O estudante da vida mergulhou o pensamento na pesquisa da verdade e, dominado pela cultura, procurou compreender Deus.
A razão lhe abria os horizontes do entendimento, ao mesmo tempo queria explicar o inconcebível através dos limites da dúvida e da lógica, sem o lograr.
Procurando o Mestre, indagou-lhe como penetrar em Deus.
Havia ansiedade e amargura na pequenez da sua imensa ignorância.
O vento na ramagem das árvores modulava uma sonata.
O Sábio, depois de meditar, apiedando-se, esclareceu:
— O mar pode prescindir das ondas, mas não estas do oceano.
O finito está mergulhado no insondável, todavia,o oposto é impossível.
“A razão capta e entende os efeitos, tendo dificuldade de compreender as causas. A mais avançada ciência é incapaz de explicar o Onipotente, embora esclareça que, no mundo dos efeitos, o que o homem não fez, Ele o realizou.”
“Somente a intuição, a mais alta faculdade humana, pode penetrar nas causas da
vida e entender o seu Autor.”
“A partir daí, submergindo no oceano íntimo com ardente amor, encontrará Deus e O levará, conscientemente, por toda parte, redescobrindo-O onde se manifesta Sua presença.”
O aspirante meditou na resposta, deixando-se tocar pelo profundo ensinamento e, a partir daí, voltou-se para a meditação, buscando superar a sombra da presunção e abençoar-se com a luz do Encontro Libertador.
Rabindranath Tagore
Por Divaldo Franco, Cap. XXXV, no Livro: Pássaros Livres