A intuição é a concepção evidente dum espírito são e eterno, que nasce apenas da luz da razão e é mais pura (porque simples) do que a derivada do raciocínio Descartes

FILOSOFIA UNIVÉRSICA (Huberto Rohden)

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Filosofia Univérsica é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

domingo, 27 de novembro de 2016

Credo quia absurdum!

Comentário(s)

No mundo da Realidade Absoluta não há tempo nem espaço nem causalidade, categorias essas que pertencem ao mundo dos sentidos e do intelecto. E, quanto mais o homem se abisma nessa Absoluta e Eterna Realidade, tanto mais se distancia dessas noções inerentes ao universo fenomenal. Por isto, o conhecer do iniciado não é um processo silogístico, passo a passo, sucessivo como o andar parcelado de um viajor, que vence o caminho trecho após trecho, e, quando chega à beira duma torrente, procura alcançar a margem oposta lançando pedras no leito do rio e saltando de pedra em pedra. O movimento do iniciado não é, a bem dizer, um andar, mas um voar; de um jato, de um ímpeto súbito, chega ele às mais longínquas praias, aos mais distantes litorais, sem saber como, fora de tempo, espaço e causalidade. Não sabe como chegou à outra margem do grande abismo, só sabe que chegou e lá está com toda a certeza. Por esta mesma razão, também não está em condições de retraçar o caminho percorrido, ou melhor, transvoado; não o pode analisar, passo a passo, porquanto a transição do não-saber para o saber foi instantânea.

Quando um iniciado no reino de Deus tenta expor intelectualmente as suas experiências intuitivas, os seus lampejos divinos, não será difícil ao homem comum provar-lhe muitos ilogismos e contradições, e isto por uma razão muito óbvia: é que a experiência espiritual é um acontecimento inteiriço, total, simultâneo, panorâmico – ao passo que qualquer exposição intelectual do mesmo é sucessiva, parcelada, desenrolando-se dentro do âmbito do tempo triduracional e do espaço tridimensional, coisas essas inteiramente alheias à experiência intuitiva. Qualquer síntese espiritual posta em face duma análise intelectual aparece ilógica, absurda, falsa, ainda que na realidade seja incomparavelmente mais lógica, razoável e verdadeira do que todos os processos analíticos do homem meramente intelectual.

É este o sentido profundo daquela célebre e tão mal-entendida frase do grande Tertuliano: “Credo quia absurdum”, eu creio (no mundo espiritual) porque é bsurdo. “Absurdo” não quer dizer “contraditório”, mas “para além das raias da lógica intelectualista”, coincidindo com o sentido da palavra grega “paradoxo”. Se o mundo espiritual não fosse absurdo, paradoxal, não seria o que é. Se fosse apenas a soma total dos fenômenos individuais e parcelados, não seria o Todo, o Universal, o Absoluto, o Infinito, e, neste caso, seria a Realidade Espiritual analisável pela inteligência e silogisticamente demonstrável. Qualquer tentame de demonstrar intelectualmente a existência de Deus é um atentado de deicídio, porque um Deus cientificamente provado é um não-deus, e o autor desse tentame é um sem-deus, um ateu.

Quem anatomiza uma planta, mata-a.

Quem anatomiza a Deus, nega-o.

Qualquer processo de análise intelectual equivale a um trabalho de anatomia desintegrante e mortífera.

O Sermão da Montanha, sendo a Carta Magna do Cristianismo, é o documento clássico desse ilogismo intelectual e dessa lógica espiritual – razão por que é escândalo para os profanos e sabedoria divina para os iniciados.

(Huberto Rohden. Livro: Profanos e Iniciados)




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