questão os adultos deveriam agir como crianças e os homens se comportarem como as mulheres. É por isso também que parecemos tolos diante dos verdadeiros sábios, que olham para nós penalizados com tanta ingenuidade. Essa é a sensação que sempre temos ao ler os textos de Huberto Rohden.


Ps. Ainda hoje nos perguntamos: será que Rohden, após sua desencarnação, mudou de ponto de vista sobre a pluralidade das existências?

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

ANSEIO DO SILÊNCIO

Comentário(s)

Estou cansado de falar,
De falar com os homens,
De falar comigo mesmo
Estou cansado até de falar com Deus...
Todas as minhas perguntas,
Ruidosas,
Insistentes,
Sangrentas,
Esbarram sempre com muralhas de granito,
Resvalam sempre de paredes marmóreas,
Agonizam sempre, exaustas, sem resposta...
Por que todo esse falar?
Esse intérmino interrogar?
Esse estéril pesquisar?
Resolvi substituir o ruidoso falar
Pelo silencioso calar.
O ruído é dos homens,
O silêncio é de Deus.
Voltei as costas aos dias ensolarados
Da minha inteligência consciente,
E abismei-me na noite estrelada
De minha alma intuitiva,
Essa alma que não é minha,
Mas do universo de Deus.
E pus-me a escutar a melodia
Do magno silêncio
Que envolve a luminosa escuridão
Do grande Anônimo de mil nomes.
E, quando desci ao ínfimo nadir
Do meu silente Nirvana,
Atingi o supremo zênite
Do teu solene Himalaia,
Ó taciturna Divindade...

Fundiram-se então, em místico amplexo,
O meu silêncio do Aquém
E o teu silêncio do Além...
E eu compreendi o Incompreensível...
Conheci o Incognoscível...
Dei nome ao Inominável...
Disse o Indizível...
E do fundo dessa vacuidade do silêncio
Brotou a plenitude da sapiência...
Que me veio das grandes profundidades
E das excelsas altitudes...

Ai! como o velho ruído me falsificou!
Como me roubou a felicidade
Que devo a mim mesmo!...
Ah! como esse novo silêncio me purifica!
Como me restitui a fidelidade
A mim mesmo!...
Como me re-virgina
De todas as minhas prostituições!
Como me restitui a castidade
Do meu divino Eu!
Como me envolve e penetra
Com a sacralidade das fontes eternas!

Refugiei-me, dentro de mim mesmo,
À solene solidão das matas,
À vastidão dos desertos,
À pureza das montanhas
E cessou a tormentosa tensão dos nervos,
Adormeceu a insensatez da vida profana
E sinto sossego de mim mesmo...
Convalesci da enfermidade dos ruídos
Para a grande sanidade do silêncio...
Calei-me
E Deus me fala...

(Escalando o Himalaia - Huberto Rohden)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

A MISSA SOBRE O MUNDO

Comentário(s)



Teilhard de Chardin nasceu na França em 1891. Cientista (paleontólogo e geólogo), filósofo e teólogo e, sobretudo, místico, entrou na Companhia de Jesus em l899. Participou de expedições científicas importantes e abriu o campo de sua pesquisa científica ao debate cosmológico e teológico. Dada sua elevada mística alegro-me em oferecer aos leitores deste blog o texto redigido em 1923, quando se encontrava no deserto de Ordos, no interior da China. Não podendo celebrar a Eucaristia, redigiu assim:


A MISSA SOBRE O MUNDO – OFERTÓRIO

“Sendo que uma vez mais, Senhor, não já nas florestas do Ainse, mas nas estepes da Ásia, encontro-me sem pão, sem vinho e sem altar, elevar-me-ei para além dos símbolos até à pura Majestade Real, e vos ofertarei, eu vosso sacerdote, sobre o altar de toda a Terra, o trabalho e o sofrimento do Mundo.

Lá no fundo, o sol vai iluminando as últimas dobras do primeiro Oriente. Sob o véu trêmulo dos seus fogos, a face viva da Terra desperta, estremece e dá início ao seu portentoso trabalho. Colocarei, Senhor, sobre minha patena a messe esperada desse novo esforço. Derramarei em meu cálice a seiva de todos os frutos que serão hoje triturados.

Meu cálice e minha patena são as profundezas de uma alma largamente aberta a todas aquelas forças que, dentro em breve, irromperão de todos os pontos do Globo, convergirão ao Espírito. Que se unam, pois, a lembrança e a mística presença de todos aqueles que a luz arranca ao sono para um novo dia!

