Anelavas pelo triunfo, meu filho, e por isso, partiste como flecha veloz buscando o alvo.
Teus pés andarilhos venceram caminhos e se feriram mil vezes, na louca armadilha de ahamkara (*)
Querias o mundo de ilusão e estavas cego.
A posse não dá o que é essencial à vida.
Conquistaste espaço e maceraste os sentimentos, submetendo-os às circunstâncias criminosas porque desejavas vencer.
Reuniste quinquilharias de prata, de ouro e pedras cujo brilho não lhes dá calor.
Repousas o corpo em almofadas de seda, de veludo, caminhando sobre tapetes preciosos e que o tempo também consome.
Estás cansado, com fastio de tudo, sem realização interior.
Despoja-te, meu filho, de ahamkara e abre os braços à luz do amor, triunfando sobre ti mesmo e tornando-te um Ganges purificado para todos quantos venham banhar-se nas águas dos teus sentimentos livres.
Ahamkara - Ego - Literalmente significa eu faço. É o mantenedor do homem sob o domínio da ilusão.
Rabindranath Tagore
Por Divaldo Franco, Cap. XXXVI, no Livro: Pássaros Livres