Não creias que o esvaziamento necessário à tua implosão em Deus se realiza apenas nos breves momentos da meditação. É verdade que nesses instantes solenes teu psiquismo se move, graças a um impulso interior que visa a purificá-lo. Todavia o homem é o supremo artífice de suas horas. Deve crear-se e recrear-se a cada minuto. Isto o distingue dos outros seres da Natureza.
A estes evolução acontece, ao homem ela pode estar submetida.
Pergunta a ti mesmo, antes de mais nada, se a evolução ainda te acontece ou se podes já comandá-la.
Procura saber de ti mesmo se estás a mercê do que te sucede de fora ou és, tu próprio, o grande acontecimento cósmico de dentro.
Caso verifiques que és ainda conduzido e não condutor, aceita algumas sugestões:
Torna-te senhor das tuas alegrias e das tuas tristezas, pois enquanto delas fores escravo, serás apenas alo-determinado e não auto-determinante.
Aceita com gratidão o que te vier de fora, mas nada esperes do mundo, pois enquanto girares em torno de tuas esperanças, não poderás ser tu mesmo a esperança de teus irmãos - os homens.
Não cobres nada a ninguém, pois enquanto o fizeres, estarás aguilhoado às algemas do toma-lá-da-cá e, conseqüentemente, não serás livre. Aprende a ciência da verdadeira fé, aquela que vê o invisível, pois enquanto os olhos se fixam tão somente nas coisas visíveis, não podes tornar-te um autêntico vidente da alma do Universo.
Sê fiel a ti mesmo, pois enquanto estiveres disperso entre as opiniões e conveniências do mundo, não poderás conhecer o UNO que liga todos os diversos. Banha-te no oceano divino, que está em tua própria alma, e emergirás desse batismo renascido pelo espírito, pois só quando te impregnares da luz cósmica, poderás saboreá-la para o mundo.
Delfos
Delfos
Livro: Reflexões no Meu Além de Fora (1989) Editora: Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz Capítulo 35.