No nosso estágio atual, a dor é único elemento de redenção, pois é o nosso tributo, também no amor, que, entretanto, é a nossa maior alegria.
O instinto fundamental do ser é criar, eco longínquo do primeiro impulso que Deus imprimiu a todos os seres e por eles repetido, revoluteando continuamente no mesmo ciclo e esquema fundamental do universo.
Instinto irrefreável e que, contudo, termina na dor, mais não se poderia dizer sobre o instinto que leva à alegria e a fatalidade que conduz ao sofrimento, pois que este é o fundo da taça de todos os prazeres humanos.
Um impulso irresistível impele-nos para a vida compele-nos a gerar, mas lhe obedecemos apenas para alimentar a morte.
Não é este o último termo de toda a gênese humana?
Esta é uma gênese que se exaure, se cansa, porque está ruída a originária potência divina que lhe concedia indestrutibilidade.
Tudo na Terra se desgasta e exige contínua restauração.
Iludimo-nos pensando em reviver nos filhos e nos netos, mas o tempo se encarrega de tudo destruir, tanto nós indivíduos, como nossa progênie, e tudo se desfaz no pó de todas as coisas, até à última recordação.
Pietro Ubaldi
Pietro Ubaldi
(Livro: Deus e Universo, pág. 45)