A quintessência, o Alfa e o Ômega de toda a filosofia e religião resume-se no seguinte:
— que existe uma Realidade absoluta, infinita, eterna, consciente,
— que todas as coisas do universo, percebidas como várias e distintas, não são senão manifestações múltiplas dessa única Realidade...
A pluralidade dos fenômenos é meramente aparente – a unidade do Noúmeno é real.
A Realidade não teve princípio, nem terá fim – ao passo que seus fenômenos começam e acabam, nascem e morrem. Os fenômenos transitórios são causados – a eterna Realidade é incausada, mas causadora de todos os
efeitos.
A perfeição do homem consiste na faculdade de perceber a unidade da Causa absoluta através da pluralidade dos efeitos relativos. Os seres irracionais, dotados de sentidos mas destituídos de razão, não percebem senão a
pluralidade dos fenômenos, ignorando a unidade do Noúmeno. Quanto mais próximo está um homem da animalidade do irracional, tanto mais percebe a pluralidade dos fenômenos e tanto menos conhece a unidade do Noúmeno – e vice-versa.
Perceber a pluralidade sem a unidade, é analfabetismo filosófico; perceber a unidade sem a pluralidade, é unilateralismo de principiante; perceber a unidade na pluralidade, é que é o mais alto grau de perfeição. O primeiro estado é caos, o segundo é monotonia, o terceiro é harmonia.
(Huberto Rohden - Livro: Profanos e Iniciados)