Dá-me a tua bênção, ó Iluminado! — rogou o jovem sonhador que passava diante de Buda.
O Sábio sorriu e anunciou-lhe felicidade estrada fora.
Um pouco adiante, o rapaz foi assaltado por bandidos profissionais, que o despojaram dos haveres, deixando-o quase nu.
O moço retornou, embaraçado, e interrogou o Mestre. — Então é esta a bênção que me concedes?
O Santo, sem qualquer perturbação, fitou-o, e redarguiu;
— Abençoei-te, rogando para que fosses espoliado,ao invés de espoliador; assaltado, mas não morto; vítima e não o criminoso. O teu carma é grave, porém os teus ideais são nobres, assim merecendo sofrer, todavia, não impondo sofrimento, desta forma não te tornando mais desventurado.
Enquanto o Guru retornou à meditação, o moço prosseguiu, abençoado, louvando a experiência, que lhe permitia resgatar sem agravar o compromisso, perder coisas para ganhar a vida.
Rabindranath Tagore
Por Divaldo Franco, Cap. XLIV, no Livro: Pássaros Livres