Este homem foi Mahatma Gandhi.
Este místico solitário aparece em palácios de reis e vice-reis, nas grandes cortes europeias; toma parte em calorosos debates políticos, em torno de problemas nacionais e internacionais; agita questões de grande relevância; porque este homem é um grande jurista e possui toda perspicácia dos grandes estadistas.
No seu próprio país pleiteia a emancipação política de 430 milhões de conterrâneos escravizados; mas não usa armas materiais de que seus antagonistas se servem.
Este homem não acumula dinheiro para si; vive em extrema pobreza e simplicidade, nutrindo-se de umas poucas frutas e do leite cru duma cabra, que nem era dele. Veste um calção e anda de chinelos que ele mesmo fazia. Nas cortes dos magnatas europeus era apelidado jocosamente de “faquir semi-nu”. Pelas mãos desse homem tão solitário com Deus e solidário com os homens passavam anualmente milhões de dinheiro.
Cercado da mais imunda política e diplomacia internacional, por espaço de meio século, esse homem não se desvia, por um triz, da sua linha de absoluta verdade e sinceridade.
Defensor máximo da liberdade de seu povo admite uma única tirania para si mesmo, a obediência incondicional à “voz silenciosa do interior” – como ele chamava a voz da consciência.