Um trabalho superior, dirigido para a espiritualidade, inicia-se no nível médio, que é aquele onde está situada a nossa civilização. Aqui o homem começa a sair do pântano da animalidade, adquire e desenvolve a inteligência, funda religiões e filosofias, descobre a arte, a organização social, a ciência. Mas o nível precedente não está ainda esquecido e definitivamente superado. Ele sobrevive no subconsciente, dele volta para dominar, e a inteligência, que deveria ser usada para se libertar, é colocada a seu serviço. As religiões, em nome do ideal de espiritualidade do 3.º nível, pregam a libertação e a superação da animalidade do 1.º nível, mas para quem pertence a um plano biológico inferior é muito difícil entender a verdade de um plano superior. Então tal biótipo a aceita só na aparência, e na realidade a pratica como uma forma de hipocrisia. A verdade em que de fato o indivíduo acredita é a do seu nível de vida, aquela que ele traz impressa na sua personalidade e que representa a sua forma mental, com a qual ele tudo concebe, entende e julga.
A religião do biótipo do 3.º nível é imparcial e universal, não um partido de grupo. Pela sua forma mental completamente diferente, ele não se pode sujeitar à maneira de conceber e agir das massas. Expulso do terreno delas, ao qual ele não se pôde adaptar, porque a sua fase de trabalho evolutivo é diferente, o homem do 3.º nível permanece no mundo um isolado e condenado, envolvido num tremendo esforço ascensional, pelo qual este pioneiro do porvir está procurando sozinho aproximar-se sempre mais de Deus.
Um verdadeiro trabalho de superação por sublimação, que afasta o ser da animalidade, se faz no 3.º nível. O eu superior começa a afirmar-se com a sua luta contra os impulsos do subconsciente, para atingir a definitiva superação da animalidade. Neste plano o homem não coloca a sua inteligência à serviço da sua parte inferior, mas da superior. O eu não se alia à sua parte mais baixa, mas à mais alta. A balança, que no nível médio se inclinava incerta ora para um lado, ora para outro, em tentativas nem sempre bem sucedidas na luta contra o subconsciente, agora pende para o lado do superconsciente.
Chegado a este ponto da sua evolução, o ser não gasta mais o seu tempo e energias na luta contra o seu semelhante. A inteligência mostrou ao homem qual é o verdadeiro sentido da vida, o seu objetivo, o caminho a percorrer. Então, tempo e energia serão inteligentemente usados, não mais nas vãs tentativas de um cego, mas no trabalho que dá mais fruto como conquista de felicidade, o trabalho da superação da animalidade e do aperfeiçoamento moral.
Enquanto o mundo muito pouco entendeu de tudo isto, o biótipo do 3.º nível está todo
empenhado no esforço da superação. A sua personalidade contém e domina os três momentos ou posições evolutivas do eu: a inferior (instintos), a média (razão), a superior (conhecimento). Neste caso o que dirige a vida é o espírito, dominando os outros dois momentos do eu com um regime de disciplina estabelecida conforme os princípios superiores da Lei de Deus.
Pietro Ubaldi (Livro: Princípios de Uma Nova Ética)