"Na sociedade futura não haverá mais pobres, porque se impedirá a sua formação, seja com a regulamentação demográfica, seja com o trabalho organizado e obrigatório para todos, seja com as necessárias providências sociais. O desenvolvimento da inteligência levará a compreensão de que é contraproducente o individualismo levado até à inconsciência, ignorando o prejuízo que o egoísmo inflige ao próximo, pela dispersão de energia que custa, fazendo da sociedade um campo de lutas ferozes. Compreender-se-á que o mal, posto em circulação por quem quer que seja, danifica a coletividade de que cada um faz parte, do mesmo modo que esse mal termina com o retorno àquele que o emite. Compreender-se-á: no seio de uma sociedade, é impossível isolar-se; não se pode, sem dano, ser rico entre pobres; alegrar-se junto de quem sofre; a vida é feita de leis, razão porque não se pode fazer o mal sem pagar depois. Sem teóricos idealismos, que só convencem os que gostam de crer neles, mas objetivando um evidente utilitarismo prático, compreender-se-á a conveniência de superar o antigo método desagregador da luta de todos contra todos, a fim de substitui-lo pela colaboração. O problema não é ético, mas de rendimento positivamente calculável. Este será o novo Evangelho, adaptado às novas condições de vida produzidas pela civilização, convincente, porque racionalmente utilitário. Sem heróicos altruísmos e compensações ultra terrenas, compreender-se-á que o dano do vizinho não é vantagem para mim, porque redundará no meu próprio dano, não convindo, pois, ocasioná-lo".
(Pietro Ubaldi - A Técnica Funcional da Lei de Deus - Cap.3)