Por Huberto Rohden
Átomos e astros se movem em elipses bicêntricas — não existe no Universo um único círculo unicêntrico.
A eletricidade só se manifesta como luz, calor e força, graças à sua bipolaridade positiva e negativa.
Toda a vida superior da terra está baseada na bipolaridade dos elementos masculino e feminino.
Esses dois pólos da natureza são rigorosamente equilibrados e funcionam em perfeita harmonia.
De modo análogo, é o Universo hominal governado pela bipolaridade da natureza humana, que a Filosofia e Psicologia modernas denominam oEu e o Ego.
A Filosofia multimilenar do oriente chama o Eu Atman e o Ego Aham.
Os livros sacros do cristianismo, usam os termos Alma, ou espírito divino, para designar o Eu central do homem, e a expressão corpo ou mundopara significar as periferias da natureza humana.
“Que aproveita o homem ganhar o mundo inteiro se chegar a sofrer prejuízo em sua própria alma” (o Cristo, Eu).
“Eu te darei todos os reinos do mundo e sua glória, se te prostrares em terra e me adorares” (o Anticristo, Ego).
O Eu corresponde ao Uni do Universo, e o ego ao elemento Verso.
O homem perfeito e integralmente realizado estabeleceu perfeito equilíbrio entre o seu Uno (Eu) e seu Verso (ego).
O homem profano só cultiva o seu ego, atrofiando o Eu.
O místico tenta realizar somente o Eu sem o ego.
O homem cósmico, univérsico, porém, realiza o seu Eu através do seu ego, porque sabe que o Eu ou Uno é Fonte, e o seu ego ou Verso é canal, pelo qual as águas vivas da nascente fluem e beneficiam a sua vida.
A ciência tem por objeto as leis da natureza externa.
A sapiência ou filosofia visa ao conhecimento e à realização do homem interno.
A ciência é cosmo-cêntrica.
A filosofia é ântropo-cêntrica.
O aperfeiçoamento do Eu ou alma humana é o fim supremo da vida — e essa realização se faz através do ego, cujos elementos são o corpo, a mente e as emoções.
Sendo que a evolução do homem começa pela periferia e vai rumo ao centro, os grandes Mestres da humanidade insistem, sobretudo no desenvolvimento do Eu ou da alma humana, a fim de evitarem a hipertrofia unilateral do ego e a atrofia do Eu.
O homem perfeito é o homem cósmico ou universificado, que estabeleceu perfeito equilíbrio e harmonia entre os dois pólos interno e externo. É este o fim supremo de toda educação verdadeira.
O educador deve eduzir de dentro do educando, e devolver o Eu dele, a fim de equilibrá-lo com seu ego.
* * *
CONTINUAÇÃO: