Passei longos anos a analisar os textos bíblicos tão minuciosamente como um erudito cientista analisa células, moléculas, átomos, prótons, nêutrons — e, de súbito, senti o impacto do universo espiritual sobre a minha alma — e sob a veemência dessa tempestade divina ruíram por terra todas as minhas eruditas teses, teorias e hipóteses bíblicas... Corri os olhos por esse campo de ruínas e escombros, meneei a cabeça, sorri-me de mim mesmo e disse para minha ignorante e arrogante inteligência: Que ridículos brinquedos de criança são todas as tuas “conquistas científicas”!...
Também, que idéia podia um cego ter dos deslumbramentos de luzes e cores, por melhor que conheça as teorias sobre as vibrações luminosas?
Que sabe um surdo das maravilhas duma ópera ou sinfonia, depois de aprender que sons e música são movimentos aéreos?
Que pode o homem saber de Deus, antes de o ter vivido e saboreado pessoalmente nas íntimas profundezas do seu ser?
A análise intelectual pode satisfazer a um cientista profano — mas não a um vidente iniciado nas grandezas do mundo divino. Só o satisfaz uma síntese intuitiva e panorâmica da Realidade total. Só temos verdadeira e inabalável certeza daquilo que experimentamos interiormente, e não daquilo que os nossos sentidos percebem nem que a nossa inteligência concebe analiticamente.
(Huberto Rohden. Livro: Profanos e Iniciados)
(Huberto Rohden. Livro: Profanos e Iniciados)