Um a um, Senhor, eu os individualizo e amo a esses que me destes como arrimo e como encantamento natural de minha existência, igualmente enumerando cada um dos membros desta outra e tão querida família, que, pouco a pouco, se foi constituindo ao meu redor, a partir dos mais dessemelhantes elementos, das afinidades do coração, da pesquisa científica e do pensamento. Mais confusamente, mas sem esquecer ninguém, eu evoco todos aqueles que se bando anônimo formam a massa incontável dos vivos: os que me cercam e suportam, embora desconhecidos; os que chegam e os que partem; de modo particular, aqueles que na verdade ou pelo erro, junto à escrivaninha, laboratório ou fábrica, acreditam no progresso das coisas e hoje buscarão apaixonadamente a Luz.

Esta multidão agitada, inquieta ou variada, cujo número nos apavora, este Oceano humano, cujo vaivém lento e monótono faz nascer a dúvida no coração mais crente, quero que, neste instante, meu ser harmonize com seu profundo rumorejar.

Tudo quanto, no Mundo, no decurso deste dia, tudo o que decrescer, o que vai morrer, também aquilo, Senhor, que me esforço por enfeixar em mim, para vô-lo encaminhar: eis a matéria do meu sacrifício, o único que desejais.

Outrora, conduziam ao vosso templo as primícias das colheitas e a flor dos rebanhos. A oferenda que realmente esperais, aquela de que tendes misteriosamente necessidade, cada dia, para saciar a vossa fome, para extinguir vossa sede, é o desenvolvimento do Mundo na sua transformação universal.

Recebei, Senhor, esta Hóstia total, que a Criação emocionada ao vosso encanto, vos apresenta nesta nova aurora. Este pão, fruto de nosso esforço, por si mesmo, bem sei, nada mais é que uma imensa desagregação.

Este vinho, nossa dor, nada mais é, infelizmente, que bebida dissolvente. Mas no fundo dessa massa informe, colocastes – tenho certeza, pois o sinto – um irresistível e santificador desejo que nos leva a gritar, desde o ímpio crente: “Senhor, fazei-nos um”.

Na falta do zelo espiritual e da sublime pureza dos vossos Santos, dotastes-me de uma simpatia irresistível por tudo aquilo que se move na matéria obscura – porque irremediavelmente, descubro em mim, mais do que um filho do céu, um filho da Terra – subirei, por isso, nesta manhã, em pensamento, às alturas, carregando com as esperanças e misérias de minha mãe: e ali – na força de um sacerdócio que eu creio só vós me entregastes – por sobre tudo aquilo que na carne humana está prestes a nascer ou perecer, sob o sol que nasce eu chamarei fogo”.
Teilhard de Chardin

Desespero é sofrimento sem sentido de vida

Comentário(s)

Entrevista com o dr. Viktor Frankl - A descoberta de um sentido no sofrimento (parte 1)




"O Desespero pode ser definido nos termos de uma equação matemática:

D = S - S
(Desespero = Sofrimento menos Sentido)" 

"Desespero é igual a sofrimento sem sentido" Viktor Frankl

CASAMENTO E FAMÍLIA

Comentário(s)

Por Divaldo Pereira Franco.
Da obra: Antologia Espiritual.

Diante das contestações que se avolumam, na atualidade, pregando a reforma dos hábitos e costumes, surgem os demolidores de mitos e de Instituições, assinalando a necessidade de uma nova ordem que parece assentar as suas bases na anarquia.

A onda cresce e o tresvario domina, avassalador, ameaçando os mais nobres patrimônios da cultura, da ética e da civilização, conquistados sob ônus pesados, no largo processo histórico da evolução do homem.

Os aficionados de revolução destruidora afirmam que os valores ora considerados, são falsos, quando não falidos, e que os mesmos vêm comprimindo o indivíduo, a sociedade e as massas, que permanecem jungidos ao servilismo e à hipocrisia, gerando fenômenos alucinatórios e mantendo, na miséria de vários matizes, grande parte da humanidade.

Entre as Instituições que, para eles, se apresentam ultrapassadas, destacam o matrimônio e a família, propondo a promiscuidade sexual, que disfarçam com o nome de "amor livre", e a independência do jovem, imaturo e inconseqüente, sob a justificativa de liberdade pessoal, que não pode nem deve ser asfixiada sob os impositivos da ordem, da disciplina, da educação...

Excedendo-se, na arbitrariedade das propostas ideológicas ainda não confirmadas pela experiência social nem pela convivência na comunidade, afirmam que a criança e o jovem não são dependentes quanto parecem, podendo defender-se e realizar-se, sem a necessidade da estrutura familiar, o que libera os pais negligentes de manterem os vínculos conjugais, separando-se tão logo enfrentam insatisfações e desajustes, sem que se preocupem com a prole.

Não é necessário que analisemos os problemas existenciais destes dias, nem que façamos uma avaliação dos comportamentos alienados, que parecem resultar da insatisfação, da rebeldia e do desequilíbrio, que grassam em larga escala.

A monogamia é conquista de alto valor moral da criatura humana, que se dignifica pelo amor e respeito ao ser elegido, com ele compartindo alegrias e dificuldades, bem-estar e sofrimentos, dando margem às expressões da afeição profunda, que se manifesta sem a dependência dos condimentos sexuais, nem dos impulsos mais primários da posse, do desejo insano.

Utilizando-se da razão, o homem compreende que a vida biológica é uma experiência muito rápida, que ainda não alcançou biótipos de perfeição, graças ao que, é frágil, susceptível de dores, enfermidades, limitações, sendo, os estágios da infância como o da juventude, preparatórios para os períodos do adulto e da velhice.

Assim, o desgaste e o abuso de agora tornam-se carência e infortúnio mais tarde, na maquinaria que deve ser preservada e conduzida com morigeração.

Aprofundando o conceito sobre a vida, se lhe constata a anterioridade ao berço e a continuidade após o túmulo, numa realidade de interação espiritual com objetivos definidos e inamovíveis, que são os mecanismos inalienáveis do progresso, em cujo contexto tudo se encontra sob impositivos divinos expressos nas leis universais.

Desse modo, baratear, pela vulgaridade, a vida e atirá-la a situações vexatórias, destrutivas, constitui crime, mesmo quando não catalogado pelas leis da justiça, exaradas nos transitórios códigos humanos.

O matrimônio é uma experiência emocional que propicia comunhão afetiva, da qual resulta a prole sob a responsabilidade dos cônjuges, que se nutrem de estímulos vitais, intercambiando hormônios preservadores do bem estar físico e psicológico. Não é, nem poderia ser, uma incursão ao país da felicidade, feita de sonhos e de ilusões.

Representa um tentame, na área da educação do sexo, exercitando a fraternidade e o entendimento, que capacitam as criaturas para mais largas incursões na área do relacionamento social. Ao mesmo tempo, a família constitui a célula experimental, na qual se forjam valores elevados e se preparam os indivíduos para uma convivência salutar no organismo universal, onde todos nos encontramos fixados.

A única falência, no momento, é a do homem, que se perturba, e, insubmisso, deseja subverter a ordem estabelecida, a seu talante, em vãs tentativas de mudar a linha do equilíbrio, dando margem às alienações em que mergulha.

Certamente, muitos fatores sociológicos, psicológicos, religiosos e econômicos contribuíram para este fenômeno. Não obstante, são injustificáveis os comportamentos que investem contra as Instituições objetivando demoli-las, ao invés de auxiliar de forma edificante em favor da renovação do que pode ser recuperado, bem como da transformação daquilo que se encontre ultrapassado.

O processo da evolução é inevitável. Todavia, a agressão, pela violência, contra as conquistas que devem ser alteradas, gera danos mais graves do que aqueles que se buscam corrigir. O lar, estruturado no amor e no respeito aos direitos dos seus membros, á a mola propulsionadora do progresso geral e da felicidade de cada um, como de todos em conjunto.

Para esse desiderato, são fixados compromissos de união antes do berço, estabelecendo-se diretrizes para a família, cujos membros se voltam a reunir com finalidades específicas de recuperação espiritual e de crescimento intelecto-moral, no rumo da perfeição relativa que todos alcançarão.

Esta é a finalidade primeira da reencarnação.

A precipitação e desgoverno das emoções respondem pela ruptura da responsabilidade assumida, levando muitos indivíduos ao naufrágio conjugal e á falência familiar por exclusiva responsabilidade deles mesmos.

Enquanto houver o sentimento de amor no coração do homem --- e ele sempre existirá, por ser manifestação de Deus ínsita na vida --- o matrimônio permanecerá, e a família continuará sendo a célula fundamental da sociedade.

Envidar esforços para a preservação dos valores morais, estabelecidos pela necessidade do progresso espiritual, é dever de todos que, unidos, contribuirão para uma vida melhor e uma humanidade mais feliz, na qual o bem será a resposta primeira de todas as aspirações.

* * *

Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Antologia Espiritual.
Ditado pelo Espírito Benedita Fernandes.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

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Comentário(s)



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A CIÊNCIA NOS DEIXA DIANTE DE UM PONTO DE INTERROGAÇÃO


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