ACERVO VIRTUAL HUBERTO ROHDEN E PIETRO UBALDI

Para os interessados em Filosofia, Ciência, Religião, Espiritismo e afins, o Acervo Virtual Huberto Rohden & Pietro Ubaldi é um blog sem fins lucrativos que disponibiliza uma excelente coletânea de livros, filmes, palestras em áudios e vídeos para o enriquecimento intelectual e moral dos aprendizes sinceros. Todos disponíveis para downloads gratuitos. Cursos, por exemplo, dos professores Huberto Rohden e Pietro Ubaldi estão transcritos para uma melhor absorção de suas exposições filosóficas pois, para todo estudante de boa vontade, são fontes vivas para o esclarecimento e aprofundamento integral. Oásis seguro para uma compreensão universal e imparcial! Não deixe de conhecer, ler, escutar, curtir, e compartilhar conosco suas observações. Bom Estudo!

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quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Felicidade? Não: Felicidade Imperturbável!

Comentário(s)

Tem-se dito que o fim supremo do homem é a sua felicidade. É inadequada essa expressão. Porquanto, também o profano, o homem  não-espiritual, é “feliz”, isto é, enquanto ele é capaz de ser feliz. Muitos dos profanos que tenho interrogado a respeito asseveraram-me que eram “felizes”. 

Entretanto, nem qualquer espécie de felicidade é o verdadeiro fim do homem. 

Porque  há  uma felicidade  relativa,  minúscula,  precária  –  e  há  uma FELICIDADE ABSOLUTA, maiúscula, sólida. Qualquer felicidade que não seja absoluta  contém  sempre um  germe  do  contrário,  quer  dizer,  um germe  de infelicidade.  Pode  alguém ser atualmente feliz e ao mesmo tempo potencialmente infeliz, porque a sua  chamada “felicidade” assenta alicerces numa ignorância, total ou parcial, da Realidade Absoluta. Esse  homem não atingiu ainda a última fronteira, não derrotou ainda o último inimigo, e por isto sempre são possíveis surpresas ingratas e imprevistas que lhe destruam a “felicidade” precária e instável que possui ou julgava possuir. A ignorância da Suprema  e Última Realidade é sempre uma porta aberta para a  infelicidade, pois, no dia e na hora em que o ignorante perder a sua ignorância – lá se foi a sua linda bolha de  sabão a que ele  chamava sua “felicidade”. É perigoso edificar a felicidade sobre a tenuíssima e fragílima camada duma  bolha de sabão, por mais lindas que sejam as suas cores. 

Posses materiais, fama,  saúde – três  lindas  bolhas  de  sabão  sobre  as quais milhões de homens erguem o edifício da sua “felicidade”. Coisa precária! coisa incerta! Amanhã vem um terremoto – e lá se vai tudo em ruínas!

A maior felicidade desse gênero é, certamente, a saúde, porque sem ela todas as  demais felicidades terrestres pouco valem. Mas quem me garante que amanhã um bando de bactérias não virá destruir o edifício da minha saúde e felicidade?... Quer dizer  que  essa tal felicidade depende das boas ou más graças de uns micróbios!... Sou feliz por obra e mercê de um bando de streptococcus ou de uns invisíveis vírus... Se essas criaturinhas houverem por bem não me fazer infeliz, sou feliz; se resolverem o contrário, sou infeliz...

É  necessário  que  a  nossa  felicidade  esteja  baseada em  algo  que,  em  caso algum, possa ser destruído por fatores alheios à vontade do homem. 

Mas que é esse “algo”?

É a sapiência, o conhecimento intuitivo de Deus, que, naturalmente, implica o amor de Deus e de tudo que é de Deus.

Há  um  caminho ascensional do  não-saber  ao  saber – mas  não  há  caminho descensional do saber ao não-saber.

Da  minha ignorância  negativa de  ontem  passei para  a sapiência  positiva de hoje – mas desta não posso voltar para aquela. Posso chegar a saber o que ignorava – mas não posso tornar a ignorar o que sei. De infeliz posso vir a ser feliz  –  mas  da  felicidade perfeita  não  há  regresso  para a infelicidade. A felicidade, porém, nunca consiste em ignorância, ilusão, irrealismo. A verdadeira felicidade supõe verdade, sapiência, realidade. A verdade absoluta é  infinitamente mais bela que todas as pseudo-belezas das ilusões ou semiverdades. Enquanto alguém não tiver os pés solidamente firmados no alicerce eterno  da Realidade Absoluta, Deus, não tem garantia real de que amanhã ainda continue a ser feliz. Enquanto a minha felicidade dependa de algo que não dependa de mim, não sou solidamente feliz. Se os azares da fortuna, se a malevolência do meu vizinho, se um determinado micróbio no meu sangue, se um certo humor nos meus fluidos orgânicos ou certa vibração nos meus nervos forem os árbitros e fatores decisivos da minha felicidade ou infelicidade, evidentemente não sou feliz, porque não sou eu o  autor e dono desses estados; estou entregue à mercê de fatores que não obedecem à minha vontade.  

A felicidade deve necessariamente consistir em algo que esteja realmente em meu poder – e isto é o conhecimento e amor de Deus. 

Uma vez atingida essa excelsa culminância, essa extrema fronteira, sinto-me imperturbavelmente feliz, na certeza absoluta de que ninguém, no céu, na terra ou no inferno, é capaz de destruir a minha felicidade. 

Ninguém? Existe, sim, um único ser capaz de a destruir – e este ser sou eu mesmo. Só eu, e mais ninguém. Mas, se eu não quero ser infeliz, ninguém me pode fazer infeliz. E eu posso não querer

O homem espiritual, o místico, o iniciado é o único homem imperturbavelmente feliz. 

(Huberto Rohden - Livro : Profanos e Iniciados)


